segunda-feira, 25 de setembro de 2017

E o cadáver se mexeu!


Em “Uma esquerda para o capital”, Eurelino Coelho aponta como principal causa da transformação do PT em partido da ordem capitalista o abandono do marxismo por parte de suas principais lideranças.
Os dirigentes petistas teriam feito essa opção, diz Coelho, porque, entre outras coisas, consideraram a ruína das experiências ditas “socialistas” uma prova do fiasco das teses de Marx.

O marxismo seria uma ideologia autoritária ou, na melhor das hipóteses, utopia irrealizável. A justificar teoricamente esta conclusão uma mistura de pós-modernismo e liberalismo, anunciando a eternização do capitalismo e a necessidade de suavizá-lo.

No lugar do socialismo, uma versão muito fraca do reformismo europeu a ser implantado quando o PT conquistasse o governo central. Segundo o texto: 

...ao invés de políticas gerais de distribuição de renda, exigidas por uma classe trabalhadora fortalecida e organizada, o que restou do ideário social-democrata foram políticas focalizadas de efeito compensatório, concedidas a uma classe derrotada.

Foi o que se viu concretizado nos governos petistas, com programas governamentais e sociais quase sempre intermediadas pelo mercado. Mas, como diz Coelho: 

O principal obstáculo é a dificuldade para acertar um acordo duradouro de colaboração pacífica entre capital e trabalho em torno de políticas distributivistas.

Estas palavras publicadas em 2005 se confirmam hoje tragicamente. Aos primeiros sinais de crise, o capital apunhalou o PT pelas costas. Bem na hora que o partido se dedicava a promover o ajuste neoliberal exigido pela burguesia.

Eis que, quase no fim de nossa autópsia, o cadáver se mexe. Mas é o monstro da barbárie capitalista que sai das entranhas secas do petismo combativo. Sujo, fétido e mais forte. 

http://pilulas-diarias.blogspot.com.br/search/label/autopsia%20do%20pt


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