"Por que as pesquisas indicam que a maioria dos eleitores quer mudanças? Quais mudanças querem esses eleitores? Querem os tucanos e o seu neoliberalismo rastaquera de volta ao poder?
Lula Miranda, Brasil 247
Teria a 'sopa' do PT esfriado? Ou amornado? É o que alguns já podem estar se perguntando. Sim, 'sopa', você leu a metáfora correta, pois, todos sabemos, o Partido dos Trabalhadores utilizou-se até então da política de tomar o caldo pelas beiradas, em vez de entorná-lo de uma vez. O partido pretendia assim, ao poucos, "pelas beiradas", como se diz, fazer as mudanças que o país tanto necessita. Sem maiores choques ou rupturas.
Tomar a sopa pelas beiradas sob o comando de Lula, o grande líder carismático, que caíra como "sopa no mel" ao gosto do nosso sebastianismo/messianismo. Lula funcionaria ainda, aos olhos das elites, bem como, por motivos e intenções diversas, na visão dos pensadores da extrema-esquerda, como uma espécie de providencial "pelego" amenizando o inevitável atrito e desgaste entre o capital e o trabalho, e daria lenta e progressiva vazão às inúmeras demandas sociais há muito represadas. Sem Lula e o seu providencial "pacto social", o atrito constante certamente esgarçaria o tecido social até a sua ruptura.
O que teria dado errado então? Se é que algo deu de fato errado – pois é isso que as manifestações de junho, o suposto mau humor das multidões e as recentes pesquisas parecem sinalizar.
O que teria dado certo? Sim, porque algo deu certo. O país melhorou em muitos aspectos – como é consenso.
Mas por que então tantas manifestações, greves e protestos?! Os movimentos sociais teriam apunhalado o petismo pelas costas? Ou estariam, cansados de esperar a tal sopa, reivindicando o que lhes é direito? É tudo culpa do governo federal e do PT?! Até que ponto iria também a negligenciada responsabilidade dos governos estaduais e municipais?
Por que as pesquisas indicam que a maioria dos eleitores quer mudanças? Quais mudanças querem esses eleitores? Querem os tucanos e o seu neoliberalismo rastaquera de volta ao poder? São muitas as questões que ora nos são colocadas.
O que teria dado errado – repito, se é que algo deu errado de fato – no projeto petista [o tal da 'sopa' pelas beiradas]? A sopa esfriou antes de saciar àquele que a sorvia? Ou quem a servia perdeu a firmeza necessária com que segurava o prato? Por que boa parte da população, mesmo a atendida por diversas ações e políticas do atual governo, sinaliza estar insatisfeita e arredia à política e aos partidos? Seria porque são ilimitadas as necessidades dos homens e limitados os recursos para atender a essas necessidades? – como aprendemos nas primeiras aulas de economia.
E o que se colocará no cardápio no lugar da 'sopa' petista? Esta última questão deveria a todos preocupar – não só às esquerdas, como também e principalmente, às elites e à classe média conservadoras. Mas estas parecem estar ocupadas apenas com o curto prazo. E o curto prazo, para as classes conservadoras e sua mídia servil, é entornar o caldo e apear o PT do poder. A única sopa que parece interessar às elites conservadoras é a sopa dos desvalidos embaixo dos viadutos em noites frias. Porém, ao que tudo indica, muitas noites frias se insinuam no horizonte pardacento.
Sim, porque há riscos, talvez não devidamente calculados.
Se Lula foi o grande avalista, e fiel da tal balança desse precário pacto social, o que restaria se a balança perdesse o seu fiel avalista e, consequentemente, seu equilíbrio?
Nas jornadas de junho, tivemos exemplos de manifestações e protestos sem lideranças e sem reivindicações ou pautas claramente definidas. Como então as elites irão mediar, filtrar e transformar em ações públicas as inúmeras demandas sociais há muito represadas numa sociedade sabidamente ainda muito injusta e desigual?
Será que as elites conservadoras no Brasil podem de fato prescindir do petismo, do sindicalismo e de seus elos com os movimentos sociais, com os demais órgãos de pressão e com a sociedade em geral?
Será que ao "detonar" o petismo as elites conservadoras não estariam rasgando o pelego que ainda lhe propicia certo conforto?
Será que a sopa a ser entornada ainda não estará demasiado quente?"
Lula Miranda, Brasil 247
Teria a 'sopa' do PT esfriado? Ou amornado? É o que alguns já podem estar se perguntando. Sim, 'sopa', você leu a metáfora correta, pois, todos sabemos, o Partido dos Trabalhadores utilizou-se até então da política de tomar o caldo pelas beiradas, em vez de entorná-lo de uma vez. O partido pretendia assim, ao poucos, "pelas beiradas", como se diz, fazer as mudanças que o país tanto necessita. Sem maiores choques ou rupturas.
Tomar a sopa pelas beiradas sob o comando de Lula, o grande líder carismático, que caíra como "sopa no mel" ao gosto do nosso sebastianismo/messianismo. Lula funcionaria ainda, aos olhos das elites, bem como, por motivos e intenções diversas, na visão dos pensadores da extrema-esquerda, como uma espécie de providencial "pelego" amenizando o inevitável atrito e desgaste entre o capital e o trabalho, e daria lenta e progressiva vazão às inúmeras demandas sociais há muito represadas. Sem Lula e o seu providencial "pacto social", o atrito constante certamente esgarçaria o tecido social até a sua ruptura.
O que teria dado errado então? Se é que algo deu de fato errado – pois é isso que as manifestações de junho, o suposto mau humor das multidões e as recentes pesquisas parecem sinalizar.
O que teria dado certo? Sim, porque algo deu certo. O país melhorou em muitos aspectos – como é consenso.
Mas por que então tantas manifestações, greves e protestos?! Os movimentos sociais teriam apunhalado o petismo pelas costas? Ou estariam, cansados de esperar a tal sopa, reivindicando o que lhes é direito? É tudo culpa do governo federal e do PT?! Até que ponto iria também a negligenciada responsabilidade dos governos estaduais e municipais?
Por que as pesquisas indicam que a maioria dos eleitores quer mudanças? Quais mudanças querem esses eleitores? Querem os tucanos e o seu neoliberalismo rastaquera de volta ao poder? São muitas as questões que ora nos são colocadas.
E o que se colocará no cardápio no lugar da 'sopa' petista? Esta última questão deveria a todos preocupar – não só às esquerdas, como também e principalmente, às elites e à classe média conservadoras. Mas estas parecem estar ocupadas apenas com o curto prazo. E o curto prazo, para as classes conservadoras e sua mídia servil, é entornar o caldo e apear o PT do poder. A única sopa que parece interessar às elites conservadoras é a sopa dos desvalidos embaixo dos viadutos em noites frias. Porém, ao que tudo indica, muitas noites frias se insinuam no horizonte pardacento.
Sim, porque há riscos, talvez não devidamente calculados.
Se Lula foi o grande avalista, e fiel da tal balança desse precário pacto social, o que restaria se a balança perdesse o seu fiel avalista e, consequentemente, seu equilíbrio?
Nas jornadas de junho, tivemos exemplos de manifestações e protestos sem lideranças e sem reivindicações ou pautas claramente definidas. Como então as elites irão mediar, filtrar e transformar em ações públicas as inúmeras demandas sociais há muito represadas numa sociedade sabidamente ainda muito injusta e desigual?
Será que as elites conservadoras no Brasil podem de fato prescindir do petismo, do sindicalismo e de seus elos com os movimentos sociais, com os demais órgãos de pressão e com a sociedade em geral?
Será que ao "detonar" o petismo as elites conservadoras não estariam rasgando o pelego que ainda lhe propicia certo conforto?
Será que a sopa a ser entornada ainda não estará demasiado quente?"
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