segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

MÍDIA - O enorme ódio na mídia.



NUNCA HOUVE TANTO ÓDIO NA MÍDIA CONSERVADORA DO BRASIL

“Os textos de Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira.

Por Jaime Amparo Alves, jornalista, doutor em Antropologia Social, Texas-EUA

Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. 

Com seus “gatekeepers” escolhidos a dedo, “Folha de S. Paulo”, “Estadão”, “Veja” e “O Globo” investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.

Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia “Globo/Veja” celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.

Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte, agora, daquelaintelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na “Veja” sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.

Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?

Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas como exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.

O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus “gatekeepers” estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da “Veja” “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite "sudestina" ao Palácio do Planalto.

Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da “Folha de S. Paulo” pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações “Globo” e “Abril” via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.

Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.

Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que, por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter outra conotação. O Brasil, finalmente, recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.

Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia. Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?”

FONTE: escrito por Jaime Amparo Alves, jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin. Artigo publicado no “Sul21 / Pragmatismo Político” e transcrito no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=202189&id_secao=6).Do blog Democracia&Política

AFINAL, O QUE É INTELIGÊNCIA?


MAS AFINAL, O QUE É INTELIGÊNCIA?
(por Isaac Asimov)


Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos.
A média era 100.
Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e
durante duas horas eu fui o assunto principal.
(Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era
um soldado raso da KP – Kitchen Police)
Durante toda minha vida consegui notas como essa,
o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente.
 E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.
Porém, na verdade, será que essas notas 
não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência,
e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?
Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses,
acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.
Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu
precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos.
No fim, ele sempre consertava meu carro.
Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico.
Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico.
Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.
Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico
ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal.
A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto mas sim algo imposto como tal, 
por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.
Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez.
Ele adorava contar piadas.
Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:
“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. 
Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível 
e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora.
 O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”
Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.
“Mas você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para pedir”
Enquanto meu mecânico gargalhava, ele ainda falou:
“Tô fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.”
“E muitos caíram?” perguntei esperançoso.
“Alguns. Mas com você eu tinha certeza absoluta que ia funcionar”.
“Ah é? Por quê?”
“Porque você tem muito estudo doutor, sabia que não seria muito esperto”
E algo dentro de mim dizia que ele tinha alguma razão nisso tudo.


Não há maior escola que as experiências vividas no dia-a-dia...
Mas, nunca confunda vivência, conhecimento, inteligência com sabedoria - dá para perceber a diferença?


http://acaodopensamento.blogspot.com.br/2012/05/afinal-o-que-e-inteligencia.html

domingo, 30 de dezembro de 2012

Dez fatos chocantes sobre os Estados Unidos da América


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Apesar de se apresentarem ao mundo como defensores dos direitos humanos no seu país e em nível internacional, os Estados Unidos cometem uma série de violações que representam o desrespeito a milhares de estadunidenses, especialmente aos mais pobres e aos negros. Neste artigo, Antônio Santos, comenta dez fatos nesse sentido.
Antônio Santos, do Diário da Liberdade, Portugal.

1 - Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do mundo. Apesar de compor menos de 5% da humanidade , tem mais de 25% da comunidade presa. Em cada 100 americanos, um está preso.
Desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controlo social: à medida que o negócio das prisões privadas se alastra como gangrena, uma nova categoria de milionários consolida o seu poder político. Os donos destes cárceres são também na prática donos de escravos, que trabalham nas fábricas no interior da prisão por salários inferiores a 50 centavos de dólar por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar uma pastilha elástica. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas sobretudo os negros, que representando apenas 13% da população americana, compõem 40% da população prisional do país.

2 - Cerca de 22% das crianças americanas vivem abaixo do limiar da pobreza
Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças americanas vivam sem "segurança alimentar", ou seja, em famílias sem capacidade econômica de satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.

3 - Entre 1890 e 2012 os EUA invadiram ou bombardearam 149 países
É maior a quantidade dos países do mundo em que os EUA intervieram militarmente do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de 8 milhões de mortes causadas pelos EUA só no século XX. E por detrás desta lista escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado (como no caso do Brasil em 1964 ) e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, que conquistou o Nobel da Paz, os EUA têm neste momento mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo. O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, batendo de longe George W. Bush.

4 - Os EUA são o único país da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade
Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos pela empresa, é prática corrente que as mulheres americanas não tenham direito a nenhum dia pago nem antes nem depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença de maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia com zero semanas.

5 - 125 americanos morrem a cada dia por não poderem pagar qualquer tipo de plano privado de saúde
Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de americanos não têm), então, tem boas razões para recear mais a ambulância e os cuidados de saúde que lhe vão prestar, que um inocente ataquezinho cardíaco. As viagens de ambulância custam em média 500 euros, a estadia num hospital público mais de 200 euros por noite, e a maioria das operações cirúrgicas situadas nas dezenas de milhares, é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e como o nome indicam, terá a oportunidade de se endividar até às orelhas e também a oportunidade de ficar em casa, fazer figas e esperar não morrer desta vez.

6 - Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres que viviam em reservas índigenas, foram esterilizadas, contra sua vontade pelo governo americano
Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças, com índios e colonos a partilhar placidamente o mesmo peru à volta da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmo imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA puseram em marcha um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito numa língua que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem o ato ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo a levar a cabo esterilizações forçadas ao abrigo de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e mais tarde contra negros e índios.

7 - Todos os imigrantes são obrigados a jurar não ser comunistas para poder viver nos EUA
Para além de ter que jurar que não é um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão-lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do "Partido Comunista", se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada "terrorista". Se responder que sim a qualquer destas perguntas, ser-lhe-á automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por "prova de fraco carácter moral".

8 - O preço médio de um curso superior numa universidade pública é 80 000 dólares
O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que acrescidas de juros, levarão em média 15 anos a pagar. Durante esse período os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e ainda assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel-prazer, sem o consentimento ou sequer a informação do devedor. Num dia deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juro e no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes americanos ascendeu a 1,5 trilhões de dólares, subindo assustadores 500%.

9 - Os EUA são o país do mundo com mais armas de fogo por habitante: para cada 10 americanos, há 9 armas
Não é de espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com o resto do mundo: no resto do planeta, há 1 arma para cada 10 pessoas. Nos Estados Unidos, 9 para cada 10. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, qualquer coisa como 275 milhões. E esta estatística tende a se extremar, já que os americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.

10 - Há mais americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin
A maioria dos americanos são cépticos; pelo menos no que toca à teoria da evolução, em que apenas 40% dos norte-americanos acredita. Já a existência de Satanás e do inferno, soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos americanos. Esta radicalidade religiosa explica as "conversas diárias" do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-candidato Rick Santorum, que acusou os acadêmicos americanos de serem controlados por Satã.

ocorreiodaelite

2012 na Política: O Governo



Um governo que é avaliado como “ótimo” ou “bom” por 62% das pessoas tem muito que comemorar. Uma presidente cujo trabalho é aprovado por 78% da população, também.
São os números da pesquisa CNI/Ibope feita entre os dias 6 e 9 de dezembro, em que foram ouvidas 2002 pessoas.
Dilma chega à metade de seu mandato com avaliação melhor que a de qualquer um de seus antecessores em momento parecido. Desde quando existem dados comparáveis, ninguém obteve números semelhantes.
Fernando Henrique, por exemplo, nunca alcançou esse índice, sequer na época em que atravessava sua fase áurea. A vitória contra a inflação, a equivalência do real com o dólar, o quilo de frango que valia uma moeda, a sensação de que a economia entrava em rota de crescimento, nada disso fez com que chegasse ao número que Dilma tem hoje.
É uma lembrança que mostra quão inadequada é a interpretação que as oposições, especialmente seu braço midiático, oferecem para a popularidade do governo Dilma.
Na enésima repetição do velho chavão de que “É a economia, estúpido!”, limitam a explicação a um único fator: para elas, as pessoas comuns, que constituem a grande maioria, pensam com a barriga. Quando estão de pança cheia, aprovam o governo.
Trata-se de um equívoco baseado em puro preconceito, segundo o qual o povo só é capaz de avaliações unidimensionais. Ao contrário dos bem pensantes, que conseguiriam fazer raciocínios complexos.
Assim como a população não gostava de Fernando Henrique por vários motivos - ainda que aprovasse sua atuação no controle da inflação -, gosta de Dilma por diversas razões, mesmo reconhecendo que há políticas que não funcionam de maneira satisfatória.
O tamanho da aprovação do governo neste final de ano foi duplamente decepcionante para a oposição partidária e seus aliados. Ao invés de subir, esperavam que caísse, na confluência do desgaste da imagem do PT causado pelo julgamento do mensalão e do agravamento da situação objetiva da economia.
Dilma ultrapassou, no entanto, os percalços. Por mais que os economistas da oposição estejam pintando quadros fúnebres para o Brasil e insistam em falar em crises, as pessoas se sentem satisfeitas com o presente e otimistas em relação ao futuro.
Por maior que seja a culpabilização do PT, ninguém associa a presidente a qualquer malfeito, real ou inventado.
Não é surpresa, portanto, que tenha a vantagem que tem nas pesquisas para a eleição de 2014. Frente a quaisquer candidatos, venceria, com larga margem, a eleição no primeiro turno. Seu desempenho só é inferior ao de Lula - e por pouco.
Para tentar mudar esse quadro de favoritismo, entrou na moda o argumento de que o País “poderia estar melhor” e só não está por “incompetência gerencial do governo”.
Na opinião de nove em dez analistas da mídia conservadora, Dilma não seria a boa gerente que é apresentada.
Trata-se de uma tese de escassa capacidade de convencimento. Primeiro, porque as pessoas levam mais em consideração os benefícios que estão a seu alcance que os que poderiam, hipoteticamente, obter. Se acreditam que o governo vai bem, porque trocá-lo por algo que não existe?
Em segundo lugar, porque não enxergam alguém melhor que ela. Na opinião da maioria, a oposição teve sua oportunidade nos oito anos em que Fernando Henrique foi presidente e não convenceu. Ao contrário, em retrospecto, mostrou-se inferior aos petistas.
Ainda que a situação da economia piorasse no próximo ano, é difícil que afetasse significativamente a popularidade da presidente e a eleição de 2014.
Como não é isso o mais provável, são poucas as nuvens no horizonte para Dilma. Salvo as de todo dia, com as quais já se acostumou.
Cautela a presidente tem que ter é com a Copa do Mundo. Ela não será cobrada se a seleção for mal, nem aplaudida se for bem nos gramados.
Mas pagará um preço de imagem pessoal muito alto se as pessoas ficarem com o sentimento de que o Brasil perdeu a copa que mais interessa. A da organização do evento e do bom funcionamento das coisas durante sua realização.
Essa, para a população, é mais importante que o hexacampeonato.
Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

2012 - O ano da conclusão de uma farsa



O ano de 2012 entrará para a história do Brasil como o de concretização de uma farsa político-jurídica e midiática elaborada e montada com o objetivo maior de, por vias indiretas, atingir o projeto de desenvolvimento do país iniciado com a chegada do companheiro Lula à Presidência da República.
Um projeto que, hoje, bem consolidado e conduzido pela presidenta, Dilma Rousseff, ameaça os antigos detentores do poder porque desarticula as perversas desigualdades sobre as quais esses velhos governantes estruturaram seu domínio sobre as vontades populares.
Sustentados nos meios de comunicação, poder sob forte monopólio e ainda controlado pelas velhas oligarquias, avocaram para si a pretensa prerrogativa de ser voz da opinião pública nacional e passaram a pressionar o Poder Judiciário para que este exibisse ao país a prova incontestável de que a era da impunidade acabou.
E esse marco só teria lugar se o julgamento da Ação Penal 470, apelidada de Mensalão como parte dessa estratégia, resultasse em um desfecho pré-conhecido: a minha condenação como mentor de um inexistente esquema de compra de votos no Congresso Nacional.
Fortemente pressionado — afinal, já no recebimento da denúncia se sabia que o STF (Supremo Tribunal Federal) decidira “com a faca no pescoço”—, o tribunal maior do país não resistiu e sucumbiu.
Trilhou o caminho do julgamento eminentemente político, mesmo sendo uma Casa eminentemente técnica, ainda mais em questões penais.
Tal escolha impede o fortalecimento dos princípios constitucionais fundamentais, o que se daria com o sopesar dos direitos e garantias legais do Estado e dos cidadãos, no lugar de um julgamento em que se aceitou condenar sem provas.
Soou ser mais importante dar uma explicação à “opinião publicada” — não qualquer explicação, mas a única esperada, a condenação. Como se a impunidade não estivesse presente em justas absolvições.
Nessa esteira, cometeu-se toda a sorte de inovações jurídicas: do ineditismo de um julgamento com dezenas de réus sem a possibilidade de duplo grau de jurisdição à utilização parcial de uma teoria jurídica para a dispensa de provas, na qual o próprio autor apontou equívocos de interpretação em sua adoção.
Os vários réus julgados coletivamente, ainda que com direito a outros foros, serviam à composição de um julgamento complexo, ampliando os espaços para decisões contraditórias e imprecisas, em que o ônus da prova cabia ao acusado, não ao acusador. Foi o que se viu.
As poucas vozes dissonantes que tinham espaço na grande mídia não hesitaram. “Dado que uma das peculiaridades do julgamento foi o valor especial das ilações e deduções, para efeito condenatório”, escreveu o colunista Jânio de Freitas, que pautou suas intervenções nas ponderações sobre o que se estava ocultando no processo.
Em inúmeras outras manifestações públicas, a data e o cronograma do julgamento foram criticados, por concorrerem, influírem e serem influenciadas pelo processo eleitoral em curso.
Marcar o julgamento para o mesmo período que as eleições? A cautela e o desejo de isenção recomendariam ou antecipação, ou adiamento, para insular a Corte. Mas não: subverteu-se o bom senso para afirmar que a opção só reforçava o caráter isento que o julgamento deveria ter.
O comportamento do relator da AP 470 também foi aqui e ali criticado, muitas das vezes pelos próprios colegas, como se fosse sua visão “a única verdade possível”, ou como se o resultado do juízo feito por um colegiado não devesse ser alvo de contraditórios e divergências.
Forjou-se um herói nacional, não pelas massas e movimentos sociais, mas das letras e imagens midiáticas.
Assim, foi tratado com desprezo o fato de inexistir relação entre o voto parlamentar e o suposto ato da compra desse mesmo voto, pois isso derrubaria a tese central do chamado “Mensalão”.
Da mesma forma, preferiu-se fechar os olhos ao fato de que a natureza dos recursos utilizados na agência DNA Propaganda não era pública, contrariamente ao que propagou no decorrer do julgamento.
Foi menosprezado o documento do Banco do Brasil que nega o caráter público dos recursos, afinal, a Visanet é, de fato, uma empresa privada e multinacional, cuja sociedade é composta por 24 bancos.
Ademais, o BB é sócio minoritário, sem jamais ter aportado dinheiro na Visanet, o que desfaz a compreensão adotada pelo STF. Também se ignorou o fato de que uma auditoria pública feita pelo BB não encontrou irregularidades nas contas do fundo Visanet.
Mas o mais aviltante foi verificar a divergência na utilização da teoria do domínio do fato. Tal teoria, escolhida para me condenar sem provas, serviu para sustentar o argumento de que minha posição à época não permitia que se tivessem cometidos crimes sem meu conhecimento.
Isso aos olhos de parte dos ministros do STF, pois, para o autor dessa mesma teoria, o jurista alemão Claus Roxin, “o dever de conhecer os atos de um subordinado não implica corresponsabilidade” e “a posição hierárquica não fundamenta, sob nenhuma circunstância, o domínio do fato”, pois “o mero ter que saber não basta”.
Roxin reafirmou o ululante: para condenar, há que haver provas!
Costuma-se dizer que decisão judicial não se discute, cumpre-se. De fato, devem ser cumpridas, sob pena de caos institucional. Mas, sempre que se entender apropriado, devem ser discutidas. Contestadas, criticadas e, se possível, corrigidas. Pois é isso que faz toda instituição crescer e vicejar — inclusive o Judiciário, que não é um Poder absoluto.
Não será esta a primeira vez que minha fibra e a firmeza de minhas convicções e lutas serão postas à prova.
Já disse outrora que entrei e saí do governo sem patrimônio, sem praticar qualquer ato ilícito ou ilegal, seja na condição de dirigente do PT, seja na de parlamentar ou de ministro de Estado.
Minha condenação se dá sem provas e a má aplicação da teoria do domínio do fato não apagará isso.
Como nas vezes anteriores, seguirei lutando. Para provar minha inocência e para que sigam acesas as chamas dos ideais e sonhos que ajudei a construir, a compartilhar, a defender e a realizar, dentro e fora do governo.
Após o ano da concretização de uma farsa, que 2013 seja o ano do ressurgimento da verdade.
José Dirceu, advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT.

Brasil continuará com pleno emprego em 2013, diz ministro do Trabalho




Vladimir Platonow. Agência Brasil

“O emprego continuará em alta no Brasil em 2013 com a perspectiva positiva do cenário econômico, que deverá ter crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) maior do que o registrado em 2012. A avaliação foi feita hoje (29) pelo ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, que aposta na manutenção das baixas taxas de desemprego do país, cuja média de janeiro a novembro de 2012 alcançou 5,6%, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A perspectiva que se abre é a melhor, até porque nós tivemos um ano, do ponto de vista econômico, que não foi dos melhores, mas conseguimos manter a taxa de desemprego em níveis que nunca tínhamos visto na história do país. Nas regiões metropolitanas tivemos índices de pleno emprego, apesar da intensa crise internacional. A expectativa é que se consiga aquecer ainda mais o mercado de trabalho, atingindo o pleno emprego também no resto do país”, disse o ministro.

Brizola Neto reconheceu que a crise global afetou com mais força a indústria nacional, mas disse que informações preliminares apontam para uma retomada no crescimento. “Esses dois últimos anos foram duros para a indústria, mas os indicadores do último trimestre são alentadores, mostrando que a economia já começa a girar em torno de 3%, o que é animador para o próximo ano. O aquecimento vai demandar mão de obra e por isso é importante garantir qualificação aos trabalhadores e competitividade à economia, agregando conhecimento, tecnologia e inovação”, declarou.

O ministro falou à imprensa ao chegar para o velório do pai, José Vicente Goulart Brizola, falecido ontem (28) aos 61 anos. Ex-deputado federal, era filho do ex-governador Leonel Brizola. A deputada estadual do Rio Grande do Sul Juliana Brizola (PDT), filha de José Vicente, esteve no velório e ressaltou o lado artístico do pai, que era músico e acabou entrando na política por influência da família. “Meu pai nasceu em uma família de políticos, mas na verdade era músico. Essa era a grande paixão da vida dele”, disse Juliana.

O vereador do Rio Leonel Brizola Neto (PDT) ressaltou que o pai sofreu muito durante o período da ditadura militar, quando o avô Leonel Brizola foi obrigado a se exilar, para escapar da perseguição dos militares que tomaram o poder no país. “Meu pai sofreu as agruras de uma ditadura militar duríssima, que machucou muito a família. Ele viu toda a perseguição ao pai dele, que não podia voltar ao próprio país, o que deixou cicatrizes para a sempre”, destacou o vereador.

O corpo do ex-deputado José Vicente será cremado e as cinzas levadas para o mausoléu da família Goulart, em São Borja (RS), onde também estão sepultados o ex-presidente João Goulart e o ex-governador Leonel Brizola. Entre as inúmeras coroas de flores colocadas à entrada do velório, estava uma enviada pela presidenta Dilma Rousseff.”

Jungmann de PE, Aleluia da Bahia, Zylbertajn (ex-genro de FHC), todos aparelhados na Light por Aécio




“Aécio Neves (PSDB-MG), quando era governador, usou a CEMIG para comprar o controle da Light (distribuidora de eletricidade no Rio).

Aparelhou a empresa com políticos compadres do DEM, PSDB e PPS. Resultado: Privataria Tucana e APAGÃO!


Está explicado Aécio ser contra a CEMIG baixar a conta de luz.

Os demotucanos são uma mãe para banqueiros e investidores. Primeiro privatizaram a Light na bacia das almas, dizendo que a iniciativa privada iria investir na empresa. Depois do apagão do racionamento de 2001, depois de subir tarifas, depois que tiraram o lucro sem investir, Aécio Neves (PSDB-MG), quando era governador, comprou de volta o controle da empresa sucateada, ao preço que oGrupo Andrade Gutierrez quis vender.

Mas os problemas não acabaram. A empresa continua sucateada, a terceira pior entre 33 do Brasil no ranking da ANEEL. Bueiros explodiram nas ruas. Vive faltando luz em diversos bairros do Rio e, agora, até nos Aeroportos. É nisso que dá o choque de gestão demotucano.”

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Entenda o Conluio entre a Mídia oposicionista e políticos da Oposição usou um bicheiro goiano para tentar derrubar o governo Lula




Crônica do Golpe Anunciado

E o povo achando que havia isenção...


Como o Conluio entre a Mídia oposicionista e políticos da Oposição usou um bicheiro goiano para tentar derrubar o governo Lula e porque o chamado “Mensalão” é a conspiração dentro da Conspiração.
A Conspiração passa então à primeira fase de seu plano.
Um pouco antes da campanha vitoriosa de Lula à Presidência, ainda em 2002, um conhecido bicheiro goiano, Carlos Augusto Ramos , cujo apelido o tornará, nacional e internacionalmente, conhecido como Carlinhos Cachoeira, (Charlie Waterfall segundo o NY Times) grava secretamente um vídeo de uma suposta extorsão praticada pelo ex diretor da Loterj do Rio de Janeiro Waldomiro Diniz, com a suposta finalidade de arrecadar fundos para o Partido dos Trabalhadores e para o Partido Socialista Brasileiro. E nada mais. 
 
O guardião deste material, em tese tão explosivo, simplesmente o retém sem maiores consequências. Qual era então o objetivo de guardar durante dois anos este vídeo secreto ? Tratava-se sómente realmente de negócios da máfia dos bingos ? E se fosse este o caso porque os “empresários do zoo” não o divulgaram de imediato já que ficaram a ver navios sem terem seus desejos atendidos ? Como veremos depois, a ampla utilização de arapongagens estava também no horizonte mental dos conspiradores. Gravações, vídeos, etc, destinavam-se não a produzir ou servirem de prova mas simplesmente fornecerem uma sucessão de Relatórios Cohen para uso futuro.
Então, de repente, esta gravação tão zelosamente guardada durante dois anos vêm à público , em 13 de Fevereiro de 2004, através da revista Época (veículo de mídia impressa das organizações Globo). O que teria se passado para que esse material viesse tão repentinamente à lume ? E quem teria entregue esse material ? A resposta pode ser encontrada no timing político. Waldomiro Diniz havia se tornado assessor do Ministro José Dirceu. E não era um Ministério qualquer, era a Casa Civil da Presidência da República ! Os conspiradores esfregaram as mãos de contentamento. Era tudo o que a mídia oposicionista precisava para iniciar a sua ofensiva no sentido de criar o contexto da comoção popular, fase inicial do conluio com a oposição política. É o que faz a revista Época. A intenção sempre fora de municiar esta oposição com reportagens que levassem à criação de qualquer CPI no Senado ou na Câmara, para encurralar e paralisar o governo Lula. Poder-se-ia dizer que se tratava de uma nova “banda de música da UDN” com PSDB, PFL (DEM) e PPS fazendo o mesmo papel. Não se tratava de verificar fatos e responsabilidades. Buscava-se a partir daí a criação de mais e mais ilações que possibilitassem a manobra de cerco orquestrada.
E foi o que se viu. Toda a mídia oposicionista atacou em uníssono, através de seus Editoriais, colunistas, âncoras, manipulação das informações, capas com manchetes garrafais nas revistas semanais e todo o tipo de artifício jornalístico, que contribuísse para levar à paralisia do governo via Congresso. Tentava-se repetir o mesmo esquema que paralisara o governo Collor na década de oitenta. E na genêse deste movimento iremos encontrar o mesmo jornalista , Mino Pedrosa, ligado ao contraventor. O objetivo era claro. Uma vez que o governo Lula obtivera uma maioria governista, a tentativa era criar uma comoção de classe média que levasse o PMDB, que sustentava essa maioria, a deixar o governo, paralisando efetivamente a governabilidade consensual procurada pelo presidente Lula. O resultado seria o esperado impasse político. Afinal as eleições de 2006 já se deslumbravam no horizonte. Jamais a imprensa oposicionista levou em consideração que a suposta extorsão não tivera o dom de ajudar “Charlie Waterfall” em seus negócios, razão na qual Cachoeira enviou a fita ao então senador Antero Paes de Barros, que por vez enviou ao Ministério Público de Brasília, na qual os reporteres da revista Época conseguiram a cópia divulgando-a. Porém os seus depoimentos na CPI da Loterj e na CPI, não deixam isso claro. Segundo o Relatório Final da CPI “o que se pode concluir desses depoimentos é que o suposto problema com o objeto da licitação não foi a razão para a desavença entre Carlos Cachoeira e Waldomiro Diniz, e, provavelmente, não foi a razão para a gravação da fita”. Qual foi então a razão para a gravação do vídeo ? Porém isso não importava mais. No decorrer de 2005 é instalada a CPI que os conspiradores queriam. 

O Governo Lula (2003–2010) corresponde ao período da história política brasileira que se inicia com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência, em 1 de janeiro de 2003, em sua quarta tentativa para chegar ao cargo presidencial, após derrotar o candidato do PSDB e ex-ministro da Saúde José Serra, com 61,30% dos votos válidos, em segundo turno.  A eleição de Lula, que havia sido derrotado nos anos de 1989, 1994 e 1998, é marcada por ter sido a primeira na história brasileira de um ex-operário ao posto mais importante do país.

Em outubro de 2006, Lula se reelegeu para a presidência, derrotando o candidato do PSDB Geraldo Alckmin, sendo eleito no segundo turno com mais de 60% dos votos válidos contra 39,17% de seu adversário.

Conhecendo a História do país, estava claro, desde o primeiro momento,  que  mais uma vez  o Conservadorismo brasileiro e as forças reacionárias,  iriam agir  contra a escolha popular como sempre haviam feito na história política do país.

Mas havia uma dificuldade extra.  A ausência dos militares intervindo diretamente na política, como haviam feito desde a instalação da República,  era um fator novo em cena,  a partir da redemocratização no país.  Quais forças então seriam poderosas o bastante para criar um clima de impasse político que imobilizasse um governo popular  recém empossado e ensejasse um caldo de cultura que fizesse erguer   uma comoção da classe média (já que as camadas populares apoiavam maciçamente o novo presidente) ,  para um golpe institucional ou mesmo militar, se fossem bem sucedidos na criação desse clima ?

A resposta óbvia se encontrava nas páginas da História. Um neo udenismo que utilizasse as mesmas armas que o Lacerdismo usou : o uso da mídia politicamente engajada, instrumentalizada pela Direita oposicionista,  pelo empresariado paulista reacionário (temeroso da descentralização industrial) e pela manipulação de algumas seções regionais  de instituições  da sociedade civil.

Outra coisa que os conspiradores não contavam é que o país havia mudado. Mesmo nos bastiões do Conservadorismo era visíveis as fraturas. Não contavam  com o apoio da classe média e não existia um pólo irradiador de uma única posição ideológica. O Empresariado nacional havia visto com bons olhos a escolha do Vice-Presidente José de Alencar como fiador da manutenção das regras econômicas do Capital, percepção reforçada com a manutenção de Henrique Meirelles no Banco Central. E mesmo na economia capitalista mundial, a posse de Lula suscitou até maiores esperanças por um aggiornamento econômico-político que trouxesse e mantivesse a estabilidade nos planos econômico, político e social. Uma reedição modernizada e sulamericana do Pacto de Moncloa  após a debacle econômica e social dos anos FHC.

A Conspiração passa então à primeira fase de seu plano.  

Um pouco antes da campanha vitoriosa de Lula à Presidência, ainda em 2002, um conhecido bicheiro goiano,  Carlos Augusto Ramos , cujo apelido o tornará, nacional e internacionalmente, conhecido como Carlinhos Cachoeira, (Charlie Waterfall segundo o NY Times) grava secretamente um vídeo de uma suposta extorsão praticada pelo ex diretor da Loterj do Rio de Janeiro Waldomiro Diniz, com a suposta finalidade de arrecadar fundos para o Partido dos Trabalhadores e para o Partido Socialista Brasileiro. E nada mais. O guardião deste material, em tese  tão explosivo, simplesmente  o retém sem maiores consequências.  Qual era então o objetivo de guardar durante dois anos este vídeo secreto ? Tratava-se  sómente realmente de negócios da máfia dos bingos ? E se fosse este o caso porque os “empresários do zoo” não o divulgaram de imediato  já que ficaram a ver navios sem terem seus desejos atendidos  ? Como veremos depois, a ampla utilização de arapongagens estava também no horizonte mental dos conspiradores.  Gravações, vídeos, etc, destinavam-se não a produzir ou servirem de prova mas simplesmente fornecerem  uma sucessão de Relatórios Cohen para uso futuro.

Então, de repente,  esta gravação tão zelosamente guardada durante dois anos vêm à público ,  em 13 de Fevereiro de 2004, através da revista Época (veículo de mídia impressa das organizações Globo).  O que teria se passado para que esse material  viesse tão repentinamente à lume ? E quem teria entregue esse material ?   A resposta pode ser encontrada no timing político. Waldomiro Diniz havia se tornado assessor do Ministro José Dirceu. E não era um Ministério qualquer, era a Casa Civil da Presidência da República !   Os conspiradores esfregaram as mãos de contentamento.  Era tudo o que a   mídia oposicionista precisava para iniciar a sua ofensiva no sentido de  criar o contexto da comoção popular, fase inicial do conluio com a oposição política.  É o que faz a revista Época.  A intenção sempre fora de municiar esta oposição com reportagens que levassem à criação de qualquer CPI no Senado ou na Câmara, para encurralar e paralisar o governo Lula. Poder-se-ia dizer que se tratava de uma nova “banda de música da UDN” com PSDB, PFL (DEM) e PPS fazendo o mesmo papel.  Não se tratava de verificar fatos e responsabilidades.  Buscava-se a partir daí a criação de mais e mais ilações  que possibilitassem a manobra de cerco orquestrada. 
E foi o que se viu. Toda a mídia oposicionista atacou em uníssono, através de seus Editoriais, colunistas, âncoras, manipulação das informações, capas com manchetes  garrafais nas revistas semanais  e todo o tipo de artifício jornalístico, que contribuísse para levar  à paralisia do governo via Congresso. Tentava-se repetir  o mesmo esquema que paralisara o governo Collor na década de oitenta.  E na genêse deste movimento iremos encontrar o mesmo jornalista , Mino Pedrosa, ligado ao contraventor. O objetivo era claro. Uma vez que o governo Lula obtivera uma maioria governista, a tentativa era criar uma comoção de classe média que levasse o PMDB, que sustentava essa maioria, a deixar o governo, paralisando efetivamente a governabilidade consensual procurada pelo presidente Lula. O resultado seria o esperado impasse político. Afinal as eleições de 2006 já se deslumbravam no horizonte. Jamais a imprensa oposicionista levou em consideração que a suposta extorsão não tivera o dom de ajudar “Charlie Waterfall” em seus negócios, razão na qual Cachoeira enviou a fita ao então senador Antero Paes de Barros, que por vez enviou ao Ministério Público de Brasília, na qual os reporteres da revista Época conseguiram a cópia divulgando-a. Porém os seus depoimentos na CPI da Loterj e na CPI, não deixam isso claro. Segundo o Relatório Final da CPI “o que se pode concluir desses depoimentos é que o suposto  problema com o objeto da licitação não foi a razão para a desavença entre Carlos Cachoeira e Waldomiro Diniz, e, provavelmente, não foi a razão para a gravação da fita”. Qual foi então a razão para a gravação do vídeo ? Porém isso não importava mais.  No decorrer de 2005 é instalada a CPI que os conspiradores queriam.

O que começou com o objetivo de "investigar e apurar a utilização das casas de bingo para a prática de crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, bem como a relação dessas casas e das empresas concessionárias de apostas com o crime organizado" logo enveredou por outros caminhos. Sempre fora essa a  intenção. Os desdobramentos a fizeram ser conhecida como a “CPI do Fim do Mundo”.  Ela foi presidida pelo senador Efraim Morais e teve como relator o senador Garibaldi Alves Filho.

De acordo com a Carta Capital, “infelizmente os eleitores pouco souberam sobre a influência do Jogo do Bicho no Brasil. Os parlamentares apuraram a morte do prefeito Celso Daniel, as acusações do doleiro condenado Toninho da Barcelona, os dólares de Cuba , a mula-sem-cabeça e o Boitatá. Por isso o apelido CPI do Fim do Mundo”. Sem falar na imprudente decisão de encurralar o Ministro da Fazenda Antônio Palocci, imprudente porque neste ponto o setor financeiro e empresarial deu o aviso quase direto de que não aceitaria o risco da instabilidade econômica. Ele próprio já vira o que vinha acontecendo. Ficara claro o objetivo da Conspiração : emparedar o governo Lula e o Partido dos Trabalhadores e criar a comoção na classe média.

Não tiveram sucesso. O país mudara. Mas os conspiradores  não se deram por vencido.

A segunda investida. A Conspiração dentro da Conspiração : Os tentáculos de Cachoeira reaparecem.

No dia 14 de maio de 2005, a revista Veja (a mesma dos dólares de Cuba) bombasticamente anuncia estar de posse de uma gravação de vídeo na qual Maurício Marinho, superintendente da Empresa Brasileira de Correios, solicitava e também recebia vantagem indevida para ilicitamente beneficiar um empresário. Este era na realidade o advogado curitibano Joel Santos Filho, contratado por 5 mil reais, pelo suposto  fornecedor dos Correios, o empresário brasiliense Arthur Washeck Neto, um dos donos da Comam Comercial Alvorada de Manufaturados Ltda. Para colher prova material do crime de interesse do Arthur, Joel faz-se passar por empresário interessado em negociar com os Correios. Posteriormente em depoimento à Polícia Federal, confessou “que trabalhou na inteligência da Usina de Itaipu. Contou ainda que fora contratado para outros serviços de arapongagem, como tentar descobrir um esquema de corrupção na compra de uniformes escolares na prefeitura de São Paulo  à época administrada pela petista Marta Suplicy".  Fica claro então que o araponga já prestara serviços para setores ligados à oposição política senão a própria. E em São Paulo. (Isto se torna relevante quando se vê o empenho do Ministério Público paulista e da polícia paulista em tentar fortalecer as ligações frágeis decorrentes dos fatos arrolados na  CPI dos bingos).
O vídeo chegou à revista Veja através de Jairo de Souza Martins,  que alugou a Arthur Wascheck Neto uma maleta equipada com câmera para que Joel Santos Filho flagrasse a ação de Marinho,  que por “razões pessoais” entregou uma cópia do conteúdo da filmagem a um certo jornalista da revista, (hoje sabemos que era Policarpo Júnior, redator-chefe da revista e chefe da sucursal de Brasília).

Apenas dois anos após  o fato, a Polícia Federal e o Ministério Público desencadearam a Operação Selo, em agosto de 2007, prendendo uma quadrilha especializada em fraudar licitações, vender produtos e fornecer serviços para os Correios há anos. Entre os cinco presos estava o empresário Arthur Wascheck Neto, o mesmo responsável por encomendar a gravação das imagens de Maurício Marinho em 2005. 

Mas, voltando a esse ano (2005), eis que Carlinhos Cachoeira reaparece. Quem é Jairo de Souza Martins  ? É  outro personagem conhecido no submundo da arapongagem e do jornalismo “investigativo” da revista Veja, amigo de longa data de Policarpo Júnior . Trata-se do policial Jairo Martins de Souza,  cabo da Polícia Militar do Distrito Federal e já teria trabalhado para o extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) e para Agência Brasileira de Inteligência (Abin). É um “empregado” da quadrilha de Carlinhos Cachoeira. Recebia R$ 5 mil mensais e tinha a função de cooptar policiais e também levantar informações que pudessem prejudicar os negócios do grupo. Cada hora fica mais evidente a ligação entre a mídia oposicionista e os primórdios do “Mensalão”. E qual a origem desse empresário ? A resposta é Brasília. Coincidência ou os fatos começam a ficar mais claros quando se enxerga a linha que conduz Cachoeira a Jairo, Jairo a Policarpo Júnior, Policarpo Júnior a...?   Mas qual o ponto inicial de linha ? Cachoeira ? ou começa a emergir das sombras a figura de Demóstenes Torres cuja imagem de paladino da moralidade começa a ser construída pela mídia oposicionista ?

É o que apreende do destaque dado ao mesmo na edição da Revista Veja referente ao pedido de instalação da CP (“Com isso, a CPI dos Correios saiu do papel. Mas outra está a caminho – a CPI do Mensalão. O pedido de abertura foi apresentado por PPS, PV e PDT, depois que correu a suspeita de que petistas e tucanos fizeram acordo para que a CPI dos Correios acabasse em pizza. "Não vamos permitir que qualquer acordo impeça a faxina ética que o país exige", diz o senador Demostenes Torres, do PFL de Goiás”).  Estava claro, afinal, essa mídia precisava de um nome no meio político que galvanizasse outros setores, e prncipalmente a classe média, para o apoio ao impasse no Congresso, que imaginavam que viria e que trabalhavam ativamente para fazer acontecer, ainda antes da eleição de 2006. 

Nesse ponto é hora de observar as ações da Oposição política agindo em consonância com as “reportagens” da mídia oposicionista.  As eleições de 2006 se avizinhavam.

A CPMI dos Correios é instalada, sendo  uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) criada originalmente no Brasil para investigar o escândalo dos Correios. Com o tempo passou a investigar o escândalo do mensalão, como a Revista Veja “profetizara”. A ementa do pedido para criar a CPI foi de autoria do então Senador José Agripino do PFL.

Na edição de 18 de maio de 2005, a revista Veja, com a capa "O vídeo da corrupção em Brasília” traz a matéria “O Homem Chave do PTB”, revelando o envolvimento de  Roberto Jefferson, como sendo o homem por trás do esquema de corrupção naquela estatal.  Quando as investigações se voltaram para relação entre Maurício Marinho e Roberto Jefferson foi que ocorreu a declaração de Roberto Jefferson à Folha de São Paulo a respeito do fato mensalão, foi a primeira vez em que publicamente o termo foi utilizado.

Posteriormente seriam encontradas divergências entre os depoimentos do jornalista Policarpo Junior à Polícia Federal e o de Jairo à CPI mista. À  PF, Policarpo disse ter sido procurado por Jairo sobre um esquema de corrupção envolvendo o PTB, sobre o qual garantiu ter provas. À CPI, Jairo afirmou não ter comentado o assunto com o repórter e que, à época do contato, anda não existiam provas.

Quais as razões para essa divergências ?

Simples quando se analisa o objetivo dos conspiradores.  Se um deles era criar o impasse político dentro da correlação de forças da maioria governista e a oposição e como o PMDB não se deixara seduzir com o “clima artificial da comoção da classe média”  porque não tentar fragilizar e depois tornar inoperante o papel político do PTB, naquele contexto e trazê-lo para esfera oposicionista nas eleições de 2006 ? Devemos nos lembrar que o papel da mídia era ativo nesta conspiração. Só para exemplificar, ao longo de ano de 2005 a partir de junho, das trinta e duas capas da revista Veja, vinte eram de ataques diretos ao PT, travestidos de ‘jornalismo” e uma delas chegava a descrever a “agonia” do governo Lula em termos que a ligavam diretamente ao impeachment de Collor. Era o momento que os conspiradores viam com otimismo, da criação do contexto da “comoção da classe média”. Tentava-se desesperadamente a criação desse impasse político pois no quadro da estabilidade econômica e do boom do consumo das classes C e D, os níveis de popularidade do presidente Lula vinham sendo repetidamente atestados por sucessivas pesquisas de intenção de voto e avaliação do governo. Ficava claro que era urgente gerar o impasse e, sonho dos sonhos, o golpe institucional via Congresso. Ou no mínimo tentar equalizar as chances de um candidato oposicionista em 2006. Naquele momento a Nação assistiu a  um dos episódios mais polêmicos da história do jornalismo contemporâneo, caso consideremos dessa forma, para dizer o mínimo. A   entrevista de Roberto Jefferson à repórter Renata Lo Prete, da Folha, que acabou desviando o foco da atenção para o “mensalão”, retirou o foco do papel conspirador ativo de uma das revistas semanais do país, para a derrubada de um presidente ou a fragilização de sua candidatura à reeleição. É o cerne da orquestração golpista.  E a retirada do PTB da base governista serviria para estimular os setores dentro do PMDB que sempre haviam sido contra a aliança. Na própria entrevista Roberto Jefferson sugere que tanto PP quanto o PL  receberiam  quantias mensais para votarem projetos de interesse do governo.  Porque estes três partidos entravam na equação do Golpe ? Simplesmente porque como davam ao governo Lula uma folga confiável na maioria parlamentar  ( PL, por exemplo, saiu das urnas com 26 deputados e naquele momento contava com 53. O PP havia elegido  49 deputados e passara a ter  54, e o próprio crescimento do PTB, que crescera de  26 para 47 deputados) era preciso retirá-los da base para que prosperasse o movimento. Esta articulação que levara os três partidos para base era fruto do trabalho da Casa Civil. Na mente dos conspiradores chegara a hora do acerto de contas com o Ministro  José Dirceu. Não repetiriam o fiasco da CPI dos bingos.

O vídeo gravado por Joel Santos Filho é citado na Denúncia Oficial da Procuradoria Geral da República, dos indiciados nos crimes do Escândalo do Mensalão, como o fato que originou toda a investigação da CPMI dos Correios e do referido escândalo.  Mas verifica-se que até aquele momento da gravação e mesmo depois, não se havia falado em nenhum tipo de relação dessa natureza entre a Casa Civil da Presidência e o Congresso. Vejamos com lupa  as motivações que levaram ao estabelecimento dessa relação na ótica da Conspiração.

Mas existiu Mensalão ?

A resposta enfática é não. Houve sim  o aproveitamento de recursos oriundos de  campanha para a quitação de dívidas de campanha.  Daí a similaridade com o pai do esquema, o chamado Mensalão Mineiro, sobre o qual não falaremos senão como o próprio STF afirmou, o “Laboratório”.  Mas vamos ao fato inicial, a entrevista de Roberto Jefferson.  O neologismo mensalão, seria uma variante criada pela Mídia da palavra "mensalidade" usada para se referir a uma "mesada" paga a deputados para votarem a favor de projetos de interesse do Poder Executivo. Jefferson acusou o então Ministro da Casa Civil José Dirceu de ser o mentor do esquema, ao contar, na entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagava mesada de 30.000 reais aos deputados do PP e do PL. Os pagamentos teriam sido efetuados a um número aproximado de 90 deputados para que votassem de acordo com o interesse do governo nas principais votações no Congresso. E nesse ponto que hoje sabemos, à luz da denúncia do Ministério Público e do Relatório da Polícia Federal, que os fatos demonstram que isso nunca existiu. Além do fato óbvio de que qualquer governo tem um arsenal de possibilidades legais para criar e, vá lá, cooptar,  qualquer maioria governista (processo recorrente na política brasileira em todos os níveis e que sómente uma reforma política poderá coibir). Os dados levantados contradizem firmemente a afirmação de Jefferson.

É simples. Um total de noventa deputados a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) levaria o montante a dois milhões e setecentos mil reais. Matemática elementar. Entretanto, o Relatório da Polícia Federal aponta, a partir dos dados do Coaf, que na véspera das votações que interessaram ao governo, antecedentes ao ínicio da crise, o volume de recursos retirados em espécie dos Bancos citados (os mesmos bancos que operaram o Mensalão Mineiro) foram pouco condizentes com essa compra de apoio político.

Vejamos :

Reforma tributária aprovada na Câmara em 24 de setembro de 2003                                        
R$ 1,212 milhão em 23, 25 e 26 de setembro de 2003

Reforma tributária modificada no Senado em 17 de dezembro de 2003     
  R$ 470 mil em 17 e 19 de dezembro de 2003

Medida Provisória (MP) do Salário mínimo aprovada na Câmara em 2 de junho de 2004           
R$ 500 mil

MP do salário mínimo aprovada em 23 de junho de 2004 na Câmara após passar pelo Senado
R$ 200 mil

Status de ministro para o presidente do Banco Central em 1 de dezembro de 2004 (Câmara) 
R$ 480 mil em 29 e 30 de novembro de 2004

MP dos Bingos aprovada em 30 de março de 2004 (Câmara)     
 R$ 200 mil em 29 de março de 2004

Reforma da Previdência aprovada (primeiro turno, Câmara) em 5 de agosto de 2003           
R$ 200 mil em 6 de agosto de 2003

Reforma da Previdência aprovada (segundo turno, Câmara) em 27 de agosto de 2003          
R$ 200 mil entre 25 e 26 de agosto de 2003

Reforma da Previdência aprovada (Senado) em 26 de novembro de 2003                        
R$ 400 mil em 26 e 27 de novembro de 2003

Reforma da Previdência aprovada (Senado, segundo turno) em 11 de dezembro 2003
R$  120 mil em 10 de dezembro de 2003

Estes documentos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostraram que entre julho e maio de 2003 foram feitos saques no valor de R$ 27 milhões das contas das empresas de Marcos Valério, a maior parte do através do Banco Rural.

O que salta aos olhos é que  no período apresentado como o de maior volume de saques, não foi feita SEQUER UMA votação de interesse do governo.  E mesmo nas datas das votações o maior valor retirado, no valor de R$ 1.212 milhão, se divididos pelos supostos noventa parlamentares, se chegaria apenas a um terço aproximadamente, do valor de R$ 30 mil citado como a “mensalidade”.  E pior ainda se verificarmos o menor valor sacado, de R$ 120 mil que divididos pelos mesmos supostos noventa daria um valor ainda mais irrisório de R$ 1.300 reais.  O fato é que nos dias que antecederam ou nos dias imediatamente posteriores às essas dez importantes votações, o valor total ascendeu a R$ 3.983 milhões, o que nos fornece uma média de R$ 398 mil por votação e que teriam sido repassados em média R. 4000,00 a cada um dos noventa parlamentares.  Na História da República nunca tantos teriam se corrompido por tão pouco. O suposto fato não resiste à análise da voracidade fisiológica de qualquer partido. Uma simples emenda parlamentar tem o condão de levantar esse valor multiplicado n vezes. Lembrando ainda que, conforme os dados do Coaf demonstraram, os saques eram efetuados também na véspera de votações no Senado. Onde estão então os saques correspondentes às  votações em segundo turno na Câmara e vice-versa ?

Não foi por outro motivo que Roberto Jefferson posteriormente rechaçaria as suas próprias afirmações sobre a existência desse esquema de compra de apoio parlamentar. A contradição era e é evidente.   O Relatório da Polícia Federal também foi explícito, dias depois, ao apresentar  uma investigação complementar feita a pedido do Ministério Público cujo objetivo era mapear as fontes de financiamento do valerioduto (nome dado à operação de transferência de dinheiro de Caixa dois nos dois eventos, tanto o Mensalão mineiro quanto o “Mensalão” propriamente dito), que o documento não comprovara a existência do "mensalão". Mas porque a insistência em não tipificar a relação como sendo recursos não contabilizados de campanha. Porque na ótica da Conspiração, essa tipificação não levaria a nenhum impasse institucional uma vez que havia precedentes e os procedimentos envolviam partidos dentro de processos eleitorais, ao contrário do potencial explosivo de uma relação fisiológica com parlamentares, demonstrado pela CPI do Orçamento nos anos noventa.

Mas ainda assim, em 11 de abril de 2006, a Procuradoria Geral da República moveu no STF  a ação denominada Ação Penal 470 e entre 22 a 27 de agosto de 2007, o Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento dos quarenta nomes denunciados em 2006 pelo Procurador Geral da República. O que começara por intermédio de um vídeo protagonizado por um empresário corrupto e um funcionário de baixo escalão corrupto, o primeiro com evidentes ligações com um bicheiro goiano, instrumentalizado pelo Redator Chefe de um dos principais veículos da mídia oposicionista , tivera a sua sequência lógica que levaria à condenação dos envolvidos e (na lógica dos conspiradores) à fragilização do Partido Trabalhadores, com evidentes ganhos ao projeto de desestabilização cujo fim ainda era o impasse institucional. Os conspiradores exultaram.

Quarta Fase. A Conspiração quer a classe média nas ruas. O Movimento Cansei.

Porque se iniciou essa tentativa de mobilização da classe média ? A resposta pode ser encontrada no fato que nenhuma das ofensivas da mídia oposicionista e tampouco a sua contrapartida nos partidos da oposição, teve o condão de levar a protestos de massa que dessem suporte a eventuais pedidos de impeachment alardeados pela oposição e insinuados pela mídia oposicionista. Sem isso, não haveria possibilidade de sucesso. Algumas vitórias parciais como a saída de Jose Dirceu e de Delúbio Soares da Casa Civil e do PT, respectivamente, ainda que significativas, não foram eventos catalizadores para criar o clima de comoção da classe média que galvanizasse e levasse outros setores a aderir, criando um cisma na unidade governista e no empresariado. Fora o que ocorrera nos anos Collor e os conspiradores desejavam que a situação atual  evoluísse em direção ao mesmo desfecho.

Para tal lançaram mão da emoção popular suscitada por acidentes aéreos que causaram grande número de vítimas, atribuindo ao “caos” da desorganização e incompetência do governo Lula no setor.
O Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, conhecido popularmente pelo slogan Cansei, foi, de acordo com seus idealizadores,  um “movimento da sociedade civil” surgido em julho de 2007, logo após o acidente com o vôo 3054 da TAM. O Cansei declarou-se se apartidário e visava à reflexão sobre os motivos do que considerou a desordem da administração pública no governo Lula.

Recebeu de imediato grande visibilidade da Mídia oposicionista que sonhava estar fechando o cerco ao governo, agora  com o que supunha ser o ínicio da almejada mobilização. Uma nova versão dos “cara-pintadas”, reverberando os noticiários em redes sociais.   De acordo com a página oficial do movimento, mais de sessenta entidades apoiavam o "Cansei". Dentre elas, as mais importantes eram a Ordem dos Advogados de São Paulo, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, a ABO, a ADVB, o CREA, o Conselho Regional de Medicina, a FIESP e o Grande Oriente Paulista da Maçonaria.

Não era concidência o número desproporcional de entidades paulistas. Afinal em sua direção se encontravam históricos oponentes da marcha da esquerda rumo à Presidência da República, mesmo antes de 2002. E como era de se esperar utilizaram todo o tipo de manobras para fazer crer que o movimento ganhava dia a dia mais adesão. A verdade era que nas ruas somente se viam esparsas manifestações lideradas por pessoas ou instituições historicamente ligadas ao Conservadorismo. Para exemplificar vejamos o caso do Conselho Regional de Medicina que não havia aderido a este Movimento, já denunciado quase de imediato como uma farsa por importantes intelectuais de esquerda.  Em entrevista à jornalista Conceição Lemos o presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, o Cremesp Henrique Carlos Gonçalves afirmou que fora ludibriado pelo presidente da OAB, Luis Flávio Borges D'Urso, e enviara-lhe uma carta no dia 13 de agosto de 2007 solicitando "informar que este Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), por meio de sua Reunião de Diretoria e Seção Plenária, decidiu pela não adesão à iniciativa", e também cita que "A assinatura em peças publicitárias e em notas conjuntas à imprensa dependeria de autorização formal do Cremesp, o que de fato não ocorreu." Também cita que "Aparentemente o processo com o CREA foi idêntico ao nosso". Isto mostra o grau de liberdade com que a Conspiração dispunha de nomes de instituições da sociedade civil, sem o conhecimento das mesmas.  Mas mesmo assim tais falsos apoios eram sistematicamente divulgados pela Midia oposicionista na tentativa de criar o clima, anteriormente citado, da comoção da classe média.

Tal objetivo ficou decididamente explícito na entrevista ao jornal Valor Econômico, do presidente da Philips no Brasil, Paulo Zottolo afirmando que, ao apoiar o movimento Cansei, desejava remexer no "marasmo cívico" do Brasil, e afirmou: "Não se pode pensar que o país é um Piauí, no sentido de que tanto faz quanto tanto fez. Se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado". Mais tarde, Zottolo pediu desculpas ao povo do Piauí em entrevista a Folha de S. Paulo, dizendo que seu comentário foi "infeliz".  Mas este ato falho estava implícito na natureza do movimento, que era atuar ilegitimamente contra a vontade popular, buscando a deposição, via impasse institucional do governo reeleito em 2006.

Um trecho do texto contra Zottolo, assinado por entidades como UNE e UBES, dizia que a afirmação do presidente da Philips fora uma "demonstração clara do preconceito que a elite paulistana tem contra nordestinos."  O que se queria do Movimento, por parte da Midia oposicionista era criar o pano de fundo para os pedidos de Impeachment que a Oposição política esperava que prosperassem com a falsa mobilização “das ruas”.

Tão clara era a falsidade dos objetivos anunciados pelo Cansei, referentes ao setor aéreo que o ato do Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, foi marcado por desorganização por parte das lideranças e revolta dos familiares das vítimas do acidente com o Airbus da TAM. Cerca de 40 parentes, vindos de todas as partes do País, compareceram a Praça da Sé, mas não puderam subir ao palco que foi montado no local para os organizadores e artistas que aderiram à manifestação.

Enquanto o protesto acontecia, os familiares ficaram represados na rampa de acesso ao palco. Nem se quer a presença do grupo foi citada pela organização. "Disseram que o palco estava cheio e que poderia cair se subíssemos. Estava cheio de artistas e seguranças. Nós éramos quem deveria estar lá em cima", disse à época Luciana Haensel, filha de Ângela Haensel, que chegara de Porto Alegre para participar do ato em memória de sua mãe, passageira do vôo 3054 da TAM.

Mais declarações se seguiram a esta como de mais uma parente de uma das vítimas. "Isso não nos abala. Vamos fazer a nossa homenagem logo mais, à tarde. Fomos usados por este movimento", disse Ana Queiroz, mãe de Arthur Queiroz, vítima do acidente aéreo, que viera do Recife.

O empresário João Dória Jr, presidente do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), pediu desculpas aos familiares. "Fizemos uma coisa indelicada e injusta com vocês", admitiu. Ele explicou que dois familiares subiriam ao palco para representar todo o grupo, mas o ato foi encerrado antes que eles pudessem se manifestar.

Até mesmo no Exterior se enxergava a orquestração óbvia como na visão do cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Thomas White, que deixou o cargo em meados de 2010, que comunicou à Washington que o movimento não era apartidário. Assim começa um comunicado enviado a Washington no dia 18 de setembro de 2007: “Na tentativa de aplacar o descontentamento popular com o governo Lula, um grupo de empresários de São Paulo lançou o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, conhecido informalmente como ‘Cansei’ (I’m tired)”. O documento segue dizendo que “apesar de os líderes insistirem no apartidaridarismo e dizerem que o movimento não ataca ninguém especificamente, tem causado forte reação de movimentos sociais e entidades ligadas ao governo Lula, que caracterizam o Cansei como um grupo de membros ricos da elite branca sem nada melhor para fazer do que reclamar”. White diz ainda que o movimento não sabia direito para que direção avançar. “Conforme descrito em seu site e cartazes publicitários, os membros do Cansei estão fartos do caos aéreo, do poder dos traficantes, das crianças nas ruas, balas perdidas e tanta corrupção”.

Mas não eram estes os objetivos reais e verdadeiros deste grupo.  Embora o movimento tenha informado que seu surgimento , entre outros motivos, era uma forma de protesto contra o "caos aéreo", que teria levado à queda do avião da TAM, informações contidas na caixa preta do avião vieram a indicar que o acidente foi provocado por falha da aeronave ou dos pilotos, o que tornaria nula a ligação entre o acidente e uma suposta crise do setor aéreo brasileiro.

A Revista Veja, um dos principais veículos inseridos na Conspiração, deu total espaço a um dos ideólogos do Movimento. O Cônsul americano, White comenta sobre um encontro entre oficiais da embaixada americana, Luiz Flávio Borges D’Urso e representantes da OAB de São Paulo no dia 29 de agosto de 2007. “A OAB organiza frequentemente programas em conjunto com as mesmas associações empresariais que fazem parte do ‘Cansei’. De acordo com D’Urso, faz parte dos interesses da organização elogiar o governo mas também criticá-lo quando for o caso”. Era uma tentativa de atrair a simpatia americana para o que se esperava vir a ser o impasse institucional. Mas os americanos não caíram nessa. Até mesmo eles já suspeitavam do que estava para vir, assim também como a Arquidiocese de São Paulo que emitira uma resolução proibindo o Cansei de fazer a manifestação na Catedral da Sé em julho daquele ano e obrigou o movimento a fazer seu “um minuto de silêncio de indignação” ao ar livre. “Para D’urso, o arcebispo se curvou diante da pressão e não quis criar controvérsias”. Essas controvérsias eram exatamente o cerne do plano do golpe institucional.

Thomas White concluiu o telegrama para Washington dizendo que o slogan “Cansei”, embora pudesse resumir com precisão os sentimentos de algumas pessoas, não é muito eficaz como um grito de guerra. Prosseguiu citando que “Como ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comentou recentemente ao cônsul-geral, não é um lema que Martin Luther King, Jr., teria escolhido para inspirar seus seguidores”, revelou  White. Para ele, “os líderes do movimento, por toda sinceridade e seriedade tornaram-se alvos fáceis para a caricatura”.

E foi isso que liquidou de vez a pretensão da Midia Oposicionista e da Oposição política, de dar sustentação a esta caricatura política denominada Cansei, cujos manifestações de rua só se mostraram numerosas nos noticiários televisivos e reportagens semanais da Midia.  A História de Collor não se repetiria naquele momento. Mas os conspiradores ainda tinham outros planos em mente. Não mais para criar a crise institucional. Ficara claro ser esta uma missão que não se cumpriria. O seu objetivo fora mal avaliado e não existiam as vivandeiras de quartel que tanto mal haviam feito à história político-social da República brasileira.  O Objetivo passara a ser evitar a todo custo mais quatro anos de um governo popular. As eleições de 2010 já se mostravam no Horizonte. Mas essa é uma outra história.
 
Extraído do blog do Saraiva