quinta-feira, 16 de junho de 2011

Risco Brasil X risco EUA: antagonismos da esperança e do medo


*Correção do gráfico: a linha vermelha corresponde ao risco americano e a verde ao brasileiro
Risco Brasil menor: O sucesso brasileiro, acerto de Lula (esperança)
A imagem que consagra o sucesso da economia brasileira, o acerto do rumo tomado desde 2003, aos trancos e barrancos, superando o diagnótico de primeiro de janeiro de 2003: o país estava quebrado.  Não teria como honrar seus compromissos e os prognósticos eram sombrios, como inflação, desemprego, queda acentuada da renda do trabalhador, ou como diziam os "especialistas": ocorreria, inevitavelmente, caso os conselhos do mercado não fossem acatados, uma "argentinização" do Brasil, ou seja, a reprodução da grave crise econômica e social do nosso vizinho, pós Meném, que culminou com a renúncia de Fernando de La Rua e contínuos distúrbios nas ruas de Buenos Aires.

O Brasil virou o jogo e, pouco a pouco, consolidou uma política inclusiva, apelidada por alguns de "Consenso de Brasília", em oposição ao velho chavão neoliberal do "Consenso de Washington"......
O país, conforme o gráfico demonstra, vinha melhorando seus índices até alcançar seu ápice hoje.
Em política e economia fotografias de momento são importantes, pois revelam resultados de acertos (ou na pior das hipóteses, erros).

O que está mostrado hoje não se congela e pode mudar, seja por questões políticas e/ou conjunturas econômicas desfavoráveis.
Nada garante o bom cenário eternamente.
Mas o retrato apresenta uma casa arrumada, com paredes e colunas mais firmes para suportar solavancos mais fortes.

Risco EUA maior: fracasso americano, de Bush a Obama e uma possível onda ultra-conservadora (medo)
Por outro lado o que foi publicado hoje nos mostra o fracasso, contínuo e desenfreado da política econômica americana.
Uma completa e desanimadora superação de um modelo, não desviado totalmente por Obama.  O país se sustenta em pilares pouco confiáveis e a piora sensível da percepção da incapacidade dos americanos honrarem suas dívidas e colapsarem o mercado mundial, mostra-se uma temeridade.

Obama não conseguiu consolidar a agenda da mudança, política e econômica, e da superação das armadilhas deixadas pelos republicanos.
Obama parece fracassar nestas duas premissas.
Os republicanos endureceram o debate político e, radicalmente, não permitem os democratas governarem, esticando ao máximo uma crise iniciada por eles mesmos, desde o fracasso do governo Bush.
A reeleição parece difícil nesse cenário de ingovernabilidade parlamentar e crise de confiança sobre a maior economia do planeta.

Talvez nem o discurso da vitória sobre o terrorismo, discurso vazio sustentado simploriamente na morte de Bin Laden, poderá manter os democratas na Casa Branca.
O acirramento político que sufoca Washington poderá criar um clima de imensos obstáculos para Obama reeleger-se e representar sério risco para a possibilidade de eleição de um governo ultra-conservador, repetindo o que ocorreu com a derrota do democrata Jimmy Carter e a eleição do republicano Ronald Reagan em 1980, que manteve no auge, por 12 anos, um discurso duro e de intervenção direta nos países latino americanos e no Oriente Médio, que consolidou políticas recessivas e erigiu o Consenso de Washington que arrasaria as economias do continente nos anos 1990.
Tal como Fernando de La Rua herdou a Argentina de Meném e Lula recebeu o Brasil de FHC.
A derrocada de Obama pode favorecer o surgimento de palanques ultra-radicais entre os republicanos e permitir a repetição, sob novas formas e circunstâncias, das políticas do big stick sobre o mundo e, baseados em esforços de guerra e de dominação militar, buscar a recuperação da economia americana, como um flashback nefasto da era Reagan.
Palavras diversas

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