sexta-feira, 25 de julho de 2014

O despreparo de Aécio para lidar com as asperezas da vida


Ninguém disse que ia ser fácil
, Diário do Centro do Mundo 
"Criança mimada, quando exposta às asperezas da vida, sofre em dobro.
O mesmo vale para político mimado.

Até há pouco tempo, Aécio viveu no mundo superprotegido de Minas Gerais. Jamais foi exposto pela mídia local, dependente dos anúncios do governo, a embaraços e a enfrentamentos.

Isto o poupou de aborrecimentos, é certo. Mas o deixou absolutamente despreparado para lidar com outras coisas que não sejam tapinhas nas costas de repórteres.

O caso do aeroporto – o primeiro grande teste de Aécio como vidraça – é exemplar.

Ele vem mostrando não ter preparo nenhum para as adversidades jornalísticas. Nas vezes em que se pronunciou sobre o assunto, misturou nervosismo, arrogância e falta completa de convencimento.

Decretou, numa das ocasiões, que estava “tudo explicado”, como se coubesse a ele decidir isso.  A melhor resposta a isso veio do colunista Elio Gaspari: “Explicação de Aécio não decola”.

E como poderia?

Sua melhor alegação é que o aeroporto pertence não a seu tio, mas ao Estado, pois a terra onde ele está foi desapropriada. (Em termos, porque a desapropriação está na justiça, num caso de litígio.)

Mas, se é um aeroporto de interesse público, como justificar que o acesso a ele só se dê se você, autorizado, pega a chave na fazenda?

É um aeroporto para poucos, muito poucos. Sintomaticamente, Aécio não respondeu, numa entrevista, se ele estava entre os poucos. Não disse se usou o aeroporto, o que na prática sabemos o que significa.

Em outro capítulo desastrado de sua louca cavalgada, ele atribuiu o vazamento ao PT. Aos velhos e conhecidos métodos do PT, segundo ele.
Será que ele imagina que, assim, vai transferir o ônus do escândalo para outras mãos que não as suas?

A vida fácil de neto de Tancredo poupou Aécio de dissabores como este com que ele lida agora.

Mas, ao virar personagem nacional, a mamata tinha mesmo que acabar. E o que se vê é uma criança mimada contrariada, pronta a culpar os outros pelas artes que comete.

Não é certa ainda a extensão dos danos do aeroporto para as pretensões presidenciais de Aécio.

Num mundo menos imperfeito, ele retiraria sua candidatura, sob o assédio da mídia e, mais ainda, da opinião pública.

Um homem que repetiu a palavra ética milhões de vezes, sobretudo para acusar seus adversários, não pode tropeçar, ou será visto como detentor de um descaro total.

Mas este aqui é o mundo que temos.

A mídia está fazendo o máximo para preservar Aécio: a mínima cobertura possível, tom quase dócil — o suficiente apenas para não passar vergonha.

Mas não há nada que ninguém possa fazer para poupar Aécio das dores excruciantes que um político mimado sofre ao lidar com dificuldades das quais foi sempre protegido."

São Paulo na vanguarda do atraso


O rinoceronte Cacareco, antecessor de Tiririca, foi eleito vereador em SP
Pelé é até hoje criticado por ter dito que o brasileiro não sabe votar.
Mas quando se constata, só para ficar num exemplo mais conhecido, que os paulistas, que já elegeram o "chuchu" Alckmin, estão prestes a cometer novamente essa barbaridade, até que dá para desculpar o "rei" do futebol pela sua frase.
Citei Alckmin, mas poderia citar vários outros políticos que os paulistas sufragaram majoritariamente para cargos do Executivo: Celso Pitta, José Serra, Gilberto Kassab e Paulo Maluf, por exemplo.
Não é um quarteto notável?
A democracia tem dessas coisas.

O eleitor pode, perfeitamente, errar, eleger um picareta ou um sujeito sem nenhuma qualificação intelectual para o cargo de prefeito ou governador de Estado. Ou de presidente da República.
Acontece.
Mas a democracia também permite que esse mesmo eleitor que se enganou uma vez se redima e, numa próxima eleição, rejeite esse político que o decepcionou.
Esse é o grande mérito do regime democrático: dar voz ao povo, propiciar que ele escolha, livremente, seus governantes, que promova uma alternância no poder.
O que ocorre no Brasil - e mais especificamente em São Paulo -, porém, foge à razão.
Ou melhor, é motivo para que os mais sábios dos sábios se debrucem nos seus preciosos livros para tentar decifrar o enigma.
Há duas décadas o Estado mais rico da federação, que já foi chamado de "Locomotiva da Nação", é governado por um grupo político que hoje, em nível federal, faz oposição feroz aos trabalhistas.
Esse grupo representa o que de mais atrasado existe na vida social do país. 
É totalmente desligado das organizações populares e sindicais, criminaliza os movimentos sociais e reivindicatórios, exibe resultados menos que medíocres em todas as áreas de governo, aumenta taxas e impostos indiscriminadamente, despreza a transparência administrativa, mente compulsivamente sobre todas as questões que possam significar início de uma crise - e mesmo assim é aprovado pela maioria dos cidadãos!
É fato notório que o prefeito paulistano, o petista Fernando Haddad, tem  sido vítima de uma perseguição cotidiana por parte da oligarquia paulista, imprensa incluída.
E também notório que Haddad é um dos melhores quadros políticos já surgidos no passado recente do país.
A tentativa de exterminá-lo politicamente, ao mesmo tempo em que as inúmeras mazelas provocadas por 20 anos de governos tucanos em São Paulo são inteiramente escondidas da população, prova de que a democracia brasileira ainda é muito imperfeita. 
Talvez por ser ainda dominada por um grupo de pessoas que preza muito mais manter os imensos privilégios que ainda goza do que ver o país em que vive se transformar numa terra mais justa para todos. 
E não há no país local mais exemplar dessa criminosa interferência no processo de consolidação democrático do que São Paulo.
Triste destino o dos paulistas...
Do, http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2014/07/sao-paulo-na-vanguarda-do-atraso.html