quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Notícias póstumas sobre um capitalismo moribundo




Em 12/08/2018, o Estadão reproduziu reportagem publicada pelo “The Economist” sobre o livro “Quebradeira: como uma década de crises financeiras mudou o mundo”, ainda sem edição brasileira.

A obra do historiador britânico Adam Tooze mostra que os principais mecanismos causadores da crise mundial de 2008 continuam em pleno funcionamento.

Um trecho da resenha afirma:

Ninguém que dormisse em 2006 e despertasse para observar os mercados financeiros hoje teria ideia de que houve uma crise. Os preços das ações nos EUA tiveram repetidamente novas altas e as valorizações foram superadas apenas pelas épocas de bolha de 1929 e 2000. As taxas de juros pagas por governos e corporações para tomar dinheiro emprestado são muito baixas, tomando-se por base padrões históricos. Em termos globais, o volume da dívida em relação ao PIB é quase tão alto quanto era antes da crise.

Outra passagem utiliza a seguinte metáfora:

Os bancos centrais interromperam um ataque cardíaco econômico global com uma cirurgia de emergência, mas o paciente voltou aos velhos hábitos de fumar, beber demais e se encher de comida gordurosa. Ele pode até parecer saudável, mas o próximo ataque poderá ser mais violento, e as técnicas de ressurreição que funcionaram uma década atrás podem não dar certo uma segunda vez.

Chris Harman, no entanto, prefere outra imagem. Em seu livro “Capitalismo Zumbi”, de 2009, ele afirma que o capitalismo estaria “morto para o efeito de atingir objetivos humanos e de responder a sentimentos humanos”, mas é “capaz de exercer atividades causadoras de caos em seu próprio entorno”.

Em outras palavras, seja agonizando, seja morto, o sistema permanece fatal.

Em resposta ao incansável racismo do general Mourão


O General Mourão, em mais uma declaração infeliz, afirmou que os negros são malandros e os indígenas indolentes.

Em 12/08/2018, o colunista Reinaldo José Lopes publicou na Folha uma boa resposta a essas maluquices. Lembrou um relato de Antonio Pires de Campos, de 1723, segundo o qual, os indígenas Parecis eram “incansáveis” em suas lavouras, sempre plantadas em “admirável ordem”. Além disso, construíam estradas “muito direitas e largas”, conservando-as “tão limpas e consertadas que se lhe não achará nem uma folha.”

Lopes também pergunta que malandragem africana teria “levado guerreiros negros do atual Sudão a conquistar todo o orgulhoso Egito dos faraós por volta de 700 a.C.?” Ou a fazer com que o povo shona, na Idade Média, tenha construído “a poderosa cidade de pedra do Grande Zimbábue, com tamanho e complexidade que nada deviam às maiores cidades europeias medievais?”

Mas voltando à suposta indolência indígena, também seria bom lembrar uma importante obra de Jorge Caldeira, lançada em 2017. Em “História da Riqueza no Brasil” o historiador afirma, por exemplo, que:

… os Tupi-Guarani mantinham um tal equilíbrio entre produção econômica, alianças diplomáticas, chefia política na guerra e destinação ritual dos excedentes que não os obrigava a criar uma função especializada de governo, com a permanente divisão dos membros da sociedade entre governantes e governados. Mesmo assim havia governo: as instituições indicadas pelo costume funcionavam com regularidade e desfrutavam do respeito de todos.

Respeito de todos é algo de que o general, certamente, jamais vai desfrutar devido a sua incurável mentalidade racista. Produto de séculos de preguiça mental e estupidez incansável.