quinta-feira, 31 de dezembro de 2009



Boas festas a todos!! Desejo a todos vocês que frequentam o meu blog um feliz ano novo, cheio de alegrias e vitórias.

2010.
vai ser...
DILMAis!!

Brasil não subalterno

Igualdade entre nações

por Mauro Santayana, JBOnline


O orgulho nacional é sentimento que se funda na consciência da igualdade entre os seres humanos. Quando partimos da ideia de que não somos superiores, assiste-nos a certeza de que tampouco somos inferiores. As vicissitudes históricas, assim como as limitações da natureza, podem fazer-nos conjunturalmente mais pobres ou mais ricos, mas não nos convertem em melhores ou piores.

A imprensa do mundo se tem dedicado aos êxitos conjunturais do Brasil com elogios que nos alegram. O presidente Lula é visto como a Personalidade do Ano pelo conceituado Le Monde, e outras publicações. Chefes de Estado a ele se referem com admiração, não só pelos resultados de sua política interna como também por sua capacidade de convencimento na diplomacia direta que vem exercendo, nestes meses de desafios internacionais.

Esse reconhecimento externo tem tido leituras divergentes em nosso país. Para muitos adversários do governo, trata-se de engodo. A oposição quer mostrar o presidente da República como um parvo, que se deixa dominar pela lisonja. É uma leitura, essa, sim, de néscios. O governo brasileiro tem, nestes anos e meses, afirmado, sem jactâncias, seu direito soberano de opinar nas questões internacionais que lhe dizem respeito, como as do aquecimento global, da paz no Oriente Médio, do comércio internacional e do equilíbrio geopolítico na América Latina. Quanto ao problema da preservação ecológica, nenhum outro país do mundo tem a autoridade de que dispomos para dizer o que pensamos. A História nos fez possuidores da maior biodiversidade tropical do planeta, que soubemos preservar com diplomacia, mas também com imensos sacrifícios humanos, e a cuja soberania não podemos renunciar.

Queremos parceiros no comércio internacional, com vantagens e concessões em rigorosa reciprocidade. Quanto à América Latina, não podemos aceitar a subgerência imperial que alguns nos pretendem impor. Não somos o “cachorro grande” do quarteirão, como certos ex-diplomatas se referem à posição econômica, geográfica e política do Brasil. Somos vizinho privilegiado, com fronteiras pacíficas com quase todos os países da América do Sul e não temos problemas com o resto do Hemisfério.

O embaixador Rubens Barbosa, que, ao se afastar compulsoriamente do Itamaraty, se dedica hoje a assessorar a Fiesp, assinou artigo sobre a Argentina em que trata do declínio do grande vizinho do Sul. Há, em seu texto – ainda que dissimulado em linguagem diplomática – referência à superioridade brasileira, o que não é bom para nós. Temos que entender as circunstâncias da Argentina que, a partir da queda de Hipólito Irigoyen, em 1930, vem passando por dificuldades institucionais, em situação pendular entre o peronismo e seus adversários, agravada com a tragédia dos governos militares, estimulados pelos norte-americanos.

Tanto como o nosso, o povo argentino tem direito à autoestima. Seu sistema educacional, reconhecidamente superior, sua cultura, seu desenvolvimento técnico e científico, são motivos de justo orgulho. Suas dificuldades são políticas, e serão resolvidas com a mobilização da cidadania. Rubens Barbosa diz que a Argentina pode escolher entre ser – diante do Brasil – o Canadá ou o México. É melhor que ela continue sendo a Argentina do Pacto ABC, a Argentina do Mercosul, a Argentina das mães da Praça de Maio, de Borges e Bioy Casares, de Cortazar e Carlos Gardel; a Argentina de San Martin, de Urquiza e de Mitre. E de Evita. O México é outra referência infeliz do embaixador. Seu povo é uma vítima histórica, de Cortez ao presidente Polk, e de Polk a Bush, com o Nafta. Sua tragédia é estar, como dizia Cárdenas, “tan lejos de Dios y tan cerca de Estados Unidos”.

O ministro Nelson Jobim prevê represálias contra o Brasil pelos países preteridos na compra de caças para a FAB. Temos o direito soberano de comprar o que nos interessa e onde nos interessa. Sua excelência, no entanto, disse que “corremos o risco de país grande”. Se ele nos adverte que devemos nos preparar contra isso, é porque tem razão. Mas convém observar que nossa grandeza está dentro das fronteiras nacionais e no convívio amistoso com os outros povos. É esse convívio, sereno, sem ser subalterno, firme, sem ser arrogante, que está sendo reconhecido no mundo inteiro. Dessa postura, que o Itamaraty expressa, não nos devemos afastar.

A direita e o suplício de Papai Noel

DEBATE ABERTO

A direita e o suplício de Papai Noel

O título de “Homem do Ano em 2009", concedido a Lula pelo Le Monde, representou " o suplício de Papai Noel" para um jornalismo que se esmerou, com textos de contornos cada vez mais nítidos, em servir como porta-voz das forças mais reacionárias da sociedade brasileira.

Gilson Caroni Filho, na Carta Maior, via Carla Rodrigues

O ano se encerrou com interessantes contrapontos. As várias distinções honoríficas, prestadas ao presidente brasileiro pela imprensa internacional, fizeram desmoronar, como castelos de areia, a enxurrada de ritos sumários com que, a cada edição diária, a mídia nativa tentou desconstruir as realizações do governo petista e o capital simbólico acumulado pelo campo democrático-popular. O título de “Homem do Ano em 2009", concedido a Lula pelo Le Monde, o mais conceituado jornal da terra de Lévi-Strauss, representou " o suplício de Papai Noel" (*) para um jornalismo que se esmerou, com textos de contornos cada vez mais nítidos, em servir como porta-voz das forças mais reacionárias da sociedade brasileira

Mas não nos iludamos. Entre a ingenuidade de alguns e a esperteza de outros, a orientação geral é descarregar cargas de fait divers sobre as premiações, ocultando seu real significado. Não se está enaltecendo a habilidade política de um homem, seu carisma ou simpatia. O que está sendo reconhecido é algo de magnitude bem mais ampla: a pedagogia de fatos que, por sua evidência, ensinou à Nação que só passando a limpo suas instituições econômicas, políticas e culturais não corremos o risco de perder a nossa hora e a nossa vez.

O que está sendo objeto de elogios é um governo que não está perdendo a oportunidade de fazer as mudanças sociais há muito reclamadas. Contrariando as transições por alto que tanto marcaram a nossa história, Lula personifica a ruptura com acumulação de farsas que chega, hoje, ao seu ponto de ruptura definitiva. O que conquistamos não foi o aplauso fácil de um país que se verga a antigas estruturas coloniais, mas o respeito de quem assume o papel de sujeito da própria história.

A opção pelo aprofundamento da democracia, pelo crescimento com distribuição de renda, pela economia baseada no consumo interno e na redução de renda per capita é o que marca a mudança de rumo desde as eleições de 2002. Some-se a isso a afirmação de uma política externa independente, com práticas assertivas na afirmação de alguns princípios de relações internacionais, apontando para a busca de uma ativa coordenação soberana com atores relevantes da cenário mundial, e veremos que as diferenças conceituais com o antigo bloco de poder neoliberal são expressivas demais para não contrariar interesses arraigados na subalternidade, na soberania rarefeita.

Encerrado um ano exitoso, o que cabe às lideranças partidárias e à militância? Não confundindo realidade com desejo, buscar uma política de alianças que assegure maioria para a vitória de Dilma Rousseff nas próximas eleições. Dessa vez, há partidos políticos e quadros suficientemente qualificados para manter um projeto que se distingue pela coerência e nitidez de sua vocação transformadora. Mas não será um embate fácil. A direita dispõe de considerável capilaridade e do apoio logístico da mídia corporativa.

Diante deste quadro, as esperanças não repousam apenas em arranjos regionais. Para além das máquinas partidárias- e de elaborações teórico-metodológicas que precisam ser desenvolvidas- a capacidade de mobilizar a juventude, fazer com que ela se alie ao mundo do trabalho e a todos os setores até então oprimidos é fundamental. Estão nas forças sadias, detentoras de mecanismos precisos de clivagem, as chances que temos de evitar a perda de uma oportunidade única que a história está oferecendo. É preciso dar continuidade ao “suplício do Papai Noel". Mantê-lo no lado direito do espectro político. Que o povo brasileiro tenha um Feliz 2010!

* “O Suplício do Papai Noel” é um brilhante ensaio antropológico de Claude Lévi-Strauss, publicado no Brasil pela Editora Cosac Naify

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

O ano do Brasil – e do presidente Lula

Dificilmente poderia ter havido ano mais auspicioso para o Brasil. Isso esteve claro nos momentos finais da conferência de Copenhague. Obama chegou atrasado, perdeu o bonde da História e, esnobado pelo presidente chinês Wen Jiabao (que se fez representar por gente de escalão inferior em reuniões de que Obama participava) invadiu como um penetra a sala onde se reuniam Brasil, África do Sul, Índia e China, o BASIC. Foto e relato do New York Times retrataram o quadro insólito em Copenhague. Obama entrou sem ser convidado. “Vou sentar ao lado do meu amigo presidente Lula”, disse. O artigo é de Argemiro Ferreira.

por Argemiro Ferreira, seu blog, via Carta Maior

O professor (da Universidade de Harvard) Kenneth Maxwell – britânico de nascimento, radicado há muitos anos nos EUA – explicou na véspera do Natal, na sua coluna da “Folha de S.Paulo”, que “os brasileiros deveriam comemorar o fato de que tenham avançado tanto e de que um futuro promissor esteja ao seu alcance”. Para ele, “o Brasil encerra a década bem posicionado para o futuro”.

Brasilianista e autor de pesquisa que devassou a Inconfidência Mineira (“A Devassa da Devassa”), Maxwell também publicou outros trabalhos relevantes sobre Brasil e Portugal (entre eles, “Marquês de Pombal, o paradoxo do Iluminismo”). Antes expusera o papel de Henry Kissinger no golpe de 1973 no Chile – ousadia que o levaria ainda a deixar a revista Foreign Affairs e o Council on Foreign Relations.

Comprometido apenas com a seriedade do próprio trabalho, estava certo ainda ao contestar, no Financial Times, o medo das “reginasduartes” e o terrorismo desencadeado pelos tucanos na campanha eleitoral de 2002, o que reduziu o valor do real a 1/4 do valor do dólar. Agora Maxwell vê o respaldo de 80% dos brasileiros ao seu presidente, encarado no mundo como exemplo a ser seguido – e Personalidade do Ano, como proclamou o Le Monde no dia 24.

Retrato do império em decadência

Na França da Sorbonne de FHC, coube a um blog do Libération, rival do Le Monde, contrastar a atuação positiva de Lula na reunião de Copenhague com a queda de Obama: “Os discursos de Obama e Lula foram mais do que discursos sobre os grandes desafios que nossos líderes deveriam discutir em Copenhague. Para mim, marcaram a longa e tortuosa história do declínio do império americano”.

Anabella Rosemberg, que assinou dia 18 o texto sob o título (misturando inglês e português) “Exit USA, boa tarde Brasil!”, definiu o quadro geral da degringolada das negociações do clima, “com a demissão de uma superpotência (EUA) e a chegada com brio de uma nação (o Brasil) que há algum tempo esperava, com paciência, para dar os primeiros passos”.

A recusa em negociar, para ela, é o primeiro sinal de fraqueza do poderoso. “Nas três propostas que colocou na mesa, Obama não mostrou flexibilidade. Teve ainda o cuidado de não assumir a responsabilidade dos EUA pelo acúmulo das emissões de gas com efeito estufa. Da parte de Lula tudo era liderança, vontade, ambição. Claro que não é perfeito. A questão não é essa. Mas mostrou aos olhos do mundo que seu país está preparado para jogar no primeiro time”.

Ainda na Europa, o maior jornal da Espanha, El País, já tinha considerado Lula, no dia 10, o personagem do ano de 2009, entre “Los Cien del Año”, os 100 homens e mulheres iberoamericanos que marcaram os últimos 12 meses. Coube ao próprio presidente do governo espanhol, José Luiz Rodrigues Zapatero, fazer o perfil do governante brasileiro, sob a manchete “El hombre que asombra el mundo”.

O entusiasmo do conservador Chirac

Disse o espanhol sentir “profunda admiração” por esse homem que conheceu em setembro de 2004, na cúpula – organizada pela ONU em Nova York – da Aliança Contra a Fome, liderada pelo brasileiro. Como correspondente da “Tribuna da Imprensa”, Globo News, Rádio França Internacional e “Jornal de Notícias” (de Portugal), tive o privilégio de cobrir aquele evento, presidido pelo francês Jacques Chirac.

A Assembléia Geral da ONU começaria dois dias depois, mas governantes do mundo inteiro anteciparam a chegada a Nova York por causa da reunião de Lula. O maior entusiasta da cúpula era o presidente francês Jacques Chirac, que falou de sua admiração pelo brasileiro. Chirac viajaria de volta ao final daquela reunião, deixando para o chanceler a missão de discursar pela França na Assembléia Geral.

O esforço incansável da grande mídia brasileira para esconder, tentar esvaziar ou desmerecer o reconhecimento mundial pouco afeta a imagem de Lula, dada a frequência com que governantes e personalidades de vários países se pronunciam de forma positiva sobre ele. Nos EUA o próprio Obama manifestou explicitamente sua opinião, ao saudá-lo como “o cara”, o “político mais popular do mundo”.

Por conduzir no Itamaraty a política externa brasileira, Celso Amorim tem sido alvo obsessivo do bombardeio de nossa mídia. Na ofensiva foi denunciado pelo papel antigolpista do Brasil em Honduras. Mas é encarado com respeito no exterior. David Rothkopf – da revista “Foreign Policy”, conservadora nas posições sobre América Latina – apontou-o como “o melhor ministro do Exterior do mundo”.

Quem afinal ficou bem na foto?

Para desespero de nossa mídia as avaliações de Lula estão em toda parte – e nada têm a ver com o que ela e a oposição brasileira dizem. É possível encontrá-las em diferentes línguas. Na maior revista alemã, “Der Spiegel”, em “Newsweek”, no “Washington Post”, “New York Times”, etc. Não é um amontoado de elogios vazios. Eles também se referem a dificuldades e obstáculos a superar. Mas o tom é sempre positivo, sem as leviandades e irrelevâncias que inspiram os ataques aqui.
Dificilmente poderia ter havido ano mais auspicioso para o Brasil. Isso esteve claro nos momentos finais da conferência de Copenhague. Obama chegou atrasado, perdeu o bonde da História e, esnobado pelo presidente chinês Wen Jiabao (que se fez representar por gente de escalão inferior em reuniões de que Obama participava) invadiu como um penetra a sala onde se reuniam Brasil, África do Sul, Índia e China, o BASIC.

Foto e relato do New York Times, seguidos depois por texto também destacado no Washington Post, retrataram o quadro insólito. Obama entrou sem ser convidado. Lá estavam Wen, Lula e os governantes indiano e sul-africano: “Vou sentar ao lado do meu amigo presidente Lula”, disse. Ali remendou num par de horas o acordo de três páginas para evitar o fracasso, sem ir além da esperança vaga no futuro.

Para variar Lula ficou bem na foto – literal e simbolicamente. À direita de Obama, a quem socorrera, e com a ministra Dilma Roussef à esquerda de Hillary Clinton. Essa imagem final do ano (a foto acima, sob o título deste artigo) refletiu o papel do Brasil e de seu presidente. Mais uma vez contrariou a obsessão da mídia golpista aliada à oposição idem (PSDB-DEM-PPS). Por 12 meses mídia e oposição tentaram semear o pânico e afogar o país no tsunami da crise mundial – da qual o Brasil foi o primeiro a sair.

Cidade do México, 202 km de metrô; SP, 61 km

Nós, professores da Universidade de São Paulo, preocupados com o futuro de São Paulo, vimos por meio deste apresentar nosso total repúdio à política pública urbana que vem sendo implementada no Município, denominada “Revitalização da Marginal do Rio Tietê”, que prevê a construção de seis novas faixas de rolamento (três de cada lado) nessa via, consumindo R$ 1,3 bilhão em investimentos do Governo do Estado, da Prefeitura do Município de São Paulo, e das concessionárias das rodovias que usam o trajeto da Marginal.

Tal obra repete práticas de planejamento equivocadas, que levaram a metrópole ao colapso atual. Ao invés de reverter tal lógica, prioriza o transporte individual em detrimento do transporte coletivo, reproduzindo uma política excludente, além da triste tradição brasileira de obras vistosas que beneficiam a minoria e os setores especializados da construção civil. Ela se opõe frontalmente aos princípios de priorização do transporte coletivo sobre o individual constante do Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo e dos Planos Regionais Estratégicos das Subprefeituras.

O mais inaceitável é que os dados técnicos ratificam esta urgente e necessária priorização do transporte coletivo. A Pesquisa OD 2007, realizada pela Companhia do Metrô, mostra que: a taxa de motorização da Região Metropolitana é de menos de 20 veículos para cada cem habitantes; metade das famílias da região metropolitana não possui automóvel, parcela essa na qual se concentram as de mais baixa renda; e que um terço das 37,6 milhões de suas viagens diárias ainda é feita a pé, em função das péssimas condições sócio-econômicas da população. As viagens de automóvel correspondem a apenas 11,2 milhões, ou seja, aproximadamente 30% do total.

Se somarmos os gastos de todas as grandes obras viárias realizadas nos últimos 15 anos e daquelas previstas para o Centro Expandido da capital, aonde se concentram os estratos de maior renda, chega-se ao montante de vários bilhões de reais, valor mais que suficiente para a implantação de toda a Linha 4 – Amarela do metrô.

A Cidade do México, tomando um exemplo com alguma similaridade com São Paulo, iniciou o seu metrô na mesma época que nossa capital. Atualmente, apresenta uma rede com 202 km de extensão, face aos tímidos 61 km do metrô de São Paulo. Apesar da aceleração recente do ritmo das obras, o incentivo ao transporte coletivo é insuficiente, pois, mantendo-se o ritmo atual, serão necessários ainda assim aproximadamente 20 anos para alcançarmos a quilometragem da cidade do México.

Por outro lado, o sistema de trens, embora tenha uma quilometragem mais extensa que a do metrô, apresenta serviço irregular, com índices de conforto baixíssimos, espremendo seus usuários em uma concentração de 8,7 passageiros por metro quadrado nos trechos mais carregados no horário de pico, segundo dados da CPTM para maio de 2009. E mesmo o Metrô, que já foi fonte de orgulho quando da sua inauguração, ganhou o triste primeiro lugar em lotação entre todos os metrôs do mundo, segundo reportagens recentes.

Por fim, ressaltamos os problemas ambientais e de saúde publica resultantes dessa opção pelo transporte individual, que consome enorme quantidade de combustível fóssil, sendo que a emissão de gases poluentes por pessoa transportada é bem maior que a produzida pelo transporte público que se utiliza do mesmo combustível. Pesquisas do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP demonstram que a poluição é responsável por 8% das mortes por câncer de pulmão na cidade e que 15% das crianças internadas com pneumonia na rede hospitalar são vítimas da má qualidade do ar na cidade. Mesmo o recente Programa de Inspeção Veicular não consegue resolver esse problema em vista do crescimento da frota de veículos da metrópole que é de 10% ao ano. Além do mais, as obras da Marginal deverão ter impacto metropolitano e regional, porém foram licenciadas apenas no âmbito municipal.

Esse fabuloso investimento em um urbanismo rodoviarista em detrimento da construção de um sistema de transporte público amplo, eficiente e limpo, que atenderia à maioria da população, é um assustador retrocesso, que caminha na contramão da atual preocupação mundial com o meio ambiente. Acreditamos que as políticas públicas urbanas devam ser ambientalmente responsáveis e pautadas pelo atendimento das demandas da maior parte da sociedade. Políticas como aqui apontadas reforçam o caráter segregacionista da nossa cidade, privilegiando os estratos de maior renda e relegando a maioria da população a condições precárias de transporte e mobilidade, com danos ambientais para todos os cidadãos da metrópole. Por fim, esta obra não resolverá os problemas de transito da cidade, e muito menos da própria Marginal do Tietê.

Alexandre Delijaicov
Ana Cláudia C. Barone
Carlos Egídio Alonso
Catharina P. Cordeiro S. Lima
Eduardo A. C. Nobre
Erminia Maricato
Eugenio Queiroga
Euler Sandeville
Fábio Mariz Gonçalves
Flávio Villaça
João Sette Whitaker Ferreira
José Tavares Correia de Lira
Maria de Lourdes Zuquim
Maria Lucia Refinetti Martins
Nabil Bonduki
Paulo Sérgio Scarazzato
Paulo Pellegrino
Raquel Rolnik
Roberto Righi
Vladimir Bartalini

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As forças internas de ocupação

Carta aberta a Paulo Vannuchi, Ministro, Cidadão Brasileiro, Companheiro e Amigo

Caro Paulo,

acabo de tomar conhecimento da notícia (abaixo) sobre a ameaça de pedido de demissão do ministro da Defesa Nelson Jobim, e dos seus patronos, os comandantes das Três Armas, e da negociação encaminhada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A indignidade e o golpismo desses setores representados pelo ministro Jobim e os três comandantes não nos surpreende. Não nos surpreende sequer a escolha dos momentos de maior desmobilização (como as festas de final de ano) para que façam suas chantagens e gerem crises: entre outras medidas, o Ato Institucional Número 5 também foi anunciado na noite de uma sexta-feira, às vésperas das festas de final de ano de 1968 (13 de dezembro).

Gostaria sinceramente de me orgulhar das nossas Forças Armadas, que nos deram homens da envergadura de João Cândido, Luiz Carlos Prestes, Apolônio de Carvalho, Henrique Dufles Teixeira Lott, Alfeu D'Alcântara Monteiro, Carlos Lamarca - para ficarmos apenas no universo dos nomes mais conhecidos publicamente, sem citar os milhares de Marco Antônio da Silva Lima, José Raimundo da Costa, Otacílio Pereira da Silva, José Mariane Alves Ferreira, Onofre Pinto e tantos outros, alguns dos quais constam da lista daqueles que foram assassinados e outros que, além de assassinados, tiveram seus cadáveres ocultados - os "desaparecidos", por ordem de seus antigos companheiros de farda.

A verdade, porém, é que a cúpula atual das nossas Armas, em sua grande maioria, pouco difere daqueles energúmenos que rasgaram a nossa Constituição com o golpe de 1964, e instalaram o Terror de Estado, para garantir os privilégios da elite econômica, o esbulho da classe trabalhadora e do nosso povo, e instituir consignas aviltantes, do tipo "O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil". Assim, por maior que sejam a minha boa vontade e meu esforço nesse sentido, não há como nos orgulharmos de instituições comandadas por políticas desse tipo. Mas, um dia as mudaremos, também.

Sim, senhor Ministro; sim, Cidadão Paulo Vannuchi; sim meu amigo e companheiro de todas as lutas e jornadas pela democratização e aprofundamento da democracia em nosso país: esses senhores de hoje são os mesmos de sempre. São aqueles mesmos que, com base na truculenta Doutrina de Segurança Nacional forjada no War College de Washington no imediato pós Guerra, forjaram a Lei de Segurança Nacional – LSN, que vigorou durante a ditadura, até ser derrubada pelas nossas jornadas democráticas da segunda metade dos anos 1970 e início dos 1980.

A mesma torpe e sinistra LSN que o senhor ministro da Defesa Nelson Jobim tenta hoje restaurar, a mando dos seus superiores (os comandantes das Três Armas), a serviço dos interesses que em 1964 empolgaram grande parte da cúpula militar de então. Uma Doutrina e uma Lei de Segurança Nacional que transforma a nossa classe trabalhadora, nosso povo e todos os democratas e homens e mulheres de bem deste País, em "inimigos internos", e achincalha nosso Exército, Marinha e Aeronáutica, conferindo-lhes o papel de polícias, de forças repressivas contra os nossos melhores cidadãos e cidadãs. Uma Doutrina e Lei de Segurança Nacional que transformam, enfim, nossas Forças Armadas, em Forças de Ocupação Interna, para a defesa dos interesses dos grandes centros econômicos internacionais, retirando-lhes e invertendo, assim, o papel mais digno, honrado e decente que deveriam cumprir: o de defensores da nossa soberania, e fiadores da nossa Constituição.

A impostura que eles e seus representados têm utilizado, é a questão do "revanchismo", cada vez que falamos responsabilização judicial e punição nos termos das leis da Nossa República, que devem ser aperfeiçoadas nesse sentido. E isto, ainda que, a rigor, sequer necessitemos mudanças na atual Lei da Anistia, para levarmos aos nossos tribunais de hoje, os celerados de antanho. A leitura e argumentos do professor e jurista Fábio Konder Comparato sobre o texto da Lei de Anistia em vigor, especialmente no que diz respeito aos "crimes conexos", são suficientes para levarmos em frente os processos - e esses generais, brigadeiros e almirantes que ora se insubordinam, sabem disto.

E sabem também que "revanchismo" seria pretender que os acusados (diretos ou indiretos) de crimes de tortura fossem seqüestrados, levados para cárceres clandestinos onde permaneceriam desaparecidos durante o tempo que melhor aprouvesse aos seus seqüestradores; onde seriam interrogados sob as mais aviltantes torturas; e, depois, aqueles que sobrevivessem aos meses de incomunicabilidade e sevícias, que sobrevivessem ao chamado "terror dos porões", fossem submetidos à farsa burlesca do julgamento nos tribunais de guerra.

Esses senhores sabem muito bem que não nos propomos a isto a que fomos submetidos; que não nos propomos a qualquer terror que lembre, sequer aparentemente, os métodos por eles utilizados, e que agora tentam acobertar. Sabem muito bem que somos homens e mulheres formados em outros princípios, e que jamais nos utilizaríamos de qualquer dos seus métodos, ou com eles seríamos coniventes. O que pretendemos pura e simplesmente é apenas responsabilização judicial e punição nos termos das leis da nossa República, dos responsáveis diretos pelas torturas e de seus mandantes, garantindo-lhes todo o direito de assistência jurídica e de defesa.

Exercer e/ou aperfeiçoar os mecanismos legais que constituem a República, é praticar a democracia - pois, para nós, a democracia é o exercício permanente de direitos isonômicos, e não um palavreado ambíguo e balofo, um florilégio para ornamentar discursos autoritários de lobos travestidos de cordeiros, como as recentes chantagens de pedido de demissão e criação de uma crise militar, num momento em que os chamados movimentos e organizações da sociedade civil estão desmobilizados, o Congresso Nacional e demais esferas legislativas em recesso e, no que diz respeito ao Judiciário, o País está à mercê do arbítrio pessoal de um trânsfuga que ocupará a Presidência do Supremo Tribunal Federal até o próximo dia 31 de dezembro, o doutor Gilmar Mendes.

Obviamente, num quadro como o descrito acima, o armistício foi a saída imediata possível – até por que, uma guerra não se perde e não se ganha numa única batalha. Além disto, nenhuma vitória (bem como nenhuma derrota) é definitiva. O certo é que nessa medição de forças experimentada – cujo desfecho esperado pelo ministro Jobim e seus patrões, seria a queda do ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos – Paulo Vannuchi, tal não aconteceu e, se depender dos setores democráticos e mais bem informados do nosso povo, ao contrário do que pretendem os três comandantes militares (os homens fortes do Ministério da Defesa), quem poderá cair será o próprio senhor Nelson Jobim – o que entendemos, seria um grande avanço para a nossa ainda frágil democracia.

E não se trata de triunfalismo, ou efeito retórico: apesar da desmobilização de final de ano, lançado há apenas duas semanas, o Manifesto Contra Anistia a Torturadores, da Associação Juízes para a Democracia e dirigido aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Procurador Geral da República e que circula na internet, já reuniu cerca de 10 mil assinaturas. Iremos reforçá-lo.

Sem dúvida, o respaldo do senhor Jobim – além dos tanques e baionetas, que encarnam apenas o braço armado de um conjunto de interesses econômicos e eleitorais – são aquelas mesmas forças que tramaram e organizaram há cerca de dois anos a crise dos aeroportos, cuja culminância foi um dos maiores desastres aéreos dos últimos tempos, com mais de duas centenas de mortos, no aeroporto de Congonhas. Mas, que importância têm vidas humanas para ambições políticas, econômicas e pessoais de homens como o doutor Jobim e seus pares? O importante para eles é que toda a armação tramada resultou na queda do então ministro da Defesa, senhor Valdir Pires, e na ascensão do senhor Nelson Jobim.

Apenas para refrescar as nossas memórias, lembramos que, a primeira visita feita em São Paulo pelo ministro Jobim, depois de se deixar fotografar fantasiado de bombeiro entre os escombros do avião acidentado, foi ao seu amigo de longa data, o governador José Serra.

Entre outros, os interesses eleitoreiros da crise inaugurada neste 22 de dezembro de 2009 são tão óbvios, que nem merecem que os analisemos – sobretudo depois das sucessivas investidas neste sentido, ao longo deste ano (2009). Sobre o que eles prometem para o próximo ano, basta acessarmos "Reparação" – três minutos do trailer oficial do documentário longa-metragem que a direita lançará em 2010. Verdadeiro primor: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, lado a lado com outros coristas da dimensão do jornalista Demétrio Magnoli e do acadêmico Marco Antônio Villa – sim, amigo Vannuchi, uma verdadeira quadrilha naturalista (talvez não tão naturalista...).

Mas, continuaremos as nossas batalhas – que não começaram ontem, nem acabarão amanhã. E temos ainda toda energia necessária para as enfrentar e vencer. A mesma energia que nos garantiu poder chegar aos dias de hoje, de cabeça erguida, podendo olhar nos olhos de qualquer cidadão, pois jamais fomos reféns de quem quer que fosse, menos ainda, de canalhas.

A esse respeito, é muito interessante lermos e relermos cuidadosamente o depoimento (ver no pé desta mensagem) do coronel e torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-COD e que está sendo processado por familiares de algumas das suas vítimas: uma obra prima de ameaças e chantagens contra seus superiores hierárquicos nos tempos da ditadura. Lá estão todos os nomes. É como se o senhor Ustra dissesse: “Não senhores, não cairei sozinho. Tratem de livrar a minha barra, pois, do contrário, arrasto todos comigo”. Imagine, caro ministro Vannuchi, o pânico desses quatro senhores que ameaçaram criar uma crise militar... como se dizia em gíria de cadeia, “o maior sapo-seco”, “uma p... sugesta!”.

Pois é, meu Companheiro Vannucchi, seguimos mais uma vez juntos, e até o fim, nesta nova trincheira onde, mais uma vez ainda, o que está em jogo é a classe trabalhadora, o povo e todos os/as democratas e homens e mulheres de bem deste País.

Com o mais forte e fraternal abraço,

ao Ministro, ao Cidadão Brasileiro, ao Companheiro e ao Amigo,

de Alipio Freire

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Uma autópsia da Justiça podre

OPINIÃO
Folha de S. Paulo, 24.12.2009, Caderno Brasil, A-6

A Justiça na UTI
JANICE ASCARI

via Conversa Afiada

APÓS SUCESSIVAS intervenções jurídicas incomuns encontra-se agonizando, em estado grave, um dos mais escabrosos casos de corrupção e crimes de colarinho branco de que se teve notícia no Brasil.

A Operação Satiagraha surpreendeu o país. Nem tanto pelos crimes (corrupção, lavagem de dinheiro e outros), velhos conhecidos de todos, mas sim pelas manifestações de autoridades e de instituições públicas e privadas em defesa dos investigados.

Nunca se viu tamanho massacre contra os responsáveis pela investigação e julgamento do caso. Em vez do apoio à rigorosa apuração e punição, buscou-se desacreditar e desqualificar a investigação criminal colocando em xeque, com ataques vis e informações orquestradas e falaciosas, o sério trabalho conjunto do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, bem como a atuação da Justiça Federal.

O poder tornou vilões os que sempre se pautaram por critérios puramente jurídicos e recolocaram a questão no campo técnico, no cumprimento do dever funcional. Pouco se fala dos crimes e dos verdadeiros réus.

Em julho de 2008, decretou-se a prisão dos investigados pela possibilidade real de orquestração e destruição de provas.

A prisão preventiva do cabeça da organização foi criteriosamente determinada em sólida decisão, embasada em documentos e em fatos confirmados nos autos, como a grande soma de dinheiro apreendida com os investigados, provando ser hábito do grupo o pagamento de propinas a autoridades.

Apesar de tantas evidências, o presidente do STF revogou a prisão por duas vezes em menos de 48 horas. Os fatos criminosos, gravíssimos, foram ignorados. Pateticamente, o plenário do STF referendou o “HC canguru” (aquele habeas corpus que pula instâncias) e voltou-se contra o juiz, mas sem a anuência dos ministros Joaquim Barbosa e Marco Aurélio -este, aliás, o único que leu e analisou minuciosamente as decisões de primeiro grau.

Iniciou-se um discurso lendário, inconsequente e retórico para incutir, por repetição, a ideia da existência de um terrível “Estado policialesco” e da “grampolândia” brasileira, uma falação histriônica a partir de um “grampo” que jamais existiu.

Alcançou-se o objetivo de afastar policiais experientes, de trabalho nacionalmente reconhecido e consagrado: o então diretor da Abin foi convidado a deixar o cargo; o delegado de Polícia Federal que presidiu o inquérito foi afastado das funções e corre risco de exoneração.

Outra vertente é aniquilar a atuação da Justiça de 1º grau, afastando o juiz. Cada decisão técnica, porque contrária aos réus, passou a ser tachada de arbitrária e parcial. Muitas foram as armadilhas postas para atacar pessoalmente o juiz e asfixiar a atividade da primeira instância, por meio de centenas de petições, habeas corpus, mandados de segurança e procedimentos disciplinares.

No apagar de 2009, duas decisões captaram a atenção da comunidade jurídica. A primeira, pelo ineditismo: na Reclamação 9324, ajuizada diretamente no STF, alegou-se dificuldade de acesso aos autos. O juiz informou ter deferido todos os pedidos de vista. Sobreveio a inusitada liminar: o ministro Eros Grau determinou que todas as provas originais fossem desentranhadas do processo (!) e encaminhadas ao seu gabinete. Doze caixas de provas viajaram de caminhão por horas a fio e agora repousam no STF.

A segunda foi a liminar dada pelo ministro Arnaldo Esteves Lima (STJ, HC 146796), na véspera do recesso. Por meio de uma decisão pouco clara e de apenas 30 linhas, apesar da robusta manifestação contrária da Procuradoria-Geral da República, todas as ações e investigações da Satiagraha foram suspensas e poderão ser anuladas, incluindo o processo no qual já houve condenação por corrupção.

A alegação foi de suspeição do juiz, rechaçada há mais de um ano pelo TRF-3ª Região. Curiosamente, o réu não recorreu naquela ocasião. Preferiu esperar dez meses para impetrar HC no STJ, repetindo a mesma tese. As duas decisões são secretas.

Não foram publicadas e não constam dos sites do STF e do STJ. Juntas, fulminam uma megaoperação que envolveu anos de trabalho sério. Reforçam a sensação de impunidade para os poderosos, que jamais prestam contas à sociedade pelos crimes cometidos.

Espera-se que os colegiados de ambas as cortes revoguem as decisões e permitam o prosseguimento dos processos. A sociedade precisa de segurança e de voltar a ter confiança na Justiça imparcial, aquela que deve aplicar a lei a todos, indistintamente.

JANICE AGOSTINHO BARRETO ASCARI é procuradora regional da República e ex-conselheira do Conselho Nacional do Ministério Público.

FHC/Serra deu R$ 11,7 bilhões de presente à Daniel Dantas, espanhóis e companhia, para privatizar as Teles



Você não leu errado o título, e não é nenhuma piada: instigado pelo estudo do site "Contas Abertas" onde afirma que "FHC investiu R$ 22 bilhões a mais que Lula, mostra estudo"... este blog resolveu fazer um levantamento dos investimentos nas estatais de telefonia no primeiro mandato do governo demo-tucano, e demonstramos que o governo de FHC e José Serra realmente gastou, preparando a venda, quase R$ 12 bilhões a mais do que o valor arrecadado na privatização.

Quando o governo FHC assumiu em 1995, colocou José Serra (PSDB/SP) como ministro do Planejamento e resolveram planejar a privatização do sistema Telebras.

Para isso criou um "Programa de Recuperação e Ampliação do Sistema de Telecomunicações" — PASTE, tocado pelo então ministro Sérgio Motta (o "Serjão").

Esse programa investiu R$ 23,8 bilhões (sem correção) para "recuperar e ampliar" a Telebras, nos primeiros 3 anos e meio do governo demo-tucano.

Em 1997, Serjão falava que arrecadaria R$ 100 bilhões com a privatização das teles.

Um ano depois, em julho de 1998, o governo FHC/Serra vendia o sistema Telebras por R$ 22 bilhões, menos do que os R$ 23,8 bilhões investidos.

Corrigindo em valores do dinheiro de hoje, pelo IGP-DI (mesmo índice usado pelo site "Contas Abertas"), gastou R$ 70,8 bilhões em investimento, para vender por R$ 59,1 bilhões.

Um prejuízo para o povo brasileiro de R$ 11,7 bilhões, em dinheiro de hoje, e um presentão para quem comprou: Daniel Dantas, Carlos Jereissati, os espanhóis da Telefonica, portugueses, canadenses, estadunidenses da Worldcom que vieram a ser presos por fraude (nos EUA) e outros.

Os compradores arremataram as empresas com equipamentos novos (centrais digitais trocadas), redes nacionais e urbanas renovadas, inclusive cabos submarinos, linhas fixas ampliadas em torno de 7 milhões de terminais, e celulares acima de 4 milhões, desde 1995, pagando, pelo controle das empresas, um valor abaixo do preço de custo para construir a infra-estrutura comprada.

Aliás a Telebras já não precisava ser vendida naquele momento. Até porque não havia mais monopólio e as empresas privadas podiam competir com a Telebras. Com a infra-estrutura recuperada, e com as próprias tarifas reajustadas, a Telebras era lucrativa e tinha capacidade própria para investir. Conseguiria resolver o problema de acabar com a fila de telefones, o mercado paralelo, oferecer banda larga, com qualidade e preço melhores do que as teles privadas oferecem, se tivesse uma diretoria técnica e comprometida com o interesse público, como tem a Petrobras atualmente.

Este caso foi como se uma pessoa herdasse uma casa precisando de reforma, fizesse uma obra de R$ 71 mil, e vendesse a casa reformada por R$ 59 mil.

Em tempo:
1) Os dados deste levantamento são de fonte oficial: a Mensagem ao Congresso Nacional 1998 do próprio FHC, quando ocupava a presidência.

2) O site "Contas Abertas" não explica como o governo FHC teria investido R$ 22 bilhões a mais do que o governo Lula, uma vez que FHC produziu o apagão elétrico por falta de investimentos, não ampliou Universidades, não construiu uma escola técnica sequer, não ampliou a rede de saúde federal, sucateou a Polícia Federal nem as Forças Armadas, deixou estradas esburacadas, sucateou os serviços públicos e as empresas estatais.
Talvez os R$ 70,8 bilhões investidos nas teles para vender por R$ 59,1 bilhões, e depois dar sumiço no dinheiro arrecadado com as privatizações, explique. Talvez os rombos bilionários da SUDAM, SUDENE e DNER, extintos no fim do governo demo-tucano por excesso de corrupção, também explique.

Fonte: blog A P L

Frase do dia

" Não existe coincidência, existe procura pelas coisas".

Ministro do STJ, Arnaldo Esteves Lima, não vale um pum dado por minha cachorra


O Conversa Afiada reproduz e-mail do amigo navegante Victor:

PHA, esse ministro do STJ que concedeu a liminar para impedir investigações contra Dantas, o doutor Arnaldo Esteves Lima, é dono de outra decisão judicial deveras dignificante:

http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=92477#

“CLIENTE OCASIONAL DE PROSTITUTA NÃO VIOLA O ARTIGO 244-A DO ESTATUTO DA CRIANÇA

O Superior Tribunal de Justiça manteve a decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul que rejeitou acusação de exploração sexual de menores por entender que cliente ou usuário de serviço oferecido por prostituta não se enquadra no crime previsto no artigo 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Segundo os autos, os dois réus contrataram os serviços sexuais de três garotas de programa que estavam em um ponto de ônibus, mediante o pagamento de R$ 80,00 para duas adolescentes e R$ 60,00 para uma outra. O programa foi realizado em um motel.

O Tribunal de origem absolveu os réus do crime de exploração sexual de menores por considerar que as adolescentes já eram prostitutas reconhecidas, mas ressaltou que a responsabilidade penal dos apelantes seria grave caso fossem eles quem tivesse iniciado as atividades de prostituição das vítimas. O Ministério Público recorreu ao STJ, alegando que o fato de as vítimas menores de idade serem prostitutas não exclui a ilicitude do crime de exploração sexual.

Acompanhando o voto do relator, ministro Arnaldo Esteves Lima, a Quinta Turma do STJ entendeu que o crime previsto no referido artigo – submeter criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual – não abrange a figura do cliente ocasional diante da ausência de “exploração sexual” nos termos da definição legal.

Citando precedente da Turma, o relator sustentou que a hipótese em que o réu contrata adolescente já entregue à prostituição para a prática de conjunção carnal não encontra enquadramento na definição legal do artigo 244-A do ECA, pois exige-se a submissão do menor à prostituição ou à exploração sexual, o que não ocorreu no caso em questão.

O STJ manteve a condenação dos réus pelo crime do artigo 241-B do ECA – adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente – por eles terem fotografado as menores desnudas em poses pornográficas (REsp 820018).”

Traduzindo: o STJ entendeu que transar com menor de idade, desde que seja prostituta, não constitui crime. Ou seja, se já são “prostitutas reconhecidas”, não merecem a proteção legal. Ou seja, quem mandou ser prostituta …

Que eu saiba, o objetivo da lei é PROTEGER a criança e o adolescente, e não entregá-los à própria sorte. Mas o STJ pensa diferente. Para o STJ (veja que os ministros foram mais “brilhantes” do que os desembargadores do TJ-MS), nem se os réus tivessem iniciado os “serviços” sexuais das adolescentes poderiam ser punidos por qualquer coisa. É porque a conduta dos pobres coitados não se enquadra na definição legal do artigo 244-A do ECA. Segundo os respeitáveis juristas, praticar conjunção carnal com adolescentes não é o mesmo que “submeter criança ou adolescente à prostitução ou exploração sexual”. Ou seja, o cafetão é um criminoso, mas aquele que paga o cafetão não é.

Em outras palavras: há um abismo entre lucrar com a exploração sexual e transar com crianças ou adolescentes. Uma conduta constitui crime, a outra não. O que ganha deve ser penalizado; o que financia, não. Deve ser por isso que a prostituição infantil é uma prática difícil de ser combatida, pois quem paga sai ileso. O STJ garante.

Mas o STJ deu um consolo. Afinal de contas, ele é egrégio! Os ministros condenaram os réus por terem fotografado as meninas em poses pornográficas. Este sim um crime de verdade.

Resumindo: transar pode, mas tirar foto, não.

Eis o TRIBUNAL DA CIDADANIA !!!”

Victor

Postado por Glória Leite do blog Brasil, mostra tua cara

Charge On line do Bessinha

Foi uma marolinha: Brasil retoma fase de crescimento econômico, confirma estudo



Estudo divulgadoontem (28) pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) identificou o encerramento do ciclo de recessão no Brasil, provocado pela crise financeira internacional, e o retorno a uma fase de crescimento econômico.

O vice-diretor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Vagner Ardeo, que colabora como relator desse comitê independente, disse à Agência Brasil que a recessão durou do último trimestre de 2008 até o primeiro trimestre de 2009. “De lá para cá, a gente vive um período de expansão. Com certeza, estamos em crescimento, estamos em expansão.”

Ardeo esclareceu que o Codace não faz previsões para o futuro. O comitê acompanha a economia e faz adaptações. Apesar disso, Ardeo disse que “esse período de expansão está em pleno curso e não há no horizonte nada que possa indicar a ocorrência de uma nova recessão.”

O cenário de expansão leva em conta também uma retomada da economia mundial, assinalou ele. “A economia brasileira não é uma ilha. Então, evidentemente que o futuro vai depender de algumas variáveis”.

De acordo com o estudo, somente nos dois últimos trimestres de recessão houve uma queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, superior à redução trimestral média de 0,8% do PIB brasileiro registrada nas sete recessões anteriores.

“Foi uma recessão forte, muito concentrada na indústria, e rápida”, enfatizou Ardeo. Ele destacou que no contexto global essa foi a crise mais importante desde a crise de 1929. “Então, se pode dizer que nenhuma economia do mundo deixou de ser afetada”.

Ele analisou, porém, que graças à política econômica adotada pelo governo federal, que conseguiu colocar de novo o país no rumo da expansão, o Brasil conseguiu sair da crise internacional melhor do que a maioria dos países. A partir do segundo trimestre deste ano, sublinhou, teve início o processo de retomada da economia brasileira. “E tudo indica que o quarto trimestre também caminha nessa mesma direção.”

Fonte: blog A P L

Emir Sader: Um ano do massacre de Gaza

do blog do Emir

Há um ano, Israel começava um dos mais bárbaros massacres contemporâneos. Ingressou, com todo seu poder de fogo, em uma região já cercada, que não dava possibilidade de fuga à sua população. O Exército que, há décadas, mais recursos recebe da maior potência bélica da história da humanidade, os EUA, descarregava todo seu poderio sobre uma população indefesa, acusada de colocar em risco, com pífios foguetes domésticos (a tal ponto, que Israel não conseguiu descobrir nenhuma das supostas bases de lançamento, nem lugares de sua fabricação) que não tinham provocado nenhuma vitima no seu território. Israel utilizou inclusive armas proibidas, como fósforo branco, sobre a população palestina, encerrada na área mais densamente povoada do mundo.

Os ataques, que não encontraram nenhuma resistência militar, apenas moral, duraram 22 dias, chegando a provocar 225 mortos em um único dia. 1450 palestinos morreram, dos quais 439 menores de 16 anos e 127 mulheres. 4100 edifícios foram destruídos e outros 1 mil foram danificados. A missão de investigação da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas caracterizou os ataques como “crimes de guerra” e “crimes contra a humanidade”.

Foram destruídas milhares de casas, comércios, além de plantações, hospitais, escolas, universidades, clínicas – tudo que os tanques israelenses encontravam pela frente. Gaza se transformou numa terra arrasada. Quem a visitou depois daqueles terríveis 22 dias, relata que nada tinha ficado de pé, como conseqüência da orientação do Exército israelense, de que “ninguém é inocente em Gaza”.

Um ano depois da agressão, os corredores de entrada para Gaza continuam fechados, nada foi reconstruído, caminhões com alimentos e remédios apodrecem no deserto, às portas de Gaza, enquanto todo tipo de doença afeta a população, indefesa, diante do brutal cerco israelense e a impotência cúmplice da comunidade internacional. Dos 4 bilhões, 481 milhões de dólares arrecadados por mais de 70 países em conferência realizada em março no Egito, para a reconstrução, nada chegou a Gaza, fazendo com que a paisagem seja a mesma – ou pior, sobretudo pelas doenças – de quando os israelenses, impotentes para derrotar a resistência civil dos palestinos, se retiraram de Gaza.

O Egito colabora com esse cerco criminoso, ao deixar fechado o corredor a que tem acesso e ao construir agora um muro que tenta impedir a precária circulação por túneis clandestinos, por onde os palestinos fazem chegar os alimentos mínimos para impedir que morra de fome a população de Gaza. O relator especial da ONU para os territórios palestinos, Richard Falk, conclamou a que todos os países do mundo coloquem em prática sanções econômicas e de outra ordem contra Israel, pelas responsabilidades deste país no massacre e no cerco que mantêm contra Gaza.

Os 700 mil habitantes de Gaza desapareceram dos noticiários internacionais, assim que as tropas israelenses se retiraram. O governo de Israel busca desviar a atenção sobre a ocupação dos territórios palestinos e o cerco a Gaza, aumentando ainda mais a instalação de assentamentos judeus em pleno coração das cidades e dos campos da Cisjordânia, de onde saem regularmente jovens judeus, protegidos por tropas israelenses, para atacar casas, comércios, queimar plantações centenárias de azeitonas das indefesas famílias palestinas.

Israel se tornou um país odioso, racista, agente de um novo holocausto – segundo as palavras do próprio Jimmy Carter -, acobertado e armado pela maior potência militar da história, os EUA, que promove a guerra e pretende ser agente de negociações de paz. Nem sequer consegue deter a instalação de novos assentamentos – se é que pretende detê-los. Israel, um país que detêm, confessadamente, armamentos nucleares, ocupa territórios de outro país, impedindo que ele exerça os mesmos direitos que Israel goza, por resoluções das próprias Nações Unidas, tornando-se um Estado pária da legalidade internacional.

A posição do governo brasileiro de que somente incorporando outros governos – não comprometidos com os genocídios cometidos por Israel, que na semana passada assassinou mais 6 palestinos e continua suas detenções arbitrárias, como a de Jamal Juma, dirigente do movimento Stop the Wall – é que o processo de paz pode abrir horizontes reais de cumprimento das decisões da ONU, que garante a Palestina os mesmos direitos que os israelenses gozam há mais de 60 anos – o direito de ter um Estado palestino, soberano, com fronteiras delimitadas, com direito de regresso dos imigrantes, é a posição correta, que deve ser apoiada e incentivada por todos os desejam um mundo de paz, solidariedade e fraternidade e não o mundo das “guerras infinitas” de Bush, que Israel continua a colocar em prática, um ano depois do massacre de Gaza, contra os palestinos.

O pósanticontra muitoantespelocontrário-Lula

Uma das chaves da propaganda anti-Dilma é a de que o cavaleiro conservador que entrar na liça não será um “anti-Lula”, mas sim um “pós-Lula”. Olhando-se para esse comportamento da nossa direita na frente externa, vê-se logo que isso é um fraseado sem pé nem cabeça.

por Flávio Aguiar*, em Carta Maior

Para a direita brasileira o fim de ano não podia ser pior, apesar de Serra se manter na frente, nas pesquisas para o Planalto. Só deu presidente Lula: prêmio Houphouët-Boigny da Unesco, título de doutor honoris causa na Universidade de Hamburgo (depois da de Lyon), personalidade do ano para o jornal El País, elogiadíssimo pelo premiê Zapatero, sucesso em Copenhague (apesar do fracasso da conferência) e para culminar, personalidade do ano para o jornal Le Monde. De quebra, o chanceler Celso Amorim foi elogiadíassimo como profissional da área por seu colega espanhol, que também não regateou apalusos à política externa brasileira.

E por onde o nome de Lula ou o próprio passa, não faltam aplausos: assim foi perante a platéia de empresários em Hamburgo, em Portugal, na Grã-Bretanha, e em jornais conservadores (e sérios, do ponto de vista jornalístico), como The Economist, Financial Times, Frankfurter Allgemeine, ou progressistas, como o Süddeutschezeitung, ou até mesmo a revista Der Spiegel, conhecida por não dar moleza a políticos, seja de que lado forem.

Para Lula, só elogios. Agora, neste final de fim de ano, o Financial Times nomeou Lula como uma das 50 personalidades que “moldaram a última década”. Segundo o FT, Lula é o político mais popular da história do Brasil, e seu governo implementou “programas de transferência de renda baratos, mas eficientes”. E nem falamos da Ópera Olímpica do Rio de Janeiro. Se Lula acabar ganhando algum Nobel da Paz, a nossa direita vai roer as unhas até os cotovelos. Mas certamente não dará o braço a torcer: vai continuar ressentida contra esse presidente que não só “não fala português direito”, como não fala “sequer uma única língua estrangeira”. Que vergonha! (para a nossa direita, é claro, por se prender a essas mesquinharias de segunda mão, já que lhe falta assunto).

Mas houve mais: perplexa, a direita brasileira viu evaporar-se seu plano de impedir a entrada da Venezuela no Mercosul; assistiu de cadeirinha à consagração de Evo Morales nas urnas de seu país, a de José Pepe Mujica, ex-tupamaro, no Uruguai. Ainda teve de encarar o fato de que a Bolívia está entre os países da América do Sul que mais crescem economicamente, o sucesso de suas políticas sociais, as do Equador, do Paraguai e as do próprio Brasil.

Restaram-lhe alguns prêmios de consolação, mas tão complicados quando reveladores do seu próprio caráter, por osmose ou metonímia (perdoem-me os palavrões; poderia dizer por contaminação ou proximidade). Um foi a enredada tibieza da política externa do governo Obama em relação à América Latina, que serviu de moeda de negociação com os republicanos em troca da liberação de nomeações diplomáticas para a região. Outro, pior ainda, foi o golpe de estado em Honduras e a leniência, para não dizer conivência ou cumplicidade, que ela apregoou em relação a ele. Outro ainda, ao apagar das luzes de 2009, foi a vitória de Piñera, o herdeiro do pinochetismo, no primeiro turno das eleições chilenas, que, ela espera, terá continuidade no segundo turno. Quer dizer: de aberto, tudo o que a nossa direita teve a exibir são compromissos com o passado de subserviência global e de práticas ditatoriais no nosso continente.

Para essa visão comprometida com o que nosso continente sempre teve de mais reacionário e oligárquico, durante o governo Lula a nossa política externa rompeu com a tradição de “pragmatismo” e enveredou por uma perigosa “politização”, embalada por compromissos ideológicos ou por “sonhos megalomaníacos”, como o de conquistar a qualquer preço uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU (esquecendo que essa é uma reivindicação brasileira desde a fundação desse organismo internacional). Para o pensamento da nossa direita, “pragmatismo” é reconhecer o golpe em Honduras, mas não as eleições (que sempre houve) na Venezuela, na Bolívia, no Paraguai, no Uruguai e por aí afora.

Ainda para essa visão: ao acolher Zelaya e ao posicionar-se frontalmente contra o golpe em Tegucigalpa, o Brasil ficou “isolado” na cena internacional. Quer dizer, para esse pensamento, o fato de a maioria esmagadora dos países da América Latina e do Caribe não terem reconhecido o golpe nada conta: só conta o fato de que o Brasil teve uma rusga (e não muito séria) com a claudicante política de Clinton/Obama para a região.

Essas questões ajudam a elucidar um aspecto do confronto eleitoral que se prepara em 2010. Uma das chaves da propaganda (já) anti-Dilma é a de que o cavaleiro conservador que entrar na liça não será um “anti-Lula”, mas sim um “pós-Lula”. Olhando-se para esse comportamento da nossa direita na frente externa e suas expectativas, vê-se logo que isso é um fraseado sem pé nem cabeça. Trata-se sim de virar a mesa no sentido anti-horário, quer dizer, anti-Lula, provocando uma regressão histórica de grande monta, assim como a assertiva de FHC de que seu governo poria fim “à era Vargas” não apontava para o futuro, como queria o ex-presidente, mas para o passado, restaurando cacoetes e o viés anti-social da República Velha ou dos Coronéis.

O mundo imaginário e sentimental em que grande parte da nossa direita vive é anacrônico, pautado por um liberalismo brasileiro à antiga, aquele liberalismo que não se liberou jamais de proteger sua condição de casta superior; que sempre preferiu entregar os dedos, as mãos inteiras, os pés e todo o corpo da nação a perder o privilégio dos seus anéis. E que vive embalada por um sonho da carochinha onde prima uma confusão dos Estados Unidos com Disneyworld e da Europa com o mundo de Sissi (que me perdoe a Romy Schneider, uma grande atriz). E por um pesadelo, para eles, chamado Brasil, povoado agora por um povão que vem se revelando difícil de manter nos antigos apriscos excludentes e currais eleitorais.

Uma última observação, quase um desvio de assunto, mas ainda assim seria “a digressão pertinente”. No elogio de Lula nas páginas do Le Monde (24/12/2009, 11h32), o jornalista Eric Fottorino, escreveu: “Desde sua criação, Le Monde, marcado pelo espírito de análise de seu fundados, Hubert Beuve-Méry, quer ser um jornal de (re)construção, também de esperança; ele veicula, à sua maneira, uma parte do positivismo de Auguste Comte, tomando como causa sua os homens de boa vontade e suas proposições”.

Quer dizer, quase 153 anos depois de sua morte (1798 – 1857), Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte, um dos avós paternos da nossa bandeira republicana, continua a ditar parte do baralho da nossa canastra política. Que a nossa direita anseia em (re)transformar no pôquer de cartas marcadas onde só os caubóis ganham. Mas isso de Auguste Comte e o Brasil do século XXI é tema para outro artigo, que virá logo. Até 2010, e deixo aqui o lema que me encanta até hoje, como saudação de fim/novo ano às leitoras e leitores que me (e nos) acompanharam até aqui: “Um por todos, todos por um”.

* Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Frase do dia

" Você faz o que quer fazer ou cumpre os planos que alguém faz para você?"

2009 termina com 1 milhão de novos empregos formais

Brasil vai fechar 2009 com mais de 1 milhão de novos empregos formais, o que pode ser visto como uma vitória brasileira diante da crise mundial. Desde 2004, as empresas têm contratado acima do patamar de 1 milhão de vagas

No começo do ano, houve aumento da massa salarial, ainda mais com o reajuste do salário mínimo sendo pago antecipadamente. Os preços não subiram e o crédito para a pessoa física foi retomado, ingredientes que favoreceram o consumo.

O comércio e os serviços não precisam manter grandes estoques de produtos e dependem fortemente do comportamento do consumidor. Se este estiver confiante, vai às compras, viaja, se diverte, frequenta cursos. Como os bancos resolveram financiar a pessoa física, aliado às políticas do governo federal de isenção de impostos de eletrodomésticos, carros e materiais de construção, setores como comércio e serviços sentiram bem menos a crise, se comparados com a indústria.

Um quarto da população brasileira tem renda indexada ao salário mínimo, mas no Nordeste esse porcentual aumenta para 46%. O trabalhador que ganha pouco, em vez de poupar, consome. Não por acaso, o Nordeste cresceu durante a crise.

Fonte: blog A P L

O medo da invasão dos pobres



O site da BBC publica hoje uma matéria que me impressionou muito. É sobre um sistema de monitoramento por câmaras dos mais de 2 mil quilômetros de fronteiras entre o México e os EUA. Oficialmente, o objetivo é reprimir o tráfico de drogas e a novidade é que, operado pela Associação de Xerifes do Texas, as pessoas comuns usam seus computadores domésticos e o seu tempo livre para uma “caçada virtual” a imigrantes ilegais.

A câmaras vigiam trechos onde não foram construídos os muros com que George W. Bush procurou impedir a entrada de imigrantes do México, mexicanos e outros latinoamericanos atraídos pela riqueza que os EUA, em boa parte, conseguiram com a exploração econômica de seus países.

O Nafta, tratado de livre comércio que reúne Estados Unidos, México e Canadá estabeleceu a liberdade de fronteiras entre os três países. Mas para mercadorias, que podem ser produzidas e vendidas onde for mais conveniente e lucrativo

Para pessoas, não é liberalismo. Há polícia e, agora, até um Big Brother virtual para que não entrem lá, naquela velha terra das oportunidades.

Fonte: Brizola Neto

Não é de hoje que a elite tem horror ao trabalho



Hoje, 28 de dezembro, completam-se 196 anos do nascimento de um grande brasileiro. Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, foi, com certeza, o mais dinâmico, polêmico, arrojado e pioneiro empresário brasileiro. Um homem que veio do nada – garoto enjeitado trabalhando num armazém – formou um grande império empresarial e ao nada voltou.

Há, com Mauá, uma história que narra seu biógrafo Jorge Caldeira, no livro “Mauá, o Empresário do Império”, que descreve com perfeição o desprezo que parte da elite brasileira tem pelo trabalho.

No lançamento da pedra fundamental da estrada de ferro Rio-Petrópolis, empreendida por Mauá, o Imperador Pedro II, presente ao evento, foi convidado marcar o início das obras, colocando com uma pá de prata, num carrinho de mão lavrado em jacarandá, um pouco de terra e carregando-a por alguns metros. A ousadia de Mauá chocou a todos, por contranger D. Pedro a realizar um trabalho braçal, coisa típica de escravos. Diz-se que o Imperador nunca perdoou Mauá por expô-lo dessa forma ao ridículo. Mauá, aliás, foi um abolicionista convicto.

Parece incrível que, quase dois séculos depois, uma parte de nossa elite tenha a mesma relação de desprezo com o trabalho, criticando o Governo Lula não por seus erros e desvios, mas por ser chefiado por um operário nordestino.

Fica como sugestão ao governo brasileiro que comece a organizar as comemorações do bicentenário do nascimento de Mauá, para ver se uma parte do empresariado brasileiro se espelha em suas ousadias e investe com a mesma fé que ele investiu no progresso brasileiro.

Fonte: Tijolaço de Brizola Neto

A imprensa pós-Copenhague

Por Luciano Martins Costa


Durou menos de uma semana o engajamento da imprensa brasileira na questão crucial – para a humanidade – das mudanças climáticas provocadas principalmente pela atividade humana. Na véspera de Natal, com a economia consolidando sinais de plena recuperação após a crise que eclodiu em setembro de 2008, os jornais voltam à rotina de todos os anos: números e mais números sobre vendas, notícias sobre investimentos e aquisições, e a repetição dos indicadores de sempre sobre a economia.

Se a Conferência da ONU sobre Clima, realizada entre 7 e 18 de dezembro em Copenhague, sob intensas expectativas de todo o mundo, refletiu alguma mudança clara, essa mudança não está necessariamente exposta no documento final dos chefes de Estado, mas na aceitação geral da tese de que o mundo precisa adotar novos paradigmas para o desenvolvimento.

Isso quer dizer, em miúdos, que os efeitos da atividade econômica não podem continuar sendo medidos pelos lucros das empresas e pelo crescimento do Produto Interno Bruto. Essa informação não está presente nos jornais pós-conferência.

Papel velho

Como se nada tivesse acontecido em dezembro de 2009, a imprensa brasileira retoma o padrão do noticiário de sempre, sem se dar conta de que, após Copenhague, muitos dos indicadores que utiliza para mensurar o desempenho da economia ou de uma empresa individualmente não fazem mais sentido.

O observador que analisa as escolhas da imprensa no longo prazo fica com a impressão de que os jornalistas responsáveis pelo posicionamento de seus veículos entraram na "onda verde" de Copenhague sem entender o que estavam fazendo. E saem dela para voltar ao que sempre souberam fazer: repetir dados e mais dados, sem se dar conta de que, agora, mais do que antes, a atividade isolada de um empreendimento ou de um indivíduo tem que ser analisada em relação aos seus efeitos na coletividade. Tanto em termos ambientais como em termos sociais.

O tema ambiental entrou na agenda da imprensa em fevereiro de 2007, quando foi divulgado o relatório do IPCC – o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Mas ele representa uma mudança mais profunda do que aquela que a imprensa quer admitir.

As edições de quinta-feira (24/12) foram escritas para o mundo antes de Copenhague e já saem das máquinas como jornais velhos.

Uma nova relação

Uma das mudanças mais significativas foi explicitada na quarta-feira (23) pelo presidente do IPCC, o indiano Rajendra Pachauri. Em entrevista coletiva distribuída pelas agências internacionais, ele disse que o principal resultado do encontro em Copenhague foi a consolidação do grupo chamado Basic, formado por Brasil, África do Sul, Índia e China.

A atuação desse grupo, segundo o cientista, foi fundamental para levar os países industrializados a concordar com a carta de intenções que irá orientar as decisões transnacionais no futuro, e evitar que as nações desenvolvidas enterrassem o Protocolo de Kioto, que tem força de lei e impõe metas de redução de emissão dos gases nocivos aos países ricos.

A entrevista foi fartamente reproduzida nos sites noticiosos no final da tarde e na noite de quarta-feira, mas os jornais brasileiros de papel não lhe deram importância. Só o Globo a publicou.

Apenas um detalhe já valeria a pena como notícia e como sinal do que deve mudar após a conferência de Copenhague: a sigla Basic passa a denominar os países em desenvolvimento que cobram a criação de um cenário mais favorável ao desenvolvimento sustentável no futuro. Ela deve substituir a sigla Bric, aplicada até então aos países em desenvolvimento apenas em sua identificação como forças econômicas emergentes.

Note-se que a sigla Basic exclui a Rússia, que se aliou aos países industrializados na postura de fugir às responsabilidades diante das mudanças climáticas.

Mundo real

Ao deixar de lado essas evidências de que alguma coisa está mudando nas relações internacionais após a conferência da ONU, os jornais reforçam a sensação de que o encontro de Copenhague representou um fracasso total, o que é no mínimo controverso.

Salvo uma ou outra reportagem sobre casos específicos de danos ambientais, o tema da sobrevivência do planeta vai se esvaindo do noticiário.

Os jornais só enxergam a velha economia, enquanto o mundo real faz força para dar à luz um sistema que justifique as esperanças de um futuro melhor.

Seguro-desemprego vai pagar até R$ 954,21 por mês

A partir de 1º de janeiro, o maior valor pago a titulo de seguro-desemprego será de R$ 954,21, um reajuste de 9,6774% em relação aos valores atuais. A resolução do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) foi publicada na edição desta segunda-feira, 28, do Diário Oficial da União.

De acordo com a Agência Brasil, para cálculo do valor do benefício, serão aplicados três critérios. Quando a média dos três últimos salários anteriores à dispensa for até R$ 841,88, o salário-desemprego será de 80% desse valor.

Quando a média dos três últimos salários anteriores à dispensa for estiver entre R$ 841,89 e R$ 1.403,28, será aplicado o fator 0,8 até o limite anterior e, no que exceder, o fator 0,5. O valor da parcela será a soma desses dois valores.

E, por fim, quando a média dos três últimos salários anteriores à dispensa for superior a R$ 1.403,28, o valor da parcela será fixo de R$ 954,21.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Frase do dia.

Quando sua vontade não está agindo. A vontade dos outros está agindo por você.

Pergunta que não quer calar



Um 'estudo' publicado no Congresso em Foco afirma que o governo do FHC investiu R$ 22 bilhões a mais que Lula.

A reportagem só não diz aonde a dinheirama foi 'aplicada'.

E eu, ingênua e desinformada que sou, me pergunto: A montanha de dinheiro teria sido 'investida' por acaso nas Ilhas Caymans ou em outro Paraíso Fiscal?
Postado por Glória Leite

O Natal bombou

Os shoppings do país registraram no Natal deste ano um crescimento real (descontada a inflação) de 10% na receita com as vendas, na comparação com o Natal do ano passado. A informação é da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings).

Para o presidente da entidade, Nabil Sahyoun, os motivos do crescimento foram a entrada das classes D e E no mercado, o aumento da confiança do consumidor, a oferta de crédito com juros mais baixos e os incentivos fiscais concedidos a alguns setores.

Em 2010, 52 municípios podem eleger novos prefeitos

Um total de 900 mil eleitores deve voltar às urnas para escolher novos prefeitos, em processo que invadirá o ano de eleições presidenciais. Dados de 26 Tribunais Regionais Eleitorais mostram que, em pelo menos 52 cidades, candidatos eleitos em outubro de 2008 com mais de 50% dos votos válidos tiveram o mandato cassado pela Justiça em segunda instância.

A legislação vigente determina a realização de eleições suplementares nesses casos. Recursos e embargos apresentados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no entanto, seguram a maior parte dos prefeitos nos cargos.

Caso os ministros do TSE confirmem as decisões das cortes inferiores, esses eleitores participarão do que se pode chamar de eleições gerais no ano que vem. Escolherão do sucessor do Presidente Lula ao prefeito - além de governador, senadores e deputados federais e estaduais.

O número de eleições suplementares para prefeito não para de crescer. Neste ano, segundo o TSE, foram promovidas votações extraordinárias em 57 cidades. Em 2008, haviam sido apenas seis. De 2004 a 2007, esse crescimento já vinha se evidenciando - foram registradas 6, 12, 10 e 12 eleições suplementares, respectivamente.

As cassações ocorrem por problemas no registro dos candidatos, acusações de abuso de poder econômico ou político ou compra de votos. O crescimento no número de processos de perda de mandato pode ser explicada, em grande parte, pelas modificações promovidas na legislação em 2006 - que endureceram algumas regras. Ontem, 10.148 eleitores aptos a votar no município de São Pedro do Piauí (PI) tiveram de dar uma pausa nas festas de fim de ano, desengavetar o título de eleitor e ir aos locais de votação para escolher o novo prefeito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Charge on line do Bessinha

Os Pedágios.



por Luiz Carlos Azenha

Um amigo teve a paciência de coletar os recibos de pedágio.

São Paulo-Bauru-São Paulo

Sete praças de pedágio na ida. Sete praças de pedágio na volta.

Quilômetros rodados: 652.

Valor gasto em pedágios: R$ 87,00.

Valor por quilômetro: 13 centavos de real.

Na New York Thruway o valor do pedágio é de 3 centavos de dólar por milha.

Na Flórida Turnpike é de 7,5 centavos de dólar por milha.

Fazendo a conversão, na New York Thruway, grosseiramente, o motorista paga 3,5 centavos de real por quilômetro rodado.

Na Flórida Turnpike, 8,5 centavos de real por quilômetro rodado.

Já dirigi nas duas: são rodovias melhores que a Castelo Branco e a Marechal Rondon.

Ou seja, 13 centavos/km aqui; 3,5 centavos/km em uma rodovia de Nova York; 8,5 centavos/km em uma rodovia da Flórida.

Há de se considerar que estamos comparando o Brasil (salário mínimo de cerca de 500 reais por mês) com os Estados Unidos (salário mínimo, por baixo, equivalente a 1.500 reais).

Será que a Thruway e Turnpike já amortizaram os custos de construção e podem, por isso, cobrar menos pelo pedágio por quilômetro rodado? Ou será que estamos pagando muito acima do preço aqui em São Paulo ou no Brasil?

Fonte: Vi o mundo


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Classe C descobre o turismo e dá fôlego ao crescimento do setor.


CLIQUE NA FOTO.


Novos viajantes conseguem encaixar viagens no orçamento graças ao dólar baixo e facilidade de financiamento.

Andrea Vialli

O brasileiro está viajando mais.

A entrada da classe média emergente no mercado de turismo foi um dos sustentáculos do setor em 2009 e dará fôlego ao crescimento dessa indústria em 2010.
Os novos turistas da classe C conseguem encaixar as viagens em seu orçamento graças à recuperação econômica e ao aumento da confiança do consumidor, ao dólar baixo, que barateia os pacotes turísticos, e sobretudo às facilidades de financiamento. Hoje já é possível comprar uma passagem aérea em até 48 prestações.
"Nos próximos dez anos, 50 milhões de brasileiros que nunca viajaram serão incorporados ao mercado de turismo. É um quarto da população brasileira", afirma Guilherme Paulus, presidente do Conselho de Administração da CVC. Fundada por ele há 37 anos, a CVC é hoje o maior grupo empresarial de turismo da América Latina. "Depois da troca da geladeira e do fogão, a viagem com a família é o novo sonho possível do brasileiro", diz Paulus.
A mais recente pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo, divulgada em novembro, corrobora a percepção do fundador da CVC. Segundo o levantamento, com 2.514 entrevistados, o número de pessoas que fizeram pelo menos uma viagem nos últimos dois anos aumentou 83% em comparação com 2007. Entre 2007 e 2009, 58,8% dos brasileiros viajaram ao menos uma vez. Na pesquisa anterior, eram 32%.
Os números se mostram ainda mais expressivos quando se observa a estratificação por faixa de renda. Hoje, 38,9% dos viajantes têm renda superior a 10 salários mínimos, mas cresce a participação das faixas de rendimentos mais baixos. Segundo o estudo, 15,8% das pessoas que ganham entre um e três salários mínimos fizeram uma viagem nos últimos dois anos. Entre os que recebem entre três e cinco salários, o porcentual sobe para 19,7%.
E há crescimento à vista: segundo o estudo do Ministério do Turismo, 34,8% das pessoas com interesse em viajar até 2011 ganham entre 1 e 3 salários mínimos. "Houve um alargamento do mercado de consumo do País com a entrada de mais de 20 milhões de brasileiros na classe média e isso refletiu no aumento do número de viagens nos últimos dois anos", diz o ministro do Turismo, Luiz Barreto. Segundo ele, antes as viagens se concentravam apenas nas classes A e B. "A classe C tem entrado nesse mercado e contribuído para o alargamento da base de viajantes." O ano de 2009 começou mal para a indústria do turismo, com os efeitos da crise econômica internacional influenciando diretamente a venda de pacotes de viagem.
Depois, no meio do ano, os surtos da gripe H1N1 em países da América Latina como Chile e Argentina tolheu as vendas de roteiros de inverno como Bariloche e Buenos Aires, que chegaram a cair 50% em relação aos meses de junho e julho de 2008. A recuperação começou só no segundo semestre e, ao que parece, veio para ficar.
Segundo a Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), houve aumento de 20% nas vendas de pacotes turísticas no quarto trimestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008.
As promoções feitas pelas empresas aéreas e operadoras de turismo, aliadas ao dólar no patamar de R$ 1,70 a R$ 1,80 estão dando fôlego a essa retomada."O turismo ficou mais acessível e os brasileiros estão atentos a isso.
O dólar a R$ 1,70 estimula e a competição entre as companhias aéreas estimulam o turismo", diz Alex Todres. Junto com o sócio Bob Rossato ele criou a ViajaNet, empresa de vendas de pacotes e passagens pela Internet, que opera desde novembro. O mercado está tão atraente que a empresa recebeu um aporte de capital semente de R$ 4 milhões do fundo de investimentos americano Travel Investiment Technology (TIT). A meta dos sócios é faturar R$ 12 milhões no primeiro ano de atuação.
A CVC deve fechar este ano com 2 milhões de passageiros embarcados, um crescimento de 12% em relação a 2008. Segundo Guilherme Paulus, destinos mais baratos, como Porto Seguro estão indo de vento em popa. Uma viagem de uma semana para o destino na Bahia custa a partir de R$ 500 e pode ser parcelada em até dez prestações. "São 60 voos fretados por semana", informa ele.
O dólar barato também impulsiona roteiros como Buenos Aires, em torno de US$ 500 para um pacote de cinco noites, e os cruzeiros marítimos, a partir de US$ 530. Para 2010, a expectativa é ainda mais ambiciosa: a companhia espera crescer entre 18% a 20% e chegar a 3 milhões de passageiros. Se depender da disposição do brasileiro para viajar e das previsões de crescimento da economia no ano que vem, a meta será alcançada com facilidade, aposta a CVC.

Nota do Aguinaldo: Brasil de Lula para Dilma.

2009 na política: a popularidade de Lula



Marcos Coimbra


Se Dilma ganhar, algo que hoje parece muito possível, teremos criado, em Lula, uma figura que nossa imaginação política não conhecia e que nossa cultura não está preparada para absorver: um líder inconteste, legitimado por um apoio popular quase unânime.

Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

marcoscoimbra.df@dabr.com.br

Como fizemos no final do ano passado, a coluna de hoje e as próximas duas são dedicadas a um balanço do ano político que termina. Nelas, vamos discutir três assuntos que poderiam ser considerados os mais importantes de 2009.

Em um repeteco de 2008, o primeiro e o que mais impacto teve na nossa vida política este ano voltou a ser o tamanho da popularidade de Lula. Ela chega, neste dezembro, a novos níveis históricos e influenciou de maneira decisiva o segundo tema de que trataremos, a maratona eleitoral em direção a 2010, uma corrida tão longa que ameaça deixar esgotados candidatos e eleitores.

Lula tem hoje uma popularidade que não conhecíamos em nossa experiência democrática.

Sobre os presidentes da República de 1945, quase não há dados comparáveis, mas toda a evidência, baseada em outras fontes, diz que não. Quem consultar a imprensa do período, quem ler seus intérpretes, quem tiver memória própria, saberá que nenhum deles gozou da unanimidade com que conta o atual.

Fora o fato de todos, com a possível exceção de Dutra, terem enfrentado crises agudas onde seus mandatos foram questionados, através de golpes, ameaças de golpe e sublevações diversas, de origem civil ou militar.

Da redemocratização em diante, o mesmo. Sarney, Collor, Itamar e Fernando Henrique, cada um à sua maneira, tiveram seus auges de aprovação.

No governo Sarney, ele foi alcançado dois anos depois da posse e durou alguns meses, na breve vida do Plano Cruzado. Quando o plano acabou de maneira decepcionante, Sarney nunca mais se recuperou.

O de Collor foi o mais engraçado, pois aconteceu antes que chegasse ao governo. No intervalo entre a vitória em dezembro de 1989 e a posse em março de 1990, as pesquisas mostraram que eram elevadíssimas as expectativas sobre seu desempenho e a avaliação positiva quase universal. Do discurso de posse ao final antecipado do governo, no entanto, os números só foram ladeira abaixo.

Itamar experimentou algo parecido, mas terminou de maneira diferente. Quando assumiu, em meio à crise do impeachment, toda sociedade torcia por ele e lhe tinha apreço. Mas seu governo teve uma aprovação sempre declinante, até ser recuperado pelo Plano Real. Se Sarney começou baixo (pela frustração com a morte de Tancredo e a desconfiança que contra ele existia), subiu (com o Cruzado) e terminou mais baixo ainda, Itamar fez o percurso inverso: de alto a baixo e depois a alto de novo.

Sobre a avaliação de Fernando Henrique, o que mais chama a atenção, atualmente, é quão mal ela resistiu à passagem do tempo. Ao contrário dos bons vinhos, quanto mais tempo passa, pior fica.

Os elementos que fizeram com que ela fosse elevada, há poucos anos, como que sumiram. As realizações de seu governo, decisivas para que o país estivesse hoje melhor, ficaram secundárias, frente à antipatia com que é visto pela maioria das pessoas.

E Lula? Não só sua avaliação média, nos últimos dois anos, ganha de goleada da que todos tiveram, quanto os ultrapassa nos seus picos de popularidade. Ou seja, o Lula do dia a dia é mais bem avaliado que o Sarney do Cruzado, o Collor de antes da posse, o Itamar do dia da posse, o FHC do Plano Real.

Deixando de lado as explicações que têm sido aduzidas para esse fenômeno, de uma coisa podemos estar certos: a campanha eleitoral de 2010 só vai fazer com que Lula fique maior.

Do lado de Dilma, sua figura será enaltecida a ponto de se confundir com os arcanjos e os querubins. Sua campanha dirá que a obra de Lula é extraordinária, para justificar sua proposta de apenas mantê-la.

Do lado de Serra, ele mesmo tem afirmado que pretende polemizar é com Dilma, pois quer tudo, menos se defrontar com o presidente. Se Dilma ganhar, algo que hoje parece muito possível, teremos criado, em Lula, uma figura que nossa imaginação política não conhecia e que nossa cultura não está preparada para absorver: um líder inconteste, legitimado por um apoio popular quase unânime.

Querendo, voltaria à Presidência quantas vezes pudesse. O perigo é que, nesse ponto, só sua convicção democrática nos separaria de outra aventura autoritária. Ainda bem que a tem.

Dilma ainda não conquistou 50% dos que se dizem petistas

Lula traz popularidade recorde ao PT


por José Roberto de Toledo


O Estado de S. Paulo - 27/12/2009

O PT entra no ano eleitoral de 2010 como a maior popularidade de sua história. Um em cada quatro eleitores brasileiros diz ter preferência pelo Partido dos Trabalhadores. É o maior porcentual de simpatia alcançado por qualquer agremiação partidária nacional nos últimos 20 anos. E a razão desse neopetismo é a boa avaliação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Levantamento feito pelo Estado com base em pesquisas Datafolha desde 1989 mostra que, nas últimas duas décadas, o PT multiplicou por quatro a sua área de influência: saiu de 6% para 25% de preferência entre os eleitores brasileiros. Mas foi um caminho com muitos altos e baixos. Nem sempre a popularidade se transformou em votos para a legenda.

Na primeira década após a retomada das eleições diretas para presidente da República, o PT foi o maior favorecido pela dramática perda de popularidade do governo Collor. O impeachment do presidente que havia derrotado Lula em 1989 criou uma imagem para parte do eleitorado de que os petistas eram fiscais da corrupção. A sigla chegou a 17% de preferência em dezembro de 1992, tecnicamente empatada com o PMDB (19%), então o partido mais popular do País.

Sob efeito das manifestações de rua dos cara-pintadas e com esperança renovada na política, mais brasileiros do que em qualquer outra época recente declaravam ter simpatia por alguma agremiação partidária, fosse ela qual fosse: 58%.

O período seguinte, porém, foi de refluxo para todos os partidos, com exceção do PSDB. A recusa em participar do governo de Itamar Franco e a aposta no fracasso do Plano Real custaram ao PT uma regressão a apenas 9% das preferências, em dezembro de 1994. A partir daí, os tucanos se consolidariam como a terceira legenda em popularidade, embora não tenham conseguido usar o governo FHC para ultrapassar a barreira dos 6% de preferência.

Após a reeleição de Fernando Henrique Cardoso e a imediata desvalorização do real, em 1999, o PT voltou a crescer no imaginário do eleitorado. E, pela primeira vez, ultrapassou o PMDB na preferência partidária. Após alguns solavancos nos meses seguintes, o partido entrou no novo século com 21% de citações e dez pontos a mais que o segundo colocado.

A eleição de Lula em 2002 e a posterior implantação de programas populares de combate à fome e disseminação do crédito renderam ao PT seu patamar mais alto de preferência até então - 24% de citações em dezembro de 2004. Aí vieram os escândalos de corrupção envolvendo o partido.

O mensalão, em 2005, e os "aloprados" petistas em 2006, às vésperas do 1º turno da sucessão presidencial, fizeram despencar a popularidade do PT, que bateu em 16% em setembro daquele ano. Mas a desilusão dos eleitores foi tão grande que ninguém se beneficiou da queda. Nesse mesmo mês, dois em cada três brasileiros diziam não ter preferência partidária, um novo recorde de desinteresse pela política.

Desde então, o segundo mandato de Lula foi marcado, no imaginário do eleitor, por uma onda econômica que permitiu a queda do desemprego, o aumento exponencial do consumo das classes C e D e a superação da crise financeira mundial de maneira inédita pelo Brasil. Os recordes de popularidade do presidente e de seu governo foram acompanhados pela recuperação da preferência pelo PT.

O partido parece ter ficado imune ao desgaste de novas acusações de corrupção. Cresceu nove pontos em três anos e bateu o recorde de preferência partidária das últimas duas décadas. Foi ajudado pela inércia dos adversários. O PFL, mesmo virando DEM, viu sua preferência, em 20 anos, minguar de 4% para 1%. O PSDB não passou de 8%, mesmo patamar do PMDB.

Embora seja um capital importante, o crescimento não é garantia de sucesso automático nas eleições de 2010.

Os neopetistas são os mais entusiasmados com o governo, mas muitos mostram alto grau de desconexão com o partido. A dez meses da eleição, só 14% dos que declaram preferência pelo PT afirmaram espontaneamente que pretendem votar na petista Dilma Rousseff para presidente. Depois de serem apresentados aos nomes dos presidenciáveis, esse porcentual subiu para 44%. Ainda assim, há 23% que preferem o tucano José Serra, 13% que vão de Ciro Gomes (PSB) e 8% que citam Marina Silva (PV).

Entre agosto e dezembro, a intenção de voto dos petistas na ministra cresceu de 8% para 14% na espontânea e de 36% para 44% na estimulada. Para Dilma, ainda há mais da metade de simpatizantes do partido a conquistar. Eles são o caminho mais rápido para incrementar a sua posição nas pesquisas.

José Roberto de Toledo é jornalista especializado em reportagens com uso de estatísticas e coordenador da Abraji

Um quadro



Para quem vivia em busca de números confiáveis, os que seguem abaixo podem ser atribuídos a uma fonte: o governo federal.



Foi publicado no site da campanha Confiança no Brasil.

Questão de perpesctiva !!!

Charge do Bessinha

Jornais e cientistas políticos estão refazendo análises: Pesquisa mostra riscos para tucano José Serra

Primeiro, todos os jornais brasileiros, estavam fazendo análises e concluindo que, o Presidente Lula não tranferiria votos para a ministra Dilma e que, o governador tucano José Serra, estava praticamente eleito. Não demorou muito e as pesquisas mostraram que, os cientistas politicos de plantão estavam errados.Agora, todos os jornais estão refazendo suas análises.Veja a mudança de rumo da Folha, na manchete da semana passada: Folha diz: "Votos" de Lula podem igualar Dilma a Serra'. Ou seja, a Folha descobriu que, Dilma é a candidata do Presidente Lula...No entanto, a Folha, não se deu por vencida. Na matéria de hoje, o jornal aponta a metralhadora para outro lado. O título:Nem Lula no "topo" das pesquisas ajuda a eleger o PT no Sudeste" Não vai demorar, para o jornal dar meia volta e deixar o dito, pelo não dito...

Veja outro exemplo, a análise de hoje no jornal O Estado de S.Paulo. Sob o titulo, "Pesquisa mostra riscos para tucano José Serra", o jornal diz:..Leia a seguir

Um exame cuidadoso da última pesquisa DataFolha dá uma boa pista sobre os motivos que levam o governador José Serra (PSDB) a não sair candidato desde já à Presidência da República. Não se trata, porém, de olhar o que já aconteceu - a notável ascensão de Dilma Rousseff (PT), que em quatro meses cresceu de 16% para 23% (ainda que em cenário de candidaturas diferente do anterior). O problema está no que pode estar por vir, provável motivo de preocupação de Serra e do adiamento da sua entrada na campanha pelo Planalto.

Primeiro, é preciso uma explicação. Uma regra não escrita do jogo eleitoral diz que, quanto mais distante a data do pleito, mais a pesquisa mede conhecimento de nome e menos avalia intenção de voto. Em um cenário assim, quem é mais conhecido leva vantagem, o que faz políticos que disputaram eleições recentes terem bom desempenho, com lideranças folgadas no início da campanha, por causa do recall, recordação do pleito anterior. O problema é sustentar a dianteira, o que nem sempre é possível.

No início de 1994, por exemplo, o recall de 1989 dava a Luiz Inácio Lula da Silva a primeira colocação absoluta nas sondagens da disputa presidencial, com 45%. Fernando Henrique Cardoso amargava metade disso, mais ou menos. Alguns meses depois, deu-se a virada. E FHC venceu no primeiro turno, cavalgando o Plano Real no auge do sucesso.

Outro esclarecimento: é regra entre políticos experientes que quem lidera pesquisas muito antes da eleição joga para esfriar a campanha. Interessa-lhe prolongar ao máximo a situação em que seu nome, mais conhecido, lidera. Fazer campanha, portanto, é obrigação de quem está atrás na corrida.

Com essas duas premissas, examinemos duas sondagens do DataFolha, feitas de 14 a 18 de dezembro e divulgadas dia 21. Uma estudou a popularidade de Lula, que obteve 72% de bom e ótimo como avaliação de governo. Alguns dados: o presidente conseguiu seus melhores números dessa avaliação na faixa de 25 a 34 anos (76%), entre quem tem até o nível fundamental de educação (74%) e quem ganha até cinco salários mínimos de renda familiar (73%).

Já a candidata de Lula, Dilma Rousseff, no cenário mais provável (no qual disputaria com Serra, Ciro Gomes e Marina Silva) tem índices bem diferentes. Entre quem tem 25 a 34 anos, obteve 25% de votos, 1/3 da avaliação do presidente na faixa. No eleitorado com até o ensino fundamental completo, teve 21%, quase 1/4 da popularidade de Lula no mesmo grupo.

O desempenho de Dilma melhora à medida em que aumenta o número de anos de estudo dos eleitores (25% entre quem tem até o ensino médio completo e 29% entre quem tem até o superior completo). Na renda, Dilma tem 23% entre quem ganha até cinco mínimos, mas no grupo de cinco a dez salários vai a 24% ; no com mais de dez, 30%.

Mais um dado a ser considerado: do total dos eleitores, 41% dizem só conhecer a ministra de ouvir falar, e outros 20% afirmam não conhecê-la. Já Serra é mais conhecido: 33% dizem apenas ter ouvido falar do governador e apenas 7% admitem que não o conhecem.

Algumas conclusões são possíveis. Uma é que Dilma cresceu em todas as faixas, mas avançou mais na elite mais escolarizada e com melhor renda - portanto, mais informada. Isso dá à ministra uma boa plataforma de largada entre os formadores de opinião, que pode lhe ser útil no futuro. Mas nas classes mais pobres e menos educadas, com menos acesso à informação e para quem a eleição ainda é algo distante, Dilma cresceu menos, provavelmente por ser menos conhecida.

Agora, com todos os dados, pensemos em Serra. Interessa-lhe adiar ao máximo o início da campanha porque, uma vez iniciada, ela desencadeará na maioria do eleitorado mais pobre o impulso por procurar um candidato. Isso diminuirá o peso do conhecimento do nome, que beneficia o governador; as pessoas tenderão a prestar atenção ao processo para escolher em quem votar. E, como Lula é muito popular entre os mais pobres, o movimento natural é que esse eleitorado procure o postulante de seu governo à sucessão e encontre Dilma.

Tudo isso torna pouco provável que, antes de deixar o cargo em abril, o governador de São Paulo saia da toca para, na caravana dos sonhos tucanos, pedir apoios pelo País, iniciando sua campanha, como quer o PSDB. Para Serra, interessa prolongar ao máximo o momento em que se mede mais o conhecimento de nome, para depois tentar se manter na frente e vencer.

Até agora, a estratégia deu certo: Serra lidera, com 37% no DataFolha, apesar da ascensão de Dilma. Resta saber se ou até quando essa situação se sustentará, ante o crescimento potencial da ministra.

Fonte: blog A P L