sábado, 23 de agosto de 2014

A mediocridade de Alckmin é a chave de seu sucesso


Alckmin representa com perfeição o paulista conservador
(Foto: Marcelo Pinheiro/Alckmin 45)
Além da incrível capacidade de se manter invisível em qualquer circunstância que possa comprometê-lo, o governador paulista, Geraldo Alckmin, tem outra "qualidade" que talvez explique o fato de ser tão querido pelos seus concidadãos, que, de acordo com as últimas pesquisas eleitorais, vão reelegê-lo com facilidade: ele é de uma mediocridade inconcebível.
Alckmin é péssimo orador, não tem nenhum carisma pessoal, sua administração parece uma geleia insossa, sob o seu governo o Estado regrediu em quase todas as áreas - segurança pública, saúde, educação, transportes, habitação -, ao ponto de estar à beira de uma tragédia de proporções inimagináveis causada pela falta d'água.
Apesar de tudo, porém, muita gente diz que gosta de Alckmin - ou que não se importa de ele conduzir tão mal os negócios paulistas.
É como se a soma de seus defeitos se transformasse em virtude.
E talvez seja isso mesmo o que ocorra.

Alckmin é tão medíocre que se torna simpático ao eleitor paulista - ele mesmo tanto ou mais medíocre que o chefe do Executivo.
São Paulo é um Estado de população majoritariamente conservadora, que faz questão de se assumir como tal.
Até pouco tempo atrás, Paulo Maluf era o grande ídolo de boa parte dos paulistas, que também adoram José Serra e Gilberto Kassab,entre outros expoentes da desinteligência nacional.
As manifestações de preconceito nas redes sociais por parte dos paulistas contra negros, nordestinos, pobres em geral e petistas - que assumiram o lugar dos comunistas no imaginário dessa gente como representantes do mal absoluto - não param de crescer.
Alckmin se dá muito bem nesse caldeirão de reacionarismo, ignorância e falta de civilidade.
Para o cidadão classe média que se informa pela Globo, Folha, Estadão e Veja, ou seja, tem uma visão inteiramente parcial do mundo, Alckmin é um político perfeitamente digerível, que também, nas poucas vezes em que expõe sua ideologia, se mostra contra os petistas, contra os "bandidos" - geralmente pretos e pobres -, contra a "bagunça" dos sindicalistas e movimentos sociais, inteiramente a favor do status quo, dos valores defendidos com unhas e dentes pela classe média.
Não tem mais água em São Paulo?
Alckmin não tem nada a ver com isso, a culpa é da natureza, e ele até dá desconto na tarifa para quem economizar o líquido...
Foram roubados bilhões de reais do metrô?
Ora, provavelmente isso é uma invenção dos petistas...
A segurança pública piorou?
Bem, isso é porque o governo federal não cuida de proteger as fronteiras e deixa entrar armas e drogas...
A educação e a saúde estão uma porcaria?
Ah, isso é porque o governo federal não faz a sua parte...
E por aí vai.
Diz a sabedoria popular que cada povo tem o governo que merece.
No caso de São Paulo, a afirmação não poderia ser mais verdadeira.
O paulista olha no espelho e ali está Alckmin, com aquela expressão neutra, sem emoção - um chuchu. 
sugado do: http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2014/08/a-mediocridade-de-alckmin-e-chave-de.html?spref=fb

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

[reflexões] Infelizmente a renda define muita coisa em nossa vida


Neste sábado (16), logo pela manhã, minha esposa pela primeira vez começou a sentir dor na parte de baixo das costas, bem na região dos rins.

Quando essa dor aumentou e se tornou insuportável, resolvemos procurar um hospital.

Peguei nosso carro na garagem e dirigi o mais rápido que pude até o hospital da empresa da qual temos plano de saúde, que fica a uns 12 quilômetros da nossa casa.

Chegando lá, a fila de pacientes estava bem pequena, o que resultou num atendimento rápido. 

Em torno de 20 minutos ela foi encaminhada para uma sala de observação bem confortável, onde recebeu um analgésico e ficou descansando lá até o médico estar pronto para fazer uns exames.

Em pouco mais de uma hora depois de chegarmos ao hospital, já estávamos na sala do médico, fazendo os exames para identificar qual era o problema dela. Depois voltou para a sala de observação e descansou mais um pouco.

No fim das contas deu tudo certo. Em torno de duas horas e meia depois que saímos, já estávamos voltando para casa satisfeitos com o atendimento e comentamos sobre o alívio que sentimos por termos um plano de saúde numa hora como essa.

Mas outro pensamento invadiu minha cabeça por esses dias:

Como essa história teria ocorrido se fôssemos um casal muito pobre?

Provavelmente teríamos esperado um pouco mais antes de ir ao hospital, pois ir de ônibus seria muito difícil e demoraria muito. Ela tomaria um analgésico em casa, esperando que a dor passasse sozinha.

Se a dor passasse, nem iríamos mais ao hospital. Mas se ela não passasse, teríamos que tentar conseguir algum vizinho ou amigo com carro, disposto a nos levar até o hospital, ou ir até a avenida mais próxima e aguardar até um táxi passar, para chamá-lo até próximo de casa e fazer minha esposa embarcar.

Caso não tivesse uns R$ 35 para o táxi, nem conseguisse emprestado, o jeito seria sofrer numa longa viagem de ônibus até o hospital.

Chegando lá, teríamos de esperar na fila da emergência, junto a uma grande quantidade de pessoas, por atendimento pago pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.

Após horas aguardando o atendimento e passando mal, ela seria encaminhada para uma enfermaria cheia, onde aguardaria o atendimento de um médico, que mal olharia para a paciente, receitaria alguns medicamentos para tomar e exames para fazer. Talvez nem fosse possível fazer os exames naquele dia, sendo necessário voltar depois para isso.

Voltaríamos para casa num ônibus cheio, com minha esposa se sentindo mal. Precisaria pedir por favor para que alguém cedesse o lugar a ela. No calor insuportável do ônibus lotado, sem ar-condicionado, ela ficaria se sentindo ainda pior e quase desmaiando.

Quando fosse na farmácia, teria bem pouco dinheiro para comprar os remédios dela e seria necessário economizar numa série de gastos durante o resto do mês, para não ficar sem dinheiro antes de receber o meu salário de 500 reais novamente. 

Talvez teria atrasado o pagamento do aluguel e precisaria conseguir um "bico" para ganhar uma grana extra para não faltar comida na mesa.


Os pobres vivem em risco constante

Após refletir como o episódio poderia ter sido, caso fôssemos um casal bem pobre, percebi que o problema nem de longe é apenas um plano de saúde: É o plano, é o transporte, a casa própria, o emprego, os remédios, dentre várias outras coisas. 

Tudo isso é definido quase exclusivamente com base na nossa renda.

Viver na pobreza ou na miséria no Brasil é viver em situação de risco nas mais diversas situações. 

Por isso, é imprescindível a luta pela diminuição da enorme desigualdade social brasileira, mas não apenas em termos de renda, mas principalmente de acesso a serviços essenciais.

Enquanto o acesso a serviços como o tratamento de saúde de qualidade forem totalmente dependentes da nossa renda, por muito tempo os brasileiros irão sofrer, pois temos uma desigualdade de renda brutal, que, apesar de diminuir a cada ano, está muito longe de chegar a um nível minimamente aceitável.
sugado do:http://fabiano-amorim.blogspot.com.br/2014/08/reflexoes-infelizmente-renda-define.html 

As várias formas de divulgar (manipular) uma notícia


Uma informação importante que todos devem conhecer é que não se deve confiar em tudo o que a imprensa noticia. 
Na maior parte do tempo, a imprensa faz ótimas matérias sobre saúde, educação, denúncias de corrupção, violência, superlotação nos presídios, dentre outros temas.

Mas é preciso saber também que no meio de tantas matérias interessantes, também há matérias jornalísticas manipuladas, com informações falsas, omitidas, reduzidas ou aumentadas afim de beneficiar ou prejudicar o alvo daquela matéria, principalmente quando há políticos envolvidos.

Esse tipo de decisão é tomada sempre quando está em jogo algum interesse político dos donos da imprensa.


Exemplos:
O Jornal Nacional, no final de 2012, por exemplo, deu a seguinte notícia, em apenas 14 segundos:

“A criação de empregos com carteira assinada, este ano, foi 23% menor do que em 2011. É o pior resultado desde 2009. Mas, isoladamente, os números de novembro mostram um aumento de quase 8% no emprego formal.”

Essa é uma boa ou má notícia? Pelo tom negativo, parece ser péssima.
Mas se você olhar abaixo a imagem que apareceu na tela do jornal, verá a informação de que foram geradas 1,77 milhões de vagas de emprego em 2012. Conseguiram converter a geração de tantos empregos numa má notícia.


Outro exemplo aconteceu na última sexta-feira (8), quando o apresentador do Jornal da Globo, William Waack deu a seguinte notícia"Devido a juros altos e a economia crescendo pouco, a inflação de julho ficou praticamente estável, segundo o IPCA".

Foi assim que o apresentador deu a boa notícia da inflação ter crescido apenas 0,1% em julho. Ele pegou duas más notícias e as apresentou antes da boa notícia, para demolir qualquer efeito que ela pudesse ter.

No caso da Globo, isso se explica por causa da histórica oposição ao Partido dos Trabalhadores (PT). Apesar de não admitirem, fica claro na cobertura da Globo o quanto fazem oposição ao partido, chegando ao ponto de transformarem boas notícias em más notícias para o telespectador.

Para mostrar que isso não fica restrito à Globo, um outro lado da mídia, mais a favor do PT, após as prisões dos condenados pelo processo do "mensalão", noticiou o seguinte em 2013: "Após prisões, procura por filiações ao PT aumenta mais de 2.000%".

Quem ler algo assim, pensará que chegaram umas 10 mil pessoas nos diretórios do partido pedindo filiação. Mas na verdade eram apenas 392 pessoas, em todo o país, que pediram filiação no fim de semana. Elas correspondiam a mais de 2000% da quantidade do fim de semana anterior, que foi de 15 pessoas.

É possível também noticiar que "O partido PXX teve o maior aumento de filiados dentre todos os partidos", para avisar que o partido tinha 30 filiados na cidade e agora tem 70: um aumento de 133% de filiados. Isso é mostrado de forma positiva, mesmo que esse seja o partido com menos filiados na cidade.

Além disso, é possível também converter más notícias em boas notícias, suavizando detalhes negativos dentre as informações.

São muitos os exemplos de manipulação de notícias pela imprensa e nem sempre é fácil perceber aquela pequena mentirinha no meio de várias informações verdadeiras.

Por isso, é preciso que sempre procuremos nos informar por vários veículos de imprensa diferentes. Dessa forma, haverá mais chance de estarmos bem informados e não sermos manipulados em prol de interesses obscuros dos donos de um jornal, revista, canal de TV, site, blog, etc.
sugado do: http://fabiano-amorim.blogspot.com.br/2014/08/as-varias-formas-de-divulgar-manipular.html

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A "providência divina". Lá e cá

As fotos que correm o mundo, imagens estáticas de um vídeo, não são o que aparentam.
Nelas, dois homens, um vestindo laranja, ajoelhado, outro, de preto, em pé, olham para a câmera.
O que veste laranja tem uma expressão serena; o de preto usa uma máscara.
As fotos nada revelam além de dois homens numa paisagem desértica.
Mas o vídeo é assustador, obsceno, uma afronta à dignidade humana.
A decapitação do jornalista James Foley pelos fanáticos enlouquecidos do Estado Islâmico é mais uma prova da incapacidade do ser humano de preservar a sua espécie.
Ou de incessantemente tentar aniquilá-la.
Não há dúvidas sobre o que são os militantes do EI: assassinos, nada mais, nada menos.
Não há dúvidas também sobre os motivos que levaram esses homens a tal estado de barbárie: ignorância, nada mais, nada menos.
Mas ignorância causada por essa desgraça chamada religião.

Um homem inocente de qualquer crime é decapitado em frente a uma câmera - em nome de deus, um deus entre inúmeros outros.
A milhares de quilômetros de distância do local desse crime, o presidente dos Estados Unidos, a nação mais poderosa do planeta, lamenta a morte de seu conterrâneo e diz que o EI é um "câncer".
Não revela, em seu discurso, porém, que esses assassinos se tornaram fortes a ponto de conquistar enormes porções do Iraque e da Síria graças ao armamento sofisticado "made in USA" que ganharam dos americanos para derrubar Bashar Al Assad e dos xeques petrolíferos inimigos dos muçulmanos xiitas - por sua vez, parceiros de Barack Obama.
"Cria cuervos y te sacarán los ojos"...
Aqui no Brasil a violência que se vive é também repugnante e aparentemente incontrolável.
O país não enfrenta nenhuma guerra, nenhuma revolução, mas nele também são cometidos diariamente assassinatos tão ou mais brutais quanto esse do EI. A violência é um dos traços mais marcantes do brasileiro e ela é encampada tanto pelos que agem fora das leis quanto pelos que, supostamente, deveriam ser os seus guardiães.
A polícia brasileira é uma das mais brutais do mundo, a tortura ainda é prática habitual nas delegacias, a atuação dos nossos policiais equivale à dos mais sádicos criminosos, a Justiça é um poder praticamente sem mecanismos de controle.
A corrupção, uma outra forma de violência, é moeda corrente em todas as esferas da sociedade.
E, na política, que deveria ser a mais importante manifestação social, a atividade capaz de regular e disciplinar a vontade dos cidadãos, dando um sentido ao desejo de progresso e bem-estar para toda a nação, o que se vê é a mesquinharia se sobrepujar a qualquer outro valor ou sentimento.
Mesquinharia que beira o cinismo.
E que aflora em plena campanha eleitoral, ao ponto de a candidata à vice-presidência do PSB afirmar que foi a "providência divina" que não quis que ela estivesse no avião que se estatelou no chão, matando, entre vários outros, o candidato presidencial do partido.
A "providência divina", como se depreende da declaração da agora candidata presidencial, foi capaz de matar sete pessoas num acidente aeronáutico.
Será que é a mesma "providência divina" que guia as mãos dos loucos assassinos do EI na direção dos hediondos crimes que cometem? 
sugado do:  http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2014/08/a-providencia-divina-la-e-ca.html

Marina Silva matou o PSB

Pronto! Marina enterrou Eduardo Campos. Líder da Rede já jogou no lixo os primeiros compromissos e deu um pé no traseiro do PSB. Quem está surpreso? Ou: de novo, a vespa e a joaninha inocente
A vespa se aproxima da Joaninha inocente; o objetivo é injetar um ovo em seu
abdômen sem que a coitadinha perceba. Nem dói…
Depois de algum tempo, a Joaninha passa a carregar a estrovenga, como um zumbi,
uma morta-viva. Assim que a nova vespa nascer, a hospedeira morre… para valer
O PSB oficializou nesta quarta-feira a candidatura de Marina Silva à Presidência da República, tendo o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) como vice. Para não variar, tudo está sendo feito de acordo com as exigências de… Marina. O partido que a recebeu já foi transformado em mero hospedeiro. Ela não está nem aí para a legenda que a abrigou. Pois é… Eu sempre disse que seria assim. Vamos ver?

1: Marina disse há quatro dias que acataria os acordos regionais feitos por Eduardo Campos. Isso não vale mais: ela só vai subir em palanques em que todos os partidos pertençam à coligação nacional. Isso exclui São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio.

2: O comando do PSB afirmou que Marina assinaria uma carta de compromisso mantendo os fundamentos do programa que Campos queria para o país. Marina já deixou claro que não assina nada.

3: O PSB tinha o comando da campanha de Eduardo Campos, que estava a cargo de Carlos Siqueira. Marina resolveu dividir a função com o deputado federal marineiro Walter Feldman (SP). Na prática, todo mundo sabe, Siqueira foi destituído.

Vale dizer: Marina está, como sempre, fazendo tudo o que quer, do modo que quer, na hora em que quer. Para alguma melancolia deste escriba, acabo de ouvir na TV uma jornalista a dizer que isso só prova a… “coerência” de Marina. É mesmo, é? Entre a burrice e a desinformação, acuso as duas.

Feldman, agora seu braço-direito, é um portento da “nova política” que Marina diz abraçar. Foi secretário do governador Mário Covas e dos prefeitos José Serra e Gilberto Kassab. Só não se tornou secretário de Saúde do então prefeito Paulo Maluf porque Covas não deixou. Saiu do PSDB atirando contra o governador Alckmin e voltou tempos depois, fazendo uma espécie de mea-culpa. Durou pouco a fidelidade. Ainda como deputado tucano, juntou-se aos marineiros e passou a comandar a resistência a qualquer acordo com o PSDB em São Paulo. Não se trata de uma sequência para depreciá-lo. Trata-se apenas de fatos.

É claro que Feldman vai atuar contra a candidatura de Alckmin à reeleição. Até aí, tudo bem, né? Faça o que quiser. Ocorre que o candidato a vice na chapa do governador é o deputado Márcio França, do PSB, partido ao qual, formalmente ao menos, Marina e seu coordenador pertencem. Aliás, depois de Campos, França era a liderança de maior expressão nacional da legenda, que tem uma grande chance de ocupar um posto político importantíssimo no Estado mais rico do país e com o maior eleitorado.

Se Marina já deixou claro que não vai respeitar os acordos firmados por Campos, ainda que esteja ocupando o seu lugar, por que ela respeitaria o programa do PSB caso se eleja presidente da República? A minha tarefa é fazer a pergunta. A dela é cuidar da resposta.

Olhem aqui. No dia 19 de dezembro de 2013, escrevi um post em que comparava Marina a certa vespa que usa outros insetos, especialmente a joaninha — ainda viva — para depositar seu ovo. A estrovenga é injetada diretamente no abdômen da vítima, que carrega, então, a larva até que uma nova vespa venha à luz. Quando esta nasce, o hospedeiro morre. O nome disso é “parasitoidismo”, que é diferente do parasitismo, que não mata o hospedeiro. Há oito meses, portanto, com Campos ainda vivo, afirmei que era precisamente isso o que Marina faria com o PSB. Como eu sabia? A partir de determinado momento, ela tentou ser um parasitoide do PT, com agenda própria. Foi repelida. Buscou fazer o mesmo com o PV. Foi repelida outra vez — e sua grande votação não levou a um aumento da bancada da legenda. Era o partido do “Eu-Sozinha”. Terminada a eleição, tentou tomar a direção dos Verdes. Não conseguiu e saiu para fundar a Rede. Agora, no caso do PSB, não sei, não, parece que o ovo foi parar no abdômen da legenda.

Ganhe Marina a eleição ou não, tão logo ela migre para a sua Rede, o PSB será menor do que era antes da sua entrada. Na nova legenda, aí sim, ela será, como sempre quis, em sua infinita humildade, Igreja e Estado ao mesmo tempo; rainha e autoridade teológica. E sempre cercada de fanáticos religiosos, com diploma universitário.
sugado dop : http://esquerdopata.blogspot.com.br/2014/08/tio-rei-marina-silva-matou-o-psb.html

O alto risco à natureza e à saúde que as lâmpadas fluorescentes causam


, DCM

"Nossa primeira matéria da série de energia sustentável abordou o consumo dos três tipos de lâmpadas mais viáveis para uso doméstico, a incandescente, a fluorescente e a de led. Hoje, vamos falar sobre a reciclagem e o descarte dessas lâmpadas.

A mais antiga e popular, a lâmpada incandescente comum, é praticamente igual à inventada por Thomas Edison nos EUA em 1879. É um filamento de tungstênio dentro de um bulbo de vidro com vácuo. Ela é baratinha, mas 95% da potência é desperdiçada em calor. Quer dizer, uma porção muito grande do que ela gasta de energia é desperdiçado.

Além do tungstênio e do vidro, a lâmpada contém cobre, estanho, manganês, níquel, laca, malaquita e pó de mármore.

Todos esses materiais podem ser reutilizados. O problema é que separá-los não é das coisas mais simples, e o DCM não encontrou fábricas no Brasil com a tecnologia para a reciclagem total dessa lâmpada. Mesmo assim, há a possibilidade de que sejam totalmente reutilizadas, desde que dividindo o material e enviando para fábricas especializadas.

A lâmpada incandescente pode ir para o saco dos materiais recicláveis comuns.

As lâmpadas de led estão chegando ao mercado só agora, mas foram criadas em 1961 por Robert Biard e Gary Pittman nos EUA. A principal vantagem, além da economia no consumo, é sua versatilidade. Ela pode substituir qualquer tipo de lâmpada e sua luz é bastante intensa. É como se fosse uma iluminação muito concentrada, com pouca emissão de calor (daí também sua durabilidade).

As lâmpadas LED possuem alumínio, estanho, cobre e níquel. Tem plástico, componentes eletrônicos, fenóis e vidro. Nenhum destes componentes é nocivo, mas tem um pedacinho dessa lâmpada (os componentes eletrônicos) cuja reciclagem só é possível com a separação dos materiais, e o DCM não encontrou nenhuma empresa no Brasil que preste esse serviço.

Isso significa que parte da lâmpada de led, por hora, não é reciclável no Brasil. É uma parte pequena, mas não pode deixar de ser apontada.

A lâmpada fluorescente compacta, que virou hit no Brasil durante a crise energética de 2001, foi criada por Nikola Tesla, na Áustria, no ano de 1895.

Foi introduzida ao mercado consumidor em 1938. Em termos de eficiência energética, ela fica no meio das duas.

Mas ela tem outros problemas. A “receita” da carenagem é parecida com a da lâmpada de led, mas internamente, contém os gases argônio e neônio, que podem causar problemas respiratórios se inalados.

E há mais um ingrediente perigoso para o meio ambiente: o fósforo.
Para a reprodução da cor, a lâmpada pode conter materiais como o trifósforo, retirado de terras raras, ou o halofosfato.

É aí que a porca torce o rabo: esses fósforos são extremamente tóxicos e nocivos. Se entrarem em contato com a água, ela fica imprópria para o consumo e altamente cancerígena.

Isso significa que, se descartados em lixões e aterros comuns, podem poluir de maneira irreversível mananciais e lençóis freáticos.

Esse tipo de lâmpada, mais que qualquer um, precisa ser descartado da forma adequada. Empresas especializadas são capazes de descontaminar os componentes para que eles possam ser reciclados ou mesmo descartados sem piores consequências ao planeta.

Atualmente, há concessionárias de energia que recolhem estes tipos de resíduos e encaminham para a destinação adequada. Algumas lojas podem fazer essa ponte (a Leroy Merlin é o centro de captação mais prático).

Isso tudo significa que quando você compra uma lâmpada, compra uma responsabilidade junto. Por isso é bom escolher bem."

8 notícias que a grande mídia não tem coragem de divulgar


"Confira oito notícias importantes que a grande mídia tem a responsabilidade de divulgar, mas falta coragem (ou interesse?)


Os destaques a seguir dizem respeito a assuntos relevantes e baseados em fatos. São as “notícias importantes” que a mídia tem a responsabilidade de divulgar. No entanto, a imprensa corporativista geralmente as evita.

1. A riqueza nos Estados Unidos cresceu em US$34 trilhões desde a recessão. Mais de 90% da população não recebeu quase nada dessa quantia.

Isto daria, em média, US$100 mil para cada americano. Mas as pessoas que já possuem a maior parte das ações de empresas responsáveis pelo crescimento dessa riqueza receberam quase todo o dinheiro. Para eles, o ganho médio foi de cerca de um milhão de dólares – livre de impostos, desde que não contabilizado (detalhes aqui).

2. Oito americanos ricos ganharam mais do que 3,6 milhões de trabalhadores que recebem salários mínimos.

Um relatório recente afirmou que nenhum trabalhador que receba um salário mínimo nos EUA pode pagar pelo aluguel de uma residência de um ou dois dormitórios de acordo com os preços do mercado atual. Há 3,6 milhões de trabalhadores nestas condições, e seus salários somados ao longo de todo o ano de 2013 é inferior aos ganhos no mercado de ações de apenas oito investidores americanos durante o mesmo ano; todos eles são empresários que mais tiram do que contribuem para a sociedade: os quatro Waltons (donos da cadeia de supermercados Wal-Mart), dois Kochs (donos da Koch Industries), Bill Gates e Warren Buffett.

3. O noticiário fala apenas a 5% da população

Seria um alívio ler um editorial honesto: “Nós valorizamos com carinho os 5% a 7% de nossos leitores que ganham muito dinheiro e acreditam que seus patrimônios, cada vez maiores, estão ajudando todo mundo”.
Em vez disso, a mídia corporativa parece incapaz de diferenciar entre os 5% no topo e o restante da sociedade. O “Wall Street Journal” exclamou: “Americanos de classe média têm mais poder de compra do que nunca”, e, na sequência, : “Que recessão? A economia já saiu da recessão, o desemprego diminuiu…”

O “Chicago Tribune” pode estar ainda mais distante de seus leitores menos privilegiados, perguntando a eles: “O que é tão terrível no investimento de tanto dinheiro na campanha presidencial?”

4. As notícias televisivas ficaram mais burras para o espectador americano

Uma pesquisa de 2009 do European Journal of Communication comparou os Estados Unidos à Dinamarca, Finlândia e Reino Unido no que diz respeito à transmissão de noticiário doméstico e internacional, bem como de notícias importantes (política, administração pública, economia, ciência e tecnologia) e notícias secundárias (celebridades, interesses humanos, esportes e entretenimento). Os resultados:

- os americanos são especialmente desinformados quanto a assuntos públicos internacionais;

- os entrevistados americanos também não tiveram um bom desempenho no que diz respeito ao noticiário importante relacionado a questões domésticas;

- a televisão americana transmite muito menos noticiário internacional do que as TVs finlandesa, dinamarquesa e britânica;

- os programas de notícias da TV americana também relatam muito menos notícias importantes do que as TVs finlandesa ou dinamarquesa.

Surpreendentemente, o relatório informa que “nossa amostragem de jornais americanos estava mais orientada no sentido das notícias importantes do que as contrapartes europeias”. É uma pena que os americanos estejam lendo menos jornais.

5. Executivos e empreendedores com destaque nos noticiários devem trilhões à sociedade

Toda a propaganda em torno do “self-made man”, o empreendedor aventureiro, é uma fantasia. No início dos anos 70, nós, homens brancos privilegiados, fomos conduzidos de nossas faculdade para postos no mercado de trabalho que nos aguardavam nos setores de gestão e finanças; a tecnologia inventava novas maneiras de fazermos dinheiro, os impostos eram baixíssimos e a perspectiva de recebermos bônus e ganhos capitais ocupava nossas mentes.

Enquanto estávamos na faculdade, o Departamento de Defesa preparava a Internet para a Microsoft e a Apple, a Fundação Nacional da Ciência financiava a Digital Library Initiative, que seria adotada como modelo pela Google, e o Instituto Nacional de Saúde realizava os primeiros testes de laboratório que seriam utilizados por empresas como Merck e Pfizer. Os laboratórios de pesquisa do governo e as universidades públicas treinaram milhares de químicos, físicos, designers de chips, programadores, engenheiros, operários de linha de produção, analistas de mercado, testadores, solucionadores de problemas etc.

Tudo o que criamos por conta própria foi uma atitude desdenhosa, como a de Steve Jobs: “Nunca tivemos vergonha de roubar grandes ideias”.

6. Recursos para escolas e pensões desabam à medida que as empresas deixam de pagar impostos

Três estudos independentes entre si mostraram que as empresas pagam menos da metade do que deveriam pagar em impostos, recurso que serve como principal fonte para o fundo educacional K-12 e como parte significativa do fundo para pensões. Mais recentemente, o relatório “A Base Tributária Corporativa está Desaparecendo” mostrou que a porcentagem dos lucros corporativos paga como imposto de renda ao Estado diminuiu de 7% em 1980 para 3%, atualmente.

7. Empresas sediadas nos EUA pagam a maior parte de seus impostos no exterior

O Citigroup recebeu 42% de seus lucros entre 2011 e 2013 na América do Norte (quase tudo nos EUA), tendo gerado US$32 bilhões de lucro, mas recebeu benefícios no imposto de renda ao longo de todos esses três anos.
A Pfizer teve 40% dos seus lucros entre 2011 e 2013 e quase metade de seus ativos físicos nos EUA, mas declarou quase US$10 milhões de prejuízo nos EUA, e, ao mesmo tempo, US$50 bilhões em lucros no exterior.

Em 2013, a Exxon tinha cerca de 43% de sua gestão, 36% das vendas, 40% de seus ativos de longa duração e entre 70 e 90% de seus poços produtivos de petróleo e gás nos EUA; no entanto, a empresa pagou apenas 2% de seu lucro total em impostos ao Estado americano, com a maior parte da quantia sendo paga sob a forma do que se chama devalor tributável “teórico”.

8. Funcionários de restaurantes não recebem aumento há mais de 30 anos

Uma avaliação feita por Michelle Chen mostrou que o salário mínimo para funcionários que recebem gorjeta é de US$2,00 a hora desde 1980. Ela também observa que 40% destes trabalhadores são pessoas negras, e cerca de dois terços são mulheres.

Texto originalmente publicado em Common Dreams, site independente de notícias que prioriza informações para o bem comum, criado em 1997, nos Estados Unidos. Tradução:Samuel Edição: Pragmatismo Político

A crise que não sai nos jornais


Luciano Martins Costa, Observatório da Imprensa
"Começou a campanha eleitoral na televisão, considerada o recurso mais eficiente para a colheita de votos, e não se fala de outra coisa nos jornais.

Evidentemente, trata-se apenas de uma força de expressão, porque os diários seguem trazendo aquele mesmo cardápio variado de assuntos, determinado pela divisão das folhas em seções especializadas. O que muda é a abordagem dos mesmos temas: agora, mais do que nunca, o que sai, como sai e principalmente o que não sai na imprensa fica condicionado ao efeito que a notícia pode produzir nas urnas.

Nesta quarta-feira (19/8), o destaque do trivial variado é a prisão do ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros e foragido desde janeiro de 2011. Também há registros sobre a crise hídrica que afeta principalmente a região metropolitana de São Paulo, além de outras variedades. Mas já se percebe que o noticiário político foi conectado ao que dizem os candidatos na propaganda eleitoral – e o noticiárioeconômico tende a seguir no mesmo tom.

Também aparecem nas primeiras páginas, como sempre, notícias de futebol, com a primeira convocação da seleção brasileira depois do vexame na Copa do Mundo. O novo técnico, Carlos Eduardo Bledorn Verri, conhecido como Dunga, tem a missão de tirar das cinzas aquele que já foi o melhor futebol do mundo, em duas partidas amistosas, contra as seleções do Equador e da Colômbia, nos Estados Unidos. A crônica especializada se empenha em um debate sobre os escolhidos, e observa que Dunga convocou dez dos atletas que falharam na Copa.

Aparentemente, nada além do corriqueiro.

Sobre a campanha eleitoral, há relatos detalhados do que disse cada um dos candidatos na televisão, mas poucas análises sobre o que eles realmente podem fazer caso sejam eleitos. Assim, a mensagem imaginada pelos criadores da propaganda eleitoral acaba predominando sobre a realidade, que deveria orientar a escolha do eleitor. Ou seja: em última instância, quem define a pauta da imprensa nesta temporada de caça a eleitores são os marqueteiros de campanha.

Esgoto na torneira

Mais interessante, portanto, é observar o que não sai nos jornais.
Entre os assuntos que não serão lidos nos diários pode-se observar, por exemplo, que as notícias sobre a crise de abastecimento de água em São Paulo se limitam a uma disputa entre o governo paulista e o governo do Rio de Janeiro em torno do uso da bacia do rio Paraíba do Sul. Também há referência ao aumento do consumo e ao estranho silêncio do comitê anticrise liderado pelo Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo e pela Agência Nacional de Águas: criado em fevereiro para enfrentar o problema, o grupo de especialistas não se manifesta há 50 dias, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

O caso é mais complexo que isso. Não se sabe se os jornais estão informados, mas a diretoria da Fiesp – Federação da Indústria no Estado de São Paulo – mantém o assunto entre suas prioridades há pelo menos um mês, discutindo as consequências de um colapso previsto para acontecer na última semana de setembro.

Uma cientista com pós-doutorado em hidrologia tem produzido relatórios alarmantes sobre a situação, e algumas das possíveis soluções já não podem ser executadas porque não houve um planejamento adequado por parte do governo paulista.

Além dos transtornos que pode causar uma falta prolongada de água, numa metrópole desorganizada e com tantas comunidades sem infraestrutura de saneamento básico, tem preocupado os empresários a constatação de que parte da água entregue pela Sabesp está contaminada pelo esgoto em vários ramais da região metropolitana. Há o risco iminente de a falta de água ser agravada por uma crise de saúde pública de consequências desastrosas.

O presidente em exercício da Fiesp, Benjamin Steinbruch, não virá a público revelar tudo que tem sido discutido pelos empresários, porque pode parecer que estaria fazendo campanha para Paulo Skaf, o presidente licenciado da entidade, que é candidato a governador pelo PMDB. Além disso, teria que colocar em debate a responsabilidade das próprias indústrias no uso não sustentável dos recursos hídricos.

A imprensa ainda não se deu conta do problema, ou tem outras preocupações mais relevantes."

“Preconceito contra Bolsa Família é fruto da imensa cultura do desprezo”, diz pesquisadora.

Com Isadora Peron O Programa Bolsa Família fez 10 anos no domingo, dia 20. Quando foi lançado, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, atendia 3,6 milhões de famílias, com cerca de R$ 74 mensais, em média. Hoje se estende a 13,8 milhões de famílias e o valor médio do benefício é de R$ 152. [...]

Com Isadora Peron
O Programa Bolsa Família fez 10 anos no domingo, dia 20. Quando foi lançado, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, atendia 3,6 milhões de famílias, com cerca de R$ 74 mensais, em média. Hoje se estende a 13,8 milhões de famílias e o valor médio do benefício é de R$ 152. No conjunto, beneficia cerca de 50 milhões de brasileiros e é considerado barato por especialistas: custa menos de 0,5% do PIB.
Para avaliar os impactos desse programa a socióloga Walquiria Leão Rego e o filósofo italiano Alessandro Pinzani realizaram um exaustivo trabalho de pesquisa, que se estendeu de 2006 a 2011. Ouviram mais de 150 mulheres beneficiadas pelo programa, localizadas em lugares remotos e frequentemente esquecidos, como o Vale do Jequitinhonha, no interior de Minas.
O resultado da pesquisa está no livro Vozes do Bolsa Família, lançado há pouco. Segundo as conclusões de seus autores, o incômodo e as manifestações contrárias que o programa desperta em alguns setores não têm razões objetivas. Seria resultado do preconceito e de uma cultura de desprezo pelos mais pobres.
Os pesquisadores também rebatem a ideia de que o benefício acomoda as pessoas. “O ser humano é desejante. Eles querem mais da vida como qualquer pessoa”, diz Walquiria, que é professora de Teoria da Cidadania na Unicamp.
Na entrevista abaixo – concedida à repórter Isadora Peron – ela fala desta e de outras conclusões do trabalho.
Como surgiu a ideia da pesquisa?
Quando vimos a dimensão que o programa estava tomando, atendendo milhões de famílias, percebemos que teria impacto na sociedade. Nosso objetivo foi avaliar esse impacto. Uma vez que o programa determina que a titularidade do benefício cabe às mulheres, era preciso conhecê-las. Então resolvemos ouvir mulheres muito pobres, que continuam muito pobres, em regiões tradicionalmente desassistidas pelo Estado, como o Vale do Jequitinhonha, o interior do Maranhão, do Piauí…
E quais foram os impactos que perceberam?
Toda a sociologia do dinheiro mostra que sempre houve muita resistência, inclusive das associações de caridade, em dar dinheiro aos pobres. É mais ou menos aquele discurso: “Eles não sabem gastar, vão comprar bobagem.” Então é melhor que nós, os esclarecidos, façamos uma cesta básica, onde vamos colocar a quantidade certa de proteínas, de carboidratos… Essa resistência em dar dinheiro ao pobres acontecia porque as autoridades intuíam que o dinheiro proporcionaria uma experiência de maior liberdade pessoal. Nós pudemos constatar na prática, a partir das falas das mulheres. Uma ou duas delas até usaram a palavra liberdade. “Eu acho que o Bolsa Família me deu mais liberdade”, disseram. E isso é tão óbvio. Quando você dá uma cesta básica, ou um vale, como gostavam de fazer as instituições de caridade do século 19, você está determinando o que as pessoas vão comer. Não dá chance de pessoas experimentarem coisas. Nenhuma autonomia.
Está dizendo que essas pessoas ganharam liberdade?
Estamos tratando de pessoas muito pobres, muito destituídas, secularmente abandonadas pelo Estado. Quando falamos em mais autonomia, liberdade, independência, estamos nos referindo à situação anterior delas, que era de passar fome. O que significa dizer de uma pessoa que está na linha extrema de pobreza e que continua pobre ganhou mais liberdade? Significa que ganhou espaços maiores de liberdade ao receber o benefício em dinheiro. É muito forte dizer que ganhou independência financeira. Independência financeira temos nós – e olhe lá.
O que essa liberdade significou na prática, no cotidiano das pessoas?
Proporcionou a possibilidade de escolher. Essa gente não conhecia essa experiência. Escolher é um dos fundamentos de qualquer sociedade democrática. Que escolhas elas fazem? Elas descobriram, por exemplo, que podem substituir arroz por macarrão. No Nordeste, em 2006 e 2007, estava na moda o macarrão de pacote. Antes, havia macarrão vendido avulso. O empacotamento dava um outro caráter para o macarrão. Mais valor. Elas puderam experimentar outros sabores, descobriram a salsicha, o iogurte. E aprenderam a fazer cálculos. Uma delas me disse: “Ixe, no começo, gastei tudo na primeira semana”. Depois aprendeu que não podia gastar tudo de uma vez.
A que atribui a resistência de determinados setores da sociedade ao pagamento do benefício?
O Bolsa Família é um programa barato, mas como incomoda a classe média (ela ri). Esse incômodo vem do preconceito.
Fala-se que acomoda os pobres.
Como acomoda? O ser humano é desejante. Eles querem mais da vida, como qualquer pessoa. Quem diz isso falsifica a história. Não há acomodação alguma. Os maridos dessas mulheres normalmente estavam desempregados. Ao perguntar a um deles quando tinha sido a última vez que tinha trabalhado, ele respondeu: “Faz uns dois meses, eu colhi feijão”. Perguntei quanto ele ganhava colhendo feijão. Disse que dependia, que às vezes ganhava 20, 15, 10 reais. Fizemos as contas e vimos que ganhava menos num mês do que o Bolsa Família pagava. Por que ele tem que se sujeitar a isso, praticamente à semiescravidão? Esses estereótipos tem que ser desfeitos no Brasil, para que se tenha uma sociedade mais solidária, mais democrática. É preciso desfazer essa imensa cultura do desprezo.
No livro a senhora diz que essas mulheres veem o benefício como um favor do governo.
Sim, de 70% a 80% ainda veem o Bolsa Família como um favor. Encontramos poucas mulheres que achavam que é um direito. Isso se explica porque temos uma jovem democracia. A cultura dos direitos chegou muito tarde ao Brasil. Imagino que daqui para a frente a ideia de que elas têm direito vai ser mais reforçada. Para isso precisamos, porém, de políticas públicas específicas. Seriam um segundo, um terceiro passo… Os desafios a partir de agora são muito grandes.
Qual é a sua avaliação geral do programa?
Acho que o Bolsa Família foi uma das coisas mais importantes que aconteceram no Brasil nos últimos anos. Tornou visíveis cerca de 50 milhões de pessoas, tornou-os mais cidadãos. Essa talvez seja a maior conquista.
Entre as mulheres que ouviu, alguma foi mais marcante para a senhora?
Uma das mais marcantes foi uma jovem no sertão do Piauí. Ela me disse: “Essa foi a primeira vez que a minha pessoa foi enxergada”. Tinha uma outra, do Vale do Jequitinhonha, que morava num casebre, sozinha com três filhos. Quando começou a contar a história dela, perguntei qual era a sua idade, porque parecia que já tinha vivido muita coisa. Ela respondeu: “29 anos”. E eu: “Mas só 29?” Ela: “Mas, dona, a minha vida é comprida, muito comprida.” Percebi que falar que “a minha vida é muito comprida” é quase sinônimo de “é muito sofrida”.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Teologia, Necrofilia e Sustentabilidade

Wanderley Guilherme dos Santos


Em 16 de agosto, a então candidata a vice-presidente Marina Silva declarou ao jornal Estado de São Paulo que não estava no jatinho em que morreu Eduardo Campos, segundo a reportagem, “por providência divina”. Foi sua primeira declaração sobre o acidente, repetida, com variantes, em todas as suas declarações posteriores.

Espantou-me a teologia implícita na espiritualidade propagada pela missionária Marina Silva. O ardor com que defende a sobrevivência do mais humilde ser terreno, animal, mineral ou vegetal, indiferente aos custos do bem estar do rebanho humano, imprimiu ao tema da sustentabilidade da saúde planetária um rigor imobilista de difícil adesão. Na parte humana de seus mandamentos, os vetos à mudança em costumes e aos experimentos científicos condenariam a espécie às tábuas atuais de causas mortis, intolerância social e crimes. A variante teológica de fundo parecia duramente reacionária.

Mas é ainda mais implacável a teologia da missionária Marina. Para preservar sua missão, providenciou um acidente que matou o candidato a presidente de sua coligação partidária (pois seu verdadeiro partido, o REDE, era declaradamente um mioma que esperava crescer no ventre do hospedeiro PSB), e todos os acompanhantes de Eduardo Campos, pilotos, repórteres, assessores, dos quais não se conhece a confissão religiosa, nem se haviam concordado em sacrificar a própria vida em nome dessa implacável e ególatra missão.

O noticiário tende a difundir a mesma necrofilia teológica, linguagem quea mídia escolheu para enquadrar o acidente e suas conseqüências político-eleitorais. As próximas pesquisas, menos debochadas, informarão qual o impacto imediato na distribuição das preferências pré-eleições.
sugado do: http://esquerdopata.blogspot.com.br/2014/08/teologia-necrofilia-e-sustentabilidade.html

Do que têm medo a Globo e os três Marinhos?


"A postura agressiva dos apresentadores do Jornal Nacional, que atingiu seu ápice quando Patrícia Poeta colocou o dedinho no rosto da presidente Dilma Rousseff, escancara que as Organizações Globo farão o que estiver a seu alcance para impedir sua reeleição; aparentemente, os irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho tratam esta eleição como uma questão de vida ou morte; entre os motivos possíveis, estão a autuação da Receita Federal, o receio de que o país avance na democratização da mídia e a percepção de que a Globo, alvo dos protestos de junho por ter apoiado a ditadura, não é mais capaz de ditar os rumos do país

Marco Damiani, Brasil 247 

Donos do maior patrimônio pessoal entre todos os empresários de mídia do mundo, como o australiano Ruppert Murdoch, do grupo Media News, ou o americano Ted Turner, da rede CNN, os três irmãos Marinho – João Roberto, Roberto Irineu e José Roberto – consideram ter mais de um bilhão de motivos para atuarem, com sua poderosa máquina editorial, contra a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Nota sobre nota, eles têm, juntos, uma fortuna estimada pela revista Forbes em US$ 28,9 bilhões (R$ 74,2 bilhões de reais). Porém, com mais quatro anos de Dilma no Palácio do Planalto, os três temem perder dinheiro, prestígio e influência em doses imprevisíveis. Podem ser bastante fortes.

No ano passado, a Receita Federal venceu no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) uma disputa com a Globo de R$ 713 milhões. Hoje, a conta ainda não saudada está em mais de R$ 1 bilhão. Por outro lado, a reeleição da presidente vai, necessariamente, aquecer o debate sobre a regulação do funcionamento do setor de mídia no Brasil. Pilares da base do gigantismo da Globo, como propriedades cruzadas e presença majoritária em múltiplas áreas de atuação, configuram um oligopólio que fatura, anualmente, cerca de R$ 10 bilhões. É essa espécie de fábrica de fazer dinheiro, erguida a partir do período dos militares no poder do Brasil (1964-1985) e movida pelo B.V. (o famoso bônus de veiculação), que se vê ameaçada pela presidente candidata.

Um terceiro, mas não menos importante elemento, é o público em si. Em junho do ano passado, uma parte do vandalismo em que as manifestações degeneraram foi dirigido contra a Globo. Esterco chegou a ser jogado nas paredes da sede da emissora em São Paulo. A pressão popular sobre carros adesivados da emissora passou a ser um fato cotidiano, e sempre arriscado, na vida dos profissionais da empresa.

BELIGERÂNCIA NO DNA - É natural, na defesa de seus interesses bilionários, que os Marinho usem todos os canhões ao seu dispor. A beligerância, de resto, está no DNA do grupo empresarial que eles herdaram do pai. A Globo nasceu com obsessão pelo poder. A estratégia do empresário Roberto Marinho foi, desde as primeiras transmissões, em abril de 1965, exatamente um ano depois de os militares brasileiros derrubarem o presidente João Goulart, a de servir ao regime. Não há interpretação histórica que possa superar esse fato.

A Globo, apesar de algumas linhas de autocrítica publicadas no jornal O Globo por ocasião do cinquentenário do golpe militar, no ano passado, não quer cortar suas raízes com o autoritarismo. Pelo simples motivo de que foi a antítese da democracia que estabeleceu o modelo de concentração que a beneficiou. As Organizações enxergam a democracia como o regime que necessariamente vai enfraquecer seu poder, à medida em que permite a existência e o florescimento de outras fórmulas empresariais.

O nervosismo do âncora William Bonner e a descortesia da apresentadora Patrícia Poeta, ontem, diante de Dilma, na entrevista no Jornal Nacional, revelaram apenas a ponta do iceberg de interesses escondidos pela Globo em sua propalada isenção editorial. Não está no DNA da emissora ser isenta, ao contrário. Muito menos têm havido equilíbrio por parte da emissora no noticiário da atual sucessão presidencial. Pesquisadores da Uerj já havia mostrado que o JN dedicou, entre 1º de janeiro e 31 de julho, 83 minutos de noticiário avaliado por ele como negativo para Dilma contra 3 minutos de informações apontadas como positivas.

JN PERDEU IBOPE NOS ÚLTIMOS ANOS - Para tomar-se, apenas, os investimentosdo governo federal em publicidade, o que se tem é que eles diminuíram para a Globo a partir da introdução continuada de filtros técnicos para a aplicação das verbas. Acontece que a audiência da Globo como um todo, e em horários nunca antes ameaçados, está diminuindo. Apenas o Jornal Nacional, por exemplo, perdeu mais de 20 pontos no Ibope nos últimos anos. A introdução de novos mecanismos de medição de público, de outra parte, também mostra que o poderio real das Organizações Globo é declinante, no sentido do alcance e influência sobre público.

Em 1982, a Globo tentou ditar o resultados das eleições para governador do Rio de Janeiro, no que ficou conhecido como o escândalo da pró-consult – a assessoria que contava os votos em paralelo à Justiça Eleitoral. Em 1989, como o então todo poderoso global Boni admitiu em biografia festiva, a emissora manipulou o debate presidencial entre os candidatos Lula e Collor e usou, claro, o Jornal Nacional para desequilibrar ainda mais a cena real daquele disputa. Em ambos os casos, a Globo procurou interferir na disputa em seus momentos finais.

Dia 18, com a chamada entrevista em que a presidente Dilma foi interrompida 21 vezes, em 15 minutos de conversa, pelo âncora do JN, a Globo mostrou que partiu para o ataque desde o primeiro minuto. Certamente porque sabe, com seus sofisticados instrumentos de aferição dos humores da população, que enfrenta cada vez mais dificuldade para impor a vontade de seus herdeiros ao público."

IPCA-15: prévia da inflação oficial continua em queda



Vitor Abdala, Agência Brasil

"A prévia da inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao ConsumidorAmplo-15 (IPCA-15), ficou em 0,14% em agosto deste ano. A taxa é inferior às observadas em julho deste ano (0,17%) e em agosto do ano passado (0,16%). Segundo dados divulgados hoje (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 acumula taxas de 4,32% no ano e de 6,49% no período de 12 meses.

O principal responsável pelo recuo da taxa foram os alimentos, que tiveram deflação (queda de preços) de 0,32% na prévia de agosto. Segundo o IBGE, muitos produtosalimentícios ficaram mais baratos no período, como a batata-inglesa (-20,42%), o tomate (-16,47%), o feijão-carioca (-5,49%), as hortaliças (-5,13%), o óleo de soja (-3,17%) e o feijão-preto (-3,11%).
Também contribuíram para a inflação menor na prévia de agosto, as deflações dos grupos de despesas pessoais (-0,67%), comunicação (-0,84%) e vestuário (-0,18%).

Por outro lado, o aumento das despesas com habitação (1,44%) e transportes (0,2%) evitaram uma queda maior da taxa de inflação. No grupo habitação, a inflação foi puxada pelo aumento de preços dos artigos de limpeza (1,47%), taxa de água e esgoto (1,37%), condomínio (1,36%), aluguel residencial (0,66%) e mão de obra para pequenos reparos (0,66%).

O IPCA-15 de agosto foi calculado com base em preços coletados entre os dias 15 de julho e 13 de agosto."