quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Jânio de Freitas: que o Brasil não se curve, como fazia antes


Do mestre em dignidade jornalística Jânio de Freitas, ontem, na Folha de S. Paulo, sobre a reação brasileira às denúncias de espionagem norte-americana sobre a Presidenta Dilma Roussef.

Fernando Brito, Tijolaço

A força dos interesses

Por Jânio de Freitas

Na estreita margem de reação ao seu alcance, a mais (ou única) eficaz resposta do governo brasileiro ao dos Estados Unidos é pôr em suspenso a visita da presidente Dilma Rousseff a Barack Obama, marcada para o próximo mês. E confirmá-la ou sustá-la a depender do que o governo americano faça com a exigência de explicação escrita que lhe fez ontem o governo brasileiro, sobre a violação das comunicações oficiais e pessoais até da presidente brasileira.

Assuntos importantes podem haver, mas não assuntos graves para negociações de Dilma e Obama. A visita foi prevista, portanto, sobretudo como um gesto amistoso. Mas ser amistoso em retribuição a atos inamistosos é, no mínimo, subserviência. O que não parece próprio de Dilma Rousseff e, de uns poucos anos para cá, deixou de ser a atitude brasileira com os Estados Unidos.

A interceptação das comunicações da Presidência não é só uma transgressão das normais internacionais de convivências soberanas, praticada pelo governo americano contra o brasileiro. São ações inamistosas dos Estados Unidos. De duas ordens.

Uma, sub-reptícia, de violação de direitos e de sigilos brasileiros protegidos pelo direito internacional e por tratados de que os dois países são signatários. Outra, a depreciação da soberania brasileira, se não for a negação mesma.

Neste segundo aspecto, a visão de um país sob condições neocoloniais ficou explicitada outra vez, diretamente, ao ministro da Justiça brasileiro, José Eduardo Cardozo, quando levou a Washington, na semana passada, uma proposta de acordo para meios honestos e legais de coleta americana de informações no Brasil (sem embaraços, desde que autorizada judicialmente, como exige a Constituição do Brasil).

O governo americano recusou a proposta com um argumento dado como definitivo e apresentado de modo que o ministro descreveu como “peremptório”: os Estados Unidos agem com base na sua legislação interna e consideram-se cumprindo uma missão internacional. As leis que regem a conduta americana no Brasil, como na violação do sigilo das comunicações presidenciais e quaisquer outras, são as leis americanas, não a Constituição brasileira e seu corpo de leis. E pronto.

Com a sugestão a Washington, o Brasil cumpriu o papel de diplomacia respeitável, mas, a rigor, mesmo o acordo seria inócuo: os Estados Unidos não são confiáveis. Vale lembrar, a propósito, um ensinamento, tão pouco aproveitado no jornalismo, dado por John Foster Dulles, o mais proeminente secretário de Estado americano desde a Segunda Guerra Mundial: “Os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses”.

E força. Da qual abusam segundo seus interesses. “Se o Congresso aprovar, a ação dos EUA na Síria ocorrerá mesmo que o Conselho da Segurança da ONU seja contrário” -é uma resolução destes dias. A desproporção de forças militares reflete-se sobre os organismos internacionais de regulação e julgamento, o que sinaliza, por antecipação, as escassas perspectivas dos recursos a cortes internacionais insinuados pelos ministros Cardozo e Luiz Alberto Figueiredo, o estreante de Relações Exteriores.

A menos que se constitua um movimento de países com alguma dose de representatividade, algo bastante problemático. E dependente, quem sabe, dos arquivos e da disposição de Edward Snowden de divulgar violações graves em outros países, como fez com seu coadjuvante Glenn Greenwald nestas revelações sobre o furto americano de sigilos da Presidência brasileira.
Se o Brasil não tem meios para dar a resposta à altura, será muito pedagógico que ao menos se mantenha ereto –como se mostra até aqui.”

"EQUÍVOCO, UMA OVA!" - CLUBE MILITAR DESMASCARA AS ORGANIZAÇÕES GLOBO: O SR. ROBERTO MARINHO CONSPIROU E APOIOU O GOLPE DE 1964

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Numa mudança de posição drástica, o jornal O Globo acaba de denunciar seu apoio histórico à Revolução de 1964. Alega, como justificativa para renegar sua posição de décadas, que se tratou de um “equívoco redacional”.

NOSSA OPINIÃO: EQUÍVOCO, UMA OVA!

Dos grandes jornais existentes à época, o único sobrevivente carioca como mídia diária impressa é O Globo. Depositário de artigos que relatam a história da cidade, do país e do mundo por mais de oitenta anos, acaba de lançar um portal na Internet com todas as edições digitalizadas, o que facilita sobremaneira a pesquisa de sua visão da história.
Pouca gente tinha paciência e tempo para buscar nas coleções das bibliotecas, muitas vezes incompletas, os artigos do passado. Agora, porém, com a facilidade de poder pesquisar em casa ou no trabalho, por meio do portal eletrônico, muitos puderam ler o que foi publicado na década de 60 pelo jornalão, e por certo ficaram surpresos pelo apoio irrestrito e entusiasta que o mesmo prestou à derrubada do governo Goulart e aos governos dos militares. Nisso, aliás, era acompanhado pela grande maioria da população e dos órgãos de imprensa.
Pressionado pelo poder político e econômico do governo, sob a constante ameaça do “controle social da mídia” – no jargão politicamente correto que encobre as diversas tentativas petistas de censurar a imprensa – o periódico sucumbiu e renega, hoje, o que defendeu ardorosamente ontem.
Alega, assim, que sua posição naqueles dias difíceis foi resultado de um equívoco da redação, talvez desorientada pela rapidez dos acontecimentos e pela variedade de versões que corriam sobre a situação do país.
Dupla mentira: em primeiro lugar, o apoio ao Movimento de 64 ocorreu antes, durante e por muito tempo depois da deposição de Jango; em segundo lugar, não se trata de posição equivocada “da redação”, mas de posicionamento político firmemente defendido por seu proprietário, diretor e redator chefe, Roberto Marinho, como comprovam as edições da época; em segundo lugar, não foi, também, como fica insinuado, uma posição passageira revista depois de curto período de engano, pois dez anos depois da revolução, na edição de 31 de março de 1974, em editorial de primeira página, o jornal publica derramados elogios ao Movimento; e em 7 de abril de 1984, vinte anos passados, Roberto Marinho publicou editorial assinado, na primeira página, intitulado “Julgamento da Revolução”, cuja leitura não deixa dúvida sobre a adesão e firme participação do jornal nos acontecimentos de 1964 e nas décadas seguintes.
Declarar agora que se tratou de um “equívoco da redação” é mentira deslavada.
Equívoco, uma ova! Trata-se de revisionismo, adesismo e covardia do último grande jornal carioca.
Nossos pêsames aos leitores.

Pensar dá trabalho, xingar é mais fácil



O maior anticomunista que conheci nestas seis décadas de vida não foi um daqueles militares raivosos que tomaram conta do Brasil por 21 anos, nem algum político defensor do "livre mercado" ou fã de carteirinha do "american way of life". 
O maior anticomunista que conheci chamava-se Antonio Geraldo de Campos Coelho, era sociólogo, escrevia artigos quase indecifráveis para os jornais de Jundiaí, onde nasceu, viveu e morreu. 
Também era um tipo esquisitão, noctívago, cheio de manias, que tentou ser professor, mas devido ao seu temperamento um tanto quanto explosivo, acabou cuidando de uma biblioteca de uma escola da cidade.

O Coelho, como o chamavam todos os que o conheciam, adorava discutir política, mas não essa paroquial, do dia a dia, do toma-lá-da-cá, e sim as grandes linhas de pensamento filosófico, as mais intrincadas teorias, as diversas correntes sociológicas, todo esse tesouro que compõe a civilização humana.
Procurava combater o marxismo que repudiava com paixão com argumentos que supunha sólidos, irrebatíveis.
Dizia, naqueles idos tempos da ditadura militar, que era difícil encontrar alguém de direita que conseguisse sustentar um debate com algum comunista de carteirinha.
Para ele, o Brasil sofria desse problema: a direita era burra e  truculenta. 
O Coelho morreu há cerca de uma década.
Acho que, se estivesse vivo, certamente reforçaria essa sua convicção de quanto tosca e primária é a direita brasileira - o noticiário e os artigos dos jornais e da internet seriam uma extraordinária fonte para fortalecer seu pensamento.
Pessoas como o Coelho, que pretendem convencer os outros com a conversa, usando o raciocínio, e não com mentiras absurdas, xingamentos, expressões de ódio de classe e puro preconceito - e até mesmo o mais rasteiro racismo - são extremamente difíceis de encontrar hoje em dia.
Nestes tempos em que a velocidade predomina, em que tudo tem de ser feito às pressas, o que se vê é cada vez mais a intolerância, o berro e a violência, substituírem a razão e o debate civilizado de ideias.
O Coelho podia, quando expunha seus pontos de vista, ser obscuro, quase ininteligível, até mesmo intransigente.
Mas ele deixava, na maioria das vezes, seu oponente numa situação complicada. Impressionava a plateia.
E, convenhamos, isso é uma maneira bem mais eficiente para convencer os outros que a sua posição é a mais correta do que chamar o adversário de "petralha" e outras imbecilidades desse tipo.
É, dá trabalho pensar..
http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2013/09/da-trabalho-pensar-xingar-e-mais-facil.html

Nos 10 anos do Bolsa-Família, o PSDB “descobre” os pobres


Tijolaço
folhapobre

Para tentar “responder” ao aniversário de dez anos do “Bolsa-Família”, o PSDB lança, hoje de tarde, o “portal social do Brasil”, um site onde pretende mostrar o que seria as boas práticas sociais do partido.
Mesmo tendo “descoberto” os pobres dez anos depois de sair do Governo da República, antes tarde do que nunca.
Porque não faz muito tempo FHC mandou nem dar bola para essa gente, lulista que dói.
Os programas exibidos no site têm a grandeza do pensamento tucano: são minúsculos.
Um dos apresentados como carro-chefe é o Professores da Família, de Minas, que atinge, segundo o próprio site, quatro mil estudantes de escolas públicas mineiras. Bem pouco para um estado que tem 4,7 MILHÕES de alunos em escolas públicas, 60% deles na rede estadual.
Outros, como a Casa do Autônomo em Alagoas e a Rede Mãe Paranaense são custeados por recursos do Governo Federal, via Fundo de Amparo ao Trabalhador e SUS.
Ah, e grande mesmo só os do Pará, talvez para abrigar a imensa família do governador tucano Simão Jatene que, segundo a Folha de S. Paulo, tem as folhas de sua  árvore genealógica feitas de contracheques. O Pará emprega a mulher, a ex-mulher, o filho, a nora, o genro e e cunhado de outra filha, que coordena o programa de forma “benemerente”.
Não se pode deixar de reconhecer que também é um “bolsa-família”, não é?
Por: Fernando Brito