sábado, 23 de março de 2013

Para conter inflação, governo tenta evitar alta das passagens de ônibus




Depois de cortar o preço da conta de luz e desonerar a cesta básica, a presidente Dilma Rousseff prepara um novo pacote de bondades para o consumidor. Dessa vez o foco será a redução de custos das empresas de transporte coletivo e dos planos de saúde. presidente deve autorizar a desoneração do PIS e da Cofins que incide sobre o óleo diesel. Esse barateamento do combustível dos ônibus deve atenuar os reajustes nas passagens dos transportes coletivos previstos para 1.º de julho nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro.

Num cenário "ótimo" trabalhado pela equipe econômica, em que o reajuste não seja concedido pelos prefeitos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deixaria de subir até 0,2 ponto porcentual no ano.

As contas seguem o mesmo exercício feito para a desoneração da cesta básica, quando se previa em Brasília uma queda de 0,6 ponto do IPCA. A redução, no entanto, deve ser de 0,4 ponto porcentual, no máximo.

Desde o início do ano, o governo vem tentando adiar a implantação de medidas que geram impacto direto sobre a inflação. O reajuste das passagens de ônibus, por exemplo, deveria ter ocorrido em janeiro, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu aos prefeitos que adiassem o aumento para o segundo semestre, quando o governo acredita que a inflação começará a declinar. Para convencer os prefeitos, Mantega argumentou, na época, que as empresas do setor começariam a ter o benefício da desoneração da folha naquele mês, e, portanto, poderiam segurar o aumento.

Além da desoneração do diesel, o governo estuda rever a elevação do Imposto de Importação sobre borracha sintética, insumo básico para a produção de pneus, que conta com apenas um fabricante nacional.

Integrantes da equipe econômica defendem também a redução do tributo para pneus de ônibus importados, cuja alíquota passou de 16% para 25% em setembro do ano passado. Ainda não há decisão fechada sobre essas duas ações.

Saúde. Para os planos de saúde, que atendem quase 50 milhões de brasileiros, o governo estuda o corte do PIS e da Cofins que incidem sobre o faturamento das empresas. Outro benefício que deve provocar impacto nos planos é a desoneração da folha de pagamento de hospitais, que deve ser sancionada pela presidente Dilma até 2 de abril.

O governo ainda está dividido sobre a ideia de cortar o PIS/Cofins para os planos de saúde, já que esses tributos servem para financiar indiretamente o Sistema Único de Saúde (SUS).

Se a redução de impostos vingar, o governo pretende exigir como contrapartida melhorias no atendimento ao consumidor, considerado ponto fraco das companhias. Das empresas de ônibus, o Planalto espera que elas se conformem com um reajuste muito menor das passagens, uma vez que seus custos estarão mais baixos.

O governo ainda analisa o que será sancionado e vetado da Medida Provisória (MP) 582, que inclui dezenas de setores contemplados pela desoneração da folha. O segmento de serviços hospitalares deve escapar do veto.

Como a desoneração representa menos dinheiro no caixa federal, a presidente Dilma pode sancionar o benefício no início do próximo mês, mas jogar para julho a entrada em vigor da medida. Com isso, será possível adiar em pelo menos três meses o impacto da ação sobre a arrecadação e sobre o Orçamento.


O PSDB será contra, pois odeiam qualquer coisa que desonere o bolso dos pobres e trabalhadores. Tucano odeia qualquer corte de impostos. Só gosta na teoria e quando o governo corta, eles reclamam. Vide as reclamações dos tucanos, quando Dilma cortou os impostos da conta de luz. Tucano odeia pobre.
aureliojornalismo

Jornalismo marrom



E lá vem a Folha, a velha Folha defensora do interesse público, da moral e dos bons costumes, denunciar viagens do ex-presidente Lula bancadas por empreiteiras.
Escândalo!
A matéria começa assim:
"Quase metade das viagens internacionais feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após deixar o governo foi bancada por grandes empreiteiras com interesses nos países que ele visitou. Todos eles ficam na América Latina e na África, de acordo com documentos oficiais obtidos pela Folha. As duas regiões foram prioridades da política externa do petista em seus dois mandatos."
E prossegue desse jeito:
"A assessoria do ex-presidente diz que ele trabalha para promover 'interesses da nação' e não das empresas que bancam suas atividades. Mas políticos e empresários familiarizados com as andanças de Lula disseram à Folha que ele ajudou a alavancar interesses de gigantes como Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht nesses lugares."
Porém, em certo momento, revela que "dois procuradores da República, um delegado federal, um juiz e dois advogados disseram à Folha que não há, a princípio, irregularidades nas viagens por não haver lei sobre a atuação de ex-presidentes".
Interessante o jornalismo que a Folha pratica.
Publica algo que aparenta ser uma grave denúncia, o envolvimento de um ex-presidente da República em negócios empresariais, para, lá no meio do texto informar aos seus caros leitores que, segundo todos os especialistas que consultou, o ex-presidente em questão não fez nada que pudesse ser considerado ilegal, imoral, errado, enfim.
Se a moda pega...
Jornalismo desse tipo, feito de insinuações maliciosas, de fofocas, beirando a calúnia, a injúria e a difamação, não é exclusividade da Folha, muito menos algo nascido nestes tempos de guerra incansável contra o governo trabalhista.
Ele existe desde sempre, desde quando se amarrava cachorro com linguiça.
É uma prática conhecida como "jornalismo marrom", assim explicada pela Wikipédia:
"Segundo Alberto Dines, o conceito foi utilizado pela primeira vez no Diário da Noite, em 1960. Ao noticiar o suicídio de um cineasta, ele escreveu que a tragédia era resultado da atuação irresponsável da 'imprensa amarela' O suicida havia sido vítima de chantagem por parte da revista Escândalo. O chefe de reportagem Calazans Fernandes, então, mudou para 'imprensa marrom', alegando que o amarelo é uma cor alegre, enquanto o marrom seria mais apropriado por ser a cor dos excrementos.
No entanto, Márcia Franz Amaral sustenta que a expressão é tradução de imprimeur marron, que é como se chamavam na França os jornais impressos em gráficas clandestinas.
Uma terceira interpretação é de que no Brasil a cor marrom seria identificada com clandestinidade e a ilegalidade, de forma racista, desde o século XVII, por associação aos escravos fugidos ou em situação ilegal no país."
Seja qual for a origem do termo, a Folha sabe muito bem como transformá-lo numa arma poderosa em sua cruzada contra a modernização do país.
É useira e vezeira em brindar seus caros leitores com pérolas que deixariam ruborizados os mais fanáticos autores que se inspiraram no nonsense para suas criações.
Não podemos esquecer que foi a Folha quem definiu o mais tenebroso período da história do Brasil como uma "ditabranda".
Nem que foi ela quem estampou, no alto da primeira página, uma folha criminal falsa da atual presidente Dilma Rousseff.
Ou quem atribuiu ao ex-presidente Lula a responsabilidade pela morte de centenas de pessoas num acidente de avião.
Como se vê, a Folha não tem pudores quando se trata de ir fundo nesse tipo de jornalismo canalha.
Afinal, a nossa imprensa oligopolista tudo pode, já que o Brasil não tem mais uma Lei de Imprensa.
Foi caluniado, foi difamado?
Reclame com o bispo, pois se depender da nossa Justiça você está perdido - os nossos doutos ministros do Supremo Tribunal Federal confundem "liberdade de expressão" com "liberdade de imprensa".
Sem contar que foram eles que acabaram com a profissão de jornalista - e com a própria Lei de Imprensa.
cronicasdomotta

A estranha morte de Jango




Mauro Santayana, Blog: MauroSantayana

“A família de João Goulart autorizou a exumação de seus ossos, a fim de que se averigúe a causa de sua morte – atribuída a um ataque cardíaco. O presidente deposto era, desde jovem, cardiopata, e isso facilitou a versão oficial para o óbito prematuro. Jango morreu aos 57 anos. Sobre o assunto tenho depoimentos a dar. O primeiro deles é sobre a personalidade serena de Jango. Conheci-o em seus primeiros meses como Ministro do Trabalho, em visita a Belo Horizonte.

Como repórter, acompanhei-o em seus encontros com os líderes sindicais de Minas. Eu o veria várias vezes nos anos seguintes, antes de com ele conviver no exílio em Montevidéu. Jango foi fiel à memória de Vargas, a quem dedicava afeto de filho. Suas idéias eram as de Getúlio. A ele devo manifestações fortes de solidariedade naqueles anos sombrios.

Quando Lacerda morreu, Tancredo Neves comentou comigo suas suspeitas. Era curioso que as três personalidades mais fortes da oposição ao regime militar, e que haviam estabelecido uma aliança para a recuperação republicana do Brasil, morressem uma depois da outra: Juscelino em agosto e Jango em dezembro de 1976, e Lacerda em maio do ano seguinte. “Se todos morreram por acaso, isso só pode ser proteção de Deus ou do Diabo aos militares”.  Como já estivéssemos no processo conspiratório para a redemocratização do país, Tancredo abriu a camisa, mostrou a medalha que trazia no peito, e disse contar com seus santos protetores, entre eles São Francisco de Assis.

Os inúmeros depoimentos conhecidos mostram que os Estados Unidos não hesitam em livrar-se de seus inimigos, reais ou imaginários, por todos os meios. Quando lhes convêm, contratam sicários para a tarefa sórdida, como fizeram, ainda no festejado governo Roosevelt, ao recrutar o sargento Somoza para matar Sandino e, em seguida, entregar-lhe o governo da Nicarágua. Da mesma forma atuaram, ao apoiar, ostensivamente, o general Pinochet a fim de dar o golpe, bombardear o Palácio de La Moneda e dar fim a Salvador Allende, presidente do Chile. Quando isso não é recomendável, ou não dispõem de assassinos confiáveis, usam seus próprios agentes. Eles o fazem no “interesse da pátria”.

Conhecer a verdade sobre a morte de Jango, se  ainda é possível descobrir as provas de possível assassinato, 36 anos depois, é um direito de seus familiares, e, mais do que seu direito, direito da nação. Se isso ocorreu, provavelmente os responsáveis pelo assassinato ainda poderão  ser localizados – e pagar pelo seu crime. Se forem agentes estrangeiros, só um vazamento nos revelará a agressão.

Mas o conhecimento do crime será advertência severa contra aqueles que, em nome da “ordem”, ou de qualquer outra idéia, pregam a supressão da liberdade e submissão dos povos ao terror do Estado ditatorial.”

Veja já apela até para o papa argentino Francisco I




Depois de uma pesquisa Datafolha que aponta a presidente Dilma Rousseff com 58% da preferência nacional e de um Ibope que lhe dá um potencial de até 76% dos votos, a revista Veja roga ao Vaticano; capa desta semana pede que o papa exerça influência política sobre a América Latina e ajude a conter governos "populistas"; na imagem de capa, Dilma e Cristina Kirchner aparecem à "sombra do papa"; será que Francisco I disputará eleições?


O ambiente político para forças políticas de direita ou mesmo centro-direita na América Latina, definitivamente, não é dos mais alvissareiros. Nos últimos anos, governos de esquerda e centro-esquerda chegaram ao poder em praticamente todos os países do continente e se legitimaram junto ao povo graças a políticas sociais mais amplas, que ajudaram a desconcentrar a riqueza numa das regiões mais desiguais do mundo. A isso, alguns dão o nome de distribuição de renda. Outros, de "populismo".

No Brasil, a revista Veja faz parte do segundo grupo. E um dia depois de duas pesquisas que representam um balde de água fria – o Datafolha que dá 58% da preferência eleitoral à presidente Dilma Rousseff e um Ibope que revela um potencial de até 76% dos votos –, a publicação da Editora Abril aposta suas últimas fichas no Vaticano. Veja pede que Francisco I exerça influência política sobre a América Latina e ajude a conter governos "populistas" – grupo em que a publicação de Roberto Civita, internado na UTI do Sírio-Libanês, inclui o Brasil.

Na reportagem "O povo é do papa", Veja ajoelha e reza. "Para nenhum governante da América Latina com tentações populistas a existência de um papa genuinamente popular, avesso a demagogias, e ainda por cima argentino, seria motivo para comemorações. O viés paternalista dos governos da Argentina, do Equador, da Venezuela, da Bolívia e, cada vez mais, do Brasil, sobrevive apenas se tiver exclusividade no papel de representante do povo. Ter de dividir essa função com alguém que lidera a religião de 483 milhões de latino-americanos (…) é um grande incômodo político".

Em sociedades que progridem, como ocorre na América Latina, religião e política são temas cada vez mais distantes. O próprio Francisco I já deixou claro que sua missão nada tem a ver com política. A despeito disso, a imprensa conservadora, aristocrática e de direita, como é o caso de Veja, deposita nele suas últimas esperanças. Segundo a revista, Francisco I fará bem ao ambiente político da América Latina. Será que ele também disputa eleições?”

sexta-feira, 22 de março de 2013

Dilma tem 58%, Marina, 16%, e Aécio, 10%, diz Datafolha


A presidente Dilma Rousseff lidera a mais nova pesquisa Datafolha de intenções de voto para a Presidência da República. Se a eleição fosse hoje, a petista teria 58%, seguida pela ex-senadora Marina Silva, que tenta viabilizar sua própria sigla, a Rede, com 16%.
Logo atrás estão o senador Aécio Neves (PSDB-MG), com 10%, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que aparece com 6% das intenções de voto. Neste cenário, 6% declararam voto nulo ou em branco, e 3% disseram não saber em quem votar.

Na pesquisa anterior, realizada em dezembro do ano passado, Dilma tinha 54%, Marina aparecia com 18%, Aécio, 12%, e Campos, 4%.
A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 21 de março e ouviu 2.653 pessoas. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Leia na edição da Folha deste sábado mais detalhes sobre a pesquisa Datafolha.(LEANDRO COLON)
Editoria de Arte/Folhapress

FATIAMENTO FOI MANOBRA PARA OCULTAR A VERDADE



Slider_elefante
Num momento em que a integridade dos vídeos do Julgamento da AP 470, está ameaçada, seria de bom tom que os ministros preocupados com suas reputações e, portanto, interessados em sumir com os vídeos, garantissem, por outro lado, a permanência, no Youtube, dos vídeos que, ao contrário de conter aberrações proferidas por V. Exas, guardam passagens, sensacionais, da luta em defesa do Estado de Direito e, sobretudo, a senha para o entendimento, definitivo, do que estava ocorrendo nesse julgamento.
Obviamente, refiro-me ao vídeo em que o Ministro Ricardo Lewandowski, apresenta ao Brasil a Fábula do Elefante e os cegos. A partir dali, estavam esclarecidos não só os fundamentos do “fatiamento” como também e, principalmente, a explicação para a dificuldade das defesas, tanto técnicas quanto políticas.
Não só cada magistrado estava focado em alguma parte ou partes, como cada réu vinha pendurado numa delas; como consequência, cada defesa agarrada a seu próprio réu (fatia) e militantes e simpatizantes fazendo o mesmo.
Todos os grupos interessados em entregar alguma parte para salvar o todo, desde que a parte a ser sacrificada não fosse a sua. Um grupo oferecia patas para salvar a tromba, outro o rabo para salvar as patas, sem, contudo, perceberem que, ao fim e ao cabo, independente do resultado para um réu específico, o elefante restaria morto ou mutilado, o que parecia pouco importante, uma vez que, até aqui, sequer se vislumbrava o elefante.
A partir desse voto e, só aí, as defesas nas redes sociais, saíram em conjunto na busca do que seria o “corpo” do elefante, ou seja, a parte que unia os retalhos dispersados nas fatias e que mantinham a unidade do bicho.
Na busca pelo tronco que unia os membros (rabo, tromba e patas), chega-se ao corpo e aí, a surpresa; a própria AP é o corpo do elefante; é dentro dos autos que ocorre a tentativa de ocultação do que deveria ser o elo entre as partes; não por acaso, o tronco encontrava-se diluído na parte onde o entendimento da maioria de nós fica prejudicado, ou seja, aspectos financeiros; apesar das defesas já haverem descartado o corpo como parte integrante daquele bicho, o próprio Tribunal, valendo-se do desconhecimento do público acerca do assunto, assume o lugar do corpo, forjando a entrada de dinheiro público no esquema e daí para frente, não havendo mais caminho de volta, forjar-se-iam, todas as demais situações.
Nesse ponto, é importante ressaltar o excelente trabalho do jornalista Raimundo Pereira e parabenizar todos os grupos, militantes e simpatizantes das redes sociais que tiveram a coragem de largar os membros a que vinham agarrados há quase oito anos para partir na missão em busca do todo, bem como jornalistas e blogueiros sem os quais, chegar até aqui teria sido impossível.
O Blog que mais se aprofundou na discussão acerca da existência de dinheiro público na AP 470, foi o do jornalista Luis Nassif. Talvez, por ser um especialista, nessa área, tenha tido a visão clareada, antes da maioria de nós e, portanto, mais dificuldades para ser enganado. O fato é que os debates ali foram intensos e abriram a possibilidade para uma discussão mais bem elaborada e fundamentada, ganhar a rede. Com o aprofundamento dos debates e a publicação dos documentos da defesa que constam dos autos, pelo Blog Megacidadania, o corpo do elefante, foi enfim, ganhando contornos nítidos. E, hoje, o que temos é, um elefante com bico no lugar da tromba, asas no lugar das patas e nadadeiras no lugar do rabo.
Para injetar dinheiro público no esquema, o MPF, transformou uma multinacional americana em empresa pública. O dinheiro que essa multinacional investiu em publicidade, foi transformado em dinheiro para compra de votos da base aliada para aprovação de projetos do Governo; os empréstimos que o PT fez para saldar dívidas de campanha tiveram que ser decretados fraudulentos para que o dinheiro da multinacional assumisse o seu lugar, como dinheiro público (??? ) na compra de votos (???), para que, afinal, ficasse caracterizado o tal de Mensalão. Ou seja, criaram um monstro para depois construir um processo, desenvolver teorias, encomendar jurisprudência e doutrina para pode dar-lhe sustentação, apesar de farta documentação nos autos, atestando, a não ocorrência de quaisquer dessas situações, como constatamos, depois, nos blogs que divulgaram os documentos.
O esquartejamento do elefante, explica, então, o não desmembramento do processo e a necessidade de sua manutenção em instância única. Quaisquer dos réus, sem foro privilegiado, em instâncias inferiores, estaria, automaticamente, absolvido; porque o monstro só funciona como um todo. É como um carro alegórico cuja movimentação depende do manobrista em seu interior e da equipe de apoio que o empurra pela Avenida. O PGR, o Relator e demais ministros do STF, são os responsáveis pelo movimento da alegoria. Além disso, como toda a alegoria, ela só faz sentido dentro do enredo e nesse sentido, a mídia fez o seu papel. De qualquer forma, essa alegoria parada, isolada, fora da Avenida, não faz qualquer sentido e é essa a razão para que nenhum operador do Direito esteja entendendo nada do que está acontecendo. O tal de Mensalão é uma rainha de bateria arrastando um funeral.
Apesar das defesas terem provado que não houve compra de votos, que os empréstimos foram legais, que não houve dinheiro público e que não havia quadrilha nenhuma, um elefante com bico, asas e nadadeiras segue, tranquilamente, seu curso pelas principais avenidas do país causando muito pouco espanto.
Os réus do núcleo político dessa AP, não por acaso, são REPRESENTANTES da sociedade brasileira e, mais uma vez, estão ali, representando NOSSOS direitos e garantias. Portanto, o que estamos defendendo NÃO SÃO os direitos dos réus mas os NOSSOS próprios direitos. Não estamos fazendo favor aos réus e sim eles estão nos prestando um enorme favor, que é o de fazer com que possamos ter a exata noção de nossa fragilidade democrática e a dimensão de onde as forças conservadoras do país podem chegar na guerra pela manutenção de seus privilégios.
A cada Ato ou debate sobre esse julgamento, ouvimos dos réus do núcleo político a mesma coisa; não confrontar, não fulanizar, não agredir, fazer o bom combate porque a disputa é política e a luta por justiça será árdua e se dará a médio e longo prazo... O contraste entre a serenidade dos réus e a sanha condenatória e agressividade dos magistrados é desconcertante. Mas, sim, concordo com os companheiros que a luta por Justiça é longa e árdua mas, no caso específico, estamos pedindo justiça a quem? Quem fará justiça aos réus e a nós se o monstro que nos assombra foi criado nos laboratórios do MPF e STF? Recorrer a Cortes Internacionais? Mas então é isso mesmo? Vivemos num país onde os direitos do cidadão só estão garantidos por força de Pactos Internacionais?
Gostaria de lembrar aos demais réus remanescentes dessa AP, que essa luta também deveria ser deles. O resultado do empenho dos militantes e simpatizantes, se positivo, beneficiará a todos. Estou falando de banqueiros e publicitários, ou seja, dinheiro e marketing ( o objeto dessa AP, financiamento de campanhas políticas ), se chegamos até aqui sozinhos, poderíamos já ter encerrado esse assunto, caso os demais interessados tivessem feito a sua parte como os militantes e simpatizantes vem fazendo a sua. Por certo que, conhecendo nossa justiça, sabemos que aguardam o apagar das luzes para saírem de fininho e sem alarde midiático em torno disso. Afinal, são apenas figurantes nessa AP. De qualquer forma, por uma questão de caráter, poderiam ajudar. Muito mais do que qualquer um de nós, eles sabem onde essa farsa começa e onde ela pode terminar.
Ao STF, uma sugestão para auxiliar no problema com os vídeos dos julgamentos. Daqui para frente, coloquem as togas nas cabeças, alterem a rotação do áudio para 16, 45 ou 78 e projetem, apenas as sombras na tela. Assim, será impossível identificar quem está falando e evitaremos o trabalho de salvar vídeos não editados pela rede.
Cristiana Castro nohttp://www.megacidadania.com.br/fatiamento-foi-manobra-para-ocultar-a-verdade/ 

quinta-feira, 21 de março de 2013

A corrida pelo posicionamento nas eleições de 2014


Posicionamento é um termo do marketing político para definir o diferencial de uma candidatura em relação às outras. Já citei que as chances da oposição ao lulismo estariam vinculadas a uma equação simples: garantir que o consumo popular se manterá ou avançará (com crédito popular ou políticas de transferência de renda) e explorar as fissuras do governo Dilma, evitando confrontar com o lulismo.
Percebo que Eduardo Campos e Marina Silva podem explorar melhor esta equação.
Contudo, hoje conversei com um jornalista mineiro que admiro (Rodrigo Freitas, do jornal O Tempo) que destacou as iniciativas de Aécio e expoentes do DEM para questionar ações de várias agências estatais do governo federal, incluindo dados divulgados publicamente sobre programas sociais. Não vou entabular os questionamentos que devem ser objeto de artigo de Rodrigo, mas parece evidente que se trata de estratégia definida conjuntamente. Acredito que este seja o movimento mais inteligente da oposição ao lulismo até o momento. Disputar paternidade de programas sociais ou privatizações não afeta em nada a avaliação da grande maioria dos eleitores. Mas revelar erros de condução do governo federal e do petismo (evitando cair nas arapucas que constantemente Lula arma para tucanos) pode ser um caminho a ser explorado. Não será suficiente porque o que vem descarregando votos nos candidatos lulistas é a garantia de consumo popular. No entanto, é um começo de acúmulo.
Mas continua avaliando que Aécio, neste momento, não se encaixa neste figurino. Está mais para Eduardo Campo e Marina, sendo que Marina tem que resolver o seu dilema original: é progressista (no projeto de desenvolvimento econômico) ou conservadora (no que tange ao comportamento social e direitos civis)?
rudaricci

O povo é um detalhe


Para Parreira, o gol é um detalhe;
para a oposição, o povo também é
 (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Aconteceu noutro dia mesmo, com direito a fanfarras e metais, fogos de artifício e todo o barulho possível. Hoje, quem se lembra do lançamento do tal Rede, o partido dos "sonháticos", a terceira via definitiva que poderia sepultar os sonhos de mais um governo do PT?
Agora, só se fala em Eduardo Campos, o governador pernambucano que vive o dilema de trair a longa ligação com Lula para sair candidato das forças mais reacionárias do país, justamente aquelas que dizia combater.
A outra esperança da oligarquia, o playboy Aécio Neves, parece se segurar apenas na vontade de um cada vez menos influente FHC, o ex-presidente que procura, desesperadamente, mostrar ao Brasil que sem ele a história poderia ter sido outra...
E a eleição presidencial só será daqui a longos 19 meses...
Azar de quem resolveu, no afã de ganhar as manchetes dos jornalões, antecipar a sua campanha, apostando na explosão inflacionária, num apagão energético, num pico de desemprego, em qualquer desgraça que possa manchar a popularidade do governo Dilma.
Esse pessoal do contra é insaciável.
Fez o impossível para que a conta de luz não fosse reduzida e até reclamou da desoneração dos tributos federais da cesta básica.
Acha que a única maneira de derrotar o governo é ir contra tudo o que ele faz.
Só que ele vem fazendo coisas que beneficiam as pessoas, que melhoram as suas vidas.
Se os nossos oposicionistas formassem um time que tivesse como técnico Carlos Alberto Parreira, eles poderiam dizer que o povo é apenas um detalhe, para servir, no máximo, como figurante dessa tragédia que pretendem montar no imenso palco brasileiro.
cronicasdomotta

A eleição de 2014 parece resolvida. Por mais que alguns se aborreçam



O governador de Pernambuco,
Eduardo Campos

Marcos Coimbra, CartaCapital

“As eleições de 2014 ainda estão, para a vasta maioria da população, a uma distância colossal. Nas pesquisas, sódepois de algum esforço, os cidadãos se recordam de que elas ocorrem daqui a um ano e meio.

Enquanto isso, nos meios políticos e na “grande imprensa”, é como se fossem acontecer amanhã.
Será nossa terceira eleição nacional em que o presidente em exercício é candidato. Antes de Dilma Rousseff, Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e Lula, em 2006, passaram pela experiência. Ambos tiveram sucesso, de maneiras diferentes.

A que temos no horizonte se assemelha àquela do tucano. Nada indica que Dilma terá de lidar com turbulências tão fortes quanto as que atingiram Lula, seu governo e o PT em 2005 e 2006. Nem o mais exaltado oposicionista imagina que ela venha a enfrentar situação análoga à que seu antecessor viveu nos meses de auge das denúncias do “mensalão”.

Dilma deve disputar seu novo mandato em um momento mais marcado pela normalidade do que pela excepcionalidade: sem crises agudas na economia, na política ou no cotidiano da sociedade. Em 1998, FHC enfrentou uma crise econômica séria, mas não suficientemente séria para impedir sua vitória relativamente tranquila.

Apesar dessa semelhança, é grande o contraste entre o ambiente de opinião que vivíamos em 1997 e o de agora.

A partir de junho daquele ano, quando promulgada a emenda que permitiu a FHC concorrer a um novo mandato, entramos em período de calmaria. O escândalo da compra de votos para aprovar a mudança constitucional havia amainado, a tropa de choque governista impedira a instalação de qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito e a Procuradoria-Geral da União, dirigida por alguém escalado para tudo engavetar, mantinha-se inerte. Os ministros da Suprema Corte preferiam se entreter com outras coisas.

Nesse clima de tranquilidade, ninguém se pôs a especular a respeito de nomes e cenários. Dir-se-ia que, uma vez estabelecido que FHC seria candidato, independentemente dos meios utilizados, os comentaristas e analistas ficaram satisfeitos com a perspectiva de que ele viesse a vencer as eleições seguintes. É como se achassem que não era somente natural, mas desejável que o peessedebista permanecesse no Planalto por mais quatro anos.

Um claro sintoma da pasmaceira é que nem sequer se fizeram pesquisas sobre a eleição até o fim de 1997 (ao menos não foram divulgadas). Apenas uma foi publicada, em novembro. Ninguém se mostrava ansioso a respeito de quem tinha condições de ganhá-la.

O jogo havia sido jogado e o PSDB parecia imbatível.

A vantagem de FHC sobre seus oponentes era, no entanto, muito menor do que a de Dilma hoje. Naquela pesquisa de novembro de 1997, realizada pelo Ibope, o tucano obtinha 41%, seguido por Lula, com 16%, e Sarney, com 9%.
Sua liderança permaneceu modesta nos primeiros meses de 1998: em março, segundo o Datafolha, repetiu os 41% (com Lula alcançando 25% e sem Sarney). Caiu a pouco mais de 30% entre abril e junho, e voltou aos 40% daí em diante. Na véspera da eleição, atingiu o pico, com 49%.

Nas muitas pesquisas sobre a próxima eleição feitas ao longo de 2012, Dilma nunca obteve menos que 55% e muitas vezes chegou aos 60%. Mesmo quando se colocaram na lista nomes para fazer barulho, entre eles o de Joaquim Barbosa.

Quem achou, em 1997, que FHC ganharia com seus 40% não errou. Um presidente bem avaliado, em um momento em que o País vai bem (ou parece andar bem), tem tudo para vencer.

De onde, então, tiram os analistas da “grande imprensa” seu ceticismo em relação às chances de reeleição de Dilma? De onde vem seu afã em identificar os “formidáveis adversários” que poderiam derrotá-la?

No momento estão enamorados do governador pernambucano, Eduardo Campos. Devem acreditar que as possibilidades de alguém do bloco governista são maiores que aquelas de oposicionistas genuínos.

Não é isso, todavia, que desejam os vários “amigos” que Campos tem hoje na mídia de direita e nos partidos de oposição. O que querem é que seja um coadjuvante, que tome da presidenta votos à esquerda e no Nordeste, e faça algo para ajudar o candidato do PSDB a suplantá-la.

É verdade que o dinamismo do socialista atrai os que se sentem desconfortáveis com o estado atual da candidatura tucana. Aécio Neves passa por um momento delicado, espremido entre as traições dos serristas e o patético esforço da velha guarda de seu partido em abduzi-lo e mantê-lo sob controle, encarregando-o da inglória missão de defender a “herança de Fernando Henrique”.

Como o lançamento da Rede de Marina Silva deu em nada, resta aos antilulopetistas no momento a ilusão Campos. Falta combinar com ele se pretende ser o porta-voz da direita e se o eleitorado conservador o reconhecerá e se sentirá confortável com ele.

Mas tudo é secundário. Como em 1997, quando a eleição de 1998 parecia definida – e estava mesmo –, a eleição de 2014 tem cara de resolvida. Por mais que alguns se aborreçam.”

Mantega defende reforma tributária para aumentar competitividade e manter economia em crescimento




Daniel Lima, Agência Brasil
 
“O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu hoje (21) na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) a manutenção das desonerações e a reforma dos principais tributos, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do PIS/Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), para aumentar a competitividade e manter a economia em crescimento. A sessão foi convocada para debater as mudanças no ICMS em uma tentativa de acabar com a guerra fiscal. “Temos tributos arcaicos que já cumpriram o seu papel. Eram adequados para o passado, mas não são mais”, disse Mantega.

Mantega disse que mudanças no ICMS devem abrir portas para que os estados tenham mais arrecadação e modernizem suas economias. “A União não irá ganhar nada. Pelo contrário. Nós iremos entrar com os recursos [por meio de fundos para estudar os estados mais afetados com a reforma]. Mas nós teremos a recompensa com mais crescimento e mais arrecadação [no futuro].”
Antes, o ministro fez uma análise da atual situação da economia brasileira e mundial para defender as mudanças que incluem a reforma nos impostos. O ministro destacou ainda o fraco desempenho do comércio internacional que, segundo ele, termina “irradiando” os efeitos negativos por toda a economia. Para o ministro, 2013 poderá ser um ano melhor para o Brasil com os sinais positivos vindos dos Estados Unidos e a melhora da situação da União Europeia.

“Em 2013, esperamos um quadro um pouco melhor. As medidas adotadas pelo governo tem surtido efeito. A economia está caminhando ainda melhor no primeiro trimestre [deste ano] do que no quarto trimestre de 2012. Estamos em uma trajetória de gradual crescimento ante a crise que ainda não foi debelada. Mas essa crise exige uma série de medidas”, destacou para justificar as mudanças que incluem a reforma do ICMS.

A votação do projeto de resolução do Senado que unifica as alíquotas do ICMS entre os estados ficou para abril, pois existem pontos que precisam ser negociados com os governadores. Até o início desta semana, a votação estava prevista para a próxima terça-feira (26) na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE).

Com a alteração da data de votação, a expectativa é que o projeto vá a plenário até maio já que a resolução precisar ser aprovada antes de junho, quando termina o prazo de vigência da Medida Provisória 599, que dispõe sobre a prestação de auxílio financeiro pela União aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, com o objetivo de compensar perdas de arrecadação decorrentes da redução das alíquotas.

Entre os pontos a serem negociados está o montante de recursos para o fundo que compensará as perdas. Na proposta do Ministério da Fazenda estão estimados R$ 8 bilhões por ano, mas parte dos governadores querem até R$ 15 bilhões ao ano. Outro fundo é o de desenvolvimento regional (R$ 296 bilhões) para ajudar as regiões mais pobres até 2033.

Na estrutura atual, as alíquotas variam de 7% a 12%, mas, com a proposta, seriam reduzidas a 4% a partir do ano que vem e até 2016 nos estados do Sudeste e Sul. No caso das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a redução seria feita em 12 anos. A exceção ficaria com a Zona Franca de Manaus e para o gás natural da Bolívia transportado por Mato Grosso do Sul, cujo ICMS interestadual continuará em 12%. O assunto é polêmico entre os governadores e seus representantes no Congresso Nacional.

O ICMS interestadual é cobrado quando uma mercadoria passa de um estado para outro. O imposto é arrecadado pelo estado produtor, que fica com 12% ou 7% do valor do item, e pelo estado consumidor, que arrecada o que faltar da alíquota total do ICMS.

O governo federal tenta unificar as alíquotas alegando que isso poria fim à guerra fiscal, que é a prática dos estados de oferecer descontos ou financiar o ICMS interestadual para atrair, por exemplo, indústrias para os seus territórios. Na avaliação da equipe econômica, a unificação do imposto interestadual em 4% até 2025 acabaria com o problema. Em troca, os estados produtores teriam as perdas compensadas por um fundo de compensação automática e por um fundo de financiamento de projetos de infraestrutura até 2028.”

Quem é direita e esquerda hoje no Brasil?


Muitos ex-esquerdistas proclamam que superaram o maniqueísmo esquerda x direita, inadequado a esse mundo globalizado. Mera retórica para justificar o aburguesamentos de quem, em nome da esquerda, alcançou um estilo de vida à imagem e semelhança dos poderosos da direita: muita mordomia e horror, como confessou o general Figueiredo, ao “cheiro de povo” (exceto na hora de angariar votos) 

Frei Betto
O esgarçamento da política
Esgarçar: afastarem-se, soltarem-se os fios de um tecido (Caldas Aulete)

Quem é direita e esquerda hoje no Brasil? Eis um dilema shakespeariano. A direita, representada pelo DEM, se acerca do PMDB e, na palavra do senador Agripino Maia, propõe “oposição branda” ao governo Dilma Rousseff, que se considera de esquerda. 
O PPS do deputado Roberto Freire, versão ao avesso do Partido Comunista, apoia as forças mais retrógradas da República. O PDS de Kassab e o PMDB de Sarney ficam em cima do muro, atentos para o lado em que sopram os ventos do poder.
Como considerar de esquerda quem elege Renan Calheiros presidente do Senado, e Henrique Alves, da Câmara dos Deputados. Você, caro(a) leitor(a), qualifica como de esquerda quem se apoia em Paulo Maluf, Fernando Collor de Melo e Sarney?
Desde muito jovem aprendi que a esquerda se rege por princípios e, a direita, por interesses. E hoje, quem coloca os princípios acima dos interesses? Como você, que é de esquerda, se sente quando se depara com comunistas apoiando o texto do Código Florestal que tanto agrada a senadora Kátia Abreu?
A esquerda entrou em crise desde que Kruschov, líder supremo da União Soviética, denunciou os crimes de Stalin, em 1956. Naquela noite de fevereiro, vários dirigentes comunistas, profundamente decepcionados, puseram fim à própria vida.
Depois que Gorbachev entregou o socialismo na bandeja à Casa Branca, e a China adotou o capitalismo de Estado, a confusão só piorou. 
Muitos ex-esquerdistas proclamam que superaram o maniqueísmo esquerda x direita, inadequado a esse mundo globalizado. Mera retórica para justificar o aburguesamentos de quem, em nome da esquerda, alcançou um estilo de vida à imagem e semelhança dos poderosos da direita: muita mordomia e horror, como confessou o general Figueiredo, ao “cheiro de povo” (exceto na hora de angariar votos).
Ser de esquerda, hoje, é defender os direitos dos mais pobres, condenar a prevalência do capital sobre os direitos humanos, advogar uma sociedade onde haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano.
O fato de alguém se dizer marxista não faz dele uma pessoa de esquerda, assim como o fato de ter fé e frequentar a igreja não faz de nenhum fiel um discípulo de Jesus. A teoria se conhece pela práxis, diz o marxismo. A árvore, pelos frutos, diz o Evangelho. 
Se a prática é o critério da verdade, é muito fácil não confundir um militante de esquerda com um oportunista demagogo: basta conferir como se dá a relação dele com os movimentos populares, o apoio ao MST, a solidariedade à Revolução Cubana e à Revolução Bolivariana, a defesa de bandeiras progressistas, como a preservação ambiental, a união civil de homossexuais, o combate ao sionismo e a toda forma de discriminação.
Quem é de esquerda não vende a alma ao mercado.
 
Frei Betto é escritor, autor do romance histórico “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros.
http://www.brasildefato.com.br/node/12404

quarta-feira, 20 de março de 2013

"Liberdade de Imprensa"

Patifarias sobre a liberdade de imprensa
Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

E eis que o mundo todo discute os limites da mídia.

A discussão mais rica se dá no Reino Unido. O juiz Brian Leveson fez recomendações depois de ficar mais de um ano ouvindo pessoas de alguma forma envolvidas com a mídia. Políticos, jornalistas, donos de empresas de jornalismo, celebridades cuja privacidade desapareceu, cidadãos comuns cuja vida a imprensa transformou num inferno – Leveson teve material para publicar um relatório de 2 000 páginas.

A recomendação principal: a formação de um órgão regulamentador independente. A auto-regulamentação foi um fracasso, e as provas disso estão no comportamento da própria mídia britânica.

Para ficar num só caso. A ex-rainha dos tabloides, Rebekah Brooks, a queridinha de Rupert Murdoch, está escrencadíssima na justiça britânica. Rebekah está sendo processada sob duas acusações: a) esconder provas no caso de invasão de caixas postais; b) subornar policiais.

Fiscais não se auto-fiscalizam. Exclamação.

Dias depois de divulgado o relatório, o premiê David Cameron se reuniu com editores de jornais.

Cameron, basicamente, disse a eles que se mexam. Se têm alguma proposta a fazer, eis a hora, porque “o relógio está correndo”.

Cameron deixou claro seu apoio à essência das recomendações de Leveson.

1) A independência do novo órgão regulador em relação às empresas de jornalismo. A independência deve ser estendida, naturalmente, a outros centros de poder. O órgão não pode estar sob a tutela nem do Parlamento e nem do governo. Mas de novo: também não pode estar sob o controle das empresas de mídia.

2) Multas na “casa do milhão de libras”, quando for o caso.

3) Retificações rápidas e em lugar de grande destaque.

É mais ou menos o que se tem na Dinamarca, conforme já escrevi neste Diário. As reparações são feitas na primeira página dos jornais.

A opinião pública britânica apoia maciçamente o Relatório Leveson. Os ingleses já estavam enojados dos excessos da mídia. Cameron esboçou fazer reparos a Leveson e a voz rouca das ruas se levantou: o senhor tem que defender o povo da mídia, e não a mídia do povo. Cameron então deixou claro que está com Leveson. Olha o medo que eles têm do povo. O cara se volta contra a mão que o apoiou, na hora.

Noto que não se fala em distorcer a realidade, enganando a população, nem nas induções subliminares ao consumo, na publicidade infantil (que lá é proibida - ver documentário "Criança - a alma do negócio"), nem na omissão de informações importantes à coletividade, pra favorecer grandes empresas, nem na interferência descarada nos governos, legislativos e judiciários, nos financiamentos de campanha e por aí vai.

No Brasil, vigora a auto-regulamentação.

Funciona?

As próprias empresas colocam freios? Discutem, debatem, prestam contas para a sociedade? Num caso particularmente rumoroso, um repórter tentou invadir o quarto de um político em Brasília. Pode? Não pode? O assunto foi ao menos discutido pela mídia, ainda que fosse para aprovar a conduta do repórter e da publicação?

Liberdade de expressão não é algo que possa ser invocado para garantir que a mídia esteja acima da sociedade – e da lei.

Um juiz americano, numa comparação que ficaria célebre, escreveu que alguém que gritasse fogo num ambiente lotado e fechado não poderia depois invocar a liberdade de expressão para escapar das consequências da tragédia que possivelmente provocaria.

Depois de ver o debate britânico, é lastimável ouvir platitudes como as pronunciadas – sob ampla cobertura – dias atrás pelo juiz Ayres Britto.

Britto, que acaba de se aposentar do STF aos 70 anos, fez a defesa da liberdade de imprensa, mas com uma superficialidade que é chocante, primária, infantil quando contrastada com a mesma defesa da liberdade de imprensa feita pelo seu colega britânico Brian Leveson. “É um direito pleno”, afirmou ele.

Sob Pinochet, ou mesmo sob Geisel, Britto mereceria aplausos. Mas, numa democracia em que uma imprensa livre é um fato da vida, eis uma frase superiormente tola, e que esconde a real pergunta: qual o padrão ético da mídia tradicional brasileira, se é que existe algum?

No Reino Unido, Leveson não caiu na falácia de que liberdade de imprensa significa licença para matar. A sociedade tem que ser protegida dos excessos da mídia. Ou então a mídia presta um formidável desserviço ao interesse público.

"Excessos da mídia"? "Desserviço"? A mídia não comete excessos, comete crimes. Liberdade de imprensa pressupõe compromisso com a verdade. Se mentir, distorcer a realidade, omitir, falsear não são crimes definidos em lei, só pode ser porque compraram legisladores, corromperam ou ameaçaram, pra impedir. Mas não duvido que exista a lei e ela simplesmente não seja cumprida, ou tenha cláusulas que permitam malabarismos jurídicos. Pra favorecer essa estrutura social que entrega o que é público a grandes empresários e impõe uma vida de sofrimento e angústia a enorme parcela da população, retirando direitos no atacado, a mídia usa todos os recursos do seu poder de comunicação.

O que leva Britto a fugir do real debate – não a liberdade de imprensa, a favor da qual somos todos, vertebrados e invertebrados, mas a melhor maneira de evitar seus excessos?

Britto tem uma história complicada na família.

Em 2009, um genro seu foi flagrado numa conversa comprometedora com um político corrupto. Britto seria um dos juízes no julgamento do político, e o genro usou seu nome.

O caso virou manchete, justificadamente. E Britto, também justificadamente, disse que não podia responder pelo genro.

Britto teria ficado intimidado?

É uma possibilidade. Ele foi o principal responsável pelo fim da Lei da Imprensa, editada na era militar, e diz que aquela é sua maior contribuição ao país. Um instante: ao país? Que Leveson diga mais ou menos o mesmo na Inglaterra — não fará por modéstia e decoro — se compreenderia. Ele enfrentou a ira e o poder de Murdoch, por exemplo.

Britto não é Leveson.

Com o fim da ditadura, a Lei da Imprensa já não causava cócegas a nenhuma empresa jornalística, e também a nenhum jornalista, Era um cadáver jurídico.

Para lembrar: a Lei da Imprensa vigorava quando Paulo Francis caluniou diretores da Petrobras. Mas estes, sabendo o quanto ela era inoperante, foram processar Francis na justiça americana, uma vez que ele fizera as acusações em solo dos Estados Unidos. Francis ficou desesperado ao lidar com uma justiça que exigia provas para assassinato de caráter, e que cobrava pesado pela ausência delas. Morreu disso, segundo os amigos.

E no entanto, lá, até onde eu sei, a mídia também imbeciliza a população, conduzindo a mentalidade à superfície da forma e ao consumo compulsivo. Isso pode.

A morte de uma lei já morta trouxe um efeito colateral nocivo à sociedade. Sumiu, com a Lei da Imprensa, o direito de resposta. O que significa que a sociedade ficou desprotegida.

Britto se despediu da ativa com esse passivo enorme no currículo, e repetindo lugares-comuns que não reforçam a imagem da justiça brasileira e de seus mais elevados expoentes – a despeito do espaço generoso que os jornais dedicam a seu palavrório oco.

observareabsorver

Dilma, o menino e a mulinha


(Ilustra de Cárcamo)
Não sei se vocês conhecem uma fábula de Esopo que se chama “O velho, o menino e a mulinha” –também aparece com o nome de “O velho, o garoto e o burro” em algumas versões. Eu li com este título, quando era criança, na coleção de Monteiro Lobato, volume “Fábulas”. E nunca esqueci.
Para quem não conhece, trata-se da história de um homem que vai vender uma mula no mercado e sai puxando o animal pelo cabresto, ao lado do filho, quando se depara com um viajante:
– Esta é boa! O animal vazio e o pobre velho a pé!
Para “tapar a boca do mundo”, o velho sobe na mula e manda o menino puxar os dois, até que passam por uma turma de lavadeiras:
– Que graça! O marmanjão montado com todo o sossego e o pobre menino a pé…
Para “tapar a boca do mundo”, sobem ambos na mula. Um carteiro que o trio cruza pelo caminho dispara:
– Que idiotas! Querem vender o animal e montam os dois de uma vez… Assim, meu velho, quem chega à cidade não é mais a mulinha, é a sombra da mulinha…
O velho apeia e, para “tapar a boca do mundo”, sai puxando o animal com o menino em cima.
– Bom dia, príncipe!, diz um sujeito.
– Por que príncipe?, pergunta o menino.
– Ora, porque só príncipes andam assim, de lacaio à rédea!
Mais uma vez, o velho, decidido a “tapar a boca do mundo”, cede à opinião alheia e ele e o filho passam a carregar o bicho às costas. “Talvez isto contente o mundo”, ele diz. Um grupo de rapazes dá gargalhadas ao ver a cena:
– Olha a trempe de três burros, dois de dois pés e um de quatro! Resta saber qual dos três é o mais burro…
– Sou eu!, replicou o velho. Venho há uma hora fazendo o que não quero, mas o que quer o mundo. Daqui em diante, porém, farei o que me manda a consciência, pouco me importando que o mundo concorde ou não. Já vi que morre doido quem procura contentar toda gente…
Lembro dessa história toda vez que vejo notícias relacionadas à presidenta Dilma Rousseff. Parece impossível a Dilma agradar à imprensa. Se seu governo não toma nenhuma iniciativa, “está paralisado”. Se anuncia algum programa novo, “está visando 2014″. Se investe mais em educação do que em obras, “é má gestora”. Se investe mais em obras, “é negligente com a educação”. Se acata alguma decisão contrária do Congresso, “não tem pulso”. Se veta, “é autoritária”. Se Dilma não comenta a renúncia de Bento 16, é “pouco caso com o catolicismo”. Se vai ao Vaticano prestigiar o primeiro papa latino-americano, “é campanha”.
Dilma é o velhinho da fábula. O menino é seu governo. A mídia são os que cruzam com ela pelo caminho. A mulinha somos nós. Como brasileira, não quero que Dilma me carregue às costas nem que me puxe pelo cabresto. Espero que a presidenta governe, simplesmente. Que não mude seus planos, como fez o velhinho, tentando agradar a todos. Que não se preocupe em “tapar a boca do mundo” e siga sua consciência. E que a moral da história seja: é preciso fazer o melhor possível sempre, porque as críticas virão do mesmo jeito.
Cynara Menezes
No Socialista Morena, via contextolivre