De acordo com os pontos de vista que defendem, os grandes jornais invertem aquela máxima do ex-ministro Ricúpero de que “o que é bom a gente mostra e o que é ruim a gente esconde”. Como não gostam do governo Lula, escondem o que é bom e sempre vão atrás do ruim para tentar desmerecer o progresso social que se registrou.
Foi exatamente assim que aconteceu hoje, e você vai ver em detalhes como foi.
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Ipea divulgou um estudo hoje mostrando crescimento na renda média do trabalho no Brasil, entre 2002 e 2008, e, principalmente, entre 2004 e 2008, quando se fazem sentir as ações do governo Lula. E o que o jornal
O Globo foi buscar para abrir sua matéria? A informação de que a renda dos trabalhadores com mais anos de estudo caiu no período 2002 a 2008, embora sem referência ao fato, constante no estudo do Ipea, de que voltou a subir no período 2004 e 2008.
O Globo deveria ter dado uma olhada mais atenta no estudo para poder contextualizar melhor a informação que divulga. O rendimento real médio do trabalho realmente cai significativamente em 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, mantém a trajetória descendente em 2003, embora bem menos acentuada, quando Lula administrava a herança maldita, e chega a seu ponto mais baixo em 2004, quando atinge um mínimo de R$ 850. A partir daí, o rendimento do trabalho inicia uma trajetória de crescimento até chegar próximo de R$ 1.000, bem superior ao nível pré-governo Lula.
É importante refrescar a memória dos jornais que em 2002 a inflação fechou o ano em 12,93%, seu índice mais alto desde 1995, pelo terror espalhado pelos tucanos sobre as ameaças de um governo Lula e a perspectiva de quebras de contratos. O dólar chegou a quase R$ 4 e o risco Brasil passou dos 2.400 pontos, muito acima dos picos que atingira na crise da Rússia e na desvalorização do real de 1999.
Inflação alta deteriora salários e esse crescimento exagerado se refletiu sobre todo o ano de 2003. Só a partir de 2004 o governo pode começar a agir para recuperar a renda do trabalho, que vinha perdendo para a inflação. O crescimento da renda média do trabalho após 2004, por sinal, recupera a queda do início da década.
Nessa retomada, a faixa que mais cresce é a mais pobre, beneficiada pela política de valorização do salário mínimo. A evolução da renda do trabalho como um todo, que foi de 7,6% entre 2002 e 2008 e de 17,1% de 2004 a 2008, reduz as desigualdades no país. É por isso que os trabalhadores com menores salários tiveram um crescimento acima da média, assim como por escolaridade, os que tinham até quatro anos apresentaram maior crescimento.
Também melhoraram os rendimentos dos trabalhadores pardos e negros (que o Ipea chama de não brancos), das mulheres, do trabalho na zona rural (acima da média nacional) e na região Nordeste, que foi de quase 20% contra 2% do Sudeste.
O que o estudo do IPEA revela é que a dinâmica introduzida pelos aumentos do salário mínimo tem sido favorável aos mais pobres, o que junto com o crescimento da economia e a queda do rendimento dos trabalhadores mais qualificados resultou na queda da desigualdade de renda do rendimento do trabalho.