sábado, 15 de novembro de 2014

Trabalho infantil no Nordeste cai 57,3% nos últimos dez anos



Trabalho infantil diminui 57,3% no Nordeste entre 2004 e 2013
"Número de crianças e adolescentes de 5 a 15 anos em situação de trabalho infantil no Nordeste caiu 57,3% entre 2004 e 2013


O Nordeste registrou queda de 57,3% no número de crianças e adolescentes de 5 a 15 anos em situação de trabalho infantil, entre 2004 e 2013, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013. O estudo também mostrou a redução de 49,8% no trabalho de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos, no mesmo período.

Para ampliar esforços no combate ao trabalho infantil, gestores municipais e estaduais do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte participam esta quinta (13) e sexta-feira (14) do Encontro Intersetorial das Ações Estratégicas do Peti – Região Nordeste I, em São Luís (MA).

Segundo a secretária nacional de Assistência Social do Ministério doDesenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Denise Colin, os dados mostram uma redução expressiva nas atividades tradicionais de trabalho infantil na região. “A fiscalização dessas atividades, a presença das crianças nas escolas e os serviços de assistência social foram os principais fatores para a mudança desse cenário”, enfatizou.

 Além disso, a educação integral e o ensino técnico são elementos fundamentais para diminuição do trabalho infantil entre os adolescentes de 14 a 17 anos. A pesquisa apontou ainda que, na região Nordeste, 1,03 milhões de crianças entre 5 e 17 anos trabalham, sendo 467,363 mil em atividades agrícolas, 185,017 mil em comércio e reparação, 213,613 mil em serviços domésticos e 573,170 mil em outros serviços.


Denise Colin lembra que, em 2013, o ministério redesenhou o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), e agregou novas estratégias àquelas que já vêm sendo executadas com sucesso. A agenda do programa envolve um amplo processo pautado no fortalecimento da atuação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e na articulação intersetorial, que abrange desde o planejamento das ações estratégicas até a execução e monitoramento das ações nos municípios.

“Estamos fazendo encontros por região, apresentando um diagnóstico específico, bem como os desdobramentos necessários para erradicar o trabalho infantil”, observa a secretária, destacando ainda a realização do Encontro Nacional das Ações Estratégicas do Peti, em agosto deste ano. Até dezembro, o MDS promove mais três eventos intersetoriais em João Pessoa (Nordeste), Curitiba (Sul) e Brasília (Centro-Oeste).

Conferência

No ano passado, o Brasil sediou a III Conferência Global sobre Trabalho Infantil por ser referência na área. Na época, o ativista indiano Kailash Satyarthi, ganhador do prêmio Nobel da Paz de 2014, elogiou a Declaração de Brasília, o documento final da conferência. “A Declaração de Brasília vai ajudar e servir como uma ferramenta para auxiliar a trazer a mudança aos governos”, afirmou ele.

Embora o número de crianças e adolescentes diminua a cada ano no país, o trabalho infantil tende a se concentrar em situações invisíveis às ações do poder público ou naturalizadas por famílias e comunidades.
Até a realização da próxima conferência, em 2017, na Argentina, o Brasil está se organizando para que a soma das agendas intersetoriais avance na resposta aos compromissos internacionais firmados, o que possibilitará o cumprimento da meta de erradicação do trabalho infantil até 2020."

MDS

FHC, de "príncipe da sociologia" a "rei da hipocrisia"


Ontem o Jornal da Gazeta veiculou matéria sobre a Operação Lava Jato dando grande destaque ao fato de FHC ter dito que está envergonhado do que ocorre no Brasil. Sobre o passado do próprio FHC nada foi dito pelos telejornalistas.

FHC é suspeito de ter mandado comprar votos parlamentares para garantir a aprovação da Emenda Constitucional que possibilitou a sua reeleição. Com ajuda da imprensa, ele se apropriou da paternidade do Plano Real, o qual foi concebido por outras pessoas durante a gestão de Itamar Franco. Todos os membros da equipe de FHC enriqueceram de maneira não muito honesta durante a troca da moeda (episódio contado em detalhes por Luis Nassif em seu livro “Os Cabeças de Planilha"). A escandalosa venda de estatais a preço de banana durante o governo FHC é objeto de suspeitas até os dias de hoje e já rendeu vários livros. Durante o governo dele as denúncias de corrupção eram sumariamente arquivadas pelo Procurador Geral da República e a PF era absolutamente inoperante.

Ontem FHC exigiu a punição dos petistas por causa do escândalo na Petrobras. Curiosamente, ele nunca exigiu apuração e punição para tucanos envolvidos em corrupção (mensalão tucano de Minas Gerais, roubalheira do Metrô em SP, etc…), nem tampouco se mostrou indignado com o desfecho do caso envolvendo o tráfico de 450 quilos de cocaína num helicóptero de propriedade de um deputado ligado a Aécio Neves. O ex-príncipe da sociologia também não estranhou o fato da Sabesp ter distribuído lucros pouco antes da maior crise hídrica de São Paulo e o instituto dele embolsou 500 mil reais da companhia sem que o ex-presidente ficasse corado. FHC nunca criticou os Ministros Gimar Mendes, Marco Aurélio de Mello e Ellen Gracie em razão das decisões absurdas que os três proferiram para beneficiar réus tucanos e impedir ou bloquear investigações contra banqueiros ligados ao PSDB.

FHC é um ator consumado. Ao atacar os petistas na televisão ontem ele se portou como se fosse um homem de reputação ilibada, alguém cujo passado é absolutamente isento de manchas. Quem não o conhece chega até a acreditar que FHC está realmente preocupado com o combate à corrupção. Há algumas décadas a imprensa transformou-o no príncipe da sociologia. Ontem o Jornal da Gazeta o utilizou como uma arma para destruir o governo Dilma Rousseff e FHC se ajustou perfeitamente ao novo papel que a imprensa lhe atribuiu. Ele é o novo rei da hipocrisia.

O idoso líder tucano disse no Jornal da Gazeta que está envergonhado com o que ocorre no Brasil. Mas a verdade é que ele está envergonhando os brasileiros. Não só isto, FHC coloca em risco a democracia, a mesma democracia que ele supostamente ajudou a construir.

Fábio de Oliveira Ribeiro
No GGN, via http://www.contextolivre.com.br/2014/11/fhc-de-principe-da-sociologia-rei-da.html

A segunda chance para Dilma Rousseff



Só se saberá sobre o segundo governo Dilma quando a presidente retornar da reunião do G20 e anunciar novo ministério e novas medidas.

A campanha eleitoral lhe ensinou duas lições: a necessidade de escolher um Ministério de alto nível; e a importância de ouvir mais. Só.

A rigor, nenhum dos auxiliares, mesmo os mais próximos, sabe o que decidirá na volta da reunião do G20. Dilma continua presa às decisões solitárias em um cargo que, pela complexidade, exigiria equipes de assessoramento em várias frentes.

O exercício da presidência é tarefa tão complexa que é humanamente impossível um presidente tratar de todos os temas sem conselheiros de alto nível.

Um presidente precisa dar conta não apenas das tarefas administrativas e econômicas, mas de um emaranhado político complexo, em que entram as relações de poder entre as instituições, os acordos políticos, interesses de grupos, setoriais ou regionais.

Quando entra em jogo o próprio poder, a situação é muito mais delicada. Como definir estratégias políticas que resguardem o governo sem alimentar as teses conspiratórias da mídia? É desafio que demanda compreensão sofisticada do quadro político, interlocutores de nível com cada poder, operadores capazes de trazer informações confiáveis.

A falta de blindagem

Hoje em dia há consenso, entre assessores próximos a Dilma, de que ela ficou muito exposta no primeiro governo.

A demora na definição das concessões teria sido culpa da ex-Ministra Gleise Hoffmann e da equipe da Casa Civil. Sobrou para Dilma. O Ministério dos Transportes estava desestruturado. Os erros no setor de energia foram de responsabilidade da EPE (Empresa de Planejamento Energético) e do Secretário do Tesouro Arno Agustin. A conta foi para Dilma.

Na verdade, a responsabilidade final é toda do estilo Dilma, ao escolher seus assessores e definir um modelo de decisão fechado.

Na política, existe o fenômeno da segunda chance, a oportunidade que se confere a um político reconhecidamente honesto e bem intencionado – como é o caso de Dilma. Mas o grau de exigência de todos – de aliados a adversários – será exponencialmente maior.

Daí porque as próximas semanas serão decisivas para definir o futuro do governo Dilma. Os sinais que dará precisarão estar à altura do enorme desafio que terá pela frente. E serão desafios para gente grande nenhuma botar defeito.

E não bastará apenas a indicação de Ministros. Tem que dar sinais efetivos de melhoria no estilo de gestão.

Os desafios

Desafio macroeconômico – definir Ministros e políticas macroeconômicas sólidas, concatenadas entre Fazenda, Banco Central e Planejamento. E há a necessidade de definir uma estratégia sólida de redução da Selic e de mudanças no sistema de títulos públicos.

Desafio gerencial – amarrar investimentos em infraestrutura, logística, energia, telecomunicações, tudo isso demanda uma capacidade gerencial excepcional. O modelo atual não deu conta. Terá que redesenhar os processos e entregar a gestão a pessoas com fôlego administrativo.

Desafio político – a AP 470 foi um aperitivo perto do potencial explosivo da Operação Lava Jato. O governo Dilma – assim como o PT – não possui um interlocutor de peso com o poder judiciário, Ministério Público, Polícia Federal. Mal e mal conseguiu retomar um pouco a interlocução com o Congresso. Apenas dois Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) são considerados imunes às pressões da mídia: Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso. Dos demais espera-se pouco; de Antônio Dias Tofolli, a facada. Toffolli indispôs-se com Dilma depois que algumas indicações suas não foram acatadas e hoje em dia é considerado o Ministro mais próximo de Gilmar Mendes.

Sociedade civil – é tema tão relevante que exigiria uma estrutura só para cuidar desses relacionamentos. Existe o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), criado por Lula e praticamente desativado por Dilma. Poderia ser o caminho, além da revitalização do sistema de participação da sociedade civil.

O que existe de concreto

No centro do poder, ainda há muitas dúvidas sobre como serão os próximos meses.

Espera-se que a blindagem de Dilma seja feito por um triunvirato: o próximo Ministro da Fazenda, o Ministro-Chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante e o futuro ex-governador baiano Jacques Wagner. Deposita-se tanta fé na habilidade política de Wagner que passou a ser considerado figura chave mesmo sem saber qual será o seu cargo.

Ainda não há indicações sobre os novos Ministros. No Palácio, acredita-se que os cargos-chave serão dois: a Fazenda e o Ministério da Justiça.

Há consenso sobre a necessidade de um Ministro da Justiça de peso, capaz de uma interlocução de alto nível com o Judiciário e o Ministério Público.

Não há ilusões sobre o comportamento da oposição. Bill Clinton dizia que a presidência era a campanha permanente pela reeleição. Para o PSDB, será a campanha permanente de oposição, algo que Lula e o PT faziam bem quando oposição.

Não se tem dúvida de que a Operação Lava Jato será o palco da próxima grande batalha, o grande nó político dos próximos dois anos.

O papel da mídia, embora mais ostensivo, é o de menor dano. O problema maior são os vazamentos planejados ou permitidos pelo juiz, por delegados da Polícia Federal e pelos procuradores.

Pelas conversas com os palacianos, constata-se que não existe uma estrutura sequer dentro do governo pensando estrategicamente a questão. Não há operadores capazes de levantar informações sobre a Operação e os vazamentos, para se pensar em estratégias defensivas.

Luís Nassif
No GGN

Se conhecéssemos os sonhos do homem branco…


15/11/2014
A crise econômico-financeira que está afligindo grande parte das econonomias mundiais criou a possibilidade de os muito ricos ficarem tão ricos como jamais na história do capitalismo, logicamente à custa da desgraça de países inteiros como a Grécia, a Espanha e outros e de modo geral toda a zona do Euro, talvez com uma pequena exceção, da Alemanha. Ladislau Dowbor ( http://dowbor.org)., professor de economia da PUC-SP resumiu um estudo do famoso Instituto Federal Suiço de Pesquisa Tecnológica (ETH) que por credibilidade concorre com as pesquisas do MIT de Harvard. Neste estudo se mostra como funciona a rede do poder corporativo mundial, constituída por 737 atores principais que controlam os principais fluxos financeiros do mundo, especialmente, ligados aos grandes bancos e outras imensas corporações multinacionais. Para esses, a atual crise é uma incomparável oportunidade de realizaram o sonho maior do capital: acumular de forma cada vez maior e de maneira concentrada.
O capitalismo realizou agora o seu sonho possivelmente o derradeiro de sua já longa história. Atingiu o teto extremo. E depois do teto? Ninguém sabe. Mas podemos imaginar que a resposta nos virá não de outros modelos de produção e consumo mas da própria Mãe Terra, de Gaia, que, finita, não suporta mais um sonho infinito. Ela está dando claros sinais antecipatórios, que no dizer do prêmio Nobel de medicina Christian de Duve (veja o livro Poeira Vital: a vida com imperativo cósmico, 1997) são semelhantes àqueles que antecederam às grandes dizimações ocorridas na já longa história da vida na Terra (3,8 milhões de anos). Precisamos estar atentos, pois os eventos extremos que já vivenciamos nos apontam para eventuais catástrofes ecológico-sociais ainda na nossa geração.
O pior disso tudo que nem os políticos, nem grande parte da comunidade científica e mesma da população se dá conta dessa perigosa realidade. Ela é tergiversada ou ocultada, pois é demasiadamente anti-sistêmica. Obrigar-nos-ia a mudar, coisa que poucos almejam. Bem dizia Antonio Donato Nobre num estudo recentíssimo (2014) sobre O futuro climático da Amazônia: ”A agricultura consciente, se soubesse o que a comunidade científica sabe, (as grande secas que virão) estaria na rua, com cartazes, exigindo do governo proteção das florestas e plantando árvores em sua propriedade”.
Falta-nos um sonho maior que galvanize as pessoas para salvar a vida no Planeta e garantir o futuro da espécie humana. Morrem as ideologias. Envelhecem as filosofias. Mas os grandes sonhos permancecem. São eles que nos guiam através de novas visões e nos estimulam para gestar novas relações sociais, para com a natureza e a Mãe Terra.
Agora entendemos a pertinência das palavras do cacique pele-vermelha Seattle ao governador Stevens, do Estado de Washington em 1856, quando este forçou a venda das terras indígenas aos colonizadores europeus. O cacique não entendia por quê se pretendia comprar a terra. Pode-se comprar ou vender a aragem, o verdor das plantas, a limpidez da água cristalina e o esplendor das paisagens? Para ele, tudo isso é terra e não o solo como meio de produção.
Neste contexto reflete que os peles-vermelhas compreenderiam o o porquê e a civilização dos brancos “se conhecessem os sonhos do homem branco, se soubessem quais as esperanças que esse transmite a seus filhos e filhas nas longas noites de inversno, e quais as visões de futuro que oferece para o dia de amanhã”.
Qual é o sonho dominante de nosso paradigma civilizatório que colocou o mercado e a mercadoria como o eixo estruturador de toda a vida social? É a posse de bens materiais, a acumulação financeira maior possível e o desfrute mais intenso que pudermos de tudo o que a natureza e a cultura nos podem oferecer até à saciedade. É o triunfo do materialismo refinado que coopta até o espiritual, feito mercadoria com a enganosa literatura de auto-ajuda, cheia de mil fórmulas para sermos felizes,construída com cacos de psicologia, de nova cosmologia, de religião oriental, de mensagens cristãs e de esoterismo. É enganação para criar a ilusão da felicidade fácil.
Mesmo assim, por todas as partes surgem grupos portadores de nova reverência para com a Terra, inauguram comportamentos alternativos, elaboram novos sonhos de um acordo de amizade com a natureza e creem que o caos presente não é só caótico, mas generativo de um novo paradigma de civilização, que eu chamaria de civilização de re-ligação, sintonizada com a lei mais fundamental da vida e do universo, que é a panrelacionalidade, a sinergia e a complementariedade.
Então teríamos feito a grande travessia para o realmente humano, amigo da vida e aberto ao Mistério de todas as coisas. Ou mudamos ou seguiremos um triste caminho sem retorno.
http://leonardoboff.wordpress.com/2014/11/15/se-conhecessemos-os-sonhos-do-homem-branco/

Por que os delegados da Lava Jato devem sim ser investigados

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Por Paulo Nogueira, via DCM
Dilma usou várias vezes – mais do que deveria, é certo – o adjetivo “estarrecedor” nos debates com Aécio no segundo turno.
Imagino que seja por isso que uma nota do PSDB sobre os delegados da PF na operação Lava Jato tenha, logo no começo, exatamente essa expressão: “É estarrecedor”.
Mas o que é “estarrecedor” para o PSDB?
Bem, ficamos sabendo que o que supostamente causa horror ao PSDB é a decisão do ministro de Justiça de investigar os delegados da PF da Lava Jato que no Facebook, em grupo fechado, trocaram durante a campanha mensagens torrencialmente insultuosas contra Dilma, Lula e o PT.
O caso se limitaria simplesmente à questão de atentado à honra se não se tratasse dos delegados que estão investigando o episódio Petrobras.
Bastaria talvez aos agredidos processá-los na Justiça por calúnia e difamação.
Lula foi chamado de “anta”, e uma caricatura de Dilma com os dentes incisivos de fora ilustra um grupo do qual um delegado da PF faz parte.
Mas o assunto é muito mais complicado e muito mais grave.
Como policiais apaixonadamente antipetistas podem cuidar de um caso que exige completa isenção partidária para não se transformar num panfleto político?
Quem acredita que o antipetismo fulgurante dos policiais não vai interferir nas investigações – e nos vazamentos para a mídia – acredita em tudo, para usar a grande frase de Wellington.
Transporte os trabalhos, para que você tenha uma ideia da dimensão do problema, da polícia para a imprensa.
Como a Veja, por exemplo, se comportaria numa reportagem investigativa sobre o mesmo tema?
Com isenção? Levando ao leitor tudo que descobriu?
Ou, pelo furor antipetista, seria tentada a jogar luzes sobre o que lhe interessa e engavetar o que entende que possa prejudicar seus amigos e aliados?
Nem a velhinha de Taubaté, o personagem de Veríssimo que acreditava em tudo, confiaria nos resultados do trabalho de um grupo da PF tão tomado de ódio partidário.
Pelas postagens absurdas, ainda que fechadas, os delegados da PF na Lava Jato estão, sim, desacreditados.
O Brasil já viveu mais de uma vez – com Getúlio e Jango – situações em que, em nome do combate à corrupção, se tramou na verdade um golpe contra a democracia.
O combate à democracia – o real, o genuíno, o vital para o desenvolvimento social do país – é importante demais para ser deixado nas mãos de delegados da PF que parecem muito mais empenhados numa cruzada política do que numa operação policial.
Deve haver na PF delegados com a isenção indispensável para averiguar os fatos, ao contrário dos que faziam campanha anti-Dilma.
Se não houver, teremos um problema infinitamente maior do que o escândalo da Petrobras.

O golpe de Estado já está em andamento!


O noticiário de hoje não deixa dúvida de que a oposição brasileira, sem votos para eleger, legalmente, o presidente da República, já deu início ao seu esperado golpe de Estado para destituir a presidenta Dilma Rousseff. 
A ação espetaculosa de hoje da Polícia Federal, por meio do seu comitê tucano paranaense, que comanda a tal operação Lava-Jato, é mais um capítulo do roteiro do golpe.
Como é normal, os jornalões fazem a festa.
É tudo culpa do PT, da Dilma e do Lula!
São todos corruptos!
O jornalista Miguel do Rosário, editor do site O Cafezinho, aborda o tema num artigo esclarecedor.
É importante que ele seja lido, para que se entenda o que está se passando atualmente no país:


Uma tentativa concreta de golpe de Estado, finalmente!

A política brasileira já estava ficando enfadonha!
As pessoas devem entender que golpes de Estado são sempre assim: vem de dentro.
Explora-se as contradições de um governo, fomenta-se a insatisfação entre grupos que possuem autonomia funcional (como exército, judiciário, MP e PF), sem ligação com o povo, sem voto, mas detêm poder de fogo, dá-se-lhes uma cobertura midiática favorável, um verniz de legalidade, e pronto!
Temos uma embalagem perfeita para derrubar um governo legitimamente eleito.
Por uma linda coincidência, tudo acontece no dia seguinte em que se descobre que os policiais federais que cuidavam da operação Lava-Jato faziam estardalhaço, em suas redes sociais, com informações sigilosas, espalhando ofensas contra o governo e dando loas a Aécio Neves, o candidato da oposição.
Claro, tiveram que adiantar o ataque!
O mesmo setor da PF, sob orientação dos mesmos promotores do Ministério Público e da mesma Justiça, desencadeiam uma operação espetáculo, com uma cobertura intensa da mídia, para prender figuras graúdas de empreiteiras que fizeram negócios com a Petrobrás, além de um ex-diretor da estatal, Renato Duque.
Nos textos, os jornais “esquecem” deliberadamente que Duque foi indicado por Renan Calheiros, atual presidente do Senado. As declarações de Renan em favor da mídia, e contra qualquer democratização no setor, já surtiram efeito: ele está blindado.
Duque era líder do governo do PSDB até o final da era FHC, quando, após uma briga com Tasso Jereissati, muda para o PMDB de Renan.
O nome de Renan não é citado na mídia. O passado de Duque, desapareceu igualmente.
Numa operação alquímica mágica, Duque agora é “indicado de Dirceu”, e as matérias falam que a diretoria dele pode ter pago propina ao PT.
Ou seja, Renan, cacique do PMDB, colocou um tucano na Petrobrás para desviar para o… PT.
Muito lógico!
Não se fala mais de nenhum outro partido, deixando claro que a operação de hoje, midiática, sensacionalista, pode ser o primeiro grande ataque ao governo desencadeado a partir da “República do Galeão” do Paraná.
O núcleo de procuradores, agentes da PF, o juiz Sério Moro, o senador Alvaro Dias, além, é claro, do cartel midiático, não parece interessado numa investigação isenta e eficiente sobre os desvios na Petrobrás.
O objetivo é derrubar o governo.
A prisão espetaculosa de diretores de empreiteiras vai nesse sentido.
Os mesmos procuradores e agentes da PF que se posicionam com tanta agressividade contra o PT irão interrogá-los.
O juiz Sergio Moro irá oferecer-lhes delação premiada.
A mídia nem precisa falar nada. Todos sabem que a única maneira de escapar das malhas da fúria midiática é acusando o PT.
Resultado: todo mundo vai acusar o PT.
Não haverá necessidade de provas, além de declarações. Isso a imprensa já deixou claro. Ela se encarregará de fazer investigações, julgar, condenar e ainda vigiar as condições carcerárias.
A mídia brasileira aceita o papel com a volúpia de sempre: ser policial, juiz e carcereiro.
Esta é a razão pela qual a oposição quer tanto Eduardo Cunha na presidência da Câmara.
O plano é pedir o impeachment.
Conseguindo ou não, ao menos paralisam a máquina pública, e atrasam as grandes obras, para que não possam ser inauguradas por Dilma.
Ou a derrubam antes disso.
Enquanto isso, a imprensa cita a oposição para dizer que a etapa seguinte da Lava-Jato será a prisão de políticos.
Ora, como eles sabem?
Não há mais sequer o cuidado de esconder a relação orgânica estabelecida entre políticos de oposição do Paraná, como o senador tucano Alvaro Dias, e o deputado federal Rubens Bueno, do PPS, e a “República do Galeão”, ou “República do Paraná”.
Na CBN, os internautas avisam que Merval Pereira age como um sargentão sublevado em êxtase ao ver as tropas rebeldes nas ruas. Fala em “fim do governo” e outras expressões bem democráticas.
Na imprensa, os agentes da PF aparecem falando em “juízo final”.
O grande jogo já começou. A direita lançou a sua primeira grande cartada.
Claro que é preciso investigar os esquemas de corrupção na Petrobrás.
Transformar tudo, porém, num grande espetáculo político, comprometerá a isenção das investigações.
Pretender transformar um espetáculo num golpe de Estado, por sua vez, é um crime.
A direita não conseguiu vencer nas urnas, então agora vai apelar para o que sempre fez: golpe.
http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2014/11/o-golpe-de-estado-ja-esta-em-andamento.html#more

A Operação Lava Jato e o futuro do financiamento político


Do GGN

"Não se sabe ainda quais jogadas políticas se escondem por trás da Operação Lava Jato. Se for seletiva em relação a partidos políticos, desmoraliza. O vazamento de depoimentos na véspera das eleições é uma mancha na operação.
Se for, de fato, republicana, muda a história política e a luta contra a corrupção no país. E, por republicana, entenda-se o aprofundamento de todas as relações políticas do doleiro Alberto Yousseff  - e aí entram o PT, o PSDB, PMDB, PP e demais partidos.
***
Até agora, as mazelas políticas do país sempre foram tratadas de forma oportunista pela cobertura midiática. Jornais valem-se das denúncias não como instrumentos de aprimoramento do país, mas como armas do jogo político, em atendimento a seus interesses empresariais e de seus parceiros políticos e empresariais.
Na CPI do Banestado, a Polícia Federal levantou e-mails de um lobista da Andrade Gutierrez alertando José Serra de que, se as investigações não fossem interrompidas, iriam bater nos recursos da privatização. Segundo o procurador Celso Três,  que participou das investigações, houve "aberrante morosidade na investigação", devido à atuação do então Procurador Geral da República Geraldo Brindeiro - denominado de "o engavetador-mor" de FHC. A morosidade do MPF permitiu a prescrição dos crimes.
A Operação Castelo de Areia envolvendo a Camargo Correa, alguns anos atrás, flagrou pagamento de propinas a políticos de ponta do PSDB paulista, como o ex-Chefe da Casa Civil do governo Alckmin, Arnaldo Madeira. Acabou sepultada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob a alegação de que se iniciara a partir de uma denúncia anônima. Votaram pela anulação a ministra Maria Thereza de Assis Moura, e os ministros Og Fernandes e Celso Limonge.
***
Outra operação, a Satiagraha, atingiu o coração de um vasto esquema de corrupção que envolvia do mensalão do PSDB ao do PT. Foi sufocada por uma pressão conjunta do governo Lula, dos grupos de mídia, de aliados de José Serra - cuja filha era sócia de Daniel Dantas - , e do óbvio Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O STJ anulou a operação, através dos votos do ministro Jorge Mussi, do relator, desembargador Adilson Macabu, e o ministro Napoleão Nunes Maia Filho. No Congresso, Dantas recebeu o apoio entusismado dos notórios senadores Arthur Virgilio (PSDB-AM) e Álvaro Dias (PSDB-PA). Na imprensa, apoio da revista Veja, depois de presenteá-la com dois cadernos de publicidades de empresas de telefonia controlada por ele.
***
Até agora, a Operação Lava Jato recebeu amplo apoio dos grupos de mídia por visar, por enquanto, apenas o PT e os governos Dilma e Lula. Não se pense, da parte dos grupos de mídia, em nenhuma bandeira desfraldada contra a corrupção, mas em interesses políticos e empresariais bastante objetivos.
A Operação, em si, revela uma imensa teia de jogadas envolvendo a Petrobras, a maior empresa brasileira e montadas a partir de executivos indicados no governo Lula. A liberdade conferida a Paulo Roberto Costa superou todos os limites do bom senso. Se o PT pretendia inserir-se no establishment político brasileiro, conseguiu com louvor. Mas sem blindagem.
*** 
Yousseff é muito mais que isso. É mencionado no livro "A privataria tucana" como homem-chave na remessa de recursos de caixa dois de caciques tucanos  para o exterior. Participou diretamente de operações que passavam por recursos da privatização, além das operações do notório Ricardo Sérgio - o homem de Serra no Banco do Brasil.
***
Se houver, de fato, espírito republicano por parte do juiz Sérgio Moro, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, aplica-se um golpe de morte em todo sistema de financiamento clandestino de campanha eleitoral.
Depois da prisão de executivos, nenhuma grande empresa irá correr mais riscos de continuar nesse jogo. 
O STF já votou contra o financiamento privado de campanha. A votação não foi homologada ainda devido ao vergonhoso Gilmar Mendes que, mesmo já sendo voto vencido, pediu vistas do processo e engavetou-o."

Líder dos sem-teto dá chinelada intelectual em Gilmar Mendes


Perigosas bolivarianas conspirando
Miguel do Rosário, Tijolaço  

"E que chinelada!

É de perder o fôlego.

Gilmar Mendes, depois dessa, deveria ir a Caracas, afogar as mágoas com a direita de lá, que perde eleições para os “bolivarianos” desde 1999.

*
Gilmar Mendes e o bolivarianismo

Por Guilherme Boulos, na Folha.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, saiu “às falas” mais uma vez. Na semana passada, o ministro deu uma entrevista à Folha alardeando o risco de “bolivarianismo” no Judiciário brasileiro.

Afinado, como sempre, com o PSDB e ecoando as vergonhosas marchas de Jair Bolsonaro (PP) e companhia, apontou a iminente construção de um projeto ditatorial do PT, que passaria pela cooptação das cortes superiores. Não poderia deixar de recorrer ao jargão da moda.

Gilmar Mendes, todos sabem, é um bravateiro de notória ousadia. Certa vez, chamou o presidente Lula “às falas” por conta de um suposto grampo em seu gabinete, cujo áudio até hoje não apareceu. Lula cedeu e demitiu o diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Mais recentemente, o ministro comparou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a um “tribunal nazista” por ter barrado a candidatura de José Roberto Arruda (PR) ao governo do Distrito Federal. O único voto contrário foi o dele.

O próprio Arruda afirmou que FHC –que indicou Mendes ao STF– trabalhou em favor de sua absolvição. Para quem não se recorda, Arruda saiu do palácio do governo direto para a prisão após ser filmado recebendo propina.

Quem vê o ministro Gilmar Mendes em suas afirmações taxativas e bradando contra o “bolivarianismo” pensa estar diante do guardião da República. Parece ser o arauto da moralidade, magistrado impermeável a influências de ordem política ou econômica e defensor da autonomia dos poderes.

Mas na prática a teoria é outra. Reportagem da revista “Carta Capital”, em 2008, mostrou condutas nada republicanas de Mendes em sua cidade natal, Diamantino (MT), onde sua família é proprietária de terras e seu irmão foi prefeito duas vezes.

Lobbies, favorecimentos e outras suspeitas mais. Mendes, que questionou o PT por entrar com ação contra a revista “Veja”, processou a revista “Carta Capital” por danos morais.

Já o livro “Operação Banqueiro”, de Rubens Valente, mostra as relações de Mendes com advogados de Daniel Dantas, que após ser preso pela Polícia Federal na Operação Satiagraha, foi solto duas vezes pelo ministro em circunstâncias bastante curiosas. Na época, ele também acusou uma ditadura da PF, mostrando o que parece ser seu estratagema predileto.

Mais recentemente, seu nome foi envolvido na investigação da Operação Monte Carlo, sob a suspeita de ter pego carona no jatinho do bicheiro Carlinhos Cachoeira, na ilustre companhia do senador Demóstenes Torres, cassado depois por seu envolvimento no escândalo. Em julho deste ano, Mendes deu uma liminar que permitiu a Demóstenes voltar ao trabalho como procurador de Justiça.

São denúncias públicas, nenhuma delas inventada pelo bolivariano que aqui escreve. Assim como é público que o ministro mantém parada há 7 meses a ação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que propõe a inconstitucionalidade do financiamento empresarial de campanhas e que já obteve a maioria dos votos no Supremo, antes de seu pedido de vistas.
Ou seja, a trajetória de Gilmar Mendes está repleta de ligações políticas e partidárias, aquelas que ele acusa nos outros magistrados, os bolivarianos.

Afinal, o que seria uma “corte bolivariana”? Se tomarmos os três países sul-americanos que assim são identificados –Venezuela, Bolívia e Equador– veremos que todos passaram por processos de reformas no Judiciário.

No caso da Bolívia, a reforma incluiu o voto popular direto para juízes, estabelecendo um controle social inédito sobre o Poder Judiciário. O mesmo controle que já existe sobre o Executivo e o Legislativo. Por que o Judiciário fica de fora? Por que não presta contas para a sociedade? Não, aí é bolivarianismo!

Na Venezuela e no Equador o foco das reformas foi o combate das máfias de toga e dos privilégios de juízes. Privilégios do tipo do auxílio-moradia que os juízes brasileiros ganharam de presente do STF neste ano. Mais de R$ 4.000 por mês para cada juiz. A maioria deles tem casa própria, mas mesmo assim poderá receber o auxílio. Cada auxílio de um juiz poderia atender a oito famílias em situação de risco.

O Judiciário é o único poder da República que, no Brasil, não tem nenhum controle social. Regula a si próprio e estabelece seus próprios privilégios. Mas questionar isso, dizem, é questionar a democracia. É bolivarianismo.
Este tal bolivarianismo produziu reformas estruturais e populares por onde passou. Os indicadores mostram redução da desigualdade social, da pobreza, dos privilégios oligárquicos e avanços consideráveis nos direitos sociais. Basta ter olhos para ver e iniciativa para pesquisar. Os dados naturalmente são de organismos bolivarianos como a ONU e a Unesco.

Pena que nessas terras o bolivarianismo seja apenas um fantasma. Fantasma que a oposição usa para acuar o governo e o governo repele como se fosse praga. Afinal, Gilmar Mendes pode chamá-lo “às falas”.

Guilherme Boulos, 32, é formado em filosofia pela USP, professor de psicanálise e membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Também atua na Frente de Resistência Urbana e é autor do livro “Por que Ocupamos: uma Introdução à Luta dos Sem-Teto”.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

As agendas em disputa na segunda gestão Dilma


Dilma terá um Congresso conservador como um de seus maiores obstáculos no segundo mandato. Mas as presenças de Lula e Jacques Wagner na condução política ajudarão a superar estes obstáculos
Dilma terá um Congresso conservador como um de seus maiores obstáculos no segundo mandato. Mas os reforços de Lula e Jacques Wagner na condução política ajudarão a superar estes obstáculos
A presidenta Dilma já teve seu primeiro mandato encerrado, devido as urgências colocadas à mesa, seja por setores conservadores da mídia, pela oposição ou pela renhida disputa interna, que coloca em alerta grupos políticos que se abrigam na coalizão que apóia no parlamento sua administração.
O segundo mandato está antecipado face as agendas que lhes são e serão cobradas. As pressões não serão poucas, mas a capacidade política para geri-las terão que ser muitas.
Fazenda
De imediato é colocada à prova a possibilidade do governo continuar guiando sua política econômica, prestigiando o emprego, a renda e a aceleração de obras importantes. O crescimento econômico é, para alguns críticos e conselheiros de Dilma, fator fundamental para a retomada de um ciclo ainda mais virtuoso de geração de riqueza e distribuição da mesma, em uma intensidade que seja capaz de dar conta do desafio de superar os dados sócio-econômicos gerados na última década e consolidar o Estado de bem estar social.
A presidenta, em silêncio desafiador, é cercada por desenvolvimentistas e agentes do mercado, via imprensa, para escolher, “para ontem”, o novo condutor do Ministério da Fazenda, o responsável por formular as políticas que poderão dar, a um dos dois grupos que a pressionam por essa escolha urgente, a primazia, no primeiro momento do segundo mandato, sobre os rumos do país nesta área bastante significativa, capaz de influenciar todo o conjunto de ações de uma administração pública.
E não é só esta agenda que está posta.
Reforma Política
Por outro lado, e aí incentivada pela própria mandatária, a reforma política ganha destaque, ao menos nas redes sociais, naquilo que promete ser uma das grandes batalhas dos próximos quatro anos.
O governo encontrará uma base mais conservadora e bastante desfalcada de lideranças de esquerda. O Congresso que Lula entregou a Dilma em 2010 não se assemelha a este que assumirá muitas cadeiras a parti de 2015, considerado o mais reacionário desde 1964.
Este novo Parlamento traz consigo o signo do retrocesso e bandeiras retrógradas como a redução da maioridade penal.
Dilma terá que contar com um esforço e capacidade de articulação política muito maior e melhor do que seu governo foi capaz de imprimir na atual gestão, que se encerra no final do próximo mês.
Propor e aprovar uma constituinte exclusiva para a reforma política, que acabe com o financiamento privado de campanha, o fim das coligações proporcionais e transforme em crime o caixa dois, entre outras proposições importantes para aperfeiçoar a representação política da sociedade, parecem tarefas pouco prováveis de prosperar, em um ambiente dominado por parlamentares eleitos graças aos vícios da legislação eleitoral vigente. Em time que está ganhando não se mexe, pensarão muitos dos legisladores que serão empossados na próxima legislatura e que são cortejados, vejam só, por Eduardo Cunha, um dos deputados federais que mais sabem surfar na onda do dinheiro privado e do abuso do poder econômico.
Em política nada é impossível, pode-se dizer improvável.
O reforço do ex-governador baiano, Jacques Wagner, e da presença mais constante de Lula, podem e devem ajudar na governabilidade do segundo mandato de Dilma.
Essas presenças são indispensáveis para mobilizar a sociedade em prol de ideias como a da reforma política e pressionar o Congresso para apreciá-las. Sem essa mobilização e lideranças competentes, esta agenda se perderá nas mesas da Câmara e do Senado.
Governo novo, nomes fortes
Nomes fortes e inquestionáveis precisarão encorpar a equipe de governo, não apenas do PT, mas de todos os partidos que compõe o amplo arco de aliança.
Isto não é tudo, o PT precisará compreender a necessidade de abrir espaço no ministério para os partidos que compõe o governo e deverá lutar, prioritariamente, para ocupar postos importantes para a boa condução das vitoriosas políticas sociais e manter a hegemonia da economia.
Lei de Meios e Polícia Federal republicana
Áreas sensíveis como as comunicações e a justiça precisarão de ministros bem reconhecidos, de preferência oriundos destas áreas, não necessariamente dos partidos, e que simbolizem tanto o desejo de democratização e construção de um novo marco legal para os meios de comunicação, como para aparar as arestas políticas de parte da Polícia Federal, além de ser capaz de dialogar com o judiciário, sendo respeitado.
Os desafios são numerosos, as pressões não cessarão, a mídia continuará agindo como partido político da oposição.
A economia e o gerenciamento político terão que ser efetivos e render bons frutos.
Isto alcançado, as demais diretrizes terão um ambiente menos hostil para prosperar.
Dilma inicia seu segundo mandato com a legitimidade de ter recebido a confiança de mais de 54,5 milhões de eleitores, mas a batalha apenas começou, a governabilidade começará quando as mangas forem arregaçadas.
https://blogpalavrasdiversas.wordpress.com/2014/11/13/as-agendas-em-disputa-na-segunda-gestao-dilma/

Após oito derrotas, a direita sonha ou delira com um novo golpe de estado. Vai ter que encarar 150 milhões de brasileiros e brasileiras






O cenário político brasileiro pós-eleições, com mais uma vitória de Lula e Dilma e do povo brasileiro - dos de baixo, enfim - deixou uma parcela minoritária da população agitada. Pequenos grupos saíram às ruas de algumas cidades defendendo o Impeachment da presidenta Dilma e a volta da ditadura militar. Na sequência desses atos de saudosistas dos tempos sombrios, houve um pequeno golpe contra a população no congresso nacional, com a união de deputados derrotados e ressentidos, que derrubaram o decreto da presidenta Dilma que regulamentava a criação de conselhos populares. Essa gente não gosta de participação popular, de povo, a não ser como massa de manobra.

Em seguida, foi a vez do candidato derrotado à presidência da República usar a tribuna do senado para fazer discurso. Disse que falava em nome de um exército de opositores, uma linguagem que agrada os ouvidos da direita fascista que cada vez mais mostra os dentes nas ruas: agride as mulheres, os negros, os pobres e os nordestinos, como se tratassem de uma raça inferior. Coisa de fascistas mesmo. Ainda na sequência, algumas poucas famílias privilegiadas disseram que pretendem mudar para Miami. Pena que sejam poucas famílias. Disse outro dia: a passagem de ida sem volta para Miami é a serventia da Casa (Brasil) para os filhos ingratos. E não esqueçam de levar o cantor Lobão, que ao que parece desistiu de mudar do Brasil. Que pena. Seria tão bom se ele não tivesse desistido.

Toda essa irritação de uma parcela até expressiva da população, embora minoritária, tem uma razão de ser. Há uma explicação para isso. E por que eu coloco nesses termos, como se houvesse uma certa surpresa nessa reação desta parcela da população? Simples. Porque nos últimos 12 anos o Brasil melhorou como nunca antes. Um número muito expressivo da população - mais de 30 milhões de pessoas - saíram da miséria e da fome. No período mencionado, o Brasil conseguiu a proeza de viver com inflação baixa, baixo desemprego, aumentos reais de salários e crescimento do PIB, assim, tudo junto, durante mais de uma década. Toda essa combinação seria motivo para que uma enorme maioria da população botasse fé nas potencialidades do Brasil e do povo brasileiro, ao contrário do que ocorre atualmente. E vamos entender porquê.

Antes do período citado, o Brasil crescia no PIB, mas arrochava salários. Ou seja: uma minoria se enriquecia e a maioria vivia na miséria; ou então, para controlar a inflação, os governos confiscavam direitos, arrochavam salários e lascavam políticas de recessão. Atingia um determinado objetivo - inflação mais baixa, por exemplo, mas sempre às custas dos mais pobres. Os governos do PT, com todas as limitações que já citamos aqui antes, conseguiram quebrar essa lógica, desenvolvendo políticas sociais de amparo aos de baixo, além de não permitir que a macroeconomia fosse sustentada na lógica do arrocho salarial, ou do desemprego, como acontecia nos tempos neoliberais de FHC.

O PT cometeu o erro de não combinar os avanços sociais com um embate político com as elites. Ou seja, o PT não fez política em cima de suas políticas sociais, se acomodou e com isso não contribuiu para a construção de uma consciência crítica das parcelas da sociedade que melhoraram de vida.

Uma parte da elite brasileira, muito poderosa e ligada a grandes grupos econômicos nacionais e estrangeiros, não concorda com essa política de inclusão, de mais investimentos sociais, de solidariedade aos vizinhos latino-americanos e a outros povos como os palestinos. Essa elite dominante detém a maior parte do PIB brasileiro, é dona da maior parte das terras do país e detém também praticamente 100% dos meios de comunicação, a mídia. TVs, rádios e jornais estão a serviço desse pequeno grupo de famílias que detém as riquezas produzidas por todos os brasileiros e brasileiras.

Essa gente não gosta do povo brasileiro, a não ser como escravos, ou como funcionários mal remunerados, sem direito algum. Eles gostavam quando os pobres não podiam andar de avião, a não ser como empregados deles - babás, carregadores de malas, etc. Hoje os pobres andam de avião de igual para igual com a classe média alta. Nem vou mencionar aqui os ricaços, porque estes têm seus jatinhos e helicópteros e não passam por esta "humilhação" de ter que se sentar ao lado, num avião, ou num restaurante, de um assalariado de baixa renda.

Essa elite é preconceituosa contra os pobres, contra os negros, contra as mulheres e contra os nordestinos. Um preconceito de classe, representado politicamente pelos tucanos e afins, embora haja mesmo entres estes pessoas com bom senso, capazes de respeitar o outro. Mas, essa elite é minoria da minoria. Não representa nem 10% da população. Por que então se tem a impressão de que quase a metade do país estaria insatisfeita com o governo federal a ponto de não ter votado pela reeleição da atual presidenta?

Existem várias explicações para isso. Uma delas é que, com o crescimento do consumo e com a melhoria das condições de vida das pessoas dentro da lógica de disputa de mercado, várias pessoas que se deram bem passaram a adotar a forma de ver o mundo das elites dominantes. Houve uma assimilação cultural. É muito comum encontrarmos "pobres, pobres, pobres, de marré, marré, deci" defendendo os interesses dos de cima. Porque a ideologia dominante da nossa sociedade é ditada pelos de cima, pelas elites dominantes. Muita gente foi culturalmente educada para acreditar que os pobres não são capazes de "vencer na vida", de ascender socialmente. E muitos, quando "chegam lá", ou seja, como adquirem uma condição social melhor, continuam acreditando nisso. Eles foram capazes de crescer individualmente, e não se enxergam enquanto parte de uma parcela da sociedade da qual vieram. Falta-lhes aquele instinto de classe, de solidariedade ao próximo, que brota quase sempre nos embates políticos. Mas, felizmente, não é a maioria que tem esse bloqueio mental que dificulta o seu entendimento do processo social como um todo.

Uma outra explicação complementar, e talvez mais forte ainda, é a nefasta ação da mídia golpista. Dominada por poucas famílias ligadas umbilicalmente com a elite dominante, essa mídia trabalha 24 horas por dia contra os interesses da maioria do povo brasileiro. Atacam os movimentos sociais, as conquistas dos trabalhadores, criticam governos como o de Lula e Dilma justamente naquilo que eles fazem de melhor, que são as políticas sociais, como: Bolsa Família, Pronatec, Prouni, Mais Médicos, Minha casa minha vida, Luz para todos, além do controle dos preços da energia elétrica e da gasolina, etc. Este aumento de 3% na gasolina, por exemplo, após um ano sem aumento, está abaixo da inflação e a mídia apresenta isso como fosse uma coisa de outro mundo. Ninguém menciona que os tucanos em Minas tentaram aumentar em quase 30% de uma tacada só, o preço da luz.

Esses meios de comunicação estão nas mãos de famílias que apoiaram e sustentaram o golpe civil-militar de 1964. Quando houve o processo de reabertura política, desgraçadamente, nessas manobras palacianas urdidas na calada da noite, e graças às tenebrosas negociatas em benefício de poucos, foi preservado o monopólio privado das comunicações. Um verdadeiro atentado à democracia brasileira e à liberdade de expressão. Hoje, graças a esse monopólio da mídia nas mãos de poucas famílias, o que se lê nos jornais e revistas e o que se ouve nas rádios e TVs é praticamente a mesma notícia. Uma mesma nota musical. O pensamento único, sempre em favor de políticas neoliberais, da privatização de tudo, contra a participação popular, contra o controle social do estado pela população, contra, enfim, os governos mais comprometidos com os de baixo.

É por isso, por exemplo, que Dilma foi atacada nos últimos anos sem dó. Quem ouviu os telejornais da Band, da Globo, da Itatiaia, do SBT - da revista Veja nem precisamos falar, é o pitbull da direita golpista - sabe muito bem o que estou dizendo. Não houve um dia sequer sem ataques diretos ao governo Dilma, enquanto os governos tucanos eram e continuam poupados pela mídia e seus comentaristas. O pior é que tentam cinicamente se apresentarem como "neutros", "imparciais", quando na verdade fazem aberta campanha anti-petista e anti-governo federal.

Durante a campanha
 eleitoral nós vimos o que aconteceu: era Dilma sozinha contra 10 candidatos a serviço da direita, além da mídia que fazia campanha abertamente, todos os dias, contra o PT, contra Lula e contra Dilma. Uma verdadeira agressão à inteligência do povo brasileiro, que respondeu, talvez por isso mesmo, mas não somente, com mais uma derrota das elites.

A Rede Globo lançou uma novela das 9h - o escândalo na Petrobras - com roteiro e personagens bem definidos, cuidadosamente selecionados e prontos para entrar em cena nos próximos capítulos. Cansamos de enxergar a careta de dois bandidos confessos, que se tornaram os heróis da direita e da Globo, com acusações sem prova apenas contra o PT. Até que finalmente, depois de vários dias, apareceu uma acusação contra o PSDB. Pronto. Foi o suficiente para que a Globo mudasse o tom da conversa, a novela foi definhando, assim como definhou uma outra novela, a da morte súbita de Eduardo Campos e a divina aparição de Marina Silva. O golpe final, a bala de prata, foi a capa da revista, ou melhor, do panfleto Veja, que a militância tucana tratou de copiar e distribuir nas ruas de SP um dia antes das eleições.

Tudo isso acontecendo na cara de um TSE morto, covarde até, incapaz de colocar um freio no abuso praticado pela mídia. Apesar de toda esse esquema montado com a mídia, pastores de direita pregando contra Dilma, bolsa de valores despencando toda vez que Dilma subia nas pesquisas, enfim, apesar de todas essas jogadas, o povo brasileiro, na sua maioria, não se deixou manipular. Resistiu heroicamente. Um viva todo especial ao bravo povo nordestino, que mais uma vez não se curvou. E desta vez, temos que destacar também a postura do eleitorado de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e da maior parte do Norte do país. Em nome da preservação das conquistas sociais, e temendo as consequências danosas de um retorno dos tucanos ao governo, a maioria dos eleitores elegeu novamente Dilma presidenta do Brasil. Foi uma vitória de todo o povo brasileiro, já dissemos aqui. Simbolicamente falando.

Com esta, são oito vitórias sobre as forças das elites. Quatro com Lula (primeiro e segundo turnos dos dois mandatos) e quatro com Dilma. É muita derrota eleitoral para uma elite acostumada a mandar e desmandar sem voto. É o caso da mídia golpista. Nunca recebeu um voto sequer de qualquer cidadão e tenta ditar a agenda dos governos, dos tribunais de justiça, dos parlamentos. E o pior é que tem conseguido, quase sempre. Por isso é preciso regulamentar a mídia, acabar com o monopólio, fortalecer as rádios e TVs públicas, e uma imprensa alternativa formada por rádios e TVs comunitárias, jornais de Interior e blogs independentes.

Se o governo Dilma quiser sobreviver até 2018, desta vez terá que encarar a democratização da mídia como tema central. Não dá mais para aceitar que meia dúzia de famílias e seus comentaristas de aluguel ditem o que é certo e o que é errado. Nós brasileiros temos voz própria e não precisamos da tutela de uma mídia que está claramente a serviço dos piores interesses. É preciso garantir a diversidade de opinião, a diversidade e a riqueza cultural do nosso país, hoje ameaçada pelo monopólio das comunicações. É preciso garantir a real liberdade de expressão, que só acontece quando as pessoas podem falar, e podem responder, se atacadas, o que não acontece hoje no Brasil, a não ser através da Internet. Se a Rede Globo resolve me atacar eu não terei direito de resposta. É muito poder para uma família que não recebeu um único voto dos cidadãos para exercer tal poder. Rádios e TVs, por exemplo, são concessões públicas e deveriam manter um padrão ético de respeito ao próximo, de valorização das riquezas e da diversidade cultural e de fortalecimento da nossa democracia. Ao contrário, as rádios e TVs se tornaram partido político, cujos comentaristas, praticamente sem exceção, atacam o governo Dilma, o PT e Lula 24 horas por dia, enquanto poupam os tucanos e afins.

Essa elite, que domina a maior parte do PIB brasileiro - sabe-se lá como conseguiram tanto poder econômico - e domina também a mídia, não tolera conviver com um governo federal que faz concessões à direita, mas que defende os interesses dos de baixo. Essa elite se julga dona do Brasil. É arrogante. Para ela, o candidato dela, elite dominante, fosse Marina ou Aécio, tinha que ser eleito. Para essa elite, como pode o povo pobre não acatar essa ordem de cima, desse grupo que manda e desmanda no Brasil? A mídia vem dizendo claramente que tudo está errado, que o Brasil está em crise terminal, que não há salvação enquanto o governo do PT lá estiver, então por que essa gentinha continua votando na Dilma e no Lula?

É por isso que algumas hordas de fascistas saíram às ruas pedindo a volta dos generais de pijama. Na compreensão deles, se pelo voto não dá, vai pela força mesmo, como fizeram em 1964, derrubando um dos melhores presidentes que o Brasil já teve: João Goulart. Mas, uma parte da elite raivosa é menos ignorante do que estes grupos que brigam nas ruas e pedem o retorno da ditadura. Eles querem agora derrubar o governo Dilma de outra forma, mais sutil, mas não menos canalha e golpista. Para isso, apostam na formação de uma maioria no congresso nacional, com a eleição de Eduardo Cunha para presidente da Câmara dos Deputados. É o terceiro cargo na hierarquia dos poderes. Na ausência de Dilma e do seu vice, é ele quem assume a presidência. Essa elite então agora trabalha com a possibilidade de um impeachment da nossa presidenta. Mesmo que não consiga levar até o final esta ridícula proposta, eles querem desgastar ao máximo a presidenta, para impedir que ela governe e realize mais conquistas em favor dos de baixo.

Querem impedir que haja reformas políticas que garantam maior participação e controle popular; querem impedir que haja a regulação da mídia, com a democratização dos meios de comunicação; querem impedir que haja mais investimentos no social, especialmente na Saúde e na Educação, pois isso representa tirar recursos de bancos e grupos de rapina que controlam o orçamento público.

Enfim, é contra esses golpes urdidos pela elite dominante, e que atentam contra a vontade majoritária da população brasileira, que devemos estar atentos. E prontos para defender os nossos direitos e interesses. E também para defender o governo Dilma, caso atacado pelas elites. Temos todo o direito e o dever de criticar o governo Dilma naquilo que não concordarmos. Mas, não podemos permitir que a presidenta Dilma seja chantageada ou pressionada por essa elite e seus capachos. Os interesses dos de baixo estão acima dos interesses dessa minoria que não aceita repartir o pão, e quer manter eternamente o seu domínio sobre o Brasil. Não conseguirá. Se tentarem um novo golpe, terão que se ver com mais de 150 milhões de brasileiros e brasileiras.

Viva o povo brasileiro!
Defender o governo Dilma contra a chantagem dos de cima!
Por mais conquistas sociais, mais direitos trabalhistas, mais aumentos salariais, mais empregos e mais distribuição de renda!
Contra os golpismos da mídia, dos ressentidos do congresso nacional e dos grupos de rapina!


Novembro - Mês da Consciência Negra. Viva Zumbi dos Palmares, herói do povo brasileiro!


Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

Do: http://blogdoeulerconrado.blogspot.com.br/2014/11/apos-oito-derrotas-direita-sonha-ou.html