sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Após oito derrotas, a direita sonha ou delira com um novo golpe de estado. Vai ter que encarar 150 milhões de brasileiros e brasileiras






O cenário político brasileiro pós-eleições, com mais uma vitória de Lula e Dilma e do povo brasileiro - dos de baixo, enfim - deixou uma parcela minoritária da população agitada. Pequenos grupos saíram às ruas de algumas cidades defendendo o Impeachment da presidenta Dilma e a volta da ditadura militar. Na sequência desses atos de saudosistas dos tempos sombrios, houve um pequeno golpe contra a população no congresso nacional, com a união de deputados derrotados e ressentidos, que derrubaram o decreto da presidenta Dilma que regulamentava a criação de conselhos populares. Essa gente não gosta de participação popular, de povo, a não ser como massa de manobra.

Em seguida, foi a vez do candidato derrotado à presidência da República usar a tribuna do senado para fazer discurso. Disse que falava em nome de um exército de opositores, uma linguagem que agrada os ouvidos da direita fascista que cada vez mais mostra os dentes nas ruas: agride as mulheres, os negros, os pobres e os nordestinos, como se tratassem de uma raça inferior. Coisa de fascistas mesmo. Ainda na sequência, algumas poucas famílias privilegiadas disseram que pretendem mudar para Miami. Pena que sejam poucas famílias. Disse outro dia: a passagem de ida sem volta para Miami é a serventia da Casa (Brasil) para os filhos ingratos. E não esqueçam de levar o cantor Lobão, que ao que parece desistiu de mudar do Brasil. Que pena. Seria tão bom se ele não tivesse desistido.

Toda essa irritação de uma parcela até expressiva da população, embora minoritária, tem uma razão de ser. Há uma explicação para isso. E por que eu coloco nesses termos, como se houvesse uma certa surpresa nessa reação desta parcela da população? Simples. Porque nos últimos 12 anos o Brasil melhorou como nunca antes. Um número muito expressivo da população - mais de 30 milhões de pessoas - saíram da miséria e da fome. No período mencionado, o Brasil conseguiu a proeza de viver com inflação baixa, baixo desemprego, aumentos reais de salários e crescimento do PIB, assim, tudo junto, durante mais de uma década. Toda essa combinação seria motivo para que uma enorme maioria da população botasse fé nas potencialidades do Brasil e do povo brasileiro, ao contrário do que ocorre atualmente. E vamos entender porquê.

Antes do período citado, o Brasil crescia no PIB, mas arrochava salários. Ou seja: uma minoria se enriquecia e a maioria vivia na miséria; ou então, para controlar a inflação, os governos confiscavam direitos, arrochavam salários e lascavam políticas de recessão. Atingia um determinado objetivo - inflação mais baixa, por exemplo, mas sempre às custas dos mais pobres. Os governos do PT, com todas as limitações que já citamos aqui antes, conseguiram quebrar essa lógica, desenvolvendo políticas sociais de amparo aos de baixo, além de não permitir que a macroeconomia fosse sustentada na lógica do arrocho salarial, ou do desemprego, como acontecia nos tempos neoliberais de FHC.

O PT cometeu o erro de não combinar os avanços sociais com um embate político com as elites. Ou seja, o PT não fez política em cima de suas políticas sociais, se acomodou e com isso não contribuiu para a construção de uma consciência crítica das parcelas da sociedade que melhoraram de vida.

Uma parte da elite brasileira, muito poderosa e ligada a grandes grupos econômicos nacionais e estrangeiros, não concorda com essa política de inclusão, de mais investimentos sociais, de solidariedade aos vizinhos latino-americanos e a outros povos como os palestinos. Essa elite dominante detém a maior parte do PIB brasileiro, é dona da maior parte das terras do país e detém também praticamente 100% dos meios de comunicação, a mídia. TVs, rádios e jornais estão a serviço desse pequeno grupo de famílias que detém as riquezas produzidas por todos os brasileiros e brasileiras.

Essa gente não gosta do povo brasileiro, a não ser como escravos, ou como funcionários mal remunerados, sem direito algum. Eles gostavam quando os pobres não podiam andar de avião, a não ser como empregados deles - babás, carregadores de malas, etc. Hoje os pobres andam de avião de igual para igual com a classe média alta. Nem vou mencionar aqui os ricaços, porque estes têm seus jatinhos e helicópteros e não passam por esta "humilhação" de ter que se sentar ao lado, num avião, ou num restaurante, de um assalariado de baixa renda.

Essa elite é preconceituosa contra os pobres, contra os negros, contra as mulheres e contra os nordestinos. Um preconceito de classe, representado politicamente pelos tucanos e afins, embora haja mesmo entres estes pessoas com bom senso, capazes de respeitar o outro. Mas, essa elite é minoria da minoria. Não representa nem 10% da população. Por que então se tem a impressão de que quase a metade do país estaria insatisfeita com o governo federal a ponto de não ter votado pela reeleição da atual presidenta?

Existem várias explicações para isso. Uma delas é que, com o crescimento do consumo e com a melhoria das condições de vida das pessoas dentro da lógica de disputa de mercado, várias pessoas que se deram bem passaram a adotar a forma de ver o mundo das elites dominantes. Houve uma assimilação cultural. É muito comum encontrarmos "pobres, pobres, pobres, de marré, marré, deci" defendendo os interesses dos de cima. Porque a ideologia dominante da nossa sociedade é ditada pelos de cima, pelas elites dominantes. Muita gente foi culturalmente educada para acreditar que os pobres não são capazes de "vencer na vida", de ascender socialmente. E muitos, quando "chegam lá", ou seja, como adquirem uma condição social melhor, continuam acreditando nisso. Eles foram capazes de crescer individualmente, e não se enxergam enquanto parte de uma parcela da sociedade da qual vieram. Falta-lhes aquele instinto de classe, de solidariedade ao próximo, que brota quase sempre nos embates políticos. Mas, felizmente, não é a maioria que tem esse bloqueio mental que dificulta o seu entendimento do processo social como um todo.

Uma outra explicação complementar, e talvez mais forte ainda, é a nefasta ação da mídia golpista. Dominada por poucas famílias ligadas umbilicalmente com a elite dominante, essa mídia trabalha 24 horas por dia contra os interesses da maioria do povo brasileiro. Atacam os movimentos sociais, as conquistas dos trabalhadores, criticam governos como o de Lula e Dilma justamente naquilo que eles fazem de melhor, que são as políticas sociais, como: Bolsa Família, Pronatec, Prouni, Mais Médicos, Minha casa minha vida, Luz para todos, além do controle dos preços da energia elétrica e da gasolina, etc. Este aumento de 3% na gasolina, por exemplo, após um ano sem aumento, está abaixo da inflação e a mídia apresenta isso como fosse uma coisa de outro mundo. Ninguém menciona que os tucanos em Minas tentaram aumentar em quase 30% de uma tacada só, o preço da luz.

Esses meios de comunicação estão nas mãos de famílias que apoiaram e sustentaram o golpe civil-militar de 1964. Quando houve o processo de reabertura política, desgraçadamente, nessas manobras palacianas urdidas na calada da noite, e graças às tenebrosas negociatas em benefício de poucos, foi preservado o monopólio privado das comunicações. Um verdadeiro atentado à democracia brasileira e à liberdade de expressão. Hoje, graças a esse monopólio da mídia nas mãos de poucas famílias, o que se lê nos jornais e revistas e o que se ouve nas rádios e TVs é praticamente a mesma notícia. Uma mesma nota musical. O pensamento único, sempre em favor de políticas neoliberais, da privatização de tudo, contra a participação popular, contra o controle social do estado pela população, contra, enfim, os governos mais comprometidos com os de baixo.

É por isso, por exemplo, que Dilma foi atacada nos últimos anos sem dó. Quem ouviu os telejornais da Band, da Globo, da Itatiaia, do SBT - da revista Veja nem precisamos falar, é o pitbull da direita golpista - sabe muito bem o que estou dizendo. Não houve um dia sequer sem ataques diretos ao governo Dilma, enquanto os governos tucanos eram e continuam poupados pela mídia e seus comentaristas. O pior é que tentam cinicamente se apresentarem como "neutros", "imparciais", quando na verdade fazem aberta campanha anti-petista e anti-governo federal.

Durante a campanha
 eleitoral nós vimos o que aconteceu: era Dilma sozinha contra 10 candidatos a serviço da direita, além da mídia que fazia campanha abertamente, todos os dias, contra o PT, contra Lula e contra Dilma. Uma verdadeira agressão à inteligência do povo brasileiro, que respondeu, talvez por isso mesmo, mas não somente, com mais uma derrota das elites.

A Rede Globo lançou uma novela das 9h - o escândalo na Petrobras - com roteiro e personagens bem definidos, cuidadosamente selecionados e prontos para entrar em cena nos próximos capítulos. Cansamos de enxergar a careta de dois bandidos confessos, que se tornaram os heróis da direita e da Globo, com acusações sem prova apenas contra o PT. Até que finalmente, depois de vários dias, apareceu uma acusação contra o PSDB. Pronto. Foi o suficiente para que a Globo mudasse o tom da conversa, a novela foi definhando, assim como definhou uma outra novela, a da morte súbita de Eduardo Campos e a divina aparição de Marina Silva. O golpe final, a bala de prata, foi a capa da revista, ou melhor, do panfleto Veja, que a militância tucana tratou de copiar e distribuir nas ruas de SP um dia antes das eleições.

Tudo isso acontecendo na cara de um TSE morto, covarde até, incapaz de colocar um freio no abuso praticado pela mídia. Apesar de toda esse esquema montado com a mídia, pastores de direita pregando contra Dilma, bolsa de valores despencando toda vez que Dilma subia nas pesquisas, enfim, apesar de todas essas jogadas, o povo brasileiro, na sua maioria, não se deixou manipular. Resistiu heroicamente. Um viva todo especial ao bravo povo nordestino, que mais uma vez não se curvou. E desta vez, temos que destacar também a postura do eleitorado de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e da maior parte do Norte do país. Em nome da preservação das conquistas sociais, e temendo as consequências danosas de um retorno dos tucanos ao governo, a maioria dos eleitores elegeu novamente Dilma presidenta do Brasil. Foi uma vitória de todo o povo brasileiro, já dissemos aqui. Simbolicamente falando.

Com esta, são oito vitórias sobre as forças das elites. Quatro com Lula (primeiro e segundo turnos dos dois mandatos) e quatro com Dilma. É muita derrota eleitoral para uma elite acostumada a mandar e desmandar sem voto. É o caso da mídia golpista. Nunca recebeu um voto sequer de qualquer cidadão e tenta ditar a agenda dos governos, dos tribunais de justiça, dos parlamentos. E o pior é que tem conseguido, quase sempre. Por isso é preciso regulamentar a mídia, acabar com o monopólio, fortalecer as rádios e TVs públicas, e uma imprensa alternativa formada por rádios e TVs comunitárias, jornais de Interior e blogs independentes.

Se o governo Dilma quiser sobreviver até 2018, desta vez terá que encarar a democratização da mídia como tema central. Não dá mais para aceitar que meia dúzia de famílias e seus comentaristas de aluguel ditem o que é certo e o que é errado. Nós brasileiros temos voz própria e não precisamos da tutela de uma mídia que está claramente a serviço dos piores interesses. É preciso garantir a diversidade de opinião, a diversidade e a riqueza cultural do nosso país, hoje ameaçada pelo monopólio das comunicações. É preciso garantir a real liberdade de expressão, que só acontece quando as pessoas podem falar, e podem responder, se atacadas, o que não acontece hoje no Brasil, a não ser através da Internet. Se a Rede Globo resolve me atacar eu não terei direito de resposta. É muito poder para uma família que não recebeu um único voto dos cidadãos para exercer tal poder. Rádios e TVs, por exemplo, são concessões públicas e deveriam manter um padrão ético de respeito ao próximo, de valorização das riquezas e da diversidade cultural e de fortalecimento da nossa democracia. Ao contrário, as rádios e TVs se tornaram partido político, cujos comentaristas, praticamente sem exceção, atacam o governo Dilma, o PT e Lula 24 horas por dia, enquanto poupam os tucanos e afins.

Essa elite, que domina a maior parte do PIB brasileiro - sabe-se lá como conseguiram tanto poder econômico - e domina também a mídia, não tolera conviver com um governo federal que faz concessões à direita, mas que defende os interesses dos de baixo. Essa elite se julga dona do Brasil. É arrogante. Para ela, o candidato dela, elite dominante, fosse Marina ou Aécio, tinha que ser eleito. Para essa elite, como pode o povo pobre não acatar essa ordem de cima, desse grupo que manda e desmanda no Brasil? A mídia vem dizendo claramente que tudo está errado, que o Brasil está em crise terminal, que não há salvação enquanto o governo do PT lá estiver, então por que essa gentinha continua votando na Dilma e no Lula?

É por isso que algumas hordas de fascistas saíram às ruas pedindo a volta dos generais de pijama. Na compreensão deles, se pelo voto não dá, vai pela força mesmo, como fizeram em 1964, derrubando um dos melhores presidentes que o Brasil já teve: João Goulart. Mas, uma parte da elite raivosa é menos ignorante do que estes grupos que brigam nas ruas e pedem o retorno da ditadura. Eles querem agora derrubar o governo Dilma de outra forma, mais sutil, mas não menos canalha e golpista. Para isso, apostam na formação de uma maioria no congresso nacional, com a eleição de Eduardo Cunha para presidente da Câmara dos Deputados. É o terceiro cargo na hierarquia dos poderes. Na ausência de Dilma e do seu vice, é ele quem assume a presidência. Essa elite então agora trabalha com a possibilidade de um impeachment da nossa presidenta. Mesmo que não consiga levar até o final esta ridícula proposta, eles querem desgastar ao máximo a presidenta, para impedir que ela governe e realize mais conquistas em favor dos de baixo.

Querem impedir que haja reformas políticas que garantam maior participação e controle popular; querem impedir que haja a regulação da mídia, com a democratização dos meios de comunicação; querem impedir que haja mais investimentos no social, especialmente na Saúde e na Educação, pois isso representa tirar recursos de bancos e grupos de rapina que controlam o orçamento público.

Enfim, é contra esses golpes urdidos pela elite dominante, e que atentam contra a vontade majoritária da população brasileira, que devemos estar atentos. E prontos para defender os nossos direitos e interesses. E também para defender o governo Dilma, caso atacado pelas elites. Temos todo o direito e o dever de criticar o governo Dilma naquilo que não concordarmos. Mas, não podemos permitir que a presidenta Dilma seja chantageada ou pressionada por essa elite e seus capachos. Os interesses dos de baixo estão acima dos interesses dessa minoria que não aceita repartir o pão, e quer manter eternamente o seu domínio sobre o Brasil. Não conseguirá. Se tentarem um novo golpe, terão que se ver com mais de 150 milhões de brasileiros e brasileiras.

Viva o povo brasileiro!
Defender o governo Dilma contra a chantagem dos de cima!
Por mais conquistas sociais, mais direitos trabalhistas, mais aumentos salariais, mais empregos e mais distribuição de renda!
Contra os golpismos da mídia, dos ressentidos do congresso nacional e dos grupos de rapina!


Novembro - Mês da Consciência Negra. Viva Zumbi dos Palmares, herói do povo brasileiro!


Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

Do: http://blogdoeulerconrado.blogspot.com.br/2014/11/apos-oito-derrotas-direita-sonha-ou.html

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