sábado, 10 de novembro de 2018

A real sobre o “Plano Real” de Sérgio Moro


Nomeado Ministro da Justiça do próximo governo, Sérgio Moro diz que pretende colocar em prática um “Plano Real contra a corrupção”.

A comparação nos obriga a lembrar que o Plano Real representou muito mais do que o fim da inflação descontrolada. Seu objetivo maior era retirar do terreno sindical a luta em torno da repartição dos lucros entre trabalhadores e patrões. Com inflação baixa, as frequentes greves por melhores salários escassearam.

Era a primeira fase de um processo de afastamento das lutas e conflitos para longe dos locais de trabalho e das ruas. Greves e manifestações foram sendo substituídas por eleições periódicas e lobbies parlamentares. A disputa seria travada agora na arena eleitoral, procurando eleger governos que promovessem políticas redistributivas.

Foi o que se buscou fazer com a eleição e reeleição dos governos petistas. Mas, aí, já estávamos na fase da austeridade econômica, que amarrou os governos ao respeito absoluto ao orçamento fiscal, mesmo que isso custasse enormes cortes nas verbas dos serviços públicos mais essenciais.

Mas voltando ao Plano Real, na real, ele representou uma renovação da inserção subordinada da economia nacional no sistema imperialista mundial. Já o “Plano Real” de Sérgio Moro, na real, seria uma renovação do presidencialismo de coalizão.

Despido de sua toga, Moro deve travar um combate à corrupção ainda mais seletivo e partidário. Sua missão seria ajudar a aprovar as medidas ultraliberais do futuro governo, menos por meio de negociatas fisiológicas do que por chantagens envolvendo denúncias não necessariamente verdadeiras contra parlamentares rebeldes.

Já aos movimentos sociais e organizações de esquerda, estão reservados o Código Penal e a legislação antiterrorista.

 
https://pis-dialularias.blogspot.com/2018/11/a-real-sobre-o-plano-real-de-sergio-mo

Google e Facebook não tem nada de revolucionário

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As revoltas na África, Oriente Médio e Europa animam a esquerda mundial. O entusiasmo é ainda maior em relação às ações organizadas através das “redes sociais”. Muito justo. Mas, vamos com calma.

Redes de apoio, solidariedade e organização sempre existiram na luta dos explorados. Elas é que tornaram possível vários avanços e conquistas populares.

A classe trabalhadora mundial se mobilizou em vários momentos. No apoio à Comuna de Paris, por exemplo. Contra a execução dos anarquistas Sacco e Vanzzetti. Nas brigadas formadas para lutar na guerra civil espanhola contra o fascismo.

O que pode surpreender é a rapidez da internete. No entanto, tal agilidade é também uma resposta desigual a ação das próprias classes dominantes.

A internete foi criada por militares. Universidades públicas a tornaram um poderoso canal de comunicação. Foi apropriada pelas grandes corporações do comércio mundial. Vem sendo utilizada pelos monopólios de comunicação para impor padrões de consumo e valores conservadores. Só muito marginalmente, ela serve a objetivos subversivos.

Um século atrás, a reposta dos trabalhadores aos jornais dos patrões foi a imprensa operária. Antes disso, as idéias revolucionárias circulavam através dos imigrantes. O capitalismo precisava deles em vários pontos planeta. Anarquistas e socialistas chegavam aos locais mais distantes com suas idéias “virais”. Espalhavam rapidamente sua experiência de luta contra o capital.

Internete e rede social? Tá valendo. E muito. Mas, não custa lembrar que as tão festejadas “redes sociais” são monopolizadas por duas empresas gigantes. Google e Facebook não estão a serviço da revolução. Nossas idéias, sim.

A perigosa era do domínio pelas mentiras

A perigosa era do domínio pelas mentiras

Uma eleição presidencial sem debate sobre programas de governo. Um vencedor cuja campanha baseou-se em um circuito de mentiras e distorções grosseiras que alcançava grandes parcelas da população, mas passou despercebido por muitas de suas principais vítimas. Em especial, forças de esquerda, movimentos sociais e meios acadêmicos.

A utilização eleitoral das redes virtuais em escala gigantesca para disseminar material fraudulento em doses curtas, grossas e que ocupam cada momento do dia. Declarações desencontradas, contraditórias, ditas e desditas de hora em hora. Durante a campanha, depois dela e no futuro sombrio que nos aguarda.

Uma estratégia eleitoral inspirada na tática vitoriosa de Donald Trump, que atraiu boa parte de seus votos por meio da desinformação mais grosseira. Algo que só poderia ter ocorrido pela primeira vez e com tais proporções no centro do imperialismo mundial, onde o domínio do valor de troca sobre o valor de uso é o mais extremado. Onde a circulação da informação definitivamente se rendeu à lógica da mercadoria e passou a valer por seu alcance e não por critérios como objetividade e precisão. Pelas curtidas que atrai e não pelos fatos que relata.

Tudo isso faz parte do que vem sendo chamado de era da pós-verdade. Mas, concretamente, não passa daquilo que os poderosos de todos os tempos sempre utilizaram amplamente para dominar e subjugar: mentiras, calúnias, misticismo e preconceito. A grande diferença é que tudo isso vem impregnando o tecido social de maneira inédita, normalizado por uma economia política em que a circulação especulativa de capital contagia as relações humanas de maneira avassaladora e muito perigosa.

Muito perigosa...
http://pilulas-diarias.blogspot.com/2018/11/a-perigosa-era-do-dominio-pelas-mentiras.html