sábado, 17 de agosto de 2013

Por falar em corrupção, a quantas anda o mensalão tucano?


Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho

“Logo em sua primeira manifestação no processo do chamado mensalão petista, Luís Roberto Barroso, o mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal, fez uma crítica direta ao ritual do julgamento que levou à condenação de 25 réus sob os aplausos da mídia:

"É no mínimo questionável a afirmação de se tratar do maior escândalo político da história do país. Sem margem de erro, é o caso que mais foi investigado de todos, seja pelo Ministério Público, pela Polícia Federal, pela imprensa. (...) Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção. Não há corrupção melhor ou pior, dos nossos ou dos deles, não há corrupção do bem. A corrupção é  um mal em si e não deve ser politizada".

Por falar em corrupção, um assunto que desapareceu do noticiário foi o do mensalão tucano em Minas, rebatizado pela imprensa de "mensalão mineiro", que é bem anterior ao petista, tendo sido criado em 1998, sete anos antes, portanto,  da denúncia de Roberto Jefferson contra o PT.

O procurador-geral da República Roberto Gurgel despediu-se nesta quarta-feira do seu cargo sem ter se dado ao trabalho de oferecer denúncia contra o PSDB. Por coincidência, o processo que tinha como relator Joaquim Barbosa, o mesmo do mensalão do PT, agora passará para Luís Roberto Barroso. Certa vez, quando lhe indagaram porque não se manifestava sobre o mensalão tucano, Barbosa, hoje presidente do STF, respondeu singelamente que ninguém lhe perguntava sobre o assunto.

Para Barroso, a Ação Penal 470 foi "a condenação de um modelo político, aí incluídos o sistema eleitoral e o sistema partidário. Se não houver uma reforma política, tudo vai acontecer de novo. O modelo brasileiro produz a criminalização da política".

O novo ministro defende que a reforma política seja feita o mais rapidamente possível pelo Congresso, com ou sem consulta popular, que é a mesma posição defendida pela presidente Dilma Rousseff. Com a retomada dos trabalhos pelo STF, que analisa agora os embargos declaratórios apresentados pelos advogados de defesa e, mais adiante, decidirá se aceita ou não os embargos infringentes, que podem levar a novos julgamentos em alguns casos, o mensalão petista promete ocupar o noticiário por um bom tempo ainda _ quem sabe, daqui para a frente, disputando espaço com o mensalão tucano.”

PESQUISA - MÍDIA NÃO ME REPRESENTA - 87% DOS BRASILEIROS PENSAM ASSIM


INTERNET FURA A BLINDAGEM DA MÍDIA NOJO


CREDIBILIDADE EM XEQUE


Pesquisa revela que 87% dos brasileiros acreditam que a mídia representa os interesses dos próprios donos, dos que têm mais dinheiro e dos políticos




Apenas 7,8% dos brasileiros acreditam que os meios de comunicação defendem os interesses da maioria da população. A conclusão é de um levantamento feito pela Mark Sistemas de Pesquisas a pedido da Fundação Perseu Abramo, o braço acadêmico do PT.





Segundo a pesquisa, 34,9% dos entrevistados acham que a mídia defende seus próprios donos, 31,5% acreditam que os meios de comunicação estão do lado de quem tem mais dinheiro e outros 20,6% disseram que os grandes veículos defendem os políticos.

A Mark, sob coordenação dos professores Gustavo Venturi e Vilma Bokani, entrevistou 2.400 pessoas em 120 municípios de pequeno, médio e grande porte. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Para 45% dos entrevistados a liberdade dos jornalistas é parcial.

Ainda de acordo com o levantamento, a internet hoje é tão acessível quanto os jornais impressos.

O levantamento mostra ainda que a maioria absoluta da população, 60%, desconhece o fato de que as TVs são fruto de concessão pública e 49,5% acreditam que a programação é definida em parceria entre empresários e governo.

Ao serem informados que a maior parte dos meios de comunicação pertence a apenas 10 famílias, 39,8% consideram que isso é ruim para o país e 22,7% acham bom. De acordo com a pesquisa da FPA, 71% dos brasileiros defendem a criação de mais regras para regular a programação das TVs.

Íntegra da matéria - LEIA AQUI NO iG

As imagens que ilustram a matéria são de nossa responsabilidade, não constando da matéria original publicada no Portal iG

Fazer sexo também faz bem a vida profissional


Estudo comprova que fazer sexo mais de quatro vezes por semana melhora vida profissional
Pessoas sexualmente ativas ganham 5% a mais do que as que não tem relação regulamente 
Um estudo realizado no Reino Unido com 7.500 pessoas com idade entre 26 e 50 anos revelou que pessoas que fazem sexo pelo menos quatro vezes por semana ganham 5% a mais do que aquelas que não têm uma vida sexualmente ativa. A pesquisa também apontou que falta de relação sexual pode causar ansiedade e depressão. As informações são do jornal Daily Mail desta sexta-feira (16).
Coordenado pelo professor Nick Drydakis, da Anglia Ruskin University, o estudo mostrou que a falta de sexo pode afetar a vida profissional. Segundo ele, as pessoas precisam satisfazer suas necessidades básicas para ter sucesso na vida: comer, beber, dormir e ter relações sexuais.

Todos os homens do propinoduto tucano


Quem são e como operam as autoridades ligadas aos tucanos investigadas pela participação no esquema que trafegou por governos do PSDB em São Paulo
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Na última semana, as investigações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Ministério Público mostraram a abrangência nacional do cartel na área de transporte sobre trilhos. A tramoia, concluíram as apurações, reproduziu em diversas regiões do País a sistemática observada em São Paulo, de conluio nas licitações, combinação de preços superfaturados e subcontratação de empresas derrotadas. As fraudes que atravessaram incólumes 20 anos de governos do PSDB em São Paulo carregam, no entanto, peculiaridades que as diferem substancialmente das demais que estão sendo investigadas pelas autoridades. O esquema paulista distingue-se pelo pioneirismo (começou a funcionar em 1998, em meio ao governo do tucano Mário Covas), duração, tamanho e valores envolvidos – quase meio bilhão de reais drenados durante as administrações tucanas. Porém, ainda mais importante, o escândalo do Metrô em São Paulo já tem identificada a participação de agentes públicos ligados ao partido instalado no poder. Em troca do aval para deixar as falcatruas correrem soltas e multiplicarem os lucros do cartel, quadros importantes do PSDB levaram propina e azeitaram um propinoduto que desviou recursos públicos para alimentar campanhas eleitorais.
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Ao contrário do que afirmaram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra na quinta-feira 15, servidores de primeiro e segundo escalões da administração paulista envolvidos no escândalo são ligados aos principais líderes tucanos no Estado. Isso já está claro nas investigações. Usando a velha e surrada tática política de despiste, Serra e FHC afirmaram que o esquema não contou com a participação de servidores do Estado nem beneficiou governos comandados pelo PSDB. Não é o que mostram as apurações do Ministério Público e do Cade. Pelo menos cinco autoridades envolvidas na engrenagem criminosa, hoje sob investigação por terem firmado contratos irregulares ou intermediado o recebimento de suborno, atuaram sob o comando de dois homens de confiança de José Serra e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin: seus secretários de Transportes Metropolitanos. José Luiz Portella, secretário de Serra, e Jurandir Fernandes, secretário de Alckmin, chefiaram de perto e coordenaram as atividades dos altos executivos enrolados na investigação. O grupo é composto pelos técnicos Décio Tambelli, ex-diretor de operação do Metrô e atualmente coordenador da Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões da Secretaria de Transportes Metropolitanos, José Luiz Lavorente, diretor de Operação e Manutenção da CPTM, Ademir Venâncio, ex- diretor de engenharia da estatal de trens, e os ex-presidentes do metrô e da CPTM, José Jorge Fagali e Sérgio Avelleda.
Segundo documentos em poder do CADE e Ministério Público, estes cinco personagens, afamados como bons quadros tucanos, se valeram de seus cargos nas estatais paulistas para atender, ao mesmo tempo, aos interesses das empresas do cartel na área de transporte sobre trilhos e às conveniências políticas de seus chefes. Em troca de benefícios para si ou para os governos tucanos, forneciam informações privilegiadas, direcionavam licitações ou faziam vista grossa para prejuízos milionários ao erário paulista em contratos superfaturados firmados pelo metrô. As investigações mostram que estes técnicos do Metrô e da CPTM transitaram pelos governos de Serra e Alckmin operando em maior ou menor grau, mas sempre a favor do esquema.
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Um dos destaques do quinteto é José Luiz Lavorente, diretor de Operação e Manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Em um documento analisado pelo CADE, datado de 2008, Lavorente é descrito como o encarregado de receber em mãos a propina das empresas do cartel e distribuí-las aos políticos do PSDB e partidos aliados. O diretor da CPTM é pessoa da estrita confiança de Alckmin. Foi o governador de São Paulo que o promoveu ao cargo de direção na estatal de trens, em 2003. Durante o governo Serra (2007-2008), Lavorente deixou a CPTM, mas permaneceu em cargos de comando da estrutura administrativa do governo como cota de Alckmin. Com o regresso de Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes, em 2011, Lavorente reassume o posto de direção na CPTM. Além de ser apontado como o distribuidor da propina aos políticos, Lavorente responde uma ação movida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que aponta superfaturamento e desrespeito à lei de licitações. O processo refere-se a um acordo fechado por meio de um aditivo, em 2005, que possibilitou a compra de 12 trens a mais do que os 30 licitados, em 1995 e só seria valido até 2000.
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O ex-diretor de Operação do Metrô e atualmente coordenador da Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões da secretaria de Transportes Metropolitanos, Décio Tambelli, é outro personagem bastante ativo no esquema paulista. Segundo depoimentos feitos por ex-funcionários da Siemens ao Ministério Público de São Paulo, Tambelli está na lista dos servidores que receberam propina das companhias que firmaram contratos superfaturados com o metrô e a CPTM. Tambelli é muito próximo do secretário de Transportes, Jurandir Fernandes. Foi Fernandes que o alçou ao cargo que ocupa atualmente na administração tucana. Cabe a Tambelli, apesar de estar na mira das investigações, acompanhar e fiscalizar o andamento da linha quatro do metrô paulista, a primeira obra do setor realizada em formato de parceria público-privada. Emails obtidos por ISTOÉ mostram que, desde 2006, Tambelli já agia para defender e intermediar os interesses das empresas integrantes do cartel. Na correspondência eletrônica, em que Tambelli é mencionado, executivos da Siemens narram os acertos entre as companhias do cartel no Distrito Federal e sugerem que o acordo lá na capital seria atrelado “à subcontratação da Siemens nos lotes 1+2 da linha 4” em São Paulo. “O Ramos (funcionário do conglomerado francês Alstom) andou dizendo ao Décio Tambelli do metrô SP, que não pode mais subcontratar a Siemens depois do caso Taulois/Ben-hur (episódio em que a Siemens tirou técnicos da Alstom para se beneficiar na pontuação técnica e vencer a licitação de manutenção do metrô de Brasília)”, dizia o e-mail trocado entre os funcionários da Siemens.
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Outro homem do propinoduto tucano que goza da confiança de Jurandir Fernandes e de Alckmin é Sérgio Avelleda. Ele foi nomeado presidente do Metrô em 2011, mas seu mandato durou menos de um ano e meio. Avelleda foi afastado após a Justiça atender acusação do Ministério Público de improbidade administrativa. Ele era suspeito de colaborar em uma fraude na concorrência da Linha 5 do Metrô, ao não suspender os contratos e aditamentos da concorrência suspeita de formação de cartel. “Sua permanência no cargo, neste atual momento, apenas iria demonstrar a conivência do Poder Judiciário com as ilegalidades praticadas por administradores que não respeitam as leis, a moral e os demais princípios que devem nortear a atuação de todo agente público”, decretou a juíza Simone Gomes Casorretti, ao determinar sua demissão. Após a saída, Avelleda obteve uma liminar para ser reconduzido ao cargo e pediu demissão. Hoje é consultor na área de transporte sobre trilhos e presta serviços para empresas interessadas em fazer negócios com o governo estadual.
De acordo com as investigações, quem também ocupou papel estratégico no esquema foi Ademir Venâncio, ex-diretor da CPTM. Enquanto trabalhou na estatal, Venâncio cultivou o hábito de se reunir em casas noturnas de São Paulo com os executivos das companhias do cartel para fornecer informações internas e acertar como elas iriam participar de contratos com as empresas públicas. Ao deixar a CPTM, em meados dos anos 2000, ele resolveu investir na carreira de empresário no setor de engenharia. Mas nunca se afastou muito dos governos do PSDB de São Paulo. A Focco Engenharia, uma das empresas em que Venâncio mantém participação, amealhou, em consórcios, pelo menos 17 consultorias orçadas em R$ 131 milhões com as estatais paulistas para fiscalizar parcerias público-privadas e andamento de contratos do governo de Geraldo Alckmin. Outra companhia em nome de Venâncio que também mantém contratos com o governo de São Paulo, o Consórcio Supervisor EPBF, causa estranheza aos investigadores por possuir capital social de apenas R$ 0,01. O Ministério Público suspeita que a contratação das empresas de Venâncio pela administração tucana seja apenas uma cortina de fumaça para garantir vista grossa na execução dos serviços prestados por empresas do cartel. As mesmas que Venâncio mantinha relação quando era servidor público.
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A importância da secretaria Transportes Metropolitanos e suas estatais subordinadas, Metrô e CPTM, para o esquema fica evidente quando se observa a lógica das mudanças de suas diretorias nas transições entre as gestões de Serra e Alckmin. Ao assumir o governo em 2007, José Serra fez questão de remover os aliados de Alckmin e colocar pessoas ligadas ao seu grupo político. Um movimento que seria revertido com a volta de Alckmin em 2011. Apesar dessa dança de cadeiras, todos os integrantes do esquema permaneceram em postos importantes das duas administrações tucanas. Quem sempre operou essas movimentações e trocas de cargos, de modo a assegurar a continuidade do funcionamento do cartel, foram os secretários de Transportes Metropolitanos de Serra e Alckmin, José Luiz Portella e Jurandir Fernandes.
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Homem forte do governador Geraldo Alckmin, Fernandes começou sua trajetória política no PT de Campinas, interior de São Paulo. Chegou a ocupar o cargo de secretário municipal dos Transportes na gestão petista, mas acabou expulso do partido em 1993 e ingressou no PSDB. Por transitar com desenvoltura pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Jurandir foi guindado a diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) em 2000. No ano seguinte, aproximou-se do então governador Alckmin, quando assumiu pela primeira vez o cargo de secretário estadual de Transportes Metropolitanos. Neste primeiro período à frente da pasta, tanto a CPTM quanto o Metrô firmaram contratos superfaturados com empresas do cartel. Quando Serra assume o governo paulista em 2007, Jurandir é transferido para a presidência da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano), responsável pela formulação de políticas públicas para a região metropolitana de São Paulo. Com o retorno de Alckmin ao governo estadual em 2011, Jurandir Fernandes também volta ao comando da disputada pasta. Nos últimos dias, o secretário de Transportes tem se esforçado para se desvincular dos personagens investigados no esquema do propinoduto. Fotos obtidas por ISTOÉ, no entanto, mostram Jurandir Fernandes em companhia de Lavorente e de lobistas do cartel durante encontro nas instalações da MGE Transporte em Hortolândia, interior de São Paulo. Um dos fotografados com Fernandes é Arthur Teixeira que, segundo a investigação, integra o esquema de lavagem do dinheiro da propina. Teixeira, que acompanhou a solenidade do lado do secretário Fernandes, nunca produziu um parafuso de trem, mas é o responsável pela abertura de offshores no Uruguai usadas pelo esquema. Outro companheiro de solenidades flagrado com Fernandes é Ronaldo Moriyama ex-diretor da MGE, empresa que servia de intermediária para o pagamento das comissões às autoridades e políticos. Moriyama é conhecido no mercado ferroviário por sua agressividade ao subornar diretores do Metrô e CPTM, segundo depoimentos obtidos pelo Ministério Público.
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No governo Serra, quem exercia papel político idêntico ao de Jurandir Fernandes no governo Alckmin era o então secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella. Serrista de primeira hora, ele ingressou na vida pública como secretário na gestão Mário Covas. Portelinha, como é conhecido dentro do partido, é citado em uma série de e-mails trocados por executivos da Siemens. Num deles, Portella, assim como Serra, sugeriram ao conglomerado alemão Siemens que se associasse com a espanhola CAF em uma licitação para compra de 40 novos trens. O encontro teria ocorrido em um congresso internacional sobre ferrovias realizado, em 2008, na cidade de Amsterdã, capital da Holanda. Os dois temiam que eventuais disputas judiciais entre as companhias atrasassem o cronograma do projeto. Apesar de o negócio não ter se concretizado nestas condições, chama atenção que o secretário sugerisse uma prática que resulta, na maioria das vezes, em prejuízos aos cofres públicos e que já ocorria em outros contratos vencidos pelas empresas do cartel. Quem assinava os contratos do Metrô durante a gestão de Portella era José Jorge Fagali, então presidente do órgão. Ex-gerente de controle da estatal, ele teve de conviver com questionamentos sobre o fato de o seu irmão ser acusado de ter recebido cerca de US$ 10 milhões da empresa francesa Alstom. A companhia, hoje envolvida nas investigações do cartel, é uma das principais vencedoras de contratos e licitações da empresa pública.
Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas 
No IstoÉ

Domínio do fato no julgamento dos outros é refresco




Quando a condenação dos réus petistas atendia a interesses da oposição, não se ouviu uma única voz discordante

Paulo Moreira Leite
Os festejos promovidos pela oposição em função do emprego da teoria do domínio do fato para condenar os réus do mensalão ameaçam voltar-se contra os tucanos denunciados no propinoduto tucano.
Advogado do professor Luizinho na ação penal 470, secretário do Ministério da Justiça no período de Marcio Thomaz Bastos, Pierpaolo Bottini registrou em artigo no site Consultor Jurídico que há uma notável semelhança entre o tratamento dispensado aos réus condenados pelo mensalão e os primeiros suspeitos de receber propinas no escândalo da Siemens – o emprego da teoria do domínio do fato. 

Referindo-se ao indiciamento do ex-secretário de Energia Andrea Matarazzo pela Polícia Federal, Bottini, que reconhece méritos nessa jurisprudência desenvolvida pela Justiça alemã, mas lembra que ela possui determinados requisitos para que possa ser emprega em nome do bom Direito, fala que ela está sendo empregada de forma “extensiva demais.” 

É uma avaliação que reproduz críticas feitas durante a ação penal 470. 

Para o advogado, Matarazzo foi indiciado “com base expressa na teoria citada, pelo fato de ocupar o cargo e pertencer ao partido político governista (revelando a sapiência da velha máxima de que “pau que bate em Chico bate em Francisco”). 

Avaliando o que se passou na ação penal 470, Bottini registra: “Fica a impressão de que, em alguma medida, se utilizou da teoria como elemento de imputação de responsabilidade e não para distinguir entre autores e partícipes.” 

Muitos estudiosos desconfiam da teoria do domínio do fato exatamente porque ela serve para punições arbitrárias desde que não seja empregada com a cautela devida, ajudando a encobrir lacunas e fragilidades de uma denúncia. Resumindo a questão de forma simplificada, a crítica seria a seguinte: se nós sabemos que a corrupção não deixa recibo, a falta de recibo também não pode servir de argumento para uma condenação, certo? 

Certíssimo. 

Quando a condenação dos réus petistas atendia a interesses políticos da oposição, que pretendia tirar o máximo proveito do massacre de líderes do governo no julgamento da ação penal 470, não se ouviu uma única voz discordante. 

Não se falou em abuso, em politização da Justiça ou coisa parecida. 

As condenações foram aplaudidas em tom cívico e qualquer tentativa de contestação era rebatida como simples manobra diversionista, destinada a manter a impunidade de réus acusados “no maior escândalo da história.” 

As investigações sobre o propinoduto podem mostrar que domínio do fato em julgamento dos outros não arde, colocando os tucanos na difícil posição de esperar para si um benefício que negaram para os adversários. 

Dificilmente deixarão de pagar o preço pelo silêncio na hora em que seu gesto teria a nobreza de quem defende bons princípios mesmo quando eles contrariam seus interesses, recomendação oportuna do filósofo político Isaiah Berlin para políticos de todas as famílias. 

O artigo de Bottini mostra que, com o aval do STF, a moda pegou – e esse tipo de condenação pode tornar-se um padrão a ser seguido em casos semelhantes.

O tratamento diferenciado que se deu ao mensalão mineiro, que garantiu aos réus o direito de serem julgados em tribunais comuns, ajudou a criar uma primeira controvérsia na ação penal 470.

Uma mudança no julgamento da ação penal 470 poderia tornar mais aceitável a exibição de uma postura mais rigorosa na avaliação das provas contra os acusados do propinoduto, se e quando chegar a hora. 

As semelhanças devem parar por aqui, porém. 

Pelo menos em sua fase inicial, a denúncia contra o PSDB está mais clara do que o mensalão do PT. 

O esquema financeiro do PT foi denunciado por Roberto Jefferson, parlamentar que jamais apresentou provas muito robustas para sustentar o que dizia. Em depoimentos posteriores à Justiça, ele chegou a se desmentir e definiu o mensalão como “ criação mental.” 

Você pode até acreditar que o governo Lula queria “comprar votos” no Congresso e que desviou R$ 73 milhões do Banco do Brasil. Mas o fato é que não há provas de uma coisa nem de outra. Principal testemunha de acusação, Jefferson nunca esteve no coração do esquema, que conhecia pela participação numa de suas franjas, como partido aliado. 

Os documentos do caso, inclusive auditorias oficiais, contrariam várias condenações, o que tem levado juristas importantes a questionar o julgamento em seu conjunto. 

Ninguém sabe quais serão os desdobramentos do caso Siemens. É preciso ouvir o conjunto das testemunhas, buscar coerência entre as provas e, com certeza, dar a todo acusado o direito de demonstrar sua inocência.

Mas há uma diferença essencial na acusação, porém. Foi a empresa que está na origem do esquema de corrupção que resolveu confessar o que fez, por que fez, para que. Disse para quem pagou, para onde mandou o dinheiro, para quem e quando. Apresenta documentos, orientou as buscas em empresas que eram parceiras. A Siemens se autoincrimina – posição que dá inteira credibilidade a sua denúncia. Pelas leis brasileiras, com esse acordo de leniência ela se livra da acusação de cartel e seus executivos se livram da acusação de corrupção. A denúncia sobra para os outros.

Numa analogia, é como se Marcos Valério tivesse feito um acordo de delação premiada logo no início da investigação do mensalão – e pudesse reunir o mesmo conjunto de provas robustas -- recibos, documentos e emails -- que a Siemens exibiu. 

Essa é a questão.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Mais um barraco de Barbosa



Joaquim Barbosa durante a sessão de
quinta-feira no STF / Nelson Jr. / STF

O destemperado presidente do STF foi, em tese, autor de crime de honra ao chamar Lewandowski de chicaneiro


Os supremos ministros do órgão de cúpula do Poder Judiciário preferiram manter a tradição da rotatividade e observada a antiguidade e elegeram, para assumir as elevadas funções de presidente do Pretório excelso, o ministro Joaquim Barbosa.

À época, não faltavam indicativos, prova-provada e até domínio do fato, reveladores de Babosa não possuir a serenidade e a compostura exigíveis para esse difícil e delicado encargo.

Trocando em miúdos, Barbosa poderia, com o seu comportamento mercurial e desgaste nos freios inibitórios, comprometer a imagem do Judiciário (não do Supremo Tribunal Federal). Em resumo, Barbosa não detinha, e era público e notório, condições nem para mediar, com urbanidade, temperança e aceitação de dissensos, jogos de xadrez de velhinhos reunidos em praça pública de pequena cidade interiorana.

Na antevéspera da eleição, Barbosa havia protagonizado um bate-boca em que ofendera a honra do ministro Ricardo Lewandowski, em função judicante e como revisor da ação penal 470, apelidada de "mensalão". O pacífico ministro Ayres Brito, então na presidência, exercitou com sucesso o papel de bombeiro-togado e a boa-vontade de Lewandowski permitiu o encerramento do primeiro grande "barraco" promovido por Barbosa, que não gosta de ser contrariado como relator de processos. Esse "barraco" o colocou, perante a população, como herói inflexível e Barbosa passou a pontuar nas pesquisas eleitorais para a presidência da República. Coisas de república bananeira, ou seja, de presidente trapalhão do STF para a presidência da nação.

Na quinta-feira 15 e quando do julgamento de embargos de declaração apresentados pelo ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), conhecido por bispo Rodrigues, o ministro Barbosa, na presidência da sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), não aceitou ter o ministro Ricardo Lewandowski admitido um erro no seu voto condenatório.

Só para recordar, no chamado "mensalão", o bispo Rodrigues, por unanimidade, havia sido condenado, além da sanção pecuniária fixada em R$ 754 mil, às penas de seis anos e três meses de prisão, com cumprimento em regime aberto, por crimes de corrupção passiva e lavagem do dinheiro recebido, no importe de R$ 150 mil.

Segundo Lewandowski, o crime de corrupção passiva tinha se consumado em 2002 e, portanto, antes da Lei 10763, de 12 de novembro de 2003. Uma lei nova e que elevou as penas. Assim, Lewandowski concluiu ter ocorrido fixação retroativa (vedada pela Constituição da República) e equivocada, por toda a Corte, de lei nova e menos benigna. Diante do colocado, Barbosa, que havia sido relator, e os demais ministros passaram a discutir a questão. Para Barbosa e Gilmar Mendes, por exemplo, o crime se consumara em 17 de dezembro de 2013 quando o bispo Rodrigues, líder regional do seu partido político, recebera, de surpresa e sem acordo prévio com o corruptor, os R$ 150 mil. De surpresa porque o bispo Rodrigues não havia apoiado o candidato do partido dos trabalhadores (PT) no primeiro turno das eleições presidenciais.


Como se sabe, situações teratológicas e a envolver a liberdade das pessoas, podem e devem ser resolvidas, nos tribunais, até por habeas-corpus de ofício, ou seja, sem anterior requerimento do paciente ou de um cidadão do povo (qualquer pessoas por impetrar um habeas-corpus e não precisa de advogado).

O próprio Supremo, na sessão de julgamento do dia anterior, havia concedido habeas-corpus de ofício ao réu-embargante Quaglia e para absolvê-lo por atipicidade penal.

Barbosa insistiu que a matéria levantada por Lewandowski não era pertinente a embargos, que são admitidos para correção de contradições, obscuridades, dúvidas e omissões. Ou seja, como regra, os embargos declaratórios não substituem as apelações e não têm natureza de infringentes.

Diante do nervosismo de Barbosa em querer encerrar o debate, Lewandowski propôs a suspensão dos trabalhos (era o último da pauta) para que todos refletissem melhor e à luz de um exame mais apurado da correlação entre a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República e o acórdão. Em razão da proposta, que teve receptividade entre alguns ministros, o presidente Barbosa partiu para o ‘barraco’. Quis ganhar no grito e foi autor, em tese, de crime contra a honra ao chamar o ministro Lewandowski de chicaneiro. Pior, Barbosa não quis se retratar. No mundo judiciário, atribuir a um advogado a chicana representa uma das piores ofensas. Agora, a um juiz, vira prevaricação, no mínimo.

Além da ofensa ao Código Penal e no capítulo que trata dos crimes de injúria, difamação e calúnia, o ministro Barbosa maculou o Poder Judiciário, que o elegeu e mantém na função de presidente um destemperado, para se dizer o mínimo.
Pano rápido. O presidente Barbosa, que promoveu um espetáculo de gerais de um clássico futebolístico, deveria seguir o exemplo do presidente do Santos Futebol Clube, ou seja, pedir um afastamento, sine die, das funções.”

‘Sem reforma política, tudo continuará como sempre foi’, diz Barroso


Na retomada do julgamento do “mensalão”, agora em fase de recursos, o mais novo ministro do STF criticou o sistema brasileiro que, segundo ele, transforma a política em negócio: “o julgamento da ação penal 470, mais do que a condenação de pessoas, significou a condenação de um sistema político”. Por Najla Passos, de Brasília

Najla Passos, Carta Maior

O mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu a urgência da reforma política no Brasil, durante a sua estreia no julgamento do mensalão, nesta quarta (14), em Brasília (DF). “Sem reforma política, tudo continuará como sempre foi. A distinção será apenas entre os que foram pegos e os que não foram”, afirmou, ao tecer suas considerações iniciais sobre o julgamento que entra, agora, na fase de recursos, os chamados embargos.

Segundo ele, a sociedade brasileira está exausta da forma como se faz política no país. O ministro lembrou que uma campanha barata para deputado federal custa, em média R$ 400 milhões, enquanto o salário de um político não chega a R$ 1 milhão durante todo o mandato. “Com esses números, não há como a política viver sob o signo do interesse público, ela se torna um negócio. (...) O modelo político brasileiro produz uma ampla e quase inexorável criminalização da política”, enfatizou.

Dentre as principais características negativas do sistema brasileiro, ressaltou o papel central do dinheiro, a irrelevância programática dos partidos que funcionam como rótulos para candidaturas e o sistema eleitoral e partidário que dificulta a formação de maioria estáveis. “O julgamento da ação penal 470, mais do que a condenação de pessoas, significou a condenação de um sistema político”, insistiu.

Barroso deixou claro também que não importa que a reforma política seja feita pelo Congresso ou diretamente pelo povo, por meio de plebiscito, conforme proposto pela presidenta Dilma Rousseff. Para ele, o importante é que ela ajude a coibir a corrupção, um mal maior que independe de coloração partidária. “Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Não há corrupção melhor ou pior, dos nossos ou dos deles. Não há corrupção do bem. A corrupção é um mal em si e não deve ser politizada”, opinou.

Barroso também refutou o chamado mensalão constituiu um evento isolado na vida política nacional. Como em uma linha do tempo imaginária, lembrou de escândalos como o dos “anões do orçamento” (1993), dos precatórios (1997), da construção do TRT-SF (1999) e Banestado (2003). Para ele, é no mínimo questionável que o mensalão seja o maior escândalo político da história do país, como insiste a mídia convencional. "Talvez se possa afirmar é que foi o mais investigado de todos, seja pelo Ministério Público, pela Política Federal ou pela imprensa”, acrescentou. 

Embargos declaratórios
No primeiro dia de julgamento dos recursos da Ação Penal 470, os ministros do STF apreciaram cinco tópicos comuns em vários dos embargos declaratórios apresentados pelos 25 condenados. Presidente da corte e relator da ação, Joaquim Barbosa apresentou e rejeitou todos eles, que reivindicavam nova distribuição da ação penal, criticavam o cancelamento das notas taquigráficas referentes aos apartes concedidos em plenário, rediscutiam a competência da corte para julgar ação penal, contestavam a metodologia adotada no julgamento e pediam a nulidade do voto do ex-ministro Ayres Brito, que se aposentou durante o processo.

Primeiro a votar, Barroso seguiu o presidente na íntegra, mas não sem criticar a corte pela metodologia adotada no julgamento da ação, em que os ministros vencidos não participavam da dosimetria das penas. “Essa metodologia produziu desequilíbrios e penas mais altas do que o habitual”, pontuou, embora, no mérito, tenha seguido o relator ao rejeitar o embargo, por julgá-lo matéria já vencida. Os demais também seguiram o voto do relator, à exceção de Marco Aurélio Mello, que foi vencido nos dois tópicos em que apresentou visão diferenciada.

De acordo com Barbosa, definidas essas questões comuns a vários condenados, o julgamento dos embargos declaratórios será feito de forma individualizada. Só quando este processo terminar, a corte irá analisar os embargos infringentes que, conforme o Regimento do STF, dão direito a novo julgamento quando os réus condenados com pelo menos quatro votos divergentes. 

O ministro Teori Zavaski, que também é novo na corte e não participou do julgamento do mensalão, entre agosto e dezembro de 2012, não compareceu à seção devido à morte recente de sua esposa. O ministro Gilmar Mendes chegou atrasado e não votou nesta primeira etapa.”

ÚLTIMAS PASSAGENS DO METRÔ:

Enquanto o CADE refuta acusações de que estaria agindo politicamente ao apurar a questão da formação de cartel do metrô/trens - aqui -, e o Ministério Público, via Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, instaura mais seis inquéritos, com o que, segundo a Folha de São Paulo, chega a 53 (cinquenta e três) o número de inquéritos sobre o caso, relativo a concorrências públicas abertas no período de 1998 a 2007 (aqui), continuam de vento em popa os amaciamentos midiáticos, conforme o contundente relato a seguir:

Pelicano.

Trensalão: grande para mídia esconder

Por Ana Flávia Marx

A grande e velha imprensa tentou esconder, mas não conseguiu. A denúncia de corrupção que envolve a nata tucana paulista, leia-se principalmente Geraldo Alckmin e José Serra, é tema de conversas nas redes sociais e também do último protesto realizado (ontem, 14) nas ruas de São Paulo.

Depois de ser apontada como cúmplice dos tucanos por não dar a matéria, a mídia tradicional teve que falar sobre assunto. Contudo, é preciso notar a tática usada nas matérias para manipulação. Veja bem:

Tática 1 - Esconder o nome do PSDB
A manchete que dizia “Alstom pagou US$ 20 milhões a partidos do Brasil, diz justiça da Suiça”, foi publicada no jornal O Estado de S. Paulo (09/08) e virou até piada nas redes sociais por não dizer que era o PSDB, o principal partido envolvido e não “partidos políticos brasileiros” como grafou o jornal da família Mesquita. A matéria foi publicada em diversos outros sites com o mesmo título.
Outra matéria fala em “suposto envolvimento de servidores públicos” ou no máximo de representantes do governo que teriam negociado com a empresa Siemens e Alstom. Que servidores são e qual governo, no caso o de Geraldo Alckmin, os jornais não falam.
Não falam porque não podem comprometer a cúpula do PSDB.

Tática 2 - O crime de corrupção é trocado por cartel
A palavra corrupção não é citada, nem escrita e muito menos falada. A tática aqui empregada é o leitor - telespectador pensar que somente as empresas cometeram algum tipo de crime com o dinheiro público. Porém, quando há a participação do governo, o crime deixa de ser o de cartel e passa a ser peculato, ou seja, corrupção.
O governo autorizou as empresas na formação de quadrilha para disputa da licitação e, pior, ganhou muito dinheiro favorecendo-as, por isso está envolvido até o pescoço no crime. A relação entre o governo estadual e as empresas para firmar o acordo para vencer a licitação chama-se formação de quadrilha.
A partir dessa lógica, Alckmin quer enganar o povo paulista apelando ao dizer que “vai processar a Siemens”, mesmo sem romper o contrato. Conta outra, né não?

Tática 3 - A culpa é do PT. É uma manobra política
Ao anunciar a manifestação que ocorreu (ontem), na capital do estado, a jornalista Eliana Cantanhêde (a mesma que foi na convenção do PSDB e disse que o partido tinha uma massa cheirosa) anunciava que “diferente das últimas manifestações, essa tinha a participação de partidos políticos”.
“Eu não estou lá, mas posso dizer sim, que essa é uma manifestação partidária, nitidamente com militantes políticos. Cabe lembrar que o ex-presidente Lula tem como prioridade eleitoral o estado de São Paulo”.
Foi a mesma tática usada por Geraldo Alckmin ao dizer que o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) estava sendo instrumentalizado pelo PT e, consequentemente, pelo governo Dilma para atacar o seu governo como uma rasteira eleitoral.

Tática 4 - Tentativa de distorção da realidade
O editorial da revista Veja da última semana (14/08 - nº 33) é difícil de ser lido até a última palavra. Na “Carta ao leitor” a manipulação começa com o título “Há indícios, mas não provas”.
Depois da própria empresa Siemens assumir a sua culpa; dos dados da justiça da Suiça e todos os outros documentos que comprovam a existência de corrupção no sistema metroviário e ferroviário estadual, a revista tem a cara de pau de escrever que não há provas.
“A reportagem da Veja mostra que há motivos, sim, para desconfiar da lisura dos negócios da Siemens com os tucanos de São Paulo, mas ressalta que as investigações oficiais não produziram ainda provas ou acusações diretas de improbidade”, distorceu a revista.
E em outro parágrafo continua: “Ao escândalo Siemens no Brasil faltam evidências sólidas”.

Tática 5 - A Siemens “enganou todo mundo”
A tática de construir pontos de recuo em uma batalha não é nova, por isso, a ideia de que o PT também foi enganado pela empresa em contratos de obras nacionais tem o efeito de mea culpa, como se fosse apenas uma falha por parte dos tucanos.
O que a grande e velha mídia não diz é que a participação das empresas citadas começam em 1998, no governo do tucano mor, Fernando Henrique Cardoso.
Além disso, a tática de que “todos erramos” não cabe aqui, porque o esquema de corrupção acontece há 20 anos em São Paulo.

Tática 6 - Da memória fraca do leitor-telespectador
Já alguns anos o caso de corrupção da Alstom nas licitações do Metrô e CPTM foi divulgado por alguns poucos veículos de comunicação. A bancada que não faz parte da base de apoio do governador Alckmin até gritou um pouco, mas devido a correlação de forças na Assembleia Legislativa, parou sem causar nenhum efeito.
O fato é que existem mais 110 inquéritos no Ministério Público Estadual sobre os contratos do metrô; outros 24 sobre o mesmo tema que investiga os contratos da CPTM e 65 inquéritos a partir de contratos julgados irregulares pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

Além disso, não é só do dinheiro do transporte que o PSDB faz o seu caixa de campanha. Outros casos de corrupção envolvendo a cúpula do partido ainda não esfriaram, como o caso de superfaturamento de mochilas para estudantes da rede estadual através da Fundação para o Desenvolvimento para Educação, que teve como articulador José Bernardo Ortiz, presidente da Fundação na época, aliado de primeira hora de Geraldo Alckmin.

Daqui a pouco a grande imprensa vai tentar usar mais uma tática, a da compaixão do brasileiro, e colocar toda culpa no colo do finado Mario Covas. Que Deus o tenha! (Fonte: aqui).

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Fragmento de diálogo, quero dizer, desabafo um tanto quanto desolado: "Episódios anteriores já demonstraram que tudo é administrável... afinal, quem não lembra os vários arquivamentos alcançados ao longo do caminho, meu Deus, quem não lembra? O problema, o grande problema, é o CADE...".
http://domacedo.blogspot.com.br/

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Circo tucano: depois da bolinha de papel de Serra, a farsa do processo de Alckmin contra a Siemens



Agora, falando sério.

Quem, pelas pedras pisadas do cais, deu essa ideia de jerico ao governador Geraldo Alckmin? Em que mundo vivem os tucanos de São Paulo, ainda crentes da possibilidade de enganar um país inteiro com uma maluquice dessas? Não aprenderam NADA com o episódio da bolinha de papel de José Serra? Nada, nada?

A meu ver, a única explicação para uma saída indecente e patética como essa – o suspeito de ser corrupto processar o corruptor que está colaborando com a Justiça – é a plena confiança que essas lideranças do PSDB têm na submissão e na cumplicidade dessa velha e carcomida mídia nacional. Não tem outra explicação.

Quando li essa informação na coluna de Mônica Bergamo, a quem admiro como ótima jornalista que é, juro que pensei que era mais uma sacanagem de José Simão. Mas não era. 

A notícia de que Alckmin, um dos principais suspeitos de ter montado e se beneficiado do esquema de propinas da Siemens, irá processar a empresa alemã foi dada de forma séria, como se isso fosse possível, como se fôssemos, todos nós, idiotas ligados aos tubos da Matrix.

Eu compreendo os conservadores, essas pessoas que têm uma visão individualista do mundo, das relações sociais, que imaginam ser o liberalismo econômico a única saída para o pleno desenvolvimento social. A vida seria insuportável se todos pensassem da mesma forma – e eu não teria com quem quebrar o pau no Facebook. A direita deve ter seu encanto, senão não teria tanta gente com ódio do Bolsa Família e com tanta saudade da ditadura militar.

Mas eu acho que, agora, essa discussão deve se sobrepor ao posicionamento político de cada um. 

O grupo político que arrota austeridade, choques de gestão e aponta o dedo na cara de mensaleiros e petralhas é este que, agora, está sob a mira da Justiça suíça e do Ministério Público de São Paulo, embora deste último não se deva esperar muita coisa contra os tucanos.

Este grupo político, há quase duas décadas no governo de São Paulo, inclui, além de Geraldo Alckmin, o falecido Mário Covas e o vivíssimo José Serra. 

Fundamentalismo midiático: a religião ocupando as concessões públicas. O avanço de setores religiosos na programação da TV aberta


Link da imagem
Fundamentalismo midiático: a religião ocupando as concessões públicas
Revista Forum 

Bia Barbosa e Helena Martins, integrantes do Setorial de Mulheres do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação, comentam o avanço de setores religiosos na programação da TV aberta

Por Bia Barbosa e Helena Martins, no Geledés

A maioria da população brasileira não sabe, mas o espaço ocupado pela transmissão dos sinais de rádio e televisão é público, o que dá às emissoras o dever de respeitarem, em sua programação, os princípios constitucionais. E o Brasil é um Estado laico. Não é demais, portanto, esperar que a programação do rádio e da TV não privilegie nenhuma religião e tampouco seja espaço para o proselitismo religioso.

Porém, se você já cansou de “zapear” em busca de conteúdo não-religioso na TV, prepare-se para usar ainda mais o controle remoto. Desde o ano passado, a Rede Globo tem estabelecido uma forte parceria com o setor evangélico, o que foi expresso na cobertura do musical “Festival Promessas”, na contratação de artistas gospel para a gravadora do grupo, a Som Livre, e na inclusão de personagens evangélicas na teledramaturgia – Ivone (Kika Kalache), de “Cheias de Charme”, e Dolores (Paula Burlamaqui), de “Avenida Brasil”. Líderes evangélicos reunidos em 2012 com a maior emissora do Brasil pediram mais: uma heroína evangélica no horário nobre.

A parceria com a emissora é mais uma mostra da penetração das igrejas na mídia, um fenômeno que não é recente, mas que ganha proporções cada vez mais significativas. Levantamento realizado por Figueredo Filho, apoiando-se em dados de 2006, revela que 25,18% das emissoras de rádio FM e 20,55% das AM nas capitais brasileiras são evangélicas – muitas neopentecostais que, hoje, concorrem com a Igreja Católica, antes liderança no número de altares eletrônicos.

Dados divulgados pela Folha de São Paulo revelam que o “televangelismo”, hoje, ocupa 140 horas semanais da TV brasileira. A Rede TV, líder na programação religiosa, vende 46h de sua programação semanal para igrejas; já a Record, da Igreja Universal, disponibiliza 32h. O terceiro posto deste ranking é ocupado pela Band, com 31h. Levantamento realizado pelo Intervozes denuncia casos como o do Canal 21, também do grupo Bandeirantes, que arrenda 22 horas diárias de sua programação à Igreja Mundial do Poder de Deus.

Já o poder público tem se eximido de enfrentar os interesses das igrejas e garantir que o sistema de comunicação não sirva ao proselitismo religioso. A ausência de ações dá-se mesmo quando esses grupos usam seus representantes no Congresso Nacional para manter e até mesmo ampliar suas redes de comunicação. Nesses casos, a tríade comunicação, religião e política mostra todo o seu poder de sustentação ideológica, política e econômica. E parlamento e mídia viram espaços para a publicização de discursos baseados no tradicionalismo, na defesa da família e da moral cristã.

Na esteira do fortalecimento do conservadorismo da sociedade, pautas históricas como o aborto, o casamento civil de pessoas do mesmo sexo e, ainda, a democratização dos meios de comunicação continuam interditadas no debate público. Essa situação faz com que seja urgente inscrever, na agenda dos movimentos sociais, a luta contra o conservadorismo e em defesa da pluralidade e da diversidade na mídia – inclusive de credos.

É este um dos objetivos do Projeto de Lei de Iniciativa Popular por uma mídia democrática, que pretende coletar mais de um milhão de assinaturas por um novo marco regulatório do setor no país. Do contrário, veremos os espaços públicos serem ocupados por setores que desconhecem os avanços políticos conquistados por grupos que foram, historicamente, oprimidos, mas que há tempos lutam por uma sociedade igualitária e livre de todo preconceito.

* As autoras integram o Setorial de Mulheres do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação. Helena Martins é mestra em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará e editora na TV Brasil. Bia Barbosa é jornalista, especialista em direitos humanos, mestranda em políticas públicas pela FGV-SP e integrante da Rede Mulher e Mídia

PSDB: Off-shore made in Globo... mil e uma utilidades



Por Jeferson Miola, Carta Maior 
A investigação sobre prática de cartel no metrô e na CPTM poderá ser como uma bomba de efeito fragmentário para o PSDB. Ainda não vieram à tona os personagens políticos que intermediavam os negócios com os “consultores” e as empresas cartelizadas.

Um escândalo monumental, que faria do PT uma terra arrasada, todavia não atormenta a vida dos tucanos. Porque eles contam com a complacência da sua mídia conservadora.



O Ministério Público paulista investiga a suspeita de prática de cartel em obras e manutenção da CPTM [Cia Paulista de Trens Metropolitanos] e do metrô de SP. São 45 inquéritos [uma metáfora com o número eleitoral do PSDB] em andamento desde 2008 para investigar crimes de improbidade administrativa e de lesão ao patrimônio público que ocorriam desde 1998. Perpassam, portanto, todas as gestões tucanas no Estado.

As investigações implicam gigantes transnacionais – a alemã Siemens, a francesa Alstom, a canadense Bombardier, as espanholas Temoinsa e CAF e a japonesa Mitsui.

Conforme indica o MP paulista, o esquema seguiu a cinematografia clássica da corrupção: contava com pelo menos duas empresas off-shores* - Gantown Consulting e Leraway Consulting - sediadas no Uruguai em nome dos “consultores” Artur Teixeira e Sérgio Teixeira.

As off-shores tinham contratos assinados com a matriz alemã e a filial brasileira da Siemens para a assessoria nas ofertas e na obtenção de contratos de peças e serviços para a CPTM, recebendo uma comissão entre 3 e 5% sobre o valor das “vendas”.

Segundo levantamento da bancada do PT na Assembléia Legislativa de SP, os contratos de obras e manutenção de trens e metrôs firmados nas gestões do PSDB nas últimas duas décadas podem ultrapassar 30 bilhões de reais - equivalente ao PIB do Senegal.

O MP divulgou indícios da prática de cartel pelas transnacionais, que se coordenavam na distribuição de lotes e na fixação de preços superfaturados nas licitações fraudadas da CPTM. Um esquema organizado de pilhagem do erário; uma articulação para repartir entre si o lucro ilegal num negócio multibilionário.

A publicidade desse escândalo reforça o vínculo do PSDB com práticas nebulosas quando exerce governos. Antes dessas revelações, muito se conhecia sobre outros negócios obscuros de governos tucanos, como as privatizações do patrimônio público [“privataria tucana”] e o chamado “mensalão mineiro”. 

Fica a impressão no ar de que, para eles, governar é uma oportunidade para fazer negócios multimilionários.

A omissão da mídia durante esses anos todos que o MP investiga o caso é tão escabrosa quanto o próprio escândalo. É uma omissão de proporções monumentais como esse monumental escândalo. Nunca foi dada a repercussão devida sobre os inquéritos, os fatos e as investigações, apesar da relevância das operações envolvidas. Enfim, tudo acobertado.

Esse episódio poderá ser como uma bomba de efeito fragmentário para o PSDB. Ainda não vieram à tona os personagens políticos que intermediavam os negócios com os “consultores” e as empresas cartelizadas. Quando vierem, poderão causar efeitos muito mais graves que os sofridos pelo PT com o chamado “mensalão” – invento tucano desgraçadamente repetido por alguns petistas.

*Nota
Off-shore é, na verdade, uma conta bancária ou empresa aberta em paraísos fiscais com objetivos nada nobres: ou [1] para fugir de tributação no país de origem do seu proprietário, ou [2] para ocultar a origem ilegal do dinheiro depositado, que pode ser originário do narcotráfico, tráfico de armas, corrupção, evasão fiscal, fraude tributária, etc.

Esquerda Censurada - @riltonsp