sábado, 23 de junho de 2012

PT X PSDB polarizam a política brasileira! - por Emir Sader!

O campo político brasileiro

Há duas décadas que o campo político nacional no Brasil se polariza em duas frentes: aquela liderava pelo PSDB e a liderada pelo PT. Desde que os tucanos, levados por FHC, se aliaram ao então PFL e assumiram o modelo neoliberal, o espaço à direita do campo politico ficou ocupado pela aliança liderada pelo PSDB e que tem tido no atual DEM (e secundariamente pelo PPS).

No outro polo, o PT ocupa o espaço à esquerda, em aliança com outros partidos como o PSB, o PC do B, o PDT e outras forças, como a força posneoliberal. As oscilações se deram pela adesão do PDMB e outros partidos de centro e de direita, ao bloco governante.


A correspondência a essa polarização é aquela que se dá entre dois projetos de país. O PSDB mantem uma visão centrada no mercado, no Tratado de Livre Comércio com os EUA e no Estado mínimo. Mesmo se não propõe claramente uma alternativa baseada nessas posições – a campanha de Serra a presidente oscilou todo o tempo entre continuidade com o governo Lula e oposição radical a esse governo -, são os eixos das posições tucanas, em que as denúncias fazem parte da tônica anti-estatal –em que o Estado seria a fonte fundamental de corrupção.


O PT dirige um bloco politico que faz o Brasil transitar do neoliberalismo herdado ao posneoliberalismo. Da Alca passamos à sua negação e à prioridade dos projetos de integração regional (Mercosul, Banco do Sul, Unasul, Conselho Sulamericano de Defesa, Comunidade de Estados da America Latina e o Caribe) e das relações Sul-Sul. Da proridade do ajuste fiscal à prioridade das políticas sociais. Do Estado mínimo ao Estado indutor do crescimento econômico e garantia dos direitos sociais.


Todo o cenário politico é sobredeterminado por essa polarização, de que o desenvolvimento do Brasil depende.

Postado por Emir Sader

Link:

Depois a mídia reclama quando é chamada de PIG



 Depois a mídia reclama quando é chamada de PIG (Partido da Imprensa Golpista). Seu previsível comportamento no que tange ao golpe de Estado “constitucional” no Paraguai, porém, reforça o estereótipo que ela construiu para si mesma ao longo de sua história de apreço pelas rupturas institucionais aqui e em outros países governados pela esquerda.
O grau de amor ao golpismo que se está vendo na mídia brasileira vai do apoio envergonhado da Folha de São Paulo ao apoio desavergonhado dos pistoleiros da Globo. Todos, porém, encarregados de vender ao país a teoria de que haveria algum mínimo resquício de legalidade no processo que derrubou o governo legitimamente eleito do país vizinho.
A Folha, em editorial, constata o óbvio, que o processo não obedeceu aos ritos legais aceitáveis em um processo dessa natureza, mas prega a consolidação do golpe afirmando que “Cumpre ao Brasil respeitar a soberania do Paraguai” aceitando a defenestração de um governo constitucional em um rito sumário imoral, para dizer o mínimo.
Já a Globo, mais descarada, põe Arnaldo Jabor e Merval Pereira para defenderem o golpismo à paraguaia. Os “pensamentos” desses dois se aliam aos de setores da classe política brasileira como o que integra o vice-presidente nacional do DEM, o baiano José Carlos Aleluia, que comemorou o golpe “constitucional” no Paraguai e insinuou que pode se reproduzir aqui.
O comentário de Jabor no Jornal da Globo de sexta-feira (22.06) é o mais emblemático das perversões políticas que acalenta essa meia dúzia de impérios de comunicação daqui e, também, de outros tantos países latino-americanos que vivem sob permanentes ameaças à democracia. Abaixo, a íntegra de um comentário que resume a grande mídia brasileira.
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Jornal da Globo
23 de junho de 2012
Comentário de Arnaldo Jabor
Na América Latina existe uma mistura de populismo com slogans de uma velha esquerda enterrada desde a queda do muro de Berlim – autoritarismo disfarçado de democracia.
Assim vive a Venezuela do Chávez, a Bolívia “cocalera” de Morales, a Argentina de Cristina “botox” e o Paraguai, em que o ex-bispo Lugo prometeu reforma agrária para os sem-terra, mas também esmagou o santuário dos guerrilheiros do povo por ter sido acusado de protegê-los.
Tá confuso entender isso, não é? Mas é o Paraguai, é uma caricatura desse esquerdismo-direitista latino. Um exemplo é o próprio bispo católico Lugo, que teve vários filhos ainda de batina roxa, pregando castidade com sexo. Agora em junho, ele atacou os sem-terra, que o elegeram. Morreram policiais e camponeses.
Criticado pelos dois lados, Lugo chamou a oposição para o governo. Aí a mistura entornou e o bispo sem batina foi “impichado” pelo congresso como está previsto na constituição do Paraguai.
Agora a polêmica: foi golpe ou impeachment legal? Os tiranetes latinos já gritam “golpe!”. Mas golpe de quem, da esquerda ou da direita? Uísque falsificado ou escocês?
E o Brasil, qual será sua posição? Vai dar mais grana para o pobre Paraguai, como fez Lula em Itaipu, ou vai oferecer abrigo ao Lugo na embaixada, como fez com Zelaya em Honduras?
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“Tiranetes”? Que “tiranetes”? Os presidentes dos países da Unasul que rechaçaram o golpe “branco” no Paraguai – entre os quais está a presidente Dilma Rousseff – podem ser tudo, menos isso. Elegeram-se de forma inquestionavelmente democrática, à diferença dos regimes militares que Globo, Folha e outras organizações criminosas apoiaram durante o século XX.
Note-se que a fala de Jabor alude à vida íntima de Fernando Lugo, como se ele ter gerado filhos enquanto era padre, mas antes de se eleger presidente, justificasse ruptura da ordem institucional em seu país.
Cristina Kirchner, presidente da Argentina, é alvo de machismo de Jabor. “Cristina botox”, ele disse. Bem, se isso for sinônimo de “tirania”, como quer o pistoleiro global, boa parte das mulheres, mães, filhas e irmãs dos barões da mídia ou as socialites do entorno que possam ter usado botox um dia para se embelezarem deixaram de ser democráticas por isso.
Já Merval Pereira, em mais uma de suas mervalices, ao menos inventa alguma desculpa para derrubarem um governo legitimamente eleito em pouco mais de 24 horas. Abaixo, trecho do golpismo mervalista-global:
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O Globo
23 de junho de 2012
Dentro da lei
Merval Pereira
(…) Não é possível classificar de golpe o que aconteceu no Paraguai, sob pena de darmos razão ao hoje senador Fernando Collor de Mello que se diz vítima de um “golpe parlamentar”, e que, em entrevista, já chegou a reivindicar de volta seu mandato presidencial. O interessante é que Collor foi impedido pelo Congresso brasileiro num processo que teve a liderança do PT, tanto na atividade parlamentar quanto na mobilização dos chamados movimentos sociais para apoiar a decisão dos políticos (…).
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Não há um só analista de política internacional, nenhum especialista acadêmico e nenhum político que concordem com Merval e Jabor. Seus comentários poderiam ser tomados por falta de conhecimento sobre como funcionam as democracias presidencialistas por quem não lhes conhece a história, mas quem sabe como e por que dizem essas coisas sabe que é porque são golpistas mesmo.
Collor? Que bobagem é essa? O processo de impeachment dele, desde a abertura do processo no Congresso até sua saída da Presidência, demorou, aproximadamente, SEIS MESES, enquanto que o processo que derrubou Lugo durou cerca de UM DIA, com DUAS HORAS PARA O PRESIDENTE SE DEFENDER.
Pior é a acusação. O confronto entre sem-terras e forças de repressão do Estado não poderia ser atribuído a Lugo sem investigação sobre o que aconteceu. Testemunhas e evidências ou provas teriam que ser apresentadas ao congresso, teria que ser provado que o presidente da república ordenou alguma coisa ou teve participação direta no caso.
O processo foi tão absurdo que até o agora “presidente” do Paraguai, Federico Franco, reconhece que ocorreu “muito rápido” e se disse “surpreendido” pela rapidez. Ou seja, Merval e Jabor estão sendo mais realistas do que o rei.
Para a América Latina e, mais particularmente, para o Brasil esse golpe “constitucional” não é apenas inaceitável, mas, aliado ao comportamento da grande mídia e de parte da classe política nacionais e dos outros países da região, é uma ameaça. Escancara quantos poderes acalentam devaneios golpistas.
O golpe “constitucional” em Honduras acabou vingando, mas não era tão importante para o Brasil e para o resto dos países que compõem a Unasul e o próprio Mercosul.
A ruptura democrática no Paraguai, para nós que com ele dividimos uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo ou uma fronteira por  onde trafega intensa relação comercial é ameaçadora porque nos afeta diretamente. Bem como aos demais países da região.
Boa parte dos países da Unasul já condenou o golpe paraguaio. Mesmo Dilma Rousseff, muito mais comedida que os líderes dos outros países da organização que o Brasil integra e que propugnou ainda no governo Lula, já deu mostras de que não deve aceitar o que ocorreu. Todos os países da região sabem a porta que será aberta se não houver resposta à altura.
Entretanto, apesar dos protocolos da União das Nações Sul-Americanas, haverá que ver como se comportarão a Organização dos Estados Americanos (OEA) e, claro, os Estados Unidos. A OEA deve ratificar as posições da Unasul, como fez durante o golpe em Honduras. Mas os EUA podem se meter a suprir o que as sanções da comunidade das Américas tirarem do Paraguai.
Por o Paraguai ter uma economia minúscula, os EUA poderão despejar dólares em seus cofres de forma a ter como sustentar o regime de força que acaba de ser instalado e que já começa a promover censura – no mesmo dia da deposição de Lugo, o “presidente” biônico do país mandou a tevê estatal censurar as manifestações de apoio ao presidente deposto.
Do ponto de vista do Brasil, o grande temor é o de que o “pragmatismo” do governo do PT o leve a fazer corpo mole para não provocar marolas políticas, como de costume. O golpismo que a mídia e a oposição abraçam, porém, deveria fazer Dilma se lembrar de que essas forças tentaram e tentam provocar juízos políticos semelhantes contra os dois últimos governos.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Desemprego cai e tem menor índice para maio desde 2002



Agência Brasil

“A taxa de desemprego em maio ficou em 5,8%, o que representa uma ligeira queda (0,2 ponto percentual) em relação a abril, quando o índice ficou em 6%. Na comparação com o resultado de maio de 2011 (6,4%), houve redução de 0,6 ponto percentual. A taxa registrada em maio deste ano é a mais baixa para o mês desde 2002, quando teve início a série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego (PME).

Os números do levantamento, divulgados hoje (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que o rendimento médio real habitual da população ocupada, que foi R$ 1,725,6 em maio, não sofreu variação na comparação mês a mês. Em relação a maio de 2011, houve um aumento de 4,9%.

De acordo com o IBGE, em maio a população desocupada, que somava 1,4 milhão de pessoas, ficou estável em relação ao mês anterior, e caiu 7,1% em relação a maio de 2011. Isso significa que em um ano houve menos 107 mil pessoas desocupadas nas regiões metropolitanas do país. Já a população ocupada, 23 milhões, aumentou 1,2% na comparação com abril e 2,5% em relação a maio do ano passado, o que representa mais 554 mil pessoas com ocupação.

Também não houve variação, no confronto com abril, no número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado – cerca de 11,2 milhões. Já na comparação anual, foram registrados mais 427 mil postos de trabalho com carteira assinada, uma elevação de 3,9%
A Pesquisa Mensal de Emprego é feita nas regiões metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, de Porto Alegre, Salvador e Recife. Entre essas, a capital baiana foi a que registrou maior taxa de desemprego em maio (8%), enquanto o menor nível foi observado em Porto Alegre (4,5%). No Rio, o índice foi 5,2%; em São Paulo, 6,2%; em Recife, 5,9%; e em Belo Horizonte, 5,1%.

Assim como o IBGE, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade) divulgam, em conjunto, levantamento mensal sobre o desemprego no país. No entanto, os índices apresentados nas duas pesquisas costumam ser diferentes, devido aos conceitos e metodologia usados.

Entre as diferenças está o conjunto de regiões pesquisadas. Ao contrário do trabalho do IBGE, a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), feita pelo Dieese e pela Fundação Seade, não engloba o levantamento dos desempregados da região metropolitana do Rio de Janeiro. Já na PME, não estão incluídas duas regiões que fazem parte do conjunto da PED: Fortaleza e o Distrito Federal.”

A pauta negativa da mídia




Por Wladimir Pomar


Já faz tempo que a grande mídia se esmerou em transformar ações positivas em manchetes e em matérias negativas. Quando o governo anuncia que mais de 50% das obras do PAC estão concluídas ou em fase de conclusão, as manchetes trazem, em geral, que quase 50% das obras do PAC estão em atraso ou não saíram do papel. Quando o governo anuncia a queda dos juros, uma parte continua proclamando que, apesar da queda, os juros se mantêm altos, enquanto outra parte alerta que isso pode causar corrida ao consumo, à inadimplência e à inflação.


Nas últimas semanas, isso que se poderia chamar de pauta negativa ganhou contornos ainda mais sofisticados. A grande mídia, que durante o domínio neoliberal foi incapaz de enxergar a quebradeira da indústria nacional e a destruição ambiental causada pelo agronegócio, ou de sentir o mau cheiro da pobreza e da miséria em expansão, agora decidiu fazer coberturas e reportagens extensas sobre a situação caótica do atendimento médico público, o caos ambiental, o descalabro do saneamento, as obras paradas, a lentidão do PAC, os salários inferiores das mulheres, o crescimento da violência, e vai por aí afora.

Em parte, todos esses problemas ainda existem, são verdadeiros. Mas são decorrência do descalabro histórico herdado dos sucessivos governos das classes dominantes, com destaque especial para os períodos da ditadura militar e do predomínio neoliberal, descalabro que não se supera em dez anos. E a grande mídia não se importa em fazer tal retrospecto. A mensagem sibilina é clara: os governos petistas foram incapazes de resolver tais problemas. Por coincidência – só pode ser por coincidência –, a propaganda partidária tucana se empenha em denunciar os mesmos problemas, ao mesmo tempo em que anuncia seu retorno reciclado para resolver tudo por meio de uma nova abordagem.

Se na propaganda ideológica e política a grande mídia e o tucanato parecem – parecem! – articulados nessa ofensiva que esconde as responsabilidades históricas, na propaganda econômica firma-se cada vez mais o bordão de que cresce a dicotomia entre os reclamos do país por mais investimentos e mais liberdade para as empresas, em contraposição à tendência governamental de elevação do consumo e de intervencionismo estatal.

Isso mostra que a oposição conservadora se deu conta de que as reformas tópicas, empreendidas pelos governos Lula e Dilma, já não conseguem manter um ritmo firme de progresso em virtude de amarras estruturais da sociedade brasileira. Embora aquelas reformas tenham melhorado, e muito, a situação do país - superando alguns dos piores descalabros herdados do demotucanato, entre os quais se pode incluir a hipocrisia com que PFL e PSDB arrotavam sua luta contra a corrupção, tendo o senador Demóstenes Torres como uma das principais vestais -, elas estão dando sinais de cansaço.

A extrema-esquerda deve estar se regozijando, já que sempre defendeu que as condições estruturais representavam uma muralha às reformas empreendidas pelo governo Lula e continuadas pelo governo Dilma, e que somente uma revolução poderia transformar essas estruturas. Nós, por nossa parte, podemos até achar que sem uma revolução não será possível resolver os principais problemas da sociedade brasileira e elevar o conjunto do povo brasileiro a uma situação de alto padrão material e cultural. O problema, no caso, reside em que somente o povo pode realizar tal revolução e que, no momento, ele ainda acha possível continuar no caminho das reformas progressivas daquelas amarras.

Em grande parte, em sua sabedoria, o povão tem razão. Ainda é possível sair da armadilha do perigoso binômio elevação do consumo + intervenção estatal, acrescentando a ele o crescimento vigoroso dos investimentos estatais e privados, exigindo da burguesia que coloque a mão no bolso onde aplica seu capital rentista e invista na produção industrial, e que aceite a concorrência capitalista como parte de sua natureza, e não só como chavão propagandista. É lógico que isso vai exigir mais rapidez do governo em definir prioridades no adensamento das cadeias produtivas e nas áreas que realmente devem ser estimuladas.

Por exemplo, as obras em infra-estrutura são uma prioridade consensual. No entanto, isso é genérico. Será necessário determinar que os transportes ferroviário e marítimo mereçam mais atenção do que o transporte rodoviário, embora isso mexa com os interesses dos setores econômicos envolvidos com este tipo de transporte. Além disso, continuaremos nas generalidades se, no caso da construção ferroviária e metroviária, não tivermos políticas claras para ter um parque siderúrgico capaz de produzir os novos tipos de trilhos para ferrovias de alta densidade de tráfego e alta velocidade, e para a instalação de novas plantas produtoras de equipamentos e componentes para tração elétrica e diesel-elétrica, como rodeiros, truques, vagões, carros de passageiros, tandem de locomotivas, grupos geradores, motores elétricos, compressores etc. etc.

O mesmo ocorre nas demais áreas da infra-estrutura. No caso da geração e transmissão de energia elétrica, em que continua sendo indispensável a construção de hidrelétricas, associada à construção de parques eólicos e à ampliação de parques solares e fotovoltaicos, é fundamental cuidar da instalação de plantas de fabricação de turbinas, grupos geradores, transformadores, cabos e outros equipamentos indispensáveis à geração e à transmissão. Para muitos, continua parecendo um mistério insondável que, com empresas estatais fortes e de longa experiência no setor, elas não sejam utilizadas para associar-se a empresas fabricantes de equipamentos e máquinas para o setor, nacionais e estrangeiras, acelerando o adensamento das cadeias produtivas dessa área estratégica.

Em outras palavras, os setores de comunicação política do governo e dos partidos de sua base terão que intensificar a denúncia da hipocrisia tucana, inclusive fazendo algo que já deveria ter sido feito, como o levantamento minucioso não só das negociatas promovidas pela privatização das estatais e outras empresas públicas, mas principalmente da quebradeira industrial e do sucateamento da infra-estrutura, realizados durante o período neoliberal. Mas nunca perdendo de vista que o campo onde a batalha decisiva será travada será o da economia política, em que o crescimento dos investimentos e da industrialização, a constante elevação do consumo e a presença reguladora do Estado serão os principais instrumentos, ou armas, capazes de mobilizar multidões se os conservadores e os reacionários pretenderem mudar os rumos que o país adotou a partir de 2003.

Sintonia Fina

Um minuto e meio de incoerência



Houve exagero nas reações contra o apoio de Paulo Maluf à campanha de Fernando Haddad. Os petistas não pareceram tão chocados quando o PP se engajou na reeleição de Lula e na vitória de Dilma Rousseff, com direito a ministério. E nem de longe a imprensa fez as mesmas caretas de nojo diante da aproximação do PSDB com o malufismo, gesto que traiu a herança do então recém-falecido Mário Covas.
A batalha contra o serrismo privata só ganha limites ideológicos no front paulistano? E os entulhos autoritários só parecem monstruosos numa foto com Lula e Haddad?
Por mim, Maluf passaria seus últimos anos de joelhos, esfregando latrinas com a própria escova de dente. Mas não acredito que o Poder Executivo, em qualquer nível, pudesse fazer algo para realizar essa fantasia. Não mais que o Ministério Público e o Judiciário, instâncias com meios e prerrogativas apropriados, embora estranhamente ineficazes e, apesar disso, imunes às bravatas do jornalismo oposicionista.
Se o PP tem condições de barganhar minutos de propaganda, que ocupe seu inevitável antro estatal sob a coordenação de alguém como Dilma ou Haddad e o escrutínio feroz que a mídia corporativa dedica às administrações que odeia. Com José Serra, a lambança talvez não tivesse freios nem controle. Basta veros descalabros cotidianos em São Paulo, feudo histórico do malufoquercismo tucano.
Um efeito nefasto da maleabilidade pragmática é o espírito reacionário contaminar a plataforma vitoriosa nas urnas. Mas esse perigo não se restringe aos partidos menores, tampouco aos da direita tradicional. O excesso de fidelidade doutrinária progressista deveria rechaçar acordos com o PMDB, o PDT e o PSB, cujos líderes regionais vivem fazendo conchavos espúrios e propondo legislações execráveis. Um passeiopelo interior paulista daria bons motivos para Luiza Erundina trocar de partido.
Os ataques injustificados à candidatura Haddad evidenciam o medo que ela inspira naqueles que fingiam menosprezá-la. E não chega a surpreender o número de líderes e militantes de esquerda que pertencem a esse grupo.
No Guilherme Scalzilli

Pensar em esquerda e direita ainda faz sentido?



Há muito vem sendo repetido que não há mais sentido em identificar diferenças substantivas entre a esquerda e a direita, já que as fronteiras entre os seus projetos e compreensão do mundo se diluíram.
Mesmo que as maneiras de verbalizar esse discurso mudem, a sua origem é sempre a mesma: a própria direita, que não cansa de repetir o seu mais tradicional discurso. 

A derrota do ideário neoliberal e a continuada crise nos Estados Unidos e Europa, fez ressurgir com força esse mantra conservador.
O pensamento da direita é necessariamente fragmentado e, portanto, não suporta uma análise mais profunda sobre as razões que impedem que, sob o capitalismo, as sociedades consigam superar as imensas desigualdades sociais e econômicas e mantenham milhões de pessoas na extrema pobreza. Além disso, submete toda a humanidade à incerteza quanto ao futuro, trazida pela crise ambiental, gerada pela rapinagem dos recursos naturais cujo objetivo é atender a ânsia de consumo produzida para sustentar e reproduzir o próprio sistema de mercado.
O objetivo desta construção discursiva, repetida de diversas maneiras, é o de justificar as diferentes formas de dominação que o exercício de poder econômico, político e cultural construíram ao longo de séculos e, assim, tentar evitar que sejam identificadas nas suas políticas a responsabilidade para as chocantes mazelas que são produzidas e reproduzidas em escala cada vez maior.
A mais recente demonstração disto são as respostas apresentadas pelos detentores do poder na Europa, que atacam duramente os direitos e conquistas dos trabalhadores, diminuindo o seu poder de compra e aumentando o desemprego, entre tantos outros castigos dirigidos aos setores mais vulneráveis.
Essa fúria contra os trabalhadores e setores populares, contrasta com os vultuosos recursos (bilhões de dólares) injetados para salvar os banqueiros, grandes industriais e financistas, mantendo seus interesses e fechando os olhos às inúmeras ilicitudes e manipulações de informações produzidas para esconder a real situação das empresas e da economia e, assim, aumentar ainda mais os seus lucros. Isso tudo está, mais uma vez, sendo feito à custa de imensos retrocessos no bem-estar da sociedade.
Mesmo que, em cada época, as formas de dominação ganhem diferentes contornos, significados e graus de legitimação, dado que sempre são condicionadas pela correlação de forças entre as classes, o “núcleo duro” da ideologia conservadora é preservado: justificar a dominação dos mais fortes e mais aptos. No linguajar ultraliberal, os termos “fortes” e “aptos” são usados para encobrir os verdadeiros sujeitos que os seus ideólogos têm em mente: os proprietários e os financistas.
A produção e expansão do domínio britânico, por exemplo, o império no qual “o sol nunca caía”, definiu em grande medida as formas dominantes de compreensão daquilo que era civilizado, correto e justo na sua época. As inúmeras formas de resistência sempre foram sufocadas, se preciso pela mais brutal repressão, até se deparar com a tenaz e persistente luta personificada pela figura de Ghandi. A partir daí, a até então “justa dominação imperial” foi perdendo legitimidade até não mais ter condição de se manter daquela forma, fazendo ruir o colonialismo.
O império americano, por sua vez, prescindiu da dominação territorial direta e exerceu a sua influência de outras formas, predominantemente pela financista, tendo atuado para o esfacelamento do império britânico, como demonstra a aliança entre Rooselvelt e Stálin para a reorganização dos campos de influência do pós-guerra, contra as tentativas de Churchill em manter ao máximo o domínio britânico, tal como persistiu até a II Grande Guerra.
A direita jamais deixou de utilizar todo e qualquer meio para manter a sua dominação, mesmo que para isso tenha que instalar governos totalitários, como foram as inumeráveis e sangrentas ditaduras na América Latina, entre as quais no Brasil, para não falar no nazifascismo na Europa. O que evidencia que o seu compromisso com a democracia é real enquanto os setores sociais populares forem mantidos “no seu lugar”, ou seja, sob seu mando e interesses.
A direita não suporta que os setores populares sejam bem sucedidos na construção de projetos e organizações suficientemente fortes ao ponto de disputarem opinião e arrebatarem a simpatia da maioria da sociedade. Não há outra razão para a incansável luta para desmoralizar tudo o que sai do seu controle. Quando não consegue cooptar os dissidentes, combate-os sem trégua e regras.
Ao contrário do que diz a direita e seus funcionários, a disputa de projetos e rumos é real e pode ser exemplificada nas lutas em curso no Brasil. É só ver quem luta contra as cotas raciais e acusou os seus defensores como estando estimulando o ódio racial; é só ver quem resistiu e procurou impedir as políticas de transferência de renda destinadas a enfrentar a extrema pobreza, acusando os seus defensores de estimularem a malandragem; é só ver quem critica a política de recuperação acelerada do poder de compra do salário mínimo e acusa seus defensores de prejudicarem a competitividade das empresas nacionais; é só ver quem impediu por mais de 10 anos a votação do Projeto de Emenda Constitucional que criminaliza o trabalho escravo e permite a desapropriação das terras para reforma agrária e quem, quando a Emenda finalmente foi à votação, votou contra ela; é só ver quem patrocinou o maior retrocesso na política de proteção ambiental brasileira, propondo e votando uma completa licenciosidade e estímulo à degradação ambiental. A reação contra a instalação da Comissão da Verdade e as opiniões sobre se os que praticaram tortura devem ser julgados, ou não, é outro tema que divide a margem esquerda, da margem da direita.
Ao identificar como os partidos, as organizações sociais, os comentaristas, os representantes setoriais etc, se posicionaram nesses e em tantos outros assuntos que tratam de fazer avançar direitos, obter conquistas e evitar retrocessos, conseguimos perceber claramente como os campos políticos são constituídos no cotidiano das disputas sociais. Essas lutas separam de forma muito bem definida a esquerda da direita. Portanto, quando é afirmado que não há mais sentido identificar distinções entre a esquerda e a direita, ou que programas e ideologias não devem ser considerados nas disputas sociais e eleitorais, estamos novamente ouvindo o mais tradicional discurso da direita, seja quem for que o esteja repetindo. Por Gerson Almeida 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Maluf fecha com Haddad e Serra culpa Alckmin por perder aliado



Marina Dias, Terra Magazine

“O presidente estadual do PP em São Paulo, deputado federal Paulo Maluf, anunciou no início da tarde desta segunda-feira (18) o apoio oficial de seu partido à candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura da capital paulista. Enquanto petistas comemoram a aliança, que trará 1 minuto e 35 segundos a mais ao programa eleitoral gratuito do PT, o tucano José Serra culpa Geraldo Alckmin por ter, nas palavras de interlocutores, "deixado Maluf escapar".

Segundo aliados, que pedem reserva quanto a seus nomes, Serra está "muito irritado" com o governador, que havia garantido o apoio do PP à candidatura tucana. "Serra acha que Alckmin acertou com Maluf para 2014 e não se esforçou muito, digamos assim, para este ano", explica um dirigente do PSDB paulistano. "Ele (Serra) acredita que Alckmin deixou Maluf escapar, não segurou o PSB, e ainda teve a história do PR… o PR foi Kassab que trouxe", completa. 

O grupo paulista do PP estava muito próximo de fechar com Serra, já que integra a base de Alckmin. Essas negociações, porém, começaram a azedar nas últimas semanas, depois que o governador se recusou a ceder a Secretaria de Habitação do Estado ao PP. Por outro lado, Maluf conseguiu emplacar um de seus aliados na Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, cargo negociado com a presidente Dilma pelo ministro da pasta, Aguinaldo Ribeiro (PP), como informou o jornal Folha de S.Paulo.”

Além disso, Alckmin afirmava aos mais próximos e a Serra, inclusive, que o PSB poderia fechar com o PSDB, já que o presidente estadual do partido, Márcio França, era seu secretário do Turismo. No entanto, não foi isso que aconteceu. O presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, acertou com o ex-presidente Lula o apoio a Haddad, mediante a algumas concessões do PT em importantes cidades do Brasil.
 
Chapão
 
Serra precisará de Alckmin para ajudar a convencer os vereadores do PSDB contrários à ideia do "chapão" de que esta é a melhor opção para o partido nas eleições municipais em São Paulo.
 
Dirigentes do partido já ameaçaram destituir a Executiva Municipal da sigla, caso esta mostre disposição em apoiar o "chapão", em que tucanos teriam que dividir com as siglas aliadas o número de candidatos que podem inscrever na disputa por uma cadeira na Câmara Municipal, o tempo de propaganda eleitoral e os votos de legenda.

Recompensa de até R$ 62 mil para quem denunciar corrupção? Conheça o projeto


O incentivo à denúncia por meio de recompensa auxiliará a polícia e o Poder Judiciário na coleta de provas, agilizando os procedimentos investigatórios e judiciais, e propiciando um aumento na resolução de crimes, avalia o autor do projeto 
corrupção brasil

O cidadão que denunciar crime contra a administração pública poderá receber uma recompensa equivalente a 10% do total de bens e valores recuperados pela Justiça. 


A medida consta no Projeto de Lei 1701/11, do deputado Manato (PDT-ES), em tramitação na Câmara. A recompensa será limitada a cem vezes o valor do salário mínimo (atualmente em R$ 622). 


O projeto cria o Programa Federal de Recompensa e Combate à Corrupção. 


Segundo o texto, a denúncia poderá ser apresentada à polícia ou ao Ministério Público por qualquer pessoa com mais de 18 anos. A proposta garante o anonimato ao denunciante. Se for necessário, ele poderá ser incluído no Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas, instituído pela Lei 9.807/99. 


Entre os crimes contra a administração pública estão o peculato (apropriação ou desvio de verbas públicas), a prevaricação (atrasar ou prejudicar o cumprimento de atos públicos em benefício próprio) e a corrupção passiva (recebimento de vantagem indevida). 


“O incentivo à denúncia por meio de recompensa auxiliará a polícia e o Poder Judiciário na coleta de provas, agilizando os procedimentos investigatórios e judiciais, e propiciando um aumento na resolução de crimes”, avalia o deputado Manato. 


De acordo com a proposta, a União criará o Fundo de Recepção e Administração de bens e valores recuperados em ações transitadas em julgado. Os recursos para o pagamento, também sigiloso, aos denunciantes, sairão do fundo. 


Tramitação 


O projeto tramita de forma conclusiva nas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania.


do blog Pragmatismo Politico

domingo, 17 de junho de 2012

Quem só se informa pela “velha mídia” sabe tudo pela metade



Quem ainda só se informa pelo que se convencionou chamar de “velha mídia” certamente ficou surpreso com o resultado da oitiva do governador de Brasília, Agnelo Queiróz, na sessão de ontem (13/06) da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o envolvimento do chefe de quadrilha Carlos Augusto Ramos, o “Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados.
Antes de explicar o por que dessa surpresa poder sobrevir, um preâmbulo para quem venha a ler este texto fora do blog onde foi publicado originalmente e que não costuma se informar através dessa alternativa informativa que é a “blogosfera”.
Por “velha mídia”, entendam-se grandes jornais, revistas, telejornais e os mega portais de internet como UOL e G1, por exemplo. E o fato é que esses veículos vinculados a esquemas políticos e a interesses econômicos só contam o que querem. Às vezes, chegam até a mentir. Mas o mais comum é que omitam o que não querem que o público saiba.
Todavia, o pior da empulhação que propagam – e não só em política, ainda que principalmente em questões políticas – reside nas “análises” que, sob linguagem jornalística e garantias de isenção dos “analistas”, difundem um sem-número de meras invenções de jornalistas pagos para tentarem enganar o público e para direcioná-lo a conclusões precipitadas ou errôneas.
De volta à oitiva de Agnelo pela CPMI do Cachoeira, há que lembrar do que os analistas da “velha mídia” diziam sobre o governador de Brasília nos primeiros momentos do escândalo que está abalando a República. Segundo “analistas” de veículos como O Globo, Folha de São Paulo ou revista Veja, havia mais indícios de envolvimento de Agnelo com Cachoeira do que do governador de Goiás, Marconi Perillo.
Naquele momento, grande parte dos vazamentos das escutas da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, ainda não chegava aos grandes meios de comunicação. Isso porque estes tentavam impedir a instalação da CPMI do Cachoeira, uma iniciativa dos governistas, e, assim, tratavam de vender a tese de que a investigação recairia sobre o PT e seus aliados, apesar de que o principal flagrado pela investigação da Polícia Federal fora um dos nomes mais eminentes da oposição.
Nessa toada, a mídia tentava intimidar os parlamentares da base aliada do governo federal para que não apoiassem a abertura da investigação mostrando que a deturparia.
A “velha mídia” ocultou ou minimizou muitas das informações que já se tinha sobre Perillo, como as nomeações de membros da quadrilha de Cachoeira em seu governo, os negócios que o governador mantinha com o quadrilheiro, as ligações telefônicas entre eles etc. Enquanto isso, exacerbava menções inconclusivas a Agnelo nas escutas.
Instalada a CPMI, com a transmissão dos seus trabalhos pela TV Senado e pela Internet, a grande mídia teve que reconhecer que as garantias que seus “analistas políticos” deram de que havia mais evidências contra o governador de Brasília do que contra o de Goiás estavam erradas.
Jornalistas como Ricardo Noblat, Merval Pereira e Eliane Cantanhêde, entre outros, reconheceram o “erro”. Outros, como Reinaldo Azevedo, fizeram de conta que nada disseram. Todavia, agora não dava mais para esconder que evidências contra Agnelo nem se assemelhavam às que havia contra Perillo.
Agora que a CPMI se tornara um fato, era hora de tentar desmoralizar a investigação. Os mesmos “analistas” passaram a difundir um pseudo acordo entre governistas e oposicionistas que, por saberem-se todos igualmente envolvidos, haviam combinado de não convocar governador nem de um lado, nem do outro.
Ainda assim, a “velha mídia” conseguiu atrapalhar os trabalhos da CPMI, pois para mostrar que não havia acordo algum os governistas decidiram convocar os governadores extemporaneamente. Convocaram Perillo, contra quem as provas se avolumam, e, para mostrar que não tinham nada a esconder, aceitaram convocar Agnelo apesar de as evidências contra este serem débeis.
Antes da oitiva dos governadores, os tais “analistas” atacaram de novo. Novamente os governistas perderiam porque Perillo seria um mestre da oratória e Agnelo seria um inepto que iria gaguejar e se enrolar todo.
De segunda-feira para cá, porém, o que se viu foi muito diferente. O depoimento de Perillo foi marcado pela dubiedade. Deixou muito sem resposta e se valeu de uma verdadeira guerra travada pela bancada oposicionista na CPMI, que, aos berros, não deixava os governistas inquirirem o governador goiano.
A nebulosidade que marcou a oitiva de Perillo teve seu ponto alto na negação que fez do pedido do relator da CPMI de abrir mão dos seus sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático (e-mails e SMS’s), o que comprovou a suspeita de que tem o que esconder.
Mais uma vez contrariando a “velha mídia”, o depoimento de Agnelo surpreendeu a todos. Seguro, veemente e transparente, não se furtou a pergunta alguma. E coroou seu excelente desempenho oferecendo à CPMI o que Perillo negou: a quebra de TODOS os seus sigilos em qualquer período que se requeira.
Como não foi possível vincular o governador de Brasília ao objeto da investigação – o envolvimento com o esquema Cachoeira –, “velha mídia” e oposição apelam, mais uma vez, à desinformação, a qual, proximamente, será desmontada como foi todo o resto que tentaram vender em termos de empulhação.
Em primeiro lugar, tentam descaracterizar a transparência de Agnelo vendendo uma tese deformada, de que em novembro do ano passado o ministro Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou a quebra dos sigilos de Agnelo entre 2005 e 2010 por conta de denúncias de desvios de verbas do Ministério do Esporte, quando foi ministro.
Em segundo lugar, “velha mídia” e oposição difundem uma distorção sobre imóvel que o governador de Brasília adquiriu há mais de cinco anos por R$ 400 mil e que, hoje, valeria R$ 2 milhões ou até mais. E dizem isso com base em achismos, sem respaldo algum de avaliações sérias.
O negócio não tem relação alguma com o esquema Cachoeira. Nem deveria ser abordado pela CPMI, pois o foco da investigação é a relação de agentes públicos e privados com o bicheiro. Mas, na falta de elementos que liguem Agnelo a ele, “velha mídia” e oposição buscam qualquer coisa que possam usar.
Mais adiante, tudo isso também irá virar nada.
Mesmo se fosse verdade que os sigilos TODOS de Agnelo já foram quebrados e que, portanto, ele não teria sido transparente, as análises da mídia esconderam ou minimizaram o fato de que após o gesto do governador de Brasília Perillo teria seus sigilos quebrados na marra porque 16 membros da CPMI assinaram o requerimento de quebra de sigilos dos dois.
Além disso, o STJ quebrou o sigilo bancário de Agnelo, sim, mas este ofereceu à CPMI TODOS os seus sigilos, ou seja, além do bancário, o sigilo fiscal, o telemático e, mais importante de todos, talvez, o sigilo telefônico. Fora o bancário, os outros sigilos de Agnelo não foram quebrados por aquela Corte.
Sobre a casa de Agnelo, uma rápida pesquisa na internet revela um fenômeno que se espalhou pelo Brasil nos últimos anos, mas que, na capital da República, foi mais intenso. O índice de valorização imobiliária em Brasília é de 40% ao ano. Ou seja: um imóvel adquirido na região por R$ 400 mil há mais de cinco anos, hoje facilmente chega a mais de R$ 2 milhões.
Detalhe: a casa foi comprada sem acabamento, ainda em construção.
É por isso, leitor, que, se você não lê a blogosfera, se confia apenas no que dizem impérios de comunicação que têm montanhas de interesses que nada têm que ver com jornalismo, eis a explicação do por que vem se surpreendendo com o sepultamento do que os tais analistas da “velha mídia” lhe venderam sobre a CPMI do Cachoeira.

A cruzada ética dos jornalões




A imprensa se juntou, unânime, numa nova cruzada, a de mostrar a incoerência de o PT paulistano receber o apoio do PP, partido do notório Paulo Maluf.
Todos os jornalões, sem exceção, procuram desqualificar o acordo - simples apoio, não aliança, como dizem -, dizendo que ele destrói a história do PT, uma história de combate ao malufismo e o que ele representa.
Interessante que essa cruzada só tenha sido iniciada agora e não antes, quando os próceres do PP estiveram por fechar o apoio a José Serra e seus amigos de bico longo.
Na ocasião, só faltou aos jornalões soltar fogos de artifício para celebrar a "aliança".
Em tom triunfal, publicaram gráficos para mostrar que Serra teria, com todos os acordos fechados, incluído neles o do PP, um tempo enorme na televisão, o maior de todos, para expor as suas ideias geniais para resgatar a cidade do caos promovido - vejam só que coisa incrível - por ele próprio e seu bando de predadores.
Aproveitaram para celebrar o poder de negociação dos tucanos, capazes de amarrar um bloco partidário de apoio a Serra com todas as letras do alfabeto, enquanto o adversário maior, o petista Fernando Haddad, diziam, batia bumbo sozinho, esquecido num canto, sem ninguém para ajudá-lo...
Assim, deve ter sido uma surpresa enorme para todos esses jornalistas que cobrem a política paulistana com tanta isenção o apoio que o Haddad recebeu do PSB e a escolha de Luiza Erundina para compor, como vive, a sua chapa.
A mesma surpresa, obviamente, também os capturou quando souberam das negociações entre o PT/PSB e o PP - partido que integra a base de apoio do governo Dilma.
Para esses jornalistas, o trabalho e a vida parecem ser feitos de surpresas.
Eles devem estar surpreendidos agora com o fato de, com o PP, a coligação de Haddad ficar com o maior tempo de propaganda eleitoral e isso contar muito, mais muito mesmo, numa campanha como a que está por começar.
Se esses nossos caros jornalistas perdessem menos horas do seu árduo trabalho para expressar toda essa estupefação com as coisas mais triviais da política, poderiam facilmente perceber que, se o apoio do PP ao PT realmente se concretizar, a chance de Maluf aparecer ao lado de Haddad ou Erundina é a mesma, como diz o sábio filósofo Felipão, de o sargento Garcia prender o Zorro.
Também que o programa de governo de Haddad terá influência zero de qualquer malufista, principalmente quando se sabe que o próprio Maluf não tem mais nenhuma poder sobre o seu partido e usa hoje a política apenas como escudo para se livrar dos problemas com a Justiça.
Mas, enfim, essa é a imprensa que temos neste país. Uma imprensa que aproveita os vácuos da legislação para esconder os fatos e expor apenas seus desejos, suas frustrações e suas preferências partidárias.
Fico pensando o que seria dessa já pobre oposição se não contasse com a ajuda dos jornalões, de suas cruzadas éticas e  de toda essa conveniente ingenuidade sobre a "realpolitik".
cronicasdomotta

Brasil empata com Japão e Reino Unido em novo índice de riqueza da ONU



A culpa é de Lula e de Dilma.

Um novo cálculo apresentado neste domingo (17) pelas Nações Unidas tenta integrar aspectos sociais e ambientais ao crescimento econômico para medir o grau de desenvolvimento sustentável de um país. No primeiro relatório do Índice de Riqueza Inclusiva da ONU, que analisou dados de 20 países, o Brasil ficou em quarto lugar – empatado com a Índia, o Japão e o Reino Unido e na frente de países como Noruega e Estados Unidos.


Pontuar melhor no índice de Riqueza Inclusiva significa ter um padrão de crescimento econômico mais sustentável, na visão da ONU. A China foi a primeira colocada, seguida pela Alemanha.


“É importante saber o quanto a economia de um país cresceu, mas também como ela cresceu”, disse Pablo Munoz, diretor científico do Relatório de Riqueza Inclusiva 2012. “Este índice alia as variações de estoque no capital econômico, no capital humano e no capital natural que sustentam o crescimento do país”, afirma Pablo Munoz, diretor científico do Relatório de Riqueza Inclusiva 2012.

O índice foi criado em parceria pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Universidade das Nações Unidas sobre Mudança Ambiental Global (UNU-IHDP) e apresentado durante a Rio+20. A Rio+20 é a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que vai até o dia 22 de junho, no Rio.

Alternativa ao PIB


A substituição do Produto Interno Bruto -- a soma de todas as riquezas produzidas por um país -- por outro indicador de desenvolvimento pode ser uma das contribuições da Rio+20 para a comunidade internacional.


"Eu não diria que vamos substituir o PIB como medida de desenvolvimento, já que ele é medido hoje por cerca de cem países, com base em indicadores bastante confiáveis", diz Munoz. "Não sei em quanto tempo isso acontecerá, mas a tendência é que os índices de desenvolvimento evoluam para medir outros aspectos além da produção."


A consequência prática dessa mudança de paradigma seria que não só o crescimento do PIB, mas a melhoria de outros indicadores nacionais motivassem as políticas de cada país. O desafio é chegar a um índice que leve em conta as várias dimensões do desenvolvimento sustentável e seja aplicável internacionalmente, passível de ser medido em todos os países.


Desde a Rio 92, quando a revisão do PIB como indicador de desenvolvimento já estava em pauta, surgiram propostas de redefinição do indicador. Poucas, no entanto, foram testadas na prática e adotadas internacionalmente por outros países.


A mais conhecida e utilizada das medidas de desenvolvimento alternativas ao PIB é o Índice de Desenvolvimento Humano, medido pela ONU desde 1990. Em 2010, o Índice passou por uma reformulação, a fim de refletir melhor os valores da sociedade com relação a desenvolvimento sustentável.