quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Transparência e mau-olhado



Enquanto Lula enfrenta o câncer publicamente, cientistas políticos de fachada ruminam um mal disfarçado gozo doentio. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
A se tomar cultura no sentido amplo que lhe dão os antropólogos – o conjunto de representações simbólicas com as quais se identifica determinado grupo – o câncer do Lula é o acontecimento cultural do Brasil em 2011. Nunca antes neste País uma doença teve o condão de revelar tantos significados emblemáticos e tantas patologias sociais.
Subjacente ao drama pessoal do ex-torneiro mecânico tornado presidente da República reavivam-se crendices, mitos, a mesma intolerância, a mesma intransigência que vêm espreitando cada ato da longa trajetória política de Lula, fazendo borbulhar no caldeirão das mentalidades, elas, sim, -doentias, um vingativo contentamento – como se, da mesma forma como ocorre em certos crimes hediondos, a culpa pudesse ser da vítima.
Foi, aliás, nas vizinhanças do Dia das Bruxas que se divulgou a novidade – “uma bomba”, reagiu uma delas, ruminando mal disfarçado gozo, bruxa radiofônica a bordo de sua fachada de “cientista política”. Indiferente mais uma vez aos efeitos da mandinga e do mau-olhado, Lula decidiu agir com transparência: convenceu a equipe médica, naquele mesmo dia 29 de outubro, de que não havia porque sonegar a informação ao País e instruiu o Hospital Sírio-Libanês a divulgar um boletim relatando a verdadeira natureza de sua doença, um tumor maligno na laringe.
A partir daí, vive o paciente à mercê de um penoso tratamento e de uma natural incerteza, enquanto divide-se a nação entre o susto, a perplexidade, a compaixão, mas também a raiva, o desprezo, o ressentimento, requentados agora pela reconfortante sensação de que, se o adversário é invulnerável na política, há de ser frágil na vida. Atribui-se ao escritor Otto Lara Resende a frase de que o mineiro só é solidário no câncer. No que diz respeito ao mais admirado líder político do País em todos os tempos, há patrícios seus que paradoxalmente nem nesse caso lhe são simpáticos.
Noticiada a doença, assistiu-se de cara a um denso “Momento Sigmund Freud” por parte daquelas tias de Brasília, muito poderosas, as quais sempre fizeram do ofício de informar o exercício impenitente do vodu contra o tosco metalúrgico arvorado em prócer político. Por um minuto, devem ter saboreado a exultante certeza de que suas novenas fervorosas não foram em vão. Uma delas chegou a aventar, feliz da vida, a ironia de Lula, o tribuno, o orador, o incurável falador, ser atacado exatamente no gogó. Se o ex-presidente é mestre por convencer pela palavra, que ele, então, em castigo dos céus, pague pela língua (a tia deixou nas entrelinhas o arfar de -donzela -injuriada).
Propagou-se a partir daí o tremendo festival de subpsicanálise de auditório, reiterando a crença de que o câncer do Lula, ainda que não seja um recado dos deuses, é uma punição terrena. “Não é surpresa”, balbuciou a comentarista Lúcia Hippolito, da CBN (leia-se das Organizações Globo). “Não é surpresa, tendo em vista o abuso da fala do presidente que jamais teve um exercício de fonoaudiologia, de nada disso, e ‘tava no palanque todo santo dia’, tabagismo, alcoolismo…” Agindo como bedel de colégio interno, a comentarista acrescenta uma interessante avaliação sobre a qualidade da voz de Lula (roufenha), deixando claro que, a depender dela, já teria compulsoriamente cassado aquele desagradável timbre antes mesmo do câncer.
Nem as mais rasteiras manifestações de pensamento mágico por parte dos pigmeus da Botsuana haveria de se comparar, em mediocridade, ao debate nacional sobre Lula e seu mal. Correu por aí, no bojo dos palpites palavrosos, o mito de que o câncer tem causa psicossomática. A ciência moderna repudia isso como uma rematada besteira. Câncer é uma transformação maligna na célula que nada tem a ver com o estado de espírito da vítima. Existe, sim, um fator socioambiental a interferir na dialética saúde-doença, mas daí a estabelecer uma correlação entre a pororoca vernacular do Lula e seu tumor maligno já é ir longe demais no atoleiro pseudocientífico.
Faz lembrar – desculpe a digressão – a teoria que o delirante Wilhelm Reich erigiu em torno de seu antigo mentor, Sigmund Freud, quando o mestre da psicanálise caiu vítima de um câncer na garganta. A tese de Reich era mais ou menos essa: para fazer da psicanálise uma disciplina socialmente aceita, para retirar dela toda aspereza revolucionária, de desafio ao status quo, depurando, por exemplo, o que ela trazia de mais inquietante no quesito sexualidade, Freud teve de negociar, de acochambrar, de engolir muito sapo. Consequência: câncer entalado na goela. Esqueceu-se Reich do detalhe banal de Freud ter fumado, a vida toda, 20 charutos mata-ratos por dia. Inclusive enquanto assistia seus pacientes no divã.
Repetindo: no caso de Lula, tratam-se de meros subterfúgios em torno da mesquinha desforra ao estilo “bem feito!”. Uma variação aggiornata de antiquíssimos rancores contra o operário quando ele se aprumava em terno e gravata e contra o mandatário que, na condução da sexta maior economia do mundo por oito anos, ousou comprar um jato à altura do seu cargo, de sua liderança e do seu País. Torciam, no íntimo, para Lula se esborrachar no solo com o avião decrépito. Ao se evidenciar a má fé, passaram a sugerir que o Boeing seria mero capricho pessoal, como se, ao deixar a Presidência, Lula fosse taxiar o “Aero Lula” na garagem de seu prédio em São Bernardo.
Os eleitos do privilégio jamais se conformaram ao ver o nordestino sans lettres et sans coulotteinvadir o cenáculo dos bien nés. Pior: magoou a eles o sucesso internacional da criatura. Coube-lhes, sempre, a reação do deboche. Acionam, agora, de novo, insensíveis a qualquer arroubo de humanidade, a artilharia do escárnio. Pois o impenitente ídolo da senzala cometeu o desatino de buscar, na Casa Grande, os recursos clínicos e tecnológicos para a cura. Internou-se num hospital de excelência: o Sírio-Libanês, de São Paulo. Paga as contas com seu dinheiro – e seu seguro de saúde. Como teria direito qualquer ser humano. Mas tem gente que sequer concede ao Lula o direito de se sentir um ser humano.
O esgoto foi destampado nas redes sociais. Entre os anônimos que festejaram abertamente a enfermidade e outros que chegaram a sugerir que se tratava de uma farsa para induzir à comiseração alheia, trafegou a incessante pergunta: por que é que Lula não optou por se tratar na vala comum do Serviço Único de Saúde, o SUS? Por que é que o otimista porta-voz das recentes conquistas sociais da nação, recorre, quando necessitado de assistência médica, a um serviço privado de saúde?
O rastilho da cobrança se alastrou: por que Lula não entrou na fila, como o zé-povinho? Espalhou-se a reclamação, reiteradamente, do pundit Elio Gaspari à tuiteira Luana Piovani. Os ranzizas light aliviaram: não que Lula não mereça os melhores cuidados, absolutamente não, mas ele deveria dar o exemplo. “Não que ele esteja moralmente obrigado a tanto”, escreveu um fanático do antilulismo. Mas já que ele fala tanto em povo e elite, “não se lhe está desejando mal nenhum, mas se cobrando coerência”.
O webfenômeno Lula-no-SUS comporta preconceito – duplo, triplo, múltiplo – e ignorância. Saúde de qualidade, só para os privilegiados, defendem os falsos arquitetos da simetria social. O Sapo Barbudo que pague o preço de ter se candidatado a mudar a situação e de fazer sonhar os pobres. Não é difícil calcular que 99% das pessoas que queiram remeter Lula para o sistema público de saúde não tenham a menor noção de como ele funciona, não façam a menor questão de entendê-lo e, lá no fundo, estejam olimpicamente se lixando para os pobres diabos que recorrem a ele. Dane-se o SUS.
Vozes de bom senso trataram de fazer o necessário contraponto. O ex-presidente FHC viu nas reações anti-Lula o ranço de elitismo. Na mesma linha alertou, isento de qualquer suspeita de parcialidade, o deputado Marcus Pestana, do PSDB de Minas Gerais. “Sempre me incomodaram visões desinformadas e preconceituosas que faziam uma associação superficial e imediata entre SUS e caos”, escreveu Pestana para o jornal O Tempo. “Recente pesquisa do Ipea mostrou que a avaliação positiva dos que utilizam os serviços do SUS é três vezes superior a daqueles que possuem saúde complementar e, portanto, têm uma visão externa e municiada por narrativas que distorcem a realidade.”
Lula encara hoje a realidade de um mal agudo – se bem que curável. Submeteu-se, sorridente, sob os doces cuidados de dona Marisa, ao sacrifício da barba e dos cabelos. Dá para imaginar o que sentiu ao se desfazer do adereço facial que lhe constituiu a mística. Muito do vigor combativo do Lula do passado se exprimia simbolicamente nos fios revoltos de sua barba. Ao se aproximar do poder, Lula pacificou-os, numa arquitetura que reiterava o candidato à concórdia e à cordialidade, como se fosse um político da República Velha. O que era rebeldia passou a sinalizar sabedoria.
Ao se olhar hoje no espelho, Lula há de estranhar. É difícil reencontrar-se com uma criatura que, de repente é você e também não é. Mas a batalha de agora consola o sacrifício.

Nirlando Beltrão, na Carta capital
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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Conheça os benefícios do ecoturismo para as comunidades locais


Mesmo quando estiver viajando, o turista pode tentar visitar áreas menos desenvolvidas, onde o recurso usado durante seu passeio pode ajudar a economia local prosperar. | Imagem: Augusto Crem / Mundi
 
Uma pessoa socialmente responsável provavelmente vai querer tornar o mundo um pouco melhor. Mesmo quando estiver viajando, o turista pode tentar visitar áreas menos desenvolvidas, onde o recurso usado durante seu passeio pode ajudar a economia local prosperar.
Outra maneira de ajudar é doando um pouco de seu tempo para a comunidade, sendo voluntário por exemplo. O objetivo idealista do ecoturismo é melhorar o mundo através de viagens responsáveis fazendo com que os viajantes ofereçam reais benefícios para as comunidades locais.
Conservação
O objetivo principal do ecoturismo é neutralizar os efeitos negativos do desenvolvimento humano. Pessoas que vivem nas cidades, muitas vezes optam por visitar florestas intocadas, montanhas e praias para desfrutar de sua beleza. Como as comunidades locais começam a ver seus recursos naturais como fontes de renda do turismo, elas podem trabalhar mais para proteger esses recursos. Em muitos casos, os moradores encontram trabalho como guias turísticos e descobrem que seus empregos dependem de esforços de conservação local.....

Como Dilma enterrou Ali Kamel em 2011


por Paulo Henrique Amorim


Através do Tijolaço, o ansioso blogueiro assistiu à excelente exposição de fim de ano da Presidenta Dilma Rousseff, que também pode ser vista no Blog do Planalto.
Apesar dos pesares, e da crise que a Globo dissemina 24h por dia, foi um ano brilhante.
Que calou a boca da Oposição.
Porém, através do PiG (*), a Oposição conseguiu engessar a agenda política do pais.
No país onde se realizou a maior roubalheira numa privatização latino americana – agora revelada, em parte, pelo “Privataria Tucana”-, o PiG estabeleceu que a questão é a corrupção, o “malfeito”.
(A outra parte será conhecida na CPI da Privataria.)
E o Álvaro Dias, o Farol de Alexandria e o Padim Pade Cerra empunham a bandeira da Moral e da Ética.
Como diz o motorista de taxi, “esse país não tem jeito”…
Como assim, “não tem jeito”?, pergunto.
A roubalheira, diz ele.
Quem rouba ?, pergunta o ansioso blogueiro, ao passar por uma rua arborizada da Cidade de São Paulo, no bairro de Higienópolis.
Os políticos, diz ele.
Os políticos, indistintamente.
Ou seja, o Ali Kamel ganhou.
Conseguiu equiparar o Lupi ao Ricardo Sergio de Oliveira, ao Preciado, ao Rioli.
Acompanhe, agora, amigo navegante, o que a Presidenta mostrou no pronunciamento de fim de ano.
E ninguém soube.
Começa que ela usou a palavra “emprego” sete vezes, em dez minutos.
Como se sabe, os oito anos de Governol Cerra/Fernando Henrique se notabilizaram pelo desemprego.
Quem tinha emprego garantido eram banqueiros de investimento, “brilhantes“ gestores de fundos na Privataria.

Dilma preside o “pleno emprego”, apesar da crise Global da Urubologa.
Lembrou ela, o Brasil criou em 2011 a bagatela de 2,3 milhões de empregos.
Num único ano.
Voce viu isso nos jornais do Ali Kamel, amigo navegante ?
Uma comparação entre o desemprego no mundo e o “pleno emprego”no Brasil ?
Qual o destaque que os jornais do Ali Kamel deram ao salario minimo que vai abrir 2012 ?
E sobre a redução de impostos ?
O PiG (*) e seus colonistas (**) só falam de “carga tributária”, a mais alta do mundo (no Farol era maior …).
A Dilma reduziu os impostos de 5 milhões de pequenas empresas e empreendedores individuais.
Reduziu os impostos sobre geladeiras, fogões e maquinas de lavar.
Levou para zero impostos que incidem sobre massa, farinha e pão.
O Ali Kamel mostrou isso, amigo navegante ?
Não, o Ali Kamel gosta é do “malfeito”.
Até 2014, contou a Presidenta, a Caixa e o Banco do Brasil, que anunciam no jornal nacional – e no Conversa Afiada – vão aplicar R$ 125 bilhões no Minha Casa Minha Vida.
Em 2011 a Dilma entregou 341 mil casas.
Vai entregar outras 400 mil.
E tem 500 mil em construção.
O Ali Kamel tratou disso ?, amigo navegante, logo ele, que, segundo o Florisbal, tem que dar mais atenção à Classe C. Classe C! 
Deve ser proibido falar disso no jornalismo da Globo, porque Classe C traz logo à cabeça o Nunca Dantes e a Presidenta.
E os da pobreza extrema ?
O programa Brasil sem Miséria – contou a Presidenta no Natal – localizou 407 mil famílias que não conseguiam, sequer, ser beneficiadas.
E já recebem, em boa parte, o Bolsa Familia, aquele programa que a grande estadista chilena Monica Cerra considera um incentivo à vagabundagem.
A Presidenta revelou que um milhão e 300 mil crianças e adolescentes foram incorporadas em 2011 ao Bolsa Famiia.
Ou seja, vão receber educação e assistência médica.
Que horror, amigo navegante !
Um milhão e trezentas mil crianças !
Por que o aviãozinho da Globo não acha uma criança dessas ?
Deve ser uma avaria no radar do Ali Kamel.
Diante da notável política tucana de São Paulo de combater o crack com a “Cracolândia”, a Presidenta teve que se esforçar muito para conceber um plano à altura da engenhosidade tucana de São Paulo.
Assim, criou o programa “É possível vencer”, com R$ 4 bilhões para curar e ressocializar os viciados em crack.
Nada será como a “Cracolândia”, uma politica que a Organização Mundial de Saúde vai disseminar mundo afora.
Mas, a Dilma tenta.
E o Pronatec ?, que até 2014 vai levar 8 milhões de jovens para o mundo do Emprego.
Outro dia, no Entrevista Record, este ansioso blogueiro entrevistou o Lincoln Silva, que saiu de uma cidadezinha no Sul da Bahia, fez o ProUni, entrou no Senac e foi um dos primeiros a se beneficiar do “Ciência sem Fronteiras”, do Mercadante: Lincoln vai estudar um ano com tudo pago, na Rochester University, no Norte do Estado de Nova York, uma das referencias mundiais em design gráfico.
Isso é uma ofensa à elite que o Ali Kamel representa !
Uma agressão ideológica !
Dar Educação e Emprego a um filho de costureira com ourives, como o Lincoln.
Dilma falou nove vezes em Emprego.
Você sabia disso, amigo navegante ?
Que a palavra “Emprego“ é uma marca do Governo Dilma ?
Pois é, amigo navegante, quem manda você e o Bernardo se curvarem ao PiG ?
A questão, amigo navegante, não é só a necessidade de o Governo prestar contas e a sociedade saber o que o Governo faz.
Por exemplo: a Presidenta vai passar o Réveillon numa base da Marinha na Bahia.

FGV: Brasil estaria entre maiores economias mesmo sem crise


Uma projeção do Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês) divulgada nesta segunda-feira, aponta que o Brasil deve superar a Grã-Bretanha e se tornar a sexta maior economia do mundo ao final de 2011. Em entrevista concedida ao Terra nesta segunda-feira, o professor da Escola de Economia de São Paulo (EESP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rogério Mori, afirmou que o País atingiria este patamar mesmo sem a crise que atinge a Europa.

"O Brasil chegaria ao patamar atual mesmo sem a crise. Talvez demorasse um pouco mais, cerca de um ou dois anos, mas este é um processo natural. A crise que os países da Europa enfrentam acelerou o processo, mas ,mesmo sem ela, em algum momento o Brasil conseguiria chegar a este patamar", afirmou.
O professor acredita que "é uma tendência que as economias emergentes ganhem destaque entre as principais do mundo". Para Mori, o Brasil pode melhorar ainda mais sua posição nos próximos anos. "O País está forte com um sistema financeiro sólido, democrático, sem endividamento das famílias. Em termos de crescimento, dá para esperar algo entre 4% e 5% nos próximos anos. A tendência é de que o Brasil passe a França (quinta economia do mundo atualmente) em dois ou três anos se manter este ritmo. Chegar à quinta colocação não seria nada surpreendente. Daí para frente (Estados Unidos, China, Alemanha, Japão) a coisa fica um pouco mais complicada".
Mori acredita que a força do real é um dos fatores responsáveis pela evolução da economia brasileira ante outros países. "Como nossa moeda está muito forte, quando ela é convertida em dólar, acaba impulsionando ainda mais nossa economia", disse Mori.
Ministro já estimava o resultado
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já estimava o crescimento do País. Em entrevista coletiva realizada na última quinta-feira, o ministro afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) do País crescerá entre 3% e 3,5% em 2011 e, com US$ 2,4 trilhões, o Brasil passaria a ter o sexto maior PIB do mundo.
"Poderemos ultrapassar as grandes economias nos próximos anos, principalmente porque a economia brasileira continuará com um ritmo acelerado. Das seis maiores economias do mundo em 2011, o Brasil só perde para a China", disse Mantega.

Via Inter ação

Brasil e America do Sul: adeus à condição de quintal

Luiz Alberto Moniz Bandeira, Envolverde
Extensão territorial, poder econômico e poder militar são três fatores que devem ser considerados para qualificar um país como potência e compreender sua posição na hierarquia entre Estados. Estes são os fatores que permitem a um Estado atuar independentemente e influir sobre outros Estados e, portanto, determinar em que condições ele se expressa como potência regional internacional. Um Estado, que dispõe de potencial econômico, força militar e extensão territorial (assumindo, por suposto, que sua população seja correspondente ao espaço que ocupa), pode tornar-se hegemônico, o líder e o guia de um sistema de alianças e acordos de variado alcance.

Para contar com todos os fatores que garantem a segurança da vitória, tanto quanto seja possível prever-se, é necessário que o Estado tenha capacidade de exercer pressão diplomática, i. e., capacidade para obter parte do que poderia ser o resultado de uma guerra vitoriosa sem necessidade de combater realmente.[1] Mesmo assim, a paz interna, como reflexo do exercício eficiente dos grupos sociais e de sua função interna hegemônica, é indispensável, se o Estado pretende ser una potência internacional. Em outras palavras, como ponderou Kart W. Deutsch, o potencial do status de poder é uma simples estimativa dos recursos materiais e humanos que podem ser usados para prever quanto êxito poderá ter um país em uma disputa contra outro país, se usa seus recursos como vantagem. [2] De acordo com Deutsch, um país tanto mais terá condições de afirmar-se como potência quanto mais extenso for e quanto mais numerosa seja sua população e os recursos que pode mobilizar para a consecução de uma política (57). Poder, pura e simplesmente, é a habilidade de um ator de prevalecer em um conflito e superar os obstáculos, se usa com vantagem seus recursos.

Com mais de 196 milhões de habitantes (em 2007), a extensão territorial de Brasil é apenas pouco menor do que a dos Estados Unidos continental, incluindo o Alaska. Soma 8.514.215 milhões de quilômetros quadrados e seu litoral se estende por 7.367 quilômetros. Tem 15.735 quilômetros (cerca de 8.000 milhas) de fronteiras, sem litígio, com todos os países da América do Sul (exceto Equador e Chile). E dentro deste vasto território, seus recursos naturais são abundantes: terras férteis para a agricultura, reservas imensas jazidas de ferro e outros minerais metálicos, urânio, biodiversidade, enormes reservas de água e recursos hidroelétricos. E, conforme a estimativa da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP), os campos descobertos na Bacia de Santos, litoral do Estado de S. Paulo, contêm 33 bilhões de barris, o que quadruplica as reservas de petróleo do Brasil de 13 bilhões de barris (provados) para cerca de 46 bilhões de barris. Somente no campo de Tupi (litoral de Santos) há cerca de 5 a 8 bilhões de barris. Os dados são ainda muito imprecisos, mas de acordo com Stephanie Hanson, do Council on Foreign Relations, o volume de petróleo na camada pré-sal, que provavelmente se estende por 800 quilômetros, do Espírito Santo, norte do Rio de Janeiro, a Santa Catarina,[3] deve ser da ordem de 70 a 100 bilhões de barris, além de grande volume de gás.[4] O Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) do Brasil, conforme a paridade do poder de compra, utilizado pelo Banco Mundial, era em 2007 da ordem de U$S 1,849 trilhão, mais de três vezes maior do que o da Argentina, estimado em U$S 526 bilhões (2005), maior do que o do Canadá, calculado em U$S 1,271 trilhão (est. 2007), do que o do México, U$S 1,353 trilhão (2007 est.), do que o da Espanha ( U$S 1,361 trilhão, est. 2007), igual ao da Itália (U$S $1,8 trilhão, 2007 est.), um pouco menor do que o da França (U$S 2,075 trilhões, 2007 est), que o da Rússia (U$S 2,097 trilhões, 2007 est.) e do Reino Unido (U$S 2,13 trilhão, 2007 est.).[5]

Não sem razão, já em 1976, ao ser interpelado, no House Foreign Affairs Commitee, se os Estados Unidos haviam elevado o Brasil ao status de potência mundial, por terem os dois países assinado um acordo de consulta, Henry Kissinger, então secretário de Estado na administração do presidente Gerald Ford (1974-1977), replicou:

“(…) This agreement does not make Brazil a world power. Brazil has a population of 100 million, vast economic resources, a very rapid rate of economic development. Brazil is becoming a world power, and it does not need our approval to become one, and it is our obligation in the conduct of foreign policy to deal with the realities that exist”.[6]

Segundo Kissinger, o Brasil via o seu relacionamento com os Estados Unidos como similar a dois pilares gêmeos (twin pillars), cabendo-lhe organizar a América Latina, enquanto cabia aos Estados Unidos a mesma tarefa, na América do Norte, duas empresas trabalhando em harmonia, através de freqüente intercâmbio, e articulando seus propósitos comuns”.[7]

A América Latina, a que Henry Kissinger se referiu, significava, em realidade, a América do Sul, como se pode claramente inferir da frase, porquanto a América do Norte, compreendida como o México e os países da América Central, era a área de responsabilidade dos Estados Unidos. E com argúcia Kissinger observou que a igualdade teórica da soberania de cada nação latino-americana, postulada pelo sistema interamericano, não fazia parte do vocabulário brasileiro.[8] Conforme ressaltou João Augusto de Araújo Castro, embaixador do Brasil em Washington (1971-1975)[9], o Brasil jamais considerou suas relações com os Estados Unidos como um capítulo das relações entre os Estados Unidos e a América Latina e deseja cooperar com todos os países do continente, mas não queria ser confundido com qualquer um deles, nem sequer admitia ser confundido com sua totalidade[10]. Com efeito, o Brasil não somente não queria ser confundido com a América Latina, em geral, como não aceitava tal conceito então generalizado e adotado pelas instituições multilaterais, para enquadrar toda uma região onde os diversos Estados apresentavam enormes disparidades e assimetrias. O Brasil não queria ser diluído em um conjunto de países, dos quais se diferenciava pela sua dimensão territorial, demográfica e econômica. Havia, concretamente, uma hierarquia de poderes, em que o Brasil se sobressaía, dado que, ao separar-se de Portugal, não se desintegrara, como aconteceu com a América espanhola, e manteve, sem ruptura da ordem política, a vasta extensão do seu território.”
Artigo Completo, ::Aqui::

Precisamos aprender a lição


Menalton Braff, Revista bula

“Há poucos dias fomos alvo de brincadeiras nos jornais do mundo todo, principalmente nos espanhóis. E mexeram justamente em nossa ferida, ou aquilo que a grande mídia elegeu como tal: o futebol. Numa das manchetes publicadas em Barcelona, lia-se o belo trocadilho “Deuses e Santos”. 

Bem, o fato de o Santos Futebol Clube, ou seja lá qual for seu nome completo, ter perdido para uma equipe espanhola, teria sido digerido com a maior facilidade, não fôssemos o “país do futebol”.  A mídia, sobretudo a grande mídia, que em um de seus segmentos vive à custa do esporte, cria uma expectativa, forjada à base da repetição (técnica de Goebbels?), que muitas vezes não encontra base na realidade.

Primeiro, nos convencem de que o Santos é o Brasil. E não é. Depois vão formulando por vias indiretas o silogismo “Se o Brasil é o melhor do mundo (a premissa maior já é uma falácia) e o Santos é o Brasil (premissa menor é outra), (conclusão) o Santos é o melhor do mundo. Ora, com duas premissas falsas eles criam a tal da expectativa que só pode redundar na frustração dos torcedores, pois não acontece o que se espera. 

Mas deixando a lógica menor de lado, o fato é que perder para o Barcelona, como muita gente assinalou, não é desdouro nenhum. Concordo. Mas perder de 4 a zero, bem, amigos, aí já é mais difícil de engolir a pílula. Já me parece um caso de humilhação.”
Artigo Completo, ::Aqui:

O que o Vaticano, o fim do socialismo soviético e a privataria tucana têm em comum?



À primeira vista, o Vaticano, o fim do socialismo soviético e a privataria tucana nada têm em comum e são considerados, por alguns, fenômenos “isolados” no tempo e no espaço.

Porém, três livros publicados nos últimos 18 meses, Vaticano S.A. (Gianluigi Nuzzi, Larousse, 2010), Economia Bandida (Loretta Napoleoni, Difel, 2010) e A Privataria Tucana (Amaury Ribeiro Jr., Geração Editorial, 2011) mostram que os três “fenômenos” têm em comum o modus operandis neoliberal de desvio criminoso de dinheiro público, sempre lavados por empresas ou bancos off-shores, e seu investimento em negócios legais ou espúrios, fazendo com que de uma forma ou de outra a grana desviada volte aos corruptos e corruptores na qualidade de dinheiro limpo, legalizado no sistema bancário-financeiro internacional....

Desemprego e Religião: como a fé muda a percepção de uma crise



Pesquisa publicada mostra que a religião tem um papel significativo na maneira como as pessoas veem as possíveis soluções para as dificuldades econômicos de seu país. O estudo feito pela Baylor University, de tradição batista, foi apresentado em uma reunião da Associação de Jornalistas de Religião.
Os norte-americanos que acreditam que Deus tem um plano para sua vida são mais propensos a pensar que o governo “já faz muito”, e se opõem aos subsídios de desemprego para pessoas saudáveis, além de estar mais propensos a acreditar no “sonho americano” (tudo é possível para aqueles que trabalham duro).
“Estes são tempos difíceis. Nos últimos três anos, os norte-americanos sofreram com uma enorme crise financeira e imobiliária, recessão e desemprego. A missão desta análise é avaliar o que eles sentem sobre sua vida nestes tempos tumultuados. Será que ainda acreditam no sonho americano? Será que sentem que têm controle sobre sua vida?” , explicou F. Carson Mencken, diretor da pesquisa e professor de sociologia da Baylor.
Dos 1.714 entrevistados pela universidade, 40,9 % disseram “concordo totalmente que Deus tem um plano para mim”, enquanto 32,2% responderam “concordo”; 12,3% assinalaram “discordo” e 14,6% afirmaram “discordo totalmente “.
Há um grande contraste entre o que acreditam totalmente num plano divino e os que discordam totalmente quando se trata de das novas regras para o seguro desemprego – 52,6% contra 21,1%.
Geralmente, as pessoas que acreditam na desregulamentação do governo acreditam mais no plano de Deus, porque “as perspectivas econômicas estão intrinsecamente ligadas à visão de mundo das pessoas”, disse o pesquisador Paul Froese.
A pesquisa também mostrou a relação entre a renda e a crença num plano de Deus. Os que não creem são duas vezes mais propensos a ter altos salários que os mais crentes. Dados similares mostram uma conexão entre o nível de educação e crença religiosa. Enquanto 42,6 % dos descrentes tinham diploma universitário, contrastante com apenas 32,8% dos crentes mais enfáticos.
A pesquisa da Baylor foi divulgada em meio a um debate entre os evangélicos norte-americanos. Organizações como o Sojourners têm apelado para o que chamam de “sacrifício compartilhado”, frase retirada de Mateus 25:45. Ao mesmo tempo, outros têm defendido o chamado “evangelho da prosperidade ”, que inclui a crença de que Deus abençoará financeiramente todos aqueles que creem.
Além da crença de que Deus tem um plano para suas vidas, a pesquisa Baylor perguntou aos participantes sobre o significado da vida, a ligação entre religião e saúde mental, crenças sobre o céu e o inferno e crenças sobre a homossexualidade. Os resultados da pesquisa completa podem ser encontrados aqui .
Bule Voador