sábado, 26 de novembro de 2016

Sobre os truques dos ilusionistas do poder

O grande segredo dos mágicos consiste em desviar a atenção de seu público. Enquanto uma das mãos atrai os olhares dos presentes, a outra executa o truque. Muitos políticos profissionais e a grande mídia fazem o mesmo com enorme maestria.

Por exemplo, o governo Temer e os jornais não param de falar sobre as reformas trabalhista e previdenciária. Todos os olhares se voltam preocupados para essas questões.

Já a proposta de congelamento dos gastos públicos recebe menos atenção. Afinal, quem seria contra cortar verbas públicas diante de “tanta roubalheira”? 

O problema é que cálculos do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde preveem perdas de R$ 654 bilhões para o SUS, caso a proposta seja aprovada. O mesmo deve acontecer em outras áreas sociais, como Previdência e Educação.

Aí, será tarde demais quando descobrirmos que aquela bola que sumiu no ar, na verdade está no bolso do mágico. Ou melhor, no bolso dos que pretendem fortalecer ainda mais as empresas privadas de saúde, previdência e educação.

Outro truque: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE mostra que 1,3 milhões de jovens entre 15 e 17 anos estão fora da escola. "Deveriam estar no Ensino Médio", gritam os ilusionistas. Decreta-se uma Medida Provisória para resolver o problema. 

Só faltou dizer que 64% daqueles jovens já estavam fora da escola antes de ingressarem no ensino médio. Palmas para o mágico! E também para os que defendem uma escola pública ainda mais pobre para os pobres.

Mas ilusionismo eficiente, mesmo, é aquele que, a cada dois anos, nos leva a apertar a tecla “Confirma” e voltar para casa. 

http://pilulas-diarias.blogspot.com.br/2016/10/sobre-os-truques-dos-ilusionistas-do.html

Nosso sistema judiciário e suas verdades fedidas

No sistema judiciário brasileiro, não é preciso ser criminoso para parar na cadeia. Muitas vezes, é suficiente ser pobre e preto. E sem julgamento.

Por outro lado, basta que o meliante seja rico para que a prisão represente um mal menor, a ser remediado com advogados muito bem pagos e juízes pouco rigorosos. 

Os estudiosos do sistema penal dizem que a privação da liberdade tornou-se pena máxima com a consolidação da sociedade burguesa. 

Antes, com servidão, escravidão e outras formas de cativeiro, o bem maior de que o delinquente podia ser privado era sua integridade física: mutilações, esquartejamentos, a morte.

Agora, quando a ideologia dominante afirma que “somos todos livres e iguais” perante a lei, o maior castigo possível é a privação do direito de ir e vir. 

A desmentir essas teses, alguns poucos bilionários foram condenados a desfilar de tornozeleiras eletrônicas pelos bairros chiques de sua cidade. Foram sentenciados a ficar encerrados em seus casarões luxuosos, com piscinas, quadras esportivas e uns 10 empregados.

É mais ou menos o caso de Fernando Cavendish, o dono da empreiteira Delta Construções. Ele vem respondendo a processos por fraudes em obras contratadas pelo governo do Rio de Janeiro, sob a gestão de Sérgio Cabral. Entre elas, a reforma do Maracanã e o Arco Metropolitano. 

Segundo o que disse Elio Gaspari em sua coluna de 23/10, no Globo, alguém teria perguntado a Cavendish:

–Você não tem medo de acabar preso?

–Não. O que eu tenho medo é de ficar pobre.

Real ou não, o diálogo tem cheiro de verdade. Mas fede tanto que nem um lava-jato dá jeito.

http://pilulas-diarias.blogspot.com.br/2016/10/nosso-sistema-judiciario-e-suas.html

O PT e a ética da criminalidade moralista

O PT gostava de se apresentar como o campeão da “ética na política”. Mas seu maior erro foi confundir moralidade com legalidade. Roubos, subornos, compra de votos, superfaturamentos são crimes, não apenas condutas vergonhosas.

O campo da ética, propriamente dito, é aquele que envolve a escolha entre condutas consideradas adequadas ou inadequadas. Não diz respeito a atos legais ou ilegais. É aí que entra a situação que o partido de Lula criou para si mesmo. 

Quando prometo algo e cumpro, estou tendo um comportamento ético. Mas se cumprir essa promessa envolve a morte de alguém, minha ética é criminosa e devo ser punido por ela. 

Quando o PT passou a cometer ilegalidades para ocupar e manter postos no sistema político, adotou os valores morais que nele predominam. Esperava, portanto, tratamento semelhante ao que recebem aqueles que têm o mesmo comportamento. Ou seja, contava com a impunidade.

Acontece que os valores morais que orientaram a fundação do PT eram outros. O partido nasceu das lutas contra a legalidade suja da ditadura empresarial-militar. Foi parido e se criou na condição de péssimo exemplo para a educação moral e cívica dos generais. Pior que isso, tornou-se referência para amplos setores dos explorados e oprimidos.

Tudo isso rendeu ao PT o eterno ódio dos poderosos. Mas estes souberam esperar. Os mais astutos entre eles atraíram o partido para suas armadilhas institucionais. E quando surgiu a oportunidade certa foi condenado pelos mesmos crimes que seus inimigos cometem, mas pelos quais jamais responderão. 

Eis aí a ética que prevalece na política institucional. Nela moralismo e criminalidade coincidem e se reforçam mutuamente.

http://pilulas-diarias.blogspot.com.br/2016/10/o-pt-e-etica-da-criminalidade-moralista.html

Que tal escolher governantes por sorteio?


Em sua última coluna na Folha, Gregório Duvivier citou o interessante livro “Contra as eleições”, de David Van Reybrouck.

Em um artigo publicado no The Guardian, em 29/06, Reybrouck resumiu seus argumentos. Ele afirma, por exemplo, que dos 3.000 anos de experiências democráticas, só nos últimos 200 elas são praticadas exclusivamente pela realização de eleições. Estas últimas, no entanto, são consideradas o único método válido.

Por algum tempo, diz Reybrouck, essa simplificação da democracia deu certo. Mas nas últimas décadas as eleições se tornaram “os combustíveis fósseis da política”. Um recurso que já foi muito útil passou a envenenar a atmosfera social.

A partir da Segunda Guerra, afirma o autor: 

...as democracias ocidentais foram dominadas por grandes partidos de massa (...). Isto resultou em um sistema extremamente estável, com grande coerência partidária e comportamento eleitoral previsível.

Mas tudo mudou nos anos 1980, quando o sistema político passou a ser “cada vez mais moldado pelo mercado livre”. “Cidadãos tornaram-se consumidores e eleições, operações de risco”.

Diante disso, o autor sugere voltarmos “ao princípio central da democracia ateniense: a indicação de governantes por sorteio”. Algo que também vigorou nos estados renascentistas de Veneza e Florença, assegurando-lhes “longos períodos de estabilidade política”.

Para quem acha a ideia uma loucura, Reybrouck lembra que os jurados nos tribunais são escolhidos desse modo. Pessoas leigas, selecionadas com base em diversidade social e bons antecedentes, são encarregadas de tomar decisões de enorme responsabilidade. 

A proposta é mirabolante demais para o mundo real. Mas na política institucional atual, dominada por tecnocratas e suas fórmulas econômicas neoliberais, já não contamos nem mesmo com a sorte.

no: http://pilulas-diarias.blogspot.com.br/2016/10/que-tal-escolher-governantes-por-sorteio_19.html

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

CASO GEDDEL: CONFIRMAÇÃO DO TRÁGICO MOMENTO POLÍTICO QUE ATRAVESSA O BRASIL




O secretário de governo do golpista Michel Temer (PMDB), o baiano Geddel Vieira Lima, foi mesmo blindado, não só pelo presidente ilegítimo, como também pelos deputados da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.

Por 17 votos contra três favoráveis, o requerimento para que Geddel fosse convocado para explicar acusação de tráfico de influência feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero não passou e o ministro protegido não vai mesmo se explicar para os parlamentares e para os brasileiros, que terão de aceitar a decisão confirmando a total submissão da base aliada a qualquer coisa solicitada pelo governo golpista.

É esta a situação concreta na Câmara dos Deputados, isso depois do golpista Michel Temer ter batido o martelo em favor de Geddel Vieira Lima, uma figura política no mínimo discutível em função de uma série de acusações que remontam décadas.

Geddel inclusive foi um dos 37 deputados acusados no escândalo de corrupção dos anões do orçamento, no ano de 1993. Como neste momento, Geddel conseguiu se safar e não chegou a ser condenado, mantendo-se como parlamentar.

A denúncia do ex-ministro Marcelo Calero vai ficar por isso mesmo e está sendo remetida para o baú da história, que algum dia poderá ser aberto. Mas aí, como tem acontecido volta e meia, dificilmente atingirá o acusado. Esse caso é uma demonstração concreta de como anda o Brasil com este governo que só pensa em aprovar a tal PEC-55 no Senado, onde parece que os integrantes também ilegítimos conseguem tudo que querem para levar adiante o projeto de transformação do Brasil num país totalmente submisso aos interesses do capital em detrimento dos trabalhadores.

O governo golpista de Temer acabou de empossar no Ministério da Cultura o presidente do apoiador PPS, Roberto Freire. O tempo vai responder melhor sobre o procedimento desta figura que tem muita simpatia da Fundação Roberto Marinho, por ter em algum momento cedido os arquivos do antigo PCB, que tinham sido preservados na Itália, segundo denúncias de antigos militantes do Partidão que não aderiram ao PPS.

E Temer na posse ainda elogiou Freire por seu “passado de lutas”, que desembocou no PPS, apoiador incondicional do golpe parlamentar, midiático que resultou na ascensão do atual ocupante, usurpador, do governo brasileiro.

O golpista usurpador ainda por cima teve a coragem de afirmar que a chegada de Freire vai “salvar o Brasil” pelo “passado de lutas” do novo Ministro.

Pobre Brasil que terá de passar por um momento como o atual em que ocupam o poder figuras como Temer, Geddel, Freire, Moreira Franco, Meireles e Padilha, entre outros políticos do gênero.

*Publicado no site Brasil de Fato. http://www.tribunadaimprensasindical.com/2016/11/caso-geddel-confirmacao-do-tragico.html

Você sabe como identificar um “falso líder político”?

Apresento 13 dicas para você identificar o "Falso lider político" da comunidade.


Você sabe como identificar um “falso líder político”?

Texto: Raymundo José
1. Ele não participa dos acontecimentos do dia a dia da sua comunidade, mas quando passeia nela, sempre procura algo para reclamar. Com certeza ele só vai procurar algo errado. Fará apenas isso!
2. Nas suas raras aparições públicas o “falso líder político”,dedica-se (especificamente assim) em encontrar falhas nos outros líderes, monitores e idealizadores ali presentesCritica de verdade, sem pudor, sem a comprovação do fato e da fonte, sem caráter, sem responsabilidade,  e banalizando o acontecimento.  Ao encontrar essas falhas, (“ele”) passa a pulverizá-las para os seus seguidores. Estes, os encarregados de fazerem a propaganda negativa andar conforme  a estratégia do seu falso líder.

3. Sua postura original (fruto da sua personalidade) é somente criticar.  Agora, quanto às coisas boas ele não comenta nada, não elogia, fica na sua e em absoluto silêncio e jamais admite que a ação do próximo seja uma boa ideia.

4. “Ele” nunca aceita missão, compromisso ou incumbência alguma.  Lembre-se que o “Dom” do Falso líder político é somente criticar, e nada realizar.

5. Quando lhe é solicitado a sua opinião sobre qualquer assunto, responde que não tem nada a dizer contra e nem a favor, e depois (às costas do seu próximo) espalha como deveriam ser as coisas na sua "opinião". Opinião essa que sempre será 100 % contrária conforme o assunto lhe fora apresentado.

6. “Ele” não faz o primariamente  necessário no dia a dia da sua comunidade, que é participar.  Quando muito faz é apenas propagar que a sua comunidade está sendo dirigida e dominada por um grupinho. Pois se não tem a sua participação (do falso líder), é porque é um grupinho.

7. “Ele não ler nada que é publicado por outra pessoa, não participa da vida social da sua comunidade, não faz leitura diária dos informativos da sua cidade, da sua paróquia; apenas afirma que neles não há nada de interessante e que eles deveriam ser diferentes.

8. Ao ser convidado (e quando vai) para qualquer evento, simplesmente recusa. Alega que vai fazer algo; sua justificativa pela sua falta de tempo. Não comparece, para depois sair exercitando o seu “Dom” (criticar), com a seguinte afirmação: Essa turma quer sempre mandar na comunidade e eu sou uma pessoa democrática. Sou diferente deles, eu me preocupo com os outros e com a comunidade."

9. Como “ele” sempre tem problema de relacionamento com todos,  principalmente com as lideranças políticasprocura vingar-se fazendo suspeições, acusações e divulgando "erros " por esses supostamente cometidos.  Posicionamento esse que a psicologia credita como sendo essas as atitudes de pessoas carregadas de traumas, por não atingirem as suas ambições. Procedendo assim (tentando passar uma imagem boa e sem falhas humana), “ele” quer justificar que não possui traumas.

10. Ele não sugere, não participa, não lidera de fato, não apresenta novas ideias. Mas quando olha alguém com esses procedimentos, ali está o seu novo alvo para as suas críticas.

11. Se “ele” recebe questionários solicitando sugestões, e se o tutor desses não  adivinhar " suas ideias  e pontos de vista, (“ele”) fica vermelho e passa a destilar o seu veneno (suas críticas) e as espalha  se dizendo que fora ignorado e que é perseguição política à sua pessoal.

12. Para “ele” você não pode possuir veículo, ter uma boa casa e ........ que tá desviando. Mas não justifica suas transgressões, já do conhecimento de todos.

13 - logo mais ele vai chegar até você se dizendo ser “o salvador da pátria e que não compra o seu voto, pois  o voto é consciência  e ela não tem preço e, mesmo que tivesse, lhe falta o dinheiro; mas que precisa da sua ajuda para continuar .................. e etc e etc”.  Que podemos dizer, exercitando oseu “Dom”: criticar.  Criticar tudo, e todos!

Após todas estas dicas, você já sabe identificar o  “Falso lider político” muito nocivo à nossa comunidade?

É TEMPO DE RETROCESSO: RECRUDESCEM A XENOFOBIA, O RACISMO, A INTOLERÂNCIA E A FALTA DE SOLIDARIEDADE HUMANA.


"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua 
pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para
odiar as pessoas precisam aprender e, se elas 
podem aprender a odiar, elas podem ser
ensinadas a amar." (Nelson Mandela)
.
Há pouco mais de um século, os colonizadores brancos açoitavam os negros nos pelourinhos de suas fazendas e praças das cidades; depois, aos domingos iam à missa professar os dogmas cristãos de tolerância, irmandade, de não violência e de amor ao próximo. 

Havia igrejas de brancos e igrejas de pretos. Embora nelas se dissesse que os homens eram irmãos, filhos de Deus, os negros não eram considerados tão iguais assim.

No período colonial se considerava que a barbárie da escravidão direta era o preço a pagar-se pela benfazeja colonização e pelo progresso da civilização; assim se justificava a segregação racial contra índios (tidos como preguiçosos por não se submeterem aos trabalhos escravos numa terra na qual anteriormente viviam livres) e contra os negros (trazidos acorrentados da África em porões de navios, qual animais, para serem vendidos como mercadoria).  

Uns por convicção sincera, outros por mera hipocrisia, a grande maioria aceitava que, para haver progresso e ganhos civilizacionais, eram necessários tais sacrifícios.

Cabe traçarmos um paralelo entre a escravidão direta, pré-capitalista, e a postura atual dos segmentos sociais dominantes, assessorados por seus áulicos de estimação. Nesta fase terminal do capitalismo, em que poderíamos caminhar pra frente, colocando os ganhos do saber e a serviço da humanidade para emancipá-la, eles defendem (influenciando muita gente) a volta a um passado que nunca foi bom, mas que era melhor do que o presente.

Mas, embora a roda da História seja em alguns momentos detida por obstáculos e até retroceda, ela acaba sempre retomando o seu curso natural. Então, ao atual período de retrocesso deve seguir-se um impulso mais acelerado pra frente, caso a vida planetária não seja interrompida pelo belicismo bestial.

É óbvio que a recaída num capitalismo belicista, nacionalista, xenófobo, racista, machista e, enfim, mais segregacionista, não vai resolver um problema que nasce justamente do anacronismo de tal segregação social causada por um modo de relação social que se tornou inviável graças às contradições na dinâmica dos seus próprios fundamentos. O imperativo do desenvolvimento econômico, que todos defendem, significa apenas mais do mesmo.

Não há sobrevivência possível para o capitalismo no atual estágio da concorrência de mercado (a partir da produção tecnológica de mercadorias) e a adoção pelo Estado de políticas segregacionistas não terá o condão de mantê-lo em pé. A história seguirá o seu rumo inexorável, mas não podemos esperar que as coisas se resolvam sozinhas, aceitando passivamente as políticas de austeridade, sob pena de nos tornarmos sacrifício humano no altar da vã tentativa de salvação capitalista.

O povo alemão engoliu a cantilena nazista da exclusão como receita para o reerguimento da Alemanha, sendo levado a crer na superioridade da raça ariana e do comando político-imperialista alemão. 
A história acontece como tragédia...
Como consequência, teve suas principais cidades destruídas e milhões de pessoas dizimadas, principalmente jovens que marcharam iludidos para o sacrifício inútil, sob o matraquear das metralhadoras que dilaceravam os seus corpos num momento em que deveriam, isto sim, estar desfrutando as delícias da mocidade.

Os judeus foram feitos de bodes expiatórios para a decadência do capitalismo alemão após a 1ª Guerra Mundial. É sempre assim. Quando o capitalismo emperra, sempre se apontam supostos culpados, porque a mente social aprisionada pelo fetichismo da mercadoria é incapaz de enxergar que o ato de comprar e vender não é algo natural, representando, isto sim, um mecanismo de segregação social cuja lógica caminha para um ponto de contradição inexorável. O fim já se avizinha e, por mais que o retardem, não o conseguirão evitar.

Agora a bola da vez são os ataques às posturas humanistas. A falácia da austeridade, que coloca a culpa das dificuldades sociais nos ombros das eternas vítimas do capitalismo, legitima posturas excludentes e individualistas, de modo a que o estadunidense Donald Trump, a francesa Marine Le pen, o inglês Nigel Forage, o austríaco Norbert Hofer e o alemão Franke Petry, além dos candidatos tupiniquins a Hitler subdesenvolvidos, hoje se alardeiam como salvadores da pátria, defendendo sem o menor pejo as posturas mais desumanas.
...depois se repete como farsa...

A miséria nunca foi  boa conselheira. Em fase de depressão irreversível, o capitalismo caminha para barbárie e o ecocídio. É mais fácil guardar egoisticamente para si o último toucinho da despensa do que garantir o prolongamento da vida mediante uma produção coletiva que proporcione toucinho para todos.

É mais fácil aceitar que o Estado demita, policie os revoltosos, mantenha ou aumente os impostos, salvando assim o sistema financeiro da bancarrota, ainda que isto imponha sacrifícios inauditos à população exaurida, do que negar o Estado e a política convencional, partindo para a construção do novo desconhecido.

E não adianta ficarmos esperando que os demagogos salvadores da pátria acabem se desmoralizando, com seu consequente defenestramento do poder, pois eles serão substituídos por outros lobos em peles de cordeiros, num eterno pêndulo da ineficácia. 

Há que negarmos o poder; negarmos a política; negarmos a forma de mediação social que segrega; e de empregarmos todas as nossas energias e saberes acumulados pela humanidade no sentido sua emancipação.

Por que continuarmos repetindo as fórmulas que nada resolveram, esperando que deem certo na próxima tentativa? A lógica mais banal aponta na direção contrária.
...e pode até virar chanchada.

Por que reivindicarmos mais salários, se é a mecânica dos salários é aquilo que nos oprime sem que compreendamos o porquê da opressão, tal qual um viciado em cocaína precisa da droga que o consome para a estabilização momentânea da sua dependência àquilo que o mata?      

Por que exigirmos políticos honestos, se é a política aquilo que nos mantém aprisionados na camisa-de-força chamadademocracia (a arapuca que nos faz acreditar que temos direito de escolha, quando, na verdade, nossas opões estão restritas àquilo que já foi escolhido)?

Por que acharmos que precisamos de mais policiamento e cadeias, numa guerra urbana na qual os peões fardados se confrontam com peões descamisados igualmente armados, com a intensificação morticínio dos dois lados, ao invés de cultivarmos uma cultura de paz, com indivíduos sociais que não sejam adversários entre si e apoiem outros seres humanos na busca da felicidade?
  
Por que os sindicatos de trabalhadores não se transformam em sindicatos de homens livres, que denunciam o trabalho como a fonte primária de uma forma de relação social escravagista por excelência, na qual tudo é valor monetário e mensurado por esse mesmo padrão, como se a vida estivesse subordinada a uma lógica ilógica de acumulação de riqueza abstrata quando falta riqueza material para o povo?
Será isto impossível por estarmos fadados a uma autodestruição fratricida? A resposta a tal indagação é um rotundo NÃO, desde que nos livremos dessa matriz fetichista mercantil que aprisionada o nosso pensar, e que leva muitos a acreditarem que os defensores da essência do mal sejam capazes de extirpar o próprio mal. (por Dalton Rosado)

https://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2016/11/e-tempo-de-retrocesso-recrudescem.html

OS TEMPOS SÃO OUTROS: A DEMOCRACIA LIBERAL ACABOU!


Por Vladimir Safatle
O ÚNICO SETOR QUE
 REALMENTE FAZ POLÍTICA HOJE
 É A EXTREMA-DIREITA
A democracia liberal como a conhecemos é uma invenção que se consolidou a partir do final da 2ª Guerra Mundial. Ela respondia a um sistema de acordos e equilíbrios entre setores sociais antagônicos. Sua base de sobrevivência foi a capacidade em orientar a política em direção a uma espécie de luta pela conquista do centro.

Assim, p. ex., os partidos de esquerda paulatinamente moderaram seus horizontes de ruptura institucional para acabar por serem gestores da social-democracia e do dito Estado de bem-estar social europeu. Mesmo os partidos comunistas da Europa, fortes até o final dos anos 1970, operaram no interior dessa lógica. Da mesma forma, os partidos de direita foram levados a aceitar a conservação de uma espécie de mínimo social a ser respeitado, mesmo agindo em vistas à liberalização da economia.

O primeiro tremor neste pacto se deu com a leva neoliberal de Thatcher e Reagan. Nos EUA, o pacto criado pelo New Deal de Franklin Roosevelt foi desmontado por meio de uma política de retração do Estado e redução de impostos para os mais ricos. O mesmo foi feito no Reino Unido, sob o fogo de uma luta incessante contra os sindicatos e as categorias profissionais.

No entanto, os anos 1990 pareciam inicialmente implicar certa retração do horizonte neoliberal com a ascensão do que se chamou à época de onda rosa. Mas o novo trabalhismo de Tony Blair, o novo centro de Gerhard Schröder e a volta dos democratas com Bill Clinton demonstraram outra coisa.
Thatcher e Reagan alavancaram neoliberalismo 
Na verdade, tratava-se de um alarme falso. O que se viu foi apenas a consolidação da falência da social-democracia, seu enterro pelos próprios atores que, de certa forma, deveriam representá-la. 

A França de Lionel Jospin, com alguns tons de rosa mais vermelhos, foi apenas um ponto fora da curva, já que foi lá, em 1995, que ocorreu a última grande greve geral de defesa do Estado de bem-estar social.

Essa conversão da esquerda à gestão de um neoliberalismo com o rosto mais humano era irreversível.

Isso ficou evidente com a crise de 2008 e com a ausência de alternativas a um modelo econômico falimentar. Todos os atores políticos mundiais foram forçados a aplicar a mesma política de austeridade, com suas contenções de gastos públicos, seu desmonte de mecanismos de distribuição de renda e elevação dos interesses do sistema financeiro mundial a dogma inquestionável.

Nesse processo, os partidos de esquerda foram simplesmente dizimados, já que perderam de vez sua função de contraponto.

O resultado disso estamos vendo hoje. A ascensão de aberrações como Donald Trump, a protofascista Marine Le Pen, na França (em primeiro lugar nas pesquisas), e o Alternativa para a Alemanha, além da vitória do Brexit, são partes de um mesmo fenômeno. Essas escolhas expressam a ausência de escolha dentro da democracia liberal.

Elas demonstram, na verdade, que a democracia liberal acabou, que seu acordo não existe mais. A crise econômica destruiu a democracia liberal e levou populações a irem em direção ao extremo em vez de aceitarem as normas e a dogmática econômica que vigoravam no centro.
Vitória de Trump deixou Marine Le Pen rindo à toa

Há uma certa ironia macabra nessa situação. Durante anos, a imprensa mundial tentou nos fazer acreditar que EUA e Inglaterra eram dois países que haviam deixado a crise econômica para trás com suas políticas de austeridade. No entanto, não é assim que pensam os próprios cidadãos desses países. 

Na verdade, eles escolheram discursos que insistiam na pauperização, na insegurança econômica, na precarização e no fim da globalização.

Daqui em diante, esta será a dinâmica política. Como não há mais acordo possível de conservação de conquistas sociais elementares, a política irá para os extremos. Só que, neste momento, a esquerda não consegue mais organizar um discurso de alternativa econômica. Em países como França e Alemanha (já que o SDP governa com a CDU há anos), foi ela que levou a cabo os choques de austeridade.

Nessa lógica, o único setor que realmente faz política hoje é a extrema-direita com sua mistura de discursos de proteção social e proteção paranoica contra tudo o que é tachado como corpo estranho no interior de um delírio identitário de vida social. Por isso, ela cresce vertiginosamente.

Qualquer um que tentar, mais uma vez, a lógica fracassada de conquista do centro tem seu lugar garantido no balcão de devoluções dos equívocos históricos.

Os tempos são outros.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Legislativo versus Judiciário: a expressão da divisão política da burguesia brasileira

Caio Dezorzi
Foto: Renan, Cármen e Temer: Protagonistas das instituições burguesas em conflito. Crédito: Carlos Humberto/SCO
Foram várias de nossas análises que mostraram que o projeto de impeachment de Dilma era defendido por uma inexpressiva minoria de políticos burgueses no início de 2015 e permaneceu assim durante a maior parte do ano, com órgãos da burguesia nacional e do imperialismo advertindo que isso seria uma grande irresponsabilidade. Ao chegar no final de 2015, políticos burgueses de maior expressão foram aderindo a este projeto e no início de 2016, setores da burguesia brasileira passaram a considerar isso como uma possibilidade, mas só passaram a apoiar abertamente a partir das grandes manifestações de verde-e-amarelo impulsionadas pela TV Globo em Março/2016. Já os porta-vozes do imperialismo continuaram condenando o impeachment como uma aventura, na véspera e mesmo após a aprovação do dia 12 de Maio na Câmara Federal.
Esta complexa dinâmica envolveu muitos interesses contraditórios no campo burguês que se expressam de maneira mais clara num claro conflito entre deputados e juízes, que agudiza a crise institucional da sociedade burguesa brasileira.
A operação Lava-Jato, deflagrada no início de 2014 tinha como objetivo central promover uma renovação das instituições do Estado burguês brasileiro. A burguesia pensante e seus amos imperialistas ficaram alarmados com as proporções que tomaram as Jornadas de Junho de 2013. Milhões de pessoas nas ruas, sem direção, protestando contra a repressão policial, cercando e ateando fogo nos parlamentos os remeteu a refletir sobre o que acontecera dois anos antes na Tunísia e Egito. Permitir o início de um processo revolucionário no Brasil poderia incendiar toda a América Latina e além, levando a consequencias ainda maiores do que os desenvolvimentos nos países árabes.
Para evitar o desenvolvimento de uma revolta popular contra as instituições, tomaram a decisão de “renová-las” através de uma operação “contra a corrupção”, aos moldes do que foi a operação italiana “Mãos Limpas” nos anos 1990. É isso que explica a Lava-Jato prendendo grandes empresários e políticos até então considerados intocáveis.
O projeto de impeachment, a princípio defendido por um minoria reacionária, ganha força quando uma grande parte de políticos corruptos vê nele uma possibilidade de safar seu próprio pescoço da guilhotina do juiz Sergio Moro. Isso está evidente no famoso áudio vazado com uma conversa grampeada entre Sergio Machado e Romero Jucá, quando eles mencionam que o impeachment de Dilma poderia levar a um “pacto nacional” em torno de Michel Temer, um “grande acordo” com o judiciário, para delimitar a operação Lava-Jato até onde tinha chegado.
Levaram a cabo este plano. Mas depois do impeachment, a Lava-Jato não parou. Não hove pacto. Aqueles que concluíram a necessidade da “renovação” das instituições para evitar a revolta popular, que são os que de fato mandam no tabuleiro capitalista, continuam muito convictos disto. E a Lava-Jato segue. Novas delações como as de Marcelo Odebrecht podem levar a “renovação” mais longe do que roteiristas dos seriados mais surpreendentes poderiam cogitar. É isto que motiva o legislativo a buscar aprovar leis que protejam os deputados, como aquela que busca qualificar como “abuso de autoridade” a prisão de investigados em 2ª instância. Renan Calheiros está decidido a levar a matéria a votação este ano, contrariando os interesses do STF.
Nesta briga de torcida, de que lado ficamos? Nenhum! Sabemos que a única luta efetiva contra a corrupção é a luta contra o capitalismo. E nisso, os juízes da Lava-Jato, seus amos burgueses e os representantes políticos que querem condenar estão todos unidos: em defesa do sistema capitalista.
Uns querem refundar a república brasileira sobre bases burguesas e “renovadas”, outros querem salvar as próprias cabeças, mudando o presidente e qualquer coisa para que tudo permaneça como antes. Nós queremos varrer todos eles e refundar o Estado sobre bases proletárias. Para isso, apontamos a necessidade de uma Assembleia Popular Nacional Constituinte.
http://www.marxismo.org.br/blog/2016/11/16/legislativo-versus-judiciario-expressao-da-divisao-politica-da-burguesia-brasileira