domingo, 19 de novembro de 2017

Psicologia de massas e capitalismo


A crise capitalista deixa os neonazistas cada vez mais à vontade. Demonstram suas crenças racistas, homofóbicas, machistas, autoritárias e truculentas à luz do dia.

Um traço muito comum dessas manifestações é seu caráter coletivo. Pessoas apenas conservadoras podem se transformar em monstros de intolerância quando formam bandos ou multidões. O fascismo é bem mais perigoso quando conquista milhões.

É por isso que o marxista alemão Wilhelm Reich escreveu seu famoso livro “Psicologia de massas e fascismo”. A obra foi lançada em 1932, pouco antes de Hitler chegar ao poder. Reich queria saber por que o nazismo atraía grandes parcelas da classe trabalhadora. 

Explicações que buscassem causas apenas racionais eram insuficientes. O próprio Hitler sabia disso. Em seu livro, “Mein Kampf”, ele diz que os pensamentos e ações do povo “são determinados muito mais pela emoção e sentimento do que pelo raciocínio”.

Por isso, Reich buscou unir as obras de Marx e Freud. Era preciso levar em conta o inconsciente, o irracional, a repressão sexual. Seus estudos fornecem pistas importantes. Mas parecem muito presos aos esquemas explicativos da psicanálise.

Oitenta anos depois, o desafio permanece. Além de Freud e Marx, muitos outros pensadores e teóricos podem ajudar a enfrentá-lo. Gramsci e Foucault, por exemplo.

De qualquer modo, Reich formula corretamente o problema. Não se trata apenas do fascismo. Como ele diz, é preciso “saber por que razão os homens suportam desde há séculos a exploração e humilhação moral, em resumo, a escravidão”.

A massificação dessa “servidão voluntária” é um dos segredos da dominação capitalista. É desse estrume que o fascismo surge e se fortalece.

https://pilulas-diarias.blogspot.com.br/2012/07/psicologia-de-massas-e-capitalismo.html

Wilhelm Reich e o orgasmo do proletariado


O marxista alemão Wilhelm Reich sempre buscou entender porque o nazismo atraía grandes parcelas da classe trabalhadora. Sua leitura é mais do que nunca recomendável.

No livro em quadrinhos “Reich para principiantes”, de David Z. Maiorowitz e German Gonzales, descobrimos, por exemplo, que:

O que preocupa Reich não são apenas as ideias, mas também as emoções, que são determinadas por fatores sociais. Marx acreditava que o capitalismo pode determinar nossas ideias. A isto, Reich junta o inconsciente. A ideologia dominante pode mesmo chegar aos nossos impulsos, aos nossos sonhos...

Algumas propostas de Reich para o Partido Comunista Alemão:

- Não manipular ou persuadir as massas, ser concreto e direto.
- Politizar todos os aspectos triviais da vida diária: a discoteca, o cinema, a mercearia, o quarto, o bar, as corridas de cavalos – é aí que está a energia da revolução...
- Panfletos chatos, não, por favor!
- Heróis não. Mártires não. Conservem as vossas energias.
- Lembrem-se que os policiais são trabalhadores.
- Não se acovardem frente à autoridade. Imaginam o policial de cuecas!

Quanto ao aspecto sexual:

...muitos adolescentes entram para as organizações juvenis do Partido para encontrar um parceiro sexual, ou dois ou três. A moral oficial do Partido rejeita esta ideia. Resultado: os jovens vão-se embora, muitos deles para os Nazis. O Partido teria feito melhor se levasse em consideração suas vidas pessoais.

A estas ideias o partido respondeu censurando as publicações de Reich. Afinal, segundo uma resolução partidária, “não existem dificuldades de orgasmo no proletariado”.

Com concepções como estas, a conservadora direção dos comunistas alemães ajudou a abrir espaço ao pior conservadorismo.

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