sábado, 15 de dezembro de 2012

'Lista de Furnas' é esquema comprovado e repleto de provas na Justiça



Helena Sthephanowitz, Rede Brasil Atual / Blog 


“Bastou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, ter requerimento aprovado para convidar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a explicar no Congresso Nacional a chamada "Lista de Furnas" – um esquema clandestino de caixa de campanha que funcionou na empresa estatal durante o governo de FHC – para que jornais da velha mídia, ao noticiar o fato, colocassem entre parênteses que a lista seria "comprovadamente falsa". Não é o que diz o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro.

De acordo o jornalista Amaury Ribeiro Jr., autor do livro reportagem "A Privataria Tucana", a procuradora da República Andrea Bayão Ferreira denunciou o ex-diretor de Planejamento de Furnas Dimas Toledo e um grupo de empresários e políticos acusados de participar da tal lista. A denúncia reúne um arsenal de documentos da Polícia Federal e da Receita Federal que comprova a existência do esquema, aliás, muito semelhante ao recente escândalo das propinas da Alstom para tucanos paulista.

Segundo a denúncia, o dinheiro desviado pelo esquema vinha de contratos superfaturados da estatal com duas empresas: a Toshiba do Brasil e a JP Engenharia Ltda. As duas foram contratadas sem licitação para obras.”
Matéria Completa, ::AQUI::

Desapontamentos previstos para 2013



Ravi Shankar foi apresentado ao Ocidente, de maneira definitiva, pelo cantor e compositor britânico George Harrison nos anos 60, época em que os Beatles eram mais conhecidos no mundo que Jesus Cristo (Quem de vocês se sentir incomodado com a comparação que reclame com Yoko Ono, viúva de John Lennon, o responsável pela analogia que provocou uma das maiores quebradeiras de discos de vinil em praça pública que se tem notícia. Se alguém quiser me esconjurar, prossiga. Não persigo céus mesmo...).
Renomado músico indiano, foi Ravi quem ensinou (e influenciou) George a tocar a cítara, instrumento de cordas com som exótico que foi introduzido nos arranjos de algumas canções do quarteto fabuloso naqueles loucos e benditos anos 60. A recente morte de Ravi Shankar, aos 92 anos, pouquíssimo tem a ver com a temática desta crônica, a não ser para ilustrar o quanto a vida nos premia com desapontamentos tão ininteligíveis e pouco aceitáveis quanto a morte.
Muitos haverão de dizer que a morte é primordial para o expurgo da humanidade, que o povo tem que morrer mesmo, a fim de que mais e mais gente nasça para continuarmos a nossa ignóbil missão neste planeta rumo ao desconhecido. Isto lhes parece atraente?!
Até que o argumento é bastante pertinaz, quase me convence. Mas, por que não nos ensinam desde cedo que morrer é útil e integra o pacote de bondades universal como chupar as tetas da mamãe ou lavar as patinhas antes das refeições? Isto não tornaria a dor da separação definitiva menos dramática?
Enquanto aguardo por mais um fim do mundo, o qual está agendado pelos maias e seus tolos sucessores apocalípticos para o próximo dia 21 de dezembro, eu como uma empadinha de frango (sem azeitona, diga-se de passagem) no Mercado Central da cidade. Empadinhas sem azeitonas, para mim, por si só, já representam, se não o fim do mundo, o fim da picada, que é uma expressão popular bastante utilizada na minha terra para demonstrar indignação.
Eu degusto a incompleta empadinha e sigo anotando num amarrotado pedaço de papel reciclado, utilizado pelo Zé Feirante para embrulhar dois quilos de pequi, desapontamentos previsíveis para 2013. Finais de ano transformam as pessoas, fazem o público consumidor sentir-se magnânimo e comprar à beça. Da minha parte, eu penso, penso, penso, penso, penso até sentir ojeriza.
O papel aceita tudo, inda mais um papel tão fajuto quanto a minha aviltada empadinha. O pequi, não. O pequi está mesmo muito bom, douradinho, colhido no tempo certo, maduro, com a polpa gordinha e cheirosa. Juntamente com a galinha caipira sem hormônios (que Deus a tenha!) haverá de resultar numa saborosa galinhada ao molho.
Então eu listo na página improvisada pensamentos para 2013, ideias que certamente serão refutadas pela parentalha, a qual me tem como um macambúzio, um pessimista, um ser tão ou mais insensível que um teiú comedor de ovos. Quanto mais exponho as mazelas humanas, menos sou convidado para batizados e happy-hours, apesar de me esmerar nas omeletes. Fazer o quê? Cosas de la vida...
Então, vamos. Tomei emprestada a caneta de um Agente Fiscal do Trânsito que fazia uma pausa nas multas natalinas para degustar uma empadinha no balcão. “Ei, mas esta empadinha não tem azeitona...”, ele reclama. Viu só, Seu Guarda? A vida é dura, repleta de aborrecimentos, desapontamentos como estes que eu prevejo para 2013. Anotem aí, caros leitores. Se preferirem, esqueçam tudo. Pra mim, tanto faz.
Para decepção de vários, o mundo, que não terá terminado em 2012, também não fechará para balanço em 2013.
O salário mínimo será, no máximo, mediano.
Uma saraivada de feriados manterá o Brasil na sola do sapato mundial.
As incidências de ressaca, azia, gravidez e gonorreia continuarão elevadas no carnaval.
Os facínoras não serão menos impiedosos durante a Semana Santa.
Se não ultrapassados, tomaremos um sufoco danado de Bangladesh na briga pelo 88º lugar no ranking educacional da UNESCO. Por outro lado, o Big Brother continuará com audiência avassaladora.
O aborto não será legalizado, nem o uso da maconha, nem a comissão de 20% paga pelos empreiteiros. E mais: para o bem dos partidos políticos, a propina prosperará.
Não havendo eleições em 2013 — a não ser em condomínios país afora — continuaremos com um Congresso Nacional bastante medíocre.
Não. Nem sonhando. Não haverá a redução do IPI sobre livros. Junte os seus trocados, compre um carro popular flex, e vá ajudar a entupir uma rua.
Os peitos delicados, aqueles pequenos como as peras, não voltarão à baila. Podem tirar os cavalinhos da chuva. O silicone continuará em alta no mercado dos corpos imperfeitos.
Assim como nos motéis e nos transplantes de medula, as filas do SUS continuarão indecentemente longas.
O Governo não deixará de amparar o eleitorado: a calcinha de renda cidadã continuará prestigiada.
O poema “Os Estatutos do Homem”, de Thiago de Mello, não será lido em rede nacional de rádio e televisão pela Ministra da Cultura. Na verdade, ninguém estará interessado neste tipo de coisa.
A ciência e a Polícia Federal não descobrirão a cura para o câncer social denominado corrupção. Aliás, eu e o escritor Paulo Coelho assessoraremos a PF na elaboração de nomes mais criativos para as suas operações secretas.
Não haverá fair-play nas peladinhas e nas celas dos presídios brasileiros.
Uma série de novos escândalos financeiros substituirá os atuais.
Sempre haverá a musa de um ilustre criminoso do colarinho branco para manter acesa a libido masculina, além de incrementar as vendas de revistas de fofocas.
Nenhum delinquente rico permanecerá preso.
Nunca mais escreverei poemas em 2013.
Por fim, serei submetido a uma delicada cirurgia de redução. De redução de estômago, não, filha. Redução peniana.
Mentirei mais que um deputado federal.
Farei previsões escabrosas para 2014. E, por causa disto, continuarei fora das listas de convidados.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Jornalistas e STF constroem versão bizarra de direito alternativo no Brasil


 
Li, com alguma surpresa, uma chamada na página da Zero Hora on-line nesta quarta-feira, referente a um texto da colunista política Rosane Oliveira: “Não é possível que Lula nada tenha a dizer”. A surpresa deveu-se ao fato de que eu acabara de ler as declarações feitas pelo ex-presidente Lula, ontem, em Paris, qualificando como “mentiras” as mais recentes “denúncias” de Marcos Valério. Como assim não tem nada dizer se ele já disse? – pensei, e fui ler o texto. Nele, a afirmação é qualificada: “Não é possível que Lula se limite a dizer que é mentira”, escreve a jornalista no texto que traz como título: “Fala, Lula, que a casa caiu”. Como assim, não é possível que Lula se limite a dizer que é mentira? O que significa mesmo essa frase?
Pode significar, em linhas gerais: que ele tem que dizer que é verdade, ou, então, que ele tem que provar que é mentira. Inteligente que é, a jornalista sabe que, segundo as regras e princípios que regem o Estado Democrático de Direito no Brasil o ônus da prova é de quem acusa. Então, Lula disse o que tinha que dizer. Cabe a Marcos Valério provar o que disse. A menos, é claro, que se aposte no novo tipo de “direito alternativo” que vem se desenvolvendo no Supremo Tribunal Federal e revolucionando o conceito de “prova”. Assim caberia ao acusado provar que é inocente e não ao acusador provar que ele é culpado, com provas, de preferência. Se não for pedir demais, é claro.
É notável também a reprodução de um velho mecanismo na grande imprensa brasileira que, supostamente, reza pela cartilha da diversidade de opinião. Qualquer denúncia dirigida contra Lula encontra ampla e imediata repercussão, com reportagens, textos de opinião, charges, infográficos, interativas, comentários em jornal, rádio, tv e internet. Quando as denúncias são dirigidas, por exemplo, contra José Serra (no caso do livro sobre a privataria tucana), ou contra Gilmar Mendes (como fez, recentemente, a Carta Capital), a repercussão é zero ou, alguns dias depois, minimalista, esquálida. Ou seja, a chamada grande imprensa parece andar de mãos juntas com o Supremo na dura tarefa de criar um novo “direito alternativo” no Brasil, um direito, onde o ônus da prova recai sobre o acusado e onde alguns acusados são mais acusados do que outros.
Marco Aurélio Weissheimer
No RS Urgente

domingo, 9 de dezembro de 2012

COM A OPOSIÇÃO SEM NOME, SEM DISCURSO E SEM PROJETO, SÓ RESTA O ESCÂNDALO. VAMOS PRECISAR DE ESTÔMAGO FORTE.



Marcos Coimbra: O que fazer? Produzir uma denúncia, uma intriga, uma acusação atrás da outra. Vamos precisar de estômago forte.

Um espectro ronda a política brasileira. 

O fantasma da próxima eleição presidencial. Este ano já foi marcado por ele. 

Ou alguém acredita que é genuína a inspiração ética por trás da recente onda moralista, que são sinceras as manchetes a saudar “o julgamento do século”? 

Que essas coisas são mais que capítulos da luta política cujo desfecho ocorrerá em outubro de 2014? 

A história dos últimos 10 anos foi marcada por três apostas equivocadas que as elites brasileiras, seus intelectuais e porta-vozes fizeram. 

A primeira aconteceu em 2002, quando imaginaram que Lula não venceria e que, se vencesse, seria incapaz de fazer um bom governo. Estavam convencidos de que o povo se recusaria a votar em alguém como ele, tão parecido com as pessoas comuns. Que terminaria a eleição com os 30% de petistas existentes. E que, por isso, o adversário de Lula naquela eleição, quem quer que fosse, ganharia. O cálculo deu errado, mas não porque ele acabou por contrariar o prognóstico. 

No fundo, todos sabiam que a rejeição de Fernando Henrique Cardoso não era impossível que José Serra perdesse. 

A verdadeira aposta era outra: Lula seria um fracasso como presidente. Sua vitória seria um remédio amargo que o Brasil precisaria tomar. Para nunca mais querer repeti-lo. 

Quando veio o “mensalão”, raciocinaram que bastaria aproveitar o episódio. Estava para se cumprir a profecia de que o PT não ultrapassaria 2006. 

Só que Lula venceu outra vez e a segunda apostatambém deu errado. 

E ele fez um novo governo melhor que o primeiro, aos olhos da quase totalidade da opinião pública. Em todos os quesitos relevantes, as pessoas o compararam positivamente aos de seus antecessores, em especial aos oito anos tucanos. 

A terceira aposta foi a de que o PT perderia a eleição de 2010, pois não tinha um nome para derrotar o PSDB. Que ali terminaria a exageradamente longa hegemonia petista na política nacional. De fato não tinha, mas havia Lula e seu tirocínio. Ele percebeu que, com Dilma Rousseff, poderia vencer. 

O PT ultrapassaou as barreiras de 2002, 2006 e 2010. 

Estamos em marcha batida para 2014 e as oposições, especialmente seunúcleo duro empresarial e midiático, se convenceram de que não podem se dar ao luxo de uma quarta aposta errada. 

Que o PT não vai perder, por incompetência ou falta de nomes, a próxima eleição. Terão de derrotá-lo. Mas elas se tornaram cada vez mais descrentes da eficácia de uma estratégia apenas positiva. 

Desconfiam que não têm uma candidatura capaz de entusiasmar o eleitorado e não sabem o que dizer ao País. 

Perderam tempo com Serra, Geraldo Alckmin mostrou-se excessivamente regional e Aécio Neves é quase desconhecido pela parte do eleitorado que conta, pois decide a eleição. 

Como mostram as pesquisas, tampouco conseguiram persuadir o País de que “as coisas vão mal”. Por mais que o noticiário da grande mídia e seus “formadores de opinião” insistam em pintar quadros catastróficos, falando sem parar em crises e problemas, a maioria acha que estamos bem. 

Sensação que é o fundamento da ideia de continuidade. 

As oposições perceberam que não leva a nada repetir chavões como “o País até que avançou, mas poderia estar melhor”, “Tudo de positivo que houve nas administrações petistas foi herança de FHC”, “Lula só deu certo porque é sortudo” e “Dilma é limitada e má administradora”. 

A população não acredita nessa conversa. Faltam nomes e argumentos às oposições. 

Estão sem diagnóstico e sem propostas para o Brasil, melhores e mais convincentes que aquelas do PT. 

Nem por isso vão cruzar os braços e aguardar passivamente uma nova derrota. Se não dá certo por bem, que seja por mal. 

Se não vai na boa, que seja no tranco. Fazer política negativa é legítimo, ainda que desagradável. Denúncias, boatos, hipocrisias, encenações, tudo isso é arma usada mundo afora na briga política. A retórica anticorrupção é o bastião que resta ao antilulopetismo. Mas precisa ser turbinada e amplificada. Fundamentalmente, porque a maioria das pessoas considera os políticos oposicionistas tão corruptos – ou mais – que os petistas. O que fazer? 

Aumentar o tom, falar alto, criar a imagem de que vivemos a época dos piores escandalos de todos os tempos. 

Produzir uma denúncia, uma intriga, uma acusação atrás da outra. 

Pelo andar da carruagem, é o que veremos na mídia e no discurso oposicionista ao longo de 2013. Já começou. Vamos precisar de estômago forte. 

Marcos Coimbra, socólogo e presidente do Instituto Vox Populi