quinta-feira, 18 de abril de 2019

Para que o caos deixe de governar

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um cientista político ou colunista já disse que o modo operacional do governo Bolsonaro é o caos.


É o conflito constante, movido a paixões mesquinhas, paranoia, conspirações reais ou inventadas, ofensas, calúnias, puxadas de tapete, maus modos, moralidade de baixo calão...

É a própria “milícia” no poder. Por enquanto, só não houve troca de tiros. Por enquanto...

Um resultado é a dificuldade de encaminhar o que a Bolsonaro foi encomendado. Principalmente, reformas econômicas que pretendem exterminar direitos e acabar com a pobreza junto com os pobres.

O outro resultado é que as disputas que polarizam todas as atenções ficam centradas no palácio presidencial ou entre representantes das cúpulas dos três poderes.

Enquanto isso, a oposição parlamentar assiste impotente. No máximo, escolhe alguns lados para torcer. Há quem torça para um Mourão, um Gilmar Mendes, um Rodrigo Maia.

Mas o imobilismo também reina entre as principais forças da oposição de esquerda fora do parlamento.

O fato é que muitos de nós não estávamos preparados para um poder caótico porque não atentamos para o caos que já governava o cotidiano de grande parte da população.

Diante disso, o que fazer? Difícil saber. Mas como disse o colunista Celso Rocha de Barros, da Folha, ser de centro é muito difícil sob um governo Bolsonaro.

Só nos resta radicalizar pela esquerda. Mas radicalizar não significa responder ao fanatismo com fanatismo. Culpar “pobres de direita”, os evangélicos em geral, a “burrice popular”, as “arminhas com dedo”, gritar “bem feito” etc.

Se fizermos assim, o caos continuará a governar, lá em cima, e ainda contará com nossa ajuda, cá embaixo.



Um messias sem amigos influentes




019


No livro “Matadouro 5”, Kurt Vonnegut o personagem principal viaja no tempo, pelas galáxias e faz contato com extraterrestres. Num deles, o ET queria saber “por que é que era tão fácil para os cristãos serem cruéis”. Ele mesmo estudou o caso e concluiu que pelo menos parte do problema estava no modo como o Novo Testamento era narrado.

O defeito das histórias de Cristo, disse o visitante intergaláctico, era que:

Cristo, cuja aparência não era lá essas coisas, era, na realidade, Filho do Ser Mais Poderoso do Universo. Os leitores compreendiam isso, de modo que, quando chegavam à crucificação, pensavam (...): — Puxa vida, daquela vez pegaram o sujeito errado para linchar.

E essa ideia levava a um outro pensamento: "Existe gente certa para linchar". Quem? Gente sem amigos influentes...

Foi então que o extraterrestre deu de presente à Terra um novo Evangelho. Na versão do ET, Jesus realmente era um joão-ninguém que “disse todas aquelas coisas lindas e enigmáticas que dizia nos outros Evangelhos”. Mas também “aporrinhava um bocado de gente com amigos mais influentes do que ele”. De modo que um dia esse pessoal resolveu “se divertir pregando-o à cruz”. O problema é que:

...pouco antes do joão-ninguém morrer, os céus se abriram e houve trovões e relâmpagos. A voz de Deus ribombou do firmamento. Disse ao povo que estava adotando aquele vagabundo como filho, dando-lhe plenos poderes e privilégios de Filho do Criador do Universo, por toda a eternidade. Deus falou assim: “Deste momento em diante, Ele castigará de forma horrível todo aquele que atormentar um vagabundo sem amigos influentes!”

Que assim seja!

MERCADO PERDE CONFIANÇA NO GOVERNO E DÓLAR SOBE



Do Valor:

A confiança dos investidores nos próximos passos da agenda econômica foi prejudicada nos últimos dias pela sequência de deslizes do governo de Jair Bolsonaro. Da ingerência na Petrobras à falta de articulação política com o Congresso, o panorama político impõe uma dose reforçada de cautela e um nível mais elevado de prêmio de risco aos mercados locais.

Hoje, o dólar comercial fechou em alta de 0,85%, aos R$ 3,9349, depois de bater R$ 3,9471 na máxima do dia. Já o juro longo medido pelo DI para janeiro de 2025 subiu de 8,800% para 8,830% no fechamento. Evidência do momento de apreensão, o dólar e os juros de longo prazo subiram ao maior nível desde 27 de março, quando Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, trocaram farpas numa disputa de poder que, para profissionais de mercado, poderia resvalar na reforma da Previdência.

Desta vez, o que evidenciou a fragilidade da administração Bolsonaro foi a demora no andamento da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeiro colegiado que avalia o texto. De acordo com profissionais de mercado, essa seria, em tese, a etapa mais fácil do caminho da reforma, já que o CCJ só deveria avaliar a validade constitucional da medida.
“Eu acho que o fluxo de notícias de curto prazo está mais negativo. O que prepondera é a desorganização do governo e desencontros que dificultam o trâmite da nova previdência”, diz o trader Matheus Gallina, da Quantitas. Tanto é que o nível da taxa longa de juros não conseguiu voltar para níveis anteriores ao fim de março. “Tiveram nuances positivas depois daquele evento [da troca de farpas entre Bolsonaro e Maia], mas no dia a dia o governo tem mostrado dificuldade bem relevante”, diz.

(…)

SEGUE A COMÉDIA: FELICIANO PEDE IMPEACHMENT DE MOURÃO


por Fernando Brito, Tijolaço -

O deputado Pastor Marco Feliciano, vice-líder do Governo, protocolou na Câmara um pedido de impeachment do vice-presidente Hamilton Mourão.

Acusa-o de acusa de cometer crime de responsabilidade por “conduta indecorosa, desonrosa e indigna”, segundo diz a matéria, por se colocar “furtivamente como alternativa de Poder” ao presidente Jair Bolsonaro.

Seria cômico se não fosse: a)o nível da gente que participa do comando deste governo e que se associa ao “guru” Olavo de Carvalho e b) o fato de Mourão, em meio a juras de fidelidade, pratica um descarado coquetismo ao não perder chance de explicar e amenizar as mancadas de seu chefe.

Claro que o pedido vai direto para o lixo, com uma canetada de Rodrigo Maia.
Mas isso não apaga o fato de que o Brasil está entregue a uma gente completamente “sem-noção”.

COMENTÁRIOS

BOLSONARO TRAI CAMINHONEIROS E PETROBRÁS AUMENTA O DIESEL ENTRE 4,5% E 5,1%


A Petrobrás anunciou na noite desta quarta-feira (17) um reajuste de R$ 0,10 no litro do diesel; segundo o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, reajuste varia entre 4,5% e 5,1% no valor do combustível nas bombas, a depender do ponto de venda; medida foi anunciada um dia depois que Jair Bolsonaro foi enquadrado pelo ministro Paulo Guedes por ter suspendido o anúncio anterior de reajuste; os caminhoneiros já avisaram que poderão deflagrar greve nacional e parar o País se o preço do diesel subisse; governo paga para ver

Via Brasil 247 -

Infomoney - A Petrobras anunciou na noite desta quarta-feira (17) um reajuste de R$ 0,10 no litro do diesel, o que, segundo o CEO da companhia, Roberto Castello Branco, representa uma alta entre 4,5% e 5,1% no valor do combustível nas bombas, a depender do ponto de venda.

Após anunciar um aumento de 5,7% no preço do diesel na última quinta-feira, a estatal voltou atrás no mesmo dia após o presidente Jair Bolsonaro ligar para o CEO da petrolífera, Roberto Castello Branco, e pedir a suspensão do reajuste. Na sexta, as ações da companhia desabaram 8%, levando a empresa a perder R$ 32,4 bilhões de valor de mercado.

Já na última terça, ocorreu uma reunião entre Bolsonaro, ministros e o presidente da Petrobras. Após o encontro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o presidente pensou na dimensão política do reajuste quando ligou para o chefe da estatal.

Além disso, o ministro afirmou que estão em estudo várias alternativas para dar mais transparência à política de reajuste de combustíveis da Petrobras, entre elas indexar o preço do frete ao valor do diesel.

Ele citou que essa é a política utilizada nos Estados Unidos e disse que foram feitas "interrogações" à Petrobras durante a reunião com o presidente Jair Bolsonaro.

"Tudo tem que ser estudado para o futuro, o presidente da Petrobras já estava estudando. Esse episódio precipita a aceleração de estudos", ressaltou Guedes. "O próprio presidente da Petrobras está recalculando quais seriam as melhores praticas".

Leia, abaixo, texto do 247 sobre possível greve dos caminhoneiros:

Caminhoneiros marcam greve para 21 de maio se diesel subir

Os caminhoneiros estão organizando nova paralisação nacional para 21 de maio, quando se completa um ano da greve que abalou o governo Temer em 2018. O movimento acontecerá se houver qualquer reajuste no óleo diesel e se o piso mínimo do frete continuar a ser desobedecido.

"Se o diesel aumentar um centavo que seja e não houver efetiva fiscalização da aplicação do piso, a gente para no dia 21, quando a greve do ano passado completará um ano", garante o caminhoneiro Wanderlei Alves, o Dedéco, de Curitiba (PR), um dos integrantes da rede de lideranças da categoria, em entrevista à jornalista Leila Souza Lima, do Valor Econômico
Segundo o caminhoneiro, as representações que atuam hoje em Brasília junto ao governo federal não têm controle sobre caminhoneiros de todo o país. "Há de 20 a 30 lideranças espalhadas por todos os Estados se comunicando em articulação. Eles podem dizer com todas as letras que não vamos parar, mas nós vamos se nada for feito", diz Alves.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Prioridade é lutar contra a Reforma da Previdência, diz o MST


“No início do governo Fernando Henrique Cardoso ficamos um ano sem fazer praticamente nada. Não sabíamos por onde. Nesses períodos, é muito difícil saber por onde”. Estas palavras são de João Paulo Rodrigues, um dos dirigentes nacionais do MST.

Foram ditas em entrevista publicada no portal“De Olho nos Ruralistas”, em 11/04/2019. Referem-se às dificuldades de mobilização do movimento desde a eleição de Bolsonaro.

Muita gente boa pode considerar o depoimento uma demonstração de “derrotismo”. Mas Rodrigues complementa dizendo:

Uma coisa é fazer disputa na internet, na Avenida Paulista, outra coisa é um acampamento no Pará, onde a situação é muito adversa. Não podemos radicalizar sem ter perna para fazer. Mas em algum momento temos que avançar contra Bolsonaro, o conjunto da esquerda, agindo em bloco contra o ataque da direita.

O fato é que o movimento perdeu 15% da sua base em acampamentos pelo Brasil. Difícil organizar novas ocupações, diante das perspectivas de negociação zero e truculência máxima por parte do governo Bolsonaro.

Diante disso, afirma Rodrigues, a estratégia escolhida pelo movimento é a unificação da esquerda ao redor de grandes pautas. No momento, a Reforma da Previdência.

O MST está correto. Há bandeiras que unificam. Outras, nem tanto. Liberdade para Lula, por exemplo, é uma importante exigência democrática. Mas está longe de ter o mesmo potencial que tem a defesa da previdência pública. Tanto para mobilizar mais amplamente como fazer estragos na base eleitoral do governo.

Não são lutas excludentes. Mas a prioridade dada a uma, pode inviabilizar a outra. Vale o mesmo para a relação entre a internete e as ruas.

O perigo oculto na Reforma da Previdência


A pressão a partir do alto é enorme. Grande imprensa, empresariado graúdo, banqueiros e especuladores em geral, instituições nacionais e internacionais e até artistas da revista Caras. Todos exigem a Reforma da Previdência.

Apesar disso, a proposta continua impopular. Diante dessa situação, seus defensores temem uma “reforma enxuta”, “insuficiente”, “tímida”. Mas pode ser exatamente uma reforma assim que querem seus proponentes. Não seria preciso reduzir e eliminar direitos, logo de cara. Bastaria tirar a maior parte do capítulo da previdência da Constituição.

É o que explica, por exemplo, Eduardo Fagnani, professor de Economia da Unicamp, em entrevista para o portal Sul 21. Referindo-se à Emenda Constitucional (PEC) proposta pelo governo, ele afirma:

Eu li a PEC todinha, tem mais de 30 artigos que dizem” ‘esse artigo vale até que legislação complementar determine os termos disso”. As regras do regime geral, da capitalização, tudo. O ardil é que eu desconstitucionalizo as regras do regime geral e eu constitucionalizo a capitalização, que hoje não faz parte da Constituição. E por que isso? Porque legislação complementar você não precisa de 308 votos, precisa de 257. Você pode aprovar o desmonte do estado social pelo rolo compressor do Congresso.

Mas nem mesmo a implantação do sistema de capitalização precisaria ser aprovada agora. É suficiente desconstitucionalizar o atual regime de repartição.

Tudo isso seria a coroação de um processo de demolição dos direitos sociais que começou com FHC e contou com razoável colaboração dos governos petistas.

Sem muita resistência popular, não vão reformar a previdência pública. Vão destruí-la de vez. A pressão precisa vir de baixo.