quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O poder mundial e nós


Defino o capitalismo como um sistema econômico e político no qual capitais privados vão sendo cada vez mais concentrados nas mãos de poucos oligarcas dominantes. Isso lhes permite conquistar não só as grandes empresas financeiras e produtivas, mas também o Estado.
2. Isso acontece sob regimes abertamente fascistas e também sob regimes aparentemente democráticos, em que o dinheiro e a mídia, a serviço dos oligarcas, controlam o sistema político e o resultado das eleições.
3. O capitalismo nos países centrais, mercê notadamente de guerras que envolveram os aspirantes à hegemonia, tornou-se, ao longo dos últimos 350 anos, um sistema de poder mundial, sob a hegemonia do capitalismo britânico, que depois consolidou sua associação com o norte-americano, formando o império angloamericano.
4. Atualmente, restam duas potências não subordinadas ao império, China e Rússia, capazes de propiciar equilíbrio na balança do poder mundial. Sem esse equilíbrio, não há como país algum, no mundo, desenvolver-se.
5. Veja-se a anomia prevalente no cenário mundial, do início dos anos 1990 até há pouco, período em que o império angloamericano cometeu colossais genocídios: na Iugoslávia, seguindo-se Iraque, Afeganistão, novamente Iraque, Líbia, para citar só alguns. Agora, em pauta, a Síria.
6. O auge da tirania imperial corresponde no Brasil aos governos Collor e FHC. Na Argentina, ao de Menem, e mais exemplos vergonhosos mundo afora.
7. O enfraquecimento e dissolução da União Soviética haviam deixado o planeta à mercê do império, secundado por seus satélites.
8. Mas a China vem ganhando poder em todos os campos, e a Rússia reafirma-se como potência nuclear e balística de grande porte.
9. Isso lhes dá autonomia nas decisões políticas e econômicas, e limita um pouco a tirania exercida pelo império angloamericano em âmbito global.
10. Se se tivessem mantido abertos à influência do império, não teriam alcançado o status de potências mundiais. Para tanto, precisaram de regime centralizado e fechado.
11. As histórias da Coreia do Sul e de Taiwan ilustram a mesma constatação: para se desenvolverem, tiveram governos militares nacionalistas, devido a circunstâncias especiais: a presença do comunismo na China e na Coreia do Norte, com apoio do Exército Vermelho da China de Mao Dze Dong. Este havia empurrado os partidários de Chiang Kai Chek para Taiwan (Formosa), onde se instalaram sob a proteção da esquadra norte-americana.
12. Em suma, os EUA precisavam deixar fortalecer-se aqueles dois países, empobrecidos pela exploração colonial e pela ocupação japonesa, além de devastados por guerras, antes e durante a 2ª Guerra Mundial. Do contrário, seus povos seriam reunidos a seus compatriotas sob governos comunistas.
13. Em nossa história, como na da Argentina, houve progressos para o desenvolvimento, exatamente sob regimes autoritários, no período entre-guerras da 1ª metade do Século XX e durante a 2ª Guerra Mundial.
14. O senador Severo Gomes, desaparecido no mar, em 1992, comentava que a arrancada para o desenvolvimento da Argentina e do Brasil fora possível graças ao relativo isolamento comercial propiciado pela 1ª Guerra Mundial (1914-1918) e pela depressão dos anos 1930, seguida da 2ª Guerra Mundial (1939-1945).
15. A melhora das estruturas econômica e social só se pode realizar sob condições de poder central forte, como, no Brasil, as dos anos subsequentes à Revolução de 1930 e no Estado Novo (1937-1945), mercê da consciência nacionalista do Exército e da visão esclarecida e habilidade do presidente Vargas.
16. Como tenho exposto, Vargas foi injusta e incessantemente acoimado de ditador por agentes do império, horrorizado com a perspectiva de o País atingir o desenvolvimento econômico e social.
17. Por isso não cessavam de injuriar o presidente os adeptos do império angloamericano, fosse fascinados pela democracia de molde ocidental, fosse a soldo daquele império.
18. Tive, com frequência, ocasião de trocar ideias com Severo Gomes, empresário e antigo ministro da Indústria e Comércio (MIC) no governo do general Geisel. Também, com outros grandes brasileiros: o general Andrada Serpa, o físico Bautista Vidal (secretário de Tecnologia Industrial do MIC com Severo Gomes e criador do Programa do Álcool, Energia da Biomassa), e o Dr. Enéas Carneiro.
19. Todos tinham consciência plena de que o desenvolvimento só é possível com autonomia nacional e que um dos requisitos para esta existir é a autonomia industrial e tecnológica, inclusive com domínio da energia nuclear aplicada à defesa.
20. O que precede significa que, para o Brasil, é vital ter estratégia que:
1) contemple estarem as potências hegemônicas intervindo permanentemente em nosso País;
2) acompanhe a balança do poder em âmbito global, avaliando a medida em que o império se veja obrigado a concentrar recursos e atenção em outras regiões.
21. Dado o nosso recuo econômico, financeiro e tecnológico – crescente nos últimos decênios – a chance de êxito que possa ter o projeto de sobrevivência do País depende de unir o máximo possível das forças nacionais.
22. Estas têm sido agudamente divididas em direita e esquerda, ao longo dos últimos 85 anos. O marco foi a Revolução de 1930, a qual abriu a perspectiva de desenvolvimento do País.
23. Em seguida, o império angloamericano fomentou novos separatismos e passou a investir mais intensamente em cooptar e corromper locais, notadamente na mídia, como Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, dono dos Diários Associados, a maior cadeia jornalística da época.
24. Já no mandato de Vargas assumido em 1951, indagado Chatô, por que atacava o presidente e abria total espaço na TV a Carlos Lacerda, seu virulento e audacioso adversário, respondeu: “se ele desistisse de criar a Petrobrás, eu passaria apoiá-lo e lhe daria espaço em minha rede de comunicação”.
25. Outro, foi o notório Roberto Marinho, dono de O Globo desde 1931. Esse, desde 1964, recebeu favores oficiais e fartos recursos norte-americanos para tornar-se dominante na comunicação social.
26. Mais tarde, o império declarou, através de Henry Kissinger, que não podia tolerar o surgimento de uma potência no Hemisfério Sul. Assim, foram cavados profundos fossos ideológicos entre brasileiros e n outros modos de intervenção.
27. Em 1932, Londres fomentou a falsamente denominada Revolução Constitucionalista, em São Paulo, que se poderia ter transformado em guerra separatista do Estado onde a industrialização despontava promissora.
28. A constitucionalização real veio em 1934, preparada por Vargas desde antes daquela teleguiada “revolução”. A insurreição comunista, em 1935, tempo de grande polarização esquerda/direita, reflexo do cenário europeu antecedente à 2ª Guerra Mundial.
29. Era muito pequeno o número de operários organizados, e a geopolítica dava chances nulas de êxito aos comunistas brasileiros: poder naval do império britânico absoluto no Atlântico Sul, e proximidade dos EUA.
30. Sendo incipiente o desenvolvimento do poder militar da União Soviética (URSS), não havia como esta apoiar o levante comunista no Brasil. Ademais, Stalin dava prioridade à infra-estrutura industrial da URSS. Não apostava na revolução internacional, ao contrário de Trotsky, alijado do poder.
31. Entre os comandados de Prestes, infiltraram-se agentes do Intelligence Service, o M16 britânico, e os planos dos ataques eram previamente conhecidos das forças legalistas.
32. O resultado da insurreição de 1935 foi exacerbar a polarização ideológica, de interesse exclusivo do império anglo-americano.
33. Pior, sua memória tem servido à irracionalidade que faz reprimir, atribuindo-se-lhes ser comunistas, os que se opõem ao império angloamericano ou não fecham os olhos aos crimes deste.
34. Seguiu-se o golpe de 1937, que instituiu o Estado Novo, repressor de comunistas e outros. A geopolítica e a influência da finança angloamericana determinaram a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial: bases no Nordeste para as FFAA dos EUA e envio da Força Expedicionária à Itália, vinculada a comando norte-americano.
35. Entretanto, o império não hesitou em patrocinar o golpe de 1945 e as intervenções subsequentes, que prosseguem até hoje, e vêm logrando seus objetivos desde agosto de 1954:
a) desnacionalizar e a desindustrializar o Brasil, impedindo o desenvolvimento de tecnologias controladas por empresas nacionais, tanto privadas como estatais;
b) enfraquecer as Forças Armadas e a capacidade estratégica do País, indústrias básicas, infra-estrutura e o domínio da energia nuclear;
c) desinformar e abaixar o nível de educação dos brasileiros, investindo na anticultura e na demolição dos valores éticos indispensáveis à evolução de nação próspera e equilibrada;
36. Esse processo tem sido realizado não só durante governos claramente subordinados aos interesses financeiros angloamericanos (Café Filho, JK, Castello Branco, Collor e FHC).
37. Também, durante os demais, que, no essencial, cederam às pressões imperiais, não obstante terem tido, setorialmente, patriotas voltados para o desenvolvimento nacional.
38. Destaque-se, ademais, que eleições dependentes de dinheiro grosso e grande mídia levaram a desastres de origem parlamentar, inclusive a presente Constituição e emendas.
***
Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.
http://www.desenvolvimentistas.com.br/blog/benayon/

Aldir Blanc: Golpes de ódio

 Sanguessugado do Cultura, Esporte e Política

Aldir Blanc
Recebi um telefonema do João Bosco. Triste, João falou sobre o ódio alucinado que grassa no país:
— Clamam por sangue, querem enforcar, pedem a volta da ditadura, só um lado é preso. E há um ódio em tudo...
Sinto a mesma coisa. Dias depois dessa conversa, Verissimo escreveu sobre a perplexidade de um brasilianista no futuro: “Por que haveria escândalos que davam manchetes e escândalos que só saíam nas páginas internas dos jornais, quando saíam? Escândalos que acabavam em cadeia ou escândalos que acabavam na gaveta de um procurador camarada? (...) Como explicar o ódio desses dias?”
Pois é. Uma empresa de palhaços rebaixou o Brasil, a Petrobras, o banheiro da Central... No dia seguinte, saiu, muito menor, a notícia de que a m(*) avaliadora já pagou um bilhão e quatrocentos milhões de dólares em multas, por mascarar seus pareceres de risco. Por que esses farsantes merecem credibilidade? Qual a razão da dança de machadinhas ao redor da fogueira, com o Brasil queimando no poste? Depois de tanto sofrimento para termos de volta a democracia, como explicar a ânsia de rasgar a Constituição? Joaquim Levy alertou para o “afã de outras agências”. Elas existem só para nos ferrar e os bobos da corte aplaudirem? O Complexo de Vira-latas está de volta. Vira-latas, caniches de madames, gorduchinhas da Pomerânia...
Voltando a bater na tecla: Mamaluf virou réu. Será preso? Vão apreender joias, obras de arte, vinhos raros? Cucunha foi delatado mais uma vez. Resultado: expandiram seu prazo de defesa. Gilmar Mente Pacas desacatou a OAB e, no dia seguinte, foi a pagode de quem o colocou no cargo, um convescote de agronegociantes.
Nossa polícia é a que mais mata no mundo. Sudão, Somália, Afeganistão, Congo, Indonésia, vocês não são de nada. Também desmatamos território equivalente à África do Sul, campos de futebol devastados a cada leitura de um simples abaixo-assinado. Um parlamentável do PCdoB, talvez por sua rigidez albanesa, chamou nossos índios de “viadinhos”. Reconheceu, com a experiência de entendido-no-armário, “dois índios baitolas, com certeza”. Incrível como um esquerdista burro se parece com pastores homofóbicos à direita de Hitler...
Um gaiato disse na telinha que as coisas funcionam em Noviórqui porque o sistema lá é o capitalismo, e que os mercados se autorregulam. Uma frase de Martin Wolf procê, trouxa: “Lembre-se da sexta-feira, 14 de março de 2008: foi o dia em que o sonho do capitalismo de livre mercado morreu”.
Enquanto isso, Paulo Skaf Edeusse, da Fiesp, faz propaganda contra o ajuste fiscal, posição parecida com a do senadô Randolfe Scott. Os dois não são fofos.
Ainda sobre o ódio: dia virá em que inaugurarão monumento a terrorista assassino do exército. Sugiro que seja um busto, já que não sobrou quase nada embaixo.
Fechando o bloco, os fascistas húngaros e o resto da direita ocidental não precisam se preocupar com refugiados. É só mandar todos eles à Meca.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

10 coisas que você não vai ver no programa do PSDB na TV



O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) listou, em sua página no Facebook, 10 assuntos que não serão vistos no programa do PSDB veiculado esta semana nas emissoras de rádio e TV. Confira a lista de temas censurados pelos tucanos.

1) Explicação sobre os 124 voos particulares de Aécio com dinheiro público;

2) Defesa do financiamento privado de campanha, apontado por especialistas como a principal causa da corrupção;

3) Sob gestão tucana, o estado de São Paulo sofre diariamente com a crise da água;

4) Por que eles querem privatizar o Pré-Sal, a maior jazida de petróleo do mundo, retirando bilhões da saúde e da educação dos brasileiros;

5) Explicação sobre a propina de R$ 5 milhões recebida por Aécio, segundo depoimentos da Lava Jato;

6) Como o Senador Aécio Neves usou recursos públicos para construir um aeroporto particular em propriedade familiar;

7) Explicação sobre a compra de votos para a PEC da Reeleição de FHC;

8) Por que FHC extinguiu a comissão especial para apurar a corrupção no Brasil;

9) Na era FHC o Brasil era recordista na criação de impostos;

10) Sem perspectiva de voltar a governar o país pelo voto do povo, o PSDB é a favor do Golpe.
http://www.contextolivre.com.br/2015/09/10-coisas-que-voce-nao-vai-ver-no.html

Requião sugere criação de CPI para investigar judiciário brasileiro


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O senador Roberto Requião (PMDB-PR) sugeriu ontem (24) que o poder judiciário seja investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional. Segundo ele, a medida seria necessária em virtude da percepção de que apenas o juiz federal Sérgio Moro é “correto” e “decente” no Brasil.
A polêmica surgiu em decorrência das críticas ao fatiamento da Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que retirou das mãos de Moro inquérito não relacionado à investigação na Petrobras.
Requião é um crítico contumaz das mordomias no judiciário brasileiro. No Paraná, por exemplo, desde julho, ele tenta obter por meio a Lei de Acesso à Informação a relação de gastos da Procuradoria de Justiça do Paraná, com valores individualizados, do subsídio de todos os promotores e procuradores de Justiça do Estado do Paraná nos últimos 12 (doze) meses.
Também veio à tona recentemente que juízes estariam de “papo cheio”, isto é, ganhando R$ 73 mil ao mês, valor bem acima do teto do Supremo Tribunal Federal (STF) — que é de R$ 34 mil.
Os vencimentos dos magistrados são vitaminados pelos auxílios-moradias da vida. No Paraná, a farra é extensiva até aos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que se acham juízes, promotores e procuradores.
O senador Roberto Requião estuda coletar assinaturas para a CPI do Judiciário a partir da semana que vem.
Sobre essa polêmica, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo afirmou que “não existe só um juiz bom” no Brasil.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A praia que sumiu do mapa após terremoto no Chile


Está vendo toda essa água? Costumava existir uma praia ali, mas desapareceu após tremor
"O terremoto ocorrido no Chile em meados deste mês, seguido por um tsunami, teve outros efeitos além da destruição, dos alagamentos e da morte de pelo menos 15 pessoas: fez desaparecer uma praia.



Situada a cerca de 400 quilômetros ao norte de Santiago, a praia de Socos, na região de Coquimbo, ficou alagada após o tremor, ocorrido no último dia 16.

Segundo Gabriel González, geólogo do Centro Nacional de Pesquisas de Desastres Naturais chileno e professor da Universidade Católica do Norte, de Antofagasta, isso ocorreu porque o terremoto e o tsunami retiraram areia do mar, expondo rochas.

"A terra afundou cerca de 20 a 25 centímetros, levando a água a avançar para onde antes havia praia", disse González à BBC Brasil.

Por causa do afundamento, explicou, a água avançou, mas não retrocedeu no local. O mar cobriu toda a área de areia e chegou até a base do calçadão que ficava à beria da praia , unindo-se a um rio local. Ou seja: adeus sombrinhas e guarda-sóis.

"A praia de Socos, que tinha cerca de dois quilômetros não existe mais. Outra praia deve ser formada por ali, mas só em alguns anos", disse.

Os moradores e a imprensa chilena se referem agora ao local como "ex-praia Socos". A cidade está localizada a cerca de 50 km ao sul da famosa La Serena, uma das praias mais frequentadas por chilenos e argentinos no verão.
Antes do terremoto e do tsunami do dia 16, a praia de Socos era assim, cheia de guarda-sóis...
O terremoto registrou magnitude 8,4, provocando ondas de mais de quatro metros de altura.

González afirmou que, desde o terremoto de 1960, na vizinha Valdívia, quando um tsunami destruiu um bosque cujas árvores jamais voltariam a crescer, não se via um efeito como o ocorrido na praia de Socos.

O país tem um histórico de devastação causada por terremotos e tsunamis arrasadores, como o de Valdívia, em maio de 1960, e o ocorrido nas proximidades de Concepción, em fevereiro de 2010, matando mais de 500 pessoas.

O país vem fortalecendo sua infraestrutura com construções anti-sísmicas, apropriadas para amenizar os efeitos dos tremores – o que ajudaria a explicar o menor número de mortos no terremoto mais recente.

No entanto, arquitetos chilenos criticam o fato de a orla do país continuar sendo ocupada por casas de veraneio, mesmo com os perigos de tsunami após tremores como o do dia 16."

Manobras empresariais ilícitas tiram US$ 170 bi do País em 10 anos


Porto do Rio de Janeiro: muitos empresários subfaturam exportações, causando prejuízos bilionários ao País
"Subfaturar exportação e superfaturar importados permitem evasão de divisas e sonegação. Brasil tem o 7º maior fluxo ilícito, diz estudo internacional 

André Barrocal, CartaCapital

O Brasil vive um drama orçamentário, com o governo a propor a volta da CPMF para fechar as contas do ano que vem sem ter de cortar programas sociais como Bolsa Família ou subsídios à moradia popular (Minha Casa Minha Vida) e a universitários pobres (Fies). É um problema que beira o incompreensível, diante da revelação decertos hábitos do empresariado local capazes de desfalcar os cofres públicos em bilhões.

Na década compreendida entre 2003 e 2012, o Brasil foi ponto de partida de um fluxo financeiro ilícito de 217 bilhões de dólares, uma média anual de 21 bilhões. Este fluxo abrange dinheiro de corrupção e tráfico de drogas, entre outros crimes. A maior parte (cerca de 80%, ou 172 bilhões de dólares), contudo, resulta de procedimentos adotados por empresas para pagar menos impostos e disfarçar evasão de divisas. Casos mais comuns: subfaturar exportações e superfaturar importações. 

Quase metade da movimentação ilícito total se deu entre 2010 e 2012. Foram 100 bilhões de dólares no período, uma média de 33 bilhões anuais. Pelo câmbio atual, seriam 130 bilhões de reais por ano, o dobro do problema orçamentário de 2016. O projeto de orçamento foi ao Congresso com um rombo de 30 bilhões de reais, mas o governo espera reverter sua própria proposta e obter uma sobra de 34 bilhões. 

Os valores do fluxo financeiro ilícito brasileiro foram estimados por uma entidade chamada Global Financial Integrity (GFI), ou Integridade Financeira Global, em tradução literal. Trata-se de um think tank, uma “usina de ideias” financiada pela Fundação Ford e localizada em Washington, a capital do Estados Unidos. Seu propósito é auto-explicativo pelo nome.

Os dados constam de um estudo feito em 2014 pelo economista-chefe da GFI, Dev Kar, um indiano com 32 anos de Fundo Monetário Internacional (FMI) no currículo. Foram calculados a partir de dados do Banco Mundial (Bird). E fazem parte de um livrolançado na terça-feira 22, a reunir estudos semelhantes sobre a situação na Índia, no México, na Rússia e nas Filipinas.

Os cinco protagonistas do livro estão entre os principais pontos de partida do fluxo financeiro ilícito no período de 2003 a 2012, segundo a GFI. Em um ranking de 145 países, a Rússia é o segundo (973 bilhões de dólares), o México é o terceiro (514 bilhões), a Índia é o quarto (439 bilhões), o Brasil é o sétimo (217 bilhões) e as Filipinas, a 15ª (93 bilhões).

“O subfaturamento de exportações é o mecanismo mais usado pelos empresários brasileiros para transferir capital para o exterior ilicitamente”, diz o estudo de 2014. As firmas vendem para o exterior com preço abaixo dos valores de mercado “para reduzir o lucro que declaram no Brasil”. E fazem isso “geralmente com base em um acordo tácito com o importador no sentido de que ele remeta o valor restante para uma contaoffshore [no exterior] controlada pelo titular da empresa”.

Alguns estudos indicam que subfaturar exportação é um meio de a empresa ter patrimônio em um paraíso fiscal para investi-lo posteriormente nela mesma no Brasil. Este investimento disfarçado de investimento estrangeiro proporcionaria novos prejuízos aos cofres públicos: aumento da dívida externa e geração de gastos nas companhias que podem ser abatidos da tributação delas.

O superfaturamento de importações serve ao mesmo objetivo. Pagar por um importado acima do valor de mercado permite às firmas manter uma reserva financeira em paraíso fiscais.

De 1960 a 2012, a GFI estima que o fluxo financeiro ilícito a partir do Brasil tenha atingido 400 bilhões de dólares. Deste total, as manobras das empresas em transações de comércio exterior representaram de 80% do total.

“Temos observado, há muitos anos, uma hesitação por parte do Brasil em atacar, efetivamente, problemas relacionados à fuga de capitais e a saídas ilícitas de recursos do país”, afirma a GFI, a destacar que o País deveria apertar as multinacionais. “O governo deve fazer muito mais para combater tanto o subfaturamento de exportações como o superfaturamento de importações, adotando, proativamente, medidas dissuasivas adicionais em vez de punições retroativas.”

Em seu estudo, a entidade faz algumas sugestões para o governo coibir o fluxo financeiro ilícito. Aprovar lei criminalizadora do subfaturamento de exportações e superfaturamento de importações. Obrigar exportadores e importadores, inclusive seus dirigentes, a assinar termos declarando que os valores de suas transações são reais. Capacitar contradores e auditorias para vasculhar a contabilidade de comércio exterior das companhias.

Diz ainda que o Brasil deveria seguir o exemplo recente de Reino Unido e França e passar a exigir que as empresas informem às autoridades o nome de todos os seus controladores pessoas físicas e de titulares beneficiários. “Torna muito mais difícil a lavagem de produtos de crimes e da corrupção, facilita muito a identificação de relações ocultas entre parceiros comerciais e torna bem menos onerosos os requisitos de vigilância de clientela por parte de bancos”, afirma.

Com tal potencial arrecadatório inexplorado, resta a perplexidade entre observadores do debate orçamentário atualmente em curso no País. “As grandes empresas, principalmente as multinacionais, se aproveitam de uma arquitetura global que permite uma série de manobras e fazem evasão de divisas”, diz Grazielle David, do Instituto de Estudos Sócioeconômicos (Inesc). “E com essa evasão, a conta vai sobrar para alguém: os pobres e a classe média.”

Sociedade envenenada


O veneno da mentira já intoxicou, irremediavelmente, grande parte da sociedade brasileira.

Em pouco mais de uma década, o retrocesso cognitivo chegou a tal ponto a essa parcela da população que ela não consegue mais sequer fazer a ligação causa-efeito, e molda a sua opinião sobre tudo o que vê, ou seja, sobre o mundo no qual vive, de acordo com o que escuta nos meios de comunicação, nos templos religiosos, nas conversas de botequim, nos salões de cabeleireiro...

São raros os que pensam por si mesmos, que apresentam, em sua alocução, argumentos factíveis para sustentar suas teses a respeito de qualquer assunto, desde o jogo de futebol até a crise econômica.


Manter um diálogo coerente com qualquer um é praticamente impossível - ele parece ter se transformado numa conversa de malucos. 

Dias atrás me envolvi numa situação desse tipo.

Andava pela rua principal de Serra Negra, onde moro, quando recebi, de um senhor um folheto de propaganda de um restaurante. Agradeci, estava indo embora, quando ele quis brincar comigo:

- Se não gostar da comida, pode xingar o cozinheiro. Pode também xingar a Dilma.

Foi aí que teve início o pastelão.

Talvez influenciado pelo sol que derretia minha cachola, me virei e respondi ao gaiato que ele poupasse a presidenta de suas brincadeiras.

O que veio depois serviu para que eu tivesse a dimensão do quanto a mente dessas pessoas está contaminada pela propaganda ideológica a que a sociedade brasileira vem sendo submetida ao longo dos últimos anos.

Todos os clichês fantasiosos, absurdos e mentirosos disseminados para destruir a imagem do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma foram expostos, como se prestassem à mais sólida e inquestionável argumentação.

Alguns dos disparates proferidos:

- Dilma não rouba, mas é conivente com a corrupção.

- A carga tributária do Brasil é muito alta.

- Melhorei de vida no governo Lula, mas Dilma acabou com os ganhos que tive.

- A saúde pública está muito ruim por causa desse governo.

- Sou funcionário da prefeitura e só recebi 3% de aumento salarial.

- Escutei na rádio Jovem Pan...

E, por fim, a joia da coroa:

- Lula é dono de 90% da Friboi. Um funcionário de lá é que me contou.

Dito isso, virei as costas e fui embora, com a sensação de que estava acordando de um pesadelo.

Ou, pior, enfrentando a realidade do Brasil de hoje.
http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2015/09/sociedade-envenenada.html

Uma casta privilegiada e seus herdeiros: A farra dos caríssimos tratamentos dentários no Senado


Senado gasta R$ 6,2 milhões com plano de saúde, que é vitalício e banca despesas de senadores, ex-senadores e dependentes. Para usufruí-lo, o parlamentar não precisa fazer nenhuma contribuição - basta que tenha exercido o cargo por 180 dias ininterruptos. Após a morte do titular, o cônjuge continua usando a carteirinha

tratamento dentário senado odontológico
Kátia Abreu (PMDB), Magno Malta (PR) e Agripino Maia (DEM) estão entre os senadores que mais gastaram com tratamento odontológico pago com dinheiro público (Ilustração: Pragmatismo Politico)
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo do último domingo, 9, sobre as despesas pagas pelo Senado para os senadores fazerem tratamentos dentários, tratamentos de saúde e até aplicações de botox, mostrou que a senadora Kátia Abreu (PMDB) foi uma das congressistas que mais gastou com tratamentos dentários no Senado.
Segundo o jornal, Kátia Abreu gastou R$ 45.350 em tratamentos dentários pagos pelo Senado nos anos de 2010 e 2013.
Seu ex-colega de partido, senador Agripino Maia (DEM), teve uma despesa de R$ 51 mil, em 2009, referentes à implantação de 22 coroas de porcelana aluminizada. Já o atual companheiro de partido, senador Pedro Simon (PMDB), fez o Senado bancar R$ 62.793 em seus dentes.
O ex-senador tocantinense Moisés Abrão Neto (PDC) também aparece na lista de despesas reembolsadas pelo Senado. Ele gastou R$ 30.480 com despesas dentárias. Em 2008, o ex-parlamentar já havia sido reembolsado em R$ 109.267 mil com despesas de saúde. O senador Magno Malta (PR-ES) teve tratamento custeado em R$ 33.000 só em 2011.
Nos últimos cinco anos, a Casa autorizou tratamentos milionários, principalmente odontológicos, sem fazer perícia física dos pacientes nem definir limites de cobertura. Os gastos atingiram média de R$ 6,2 milhões anuais entre 2008 e 2012 – 62% referentes a reembolso de notas fiscais e recibos. A reportagem obteve as despesas efetuadas em 2013, que ainda não foram consolidadas pelo Senado. A estimativa é que a média de gasto tenha se mantido inalterada.
Conforme matéria do jornal paulista, o plano de saúde do Senado é vitalício. Ele banca despesas de senadores, ex-senadores e dependentes como filhos, enteados e cônjuges. Para usufruí-lo, o parlamentar não precisa fazer nenhuma contribuição – basta que tenha exercido o cargo por 180 dias ininterruptos. Após a morte do titular, o cônjuge continua usando a carteirinha.
O plano do Senado estabelece um limite anual de R$ 25,9 mil para gastos odontológicos, mas a Casa tem pago valores acima. O caminho para ignorar as normas é invadir a cota não utilizada de outros anos.
com Agência Estado
http://gilsonsampaio.blogspot.com.br/2015/09/uma-casta-privilegiada-e-seus-herdeiros.html

Golpe, recessão e as possibilidades para os nossos netos

Por: Saul Leblon

Lula Marques / Agência PT
A negociação de um novo ministério em que o PMDB passa a deter fatias consideráveis do orçamento e do poder -- imediatamente, não na arriscada perspectiva de um golpe— deixou o conservadorismo entre estupefato e irritadiço.
 
O ex-presidente Fenando Henrique Cardoso apressou-se em sentenciar seu douto entendimento sobre mais essa lâmina que cruza a noite de golpes, autogolpes e contragolpes em que se transformou a luta pelo poder no país.
 
‘Dilma se aliou ao demônio’, esbravejou, passando recibo.
 
Estamos falando do personagem cujo governo foi uma clássica coabitação com demos de carne e osso que há séculos espetam o tridente no lombo da população brasileira.
 
O muxoxo expressa mais que a ressentida perda da exclusividade.
 
Comodoros da esquadra golpista, em cujos porões se replica o balé de punhais, agora entre Aécio, Serra, Alckmin etc--  temem que a reacomodação ministerial abra uma janela de tempo e oxigênio no labirinto da crise econômica.
 
E ponha tudo a perder.
 
Opera-se na estreita pinguela que interliga o tudo ou nada em meio à densa noite de azeviche que desce sobre a história brasileira.
 
Encadear à aposta ministerial uma iniciativa capaz de reverter  a assombração recessiva é a única chance do lado do governo, antes que o parafuso econômico vare do outro lado.
 
Colonizado pela circularidade do ajuste, o senso comum já reage à insuficiência  dos cortes pedindo outros.
 
Uma espécie de suicídio induzido pela dedução do Estado a partir da contabilidade doméstica asfixia o debate das ‘possibilidades econômicas dos nossos netos’, para emprestar um título inspirado de Keynes, utilizado na chamada desta nota. 
 
 ‘E, todavia, são coisas muito distintas’, ensina a paciência jesuítica do economista brasileiro Luiz Gonzaga Belluzzo. 
 
Aos repórteres que o procuram cheios de ardor pela tesoura ortodoxa, ele adverte: ‘Se o Estado age como o desempregado, que corta tudo, a economia naufraga; a recessão se aprofunda’. E quase num desabafo diante da resistência do material a ser desasnado: ‘Sem crescimento é inviável. Sem crescer, no capitalismo, as coisas começam a ficam muito complicadas’.
 
As coisas estão ficando muito complicadas no Brasil, onde níveis de endividamento pessoal, privado e público, em moeda local e estrangeira, estão sendo desguarnecidos dos fluxos de receita que os mantém solváveis.
 
Como num efeito dominó, as distintas peças da economia vão caindo.
 
Quem pode deter o fluxo?
 
A intuição atilada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva soou o sinal amarelo: o país precisa urgentemente de uma agenda pós-ajuste.
 
Por onde começar?
 
O programa do golpe não hesita. 
 
Ademais do arrocho inclemente, as ‘complicações’ decorrentes da purga recessiva recomendam concluir o trabalho iniciado pelo PSDB nos seus oito anos de poder.
 
A ex-diretora do programa de desestatização do BNDES então, Elena Landau, deu a largada em artigo de 17/09, publicado na Folha, cujo título é imperativo -- ‘É hora de privatizar’.
 
A tucana que saiu do BNDES para o banco Oportunity, onde –junto com o ex-marido, e ex-presidente do BB no governo FHC, Pérsio Arida--  foi assessorar clientes de Daniel Dantas  a adquirir empresas públicas por ela privatizadas, dobra a aposta:
 
‘A crise abre oportunidade para nova rodada de privatizações... A lista de ativos federais, estaduais e municipais a serem vendidos pode e deve ser ampliada. Some-se ainda o plano de desinvestimento da Petrobrás e os valores duplicam’.
 
A abrangência do desenvolvimento e a sorte das gerações futuras estão com o destino ameaçado.
 
A peça-chave da segunda onda de alienação patrimonial é formada pelas maiores reservas de petróleo descobertas e inteiramente mapeadas no século XXI.
 
Pré-sal  significa dinheiro na mão.
 
Em quantidades oceânicas.
 
Ainda que a cotação do barril se estabilize em US$ 55, a densidade energética imbatível e a rentabilidade  líquida e certa das reservas brasileiras,  fazem desse patrimônio um dos alvos mais cobiçados ativos da guerra econômica global. 
 
Serra –‘ o maior entusiasta da venda da Vale’, já disse FHC— é o general de campo dessa cobiça incansável.
 
O assalto ganha vapores de pertinência  quando se verifica que a dívida da Petrobras –mais de US$ 100 bi--  atingiu uma dinâmica preocupante.
 
A estatal criada por Vargas em 1953, a contragosto do PSDB que se chamava UDN, arfa sob um torniquete de duas voltas.
 
Uma queda da ordem de 50% nas cotações do barril nos últimos 12 meses espreme sua receita; a desvalorização de mais de 50% do real, potencializa seu passivo. 
 
Para arrematar, o corner financeiro é vitaminado pela paralisia da rede de fornecedores e empreiteiras, em consequência da Lava Jato.
 
A cadeia do petróleo foi redesenhada no Brasil nos últimos anos.
 
Para o desenvolvimento do país, a Petrobrás hoje é muito mais importante do ponto de vista estratégico do que quando foi criada por Vargas. 
 
O petróleo deixou de ser apenas uma marca de abastecimento para ser uma usina industrializante, geradora de emprego, ciência e pesquisa, fundos para educação e a saúde, soberania e poder geopolítico. 
 
Representa talvez o derradeiro e o mais valioso legado da luta pelo desenvolvimento ao  futuro da nação e o de seus filhos.
 
Está tudo por um fio. 
 
Ações irrefletidas de venda e desmembramento para fazer caixa podem seccionar cadeias de coerência estratégica e produtiva.
 
A pressão de centuriões das petroleiras multinacionais, a exemplo de Serra e assemelhados, avança para romper o lacre garantidor de toda a engrenagem.
 
Se o regime de partilha for derrubado, como querem, a supervisão obrigatória da Petrobrás na exploração das novas reservas, graças a uma participação cativa de pelo menos 30% nos consórcios, cairá por terra.
 
Não é uma fatalidade, embora o colunismo isento e patriótico faça enorme esforço para torna-lo assim. 
 
O país dispõe de três trunfos para reagir: reservas internacionais da ordem de US$ 380 bi; um mercado de massa que já representa 51% da população (escala que o credenciaria sozinho a figurar no G20) e o pre-sal.
 
Não é pouco.
 
Na verdade, é muito. 
 
Poucas nações no planeta menosprezariam essas potencialidades na resposta a uma transição de ciclo de desenvolvimento como a que se vive por essas bandas
 
A nação golpista, porém, cerra braços nas fileiras das exceções.
 
Mas a avenida existe.
 
Por exemplo.
 
As reservas brasileiras em dólar estão aplicadas predominantemente em títulos e papeis indexados à taxa de juro baixa do mercado internacional. 
 
No primeiro trimestre deste ano o governo tomou empréstimos no mercado interno à taxa de juro média de 5%, para adquirir dólares dos exportadores. 
 
Na aplicação desses dólares recebe juros de 0,16%. 
 
A diferença entre o custo de comprar e o de carregar as reservas foi de R$ 48,358 bilhões nesses três meses. Ou seja, cerca de US$ 11 bi por trimestre; algo como US$ 44 bilhões/ano.
 
O desequilíbrio autoriza um exercício bastante preliminar de realocação de passivos e ativos que pode dar lastro financeiro ao resgate do futuro acuado hoje na crise da Petrobrás.
 
Passo um:
 
-- se o governo brasileiro comprasse a metade da dívida externa da Petrobrás junto aos credores internacionais, com deságio, e gastasse nisso US$ 40 bi das reservas não abalaria seu air-bag de dólares, que cairiam para ainda expressivos US$ 340 bi.
 
Passo dois:
 
-- abre-se assim um espaço para aliviar drasticamente o impasse de caixa da estatal, sem gerar prejuízo ao Estado. 
 
Ao contrário.
 
A dívida que apenas trocou de mão seria alongada e indexada a barris/equivalentes de petróleo, com base na cotação média projetada para os próximos anos.
 
A Petrobrás recuperaria seu fôlego e a capacidade de reorganizar soberanamente a cadeia do pré-sal.
 
O carregamento das reservas brasileiras ficaria mais barato ao país.
 
Modelos semelhantes poderiam –deveriam—  ser testados  para sanear a cadeia das empreiteiras do PAC e do pré-sal trocando-se, no caso, a remuneração em barris por ações das respectivas companhias, com alívio para bancos credores e dividendos superiores à remuneração das reservas.
 
São especulações rudimentares, repita-se.
 
Exigem rigoroso trabalho de aprimoramento para a avaliação de sua consistência financeira.
 
O que fica claro é que há mecanismos de ajuste para além da lógica recessiva que faz apenas aprofundar gargalos existentes e criar outros novos.
 
Não é a ‘solução Elena Landau’ que aliviará o horizonte pesado das expectativas que ora asfixiam o investimento, o emprego, o consumo e a receita do governo.
 
A solução tucana tem sua consequência precificada na sulforosa receptividade que desfruta junto a círculos especulativos.
 
Irradia lógica sabida e sabichona.
 
Trata-se de empobrecer o Brasil para enriquecer fundos e capitais ansiosos por ‘comprar o país’ na bacia das almas de uma crise, em certa medida magnificada pelo autofalante conservador.
 
A alternativa consiste em ordenar a economia para servir aos interesses do mais importante credor de um país -- seu povo. Impedir a rapina do patrimônio público é o requisito, no caso brasileiro, para evitar que se sonegue aquilo que Keynes enxergava auspiciosamente, em um texto de 1930,  com ‘as possibilidade econômicas dos nossos netos’. A ver.
http://cartamaior.com.br/?/Editorial/Golpe-recessao-e-as-possibilidades-para-os-nossos-netos/34604