sábado, 2 de maio de 2015

Quanto vale um deputado?


Observe o quadro.

Em letras pequenas está estampado que o salário de um deputado equivale ao de 144 professores.

É claro que deve envolver aí a verba total que um parlamentar recebe.

Mas nem por isso deixa de ser obsceno.

Que tal se fosse o contrario?

E que fique claro.

Ninguém é contra os deputados.

O que se questiona aqui é o abismo salarial.

Vi no: http://blogdobourdoukan.blogspot.com.br/2015/05/quanto-vale-um-deputado.html

Quando a religião atrapalha a política


ilustração-política
Existe uma artimanha um tanto complexa, mas muito difundida entre os que ocupam ou desejam obter os cargos a chefe do poder executivo ou representativo no Congresso Nacional, que é utilizar discursos religiosos como trampolim para fins políticos particulares. Assim, se algum candidato for um empresário capitalista, ele não se apresentará como tal, isto é, defendendo seu lobby econômico, mas sim como um cristão fervoroso, decidido a transformar o seu país numa fantástica teocracia por meio de propostas de leis biblicamente justificáveis. Paradoxalmente, terá melhores condições de conquistar o apoio alucinado das camadas mais oprimidas pelo poder financeiro.
Se esse mesmo indivíduo expusesse os verdadeiros motivos de sua causa política, confessando previamente os interesses que engrandecem os lucros das instituições privadas, quase não encontraríamos tantos pobres “de direita” confiando votos a ele. Portanto, a estratégia mais eficaz é entusiasmar o povo conforme suas tendências mais simplórias e incoerentes, fazendo-o crer cegamente em tudo o que for dito. As consequências que decorrem disso são perniciosas: qualquer expectativa de uma participação política racional é quase inteiramente destruída, pois a influência religiosa impede a maioria das pessoas de reconhecer sua verdadeira identidade de classe socioeconômica.
Na Câmara dos Deputados, a bancada fundamentalista BBB (Bíblia, Boi e Bala) é a pioneira em pautar discussões em preceitos bíblicos torpes, sem enfatizar nenhuma das especificidades de classe social, como a desigualdade de renda, desemprego, acesso aos serviços básicos e o domínio do poder privado nos deveres públicos. Ou seja, as propostas que de fato deveriam tramitar acabam sendo demonizadas. O povo precisa, além de depositar sua fé na compatibilidade religiosa de seu representante, aceitar, como mero telespectador, todas as intenções “não-religiosas” que ele lhe impuser. Logo, as reformas das quais o Brasil mais precisa serão conduzidas por uma confluência de fé contrária a qualquer debate imparcial baseado em estudos e fatos.
É este o caso da PEC 171/1993, que pretende reduzir a maioridade penal para 16 anos. O Velho Testamento das Sagradas Escrituras é citado para reforçar essa medida: “A alma que pecar, essa morrerá”. Frases descabidas como essa estimulam as tendências mais simplórias e incoerentes do povo; é uma aliança direta com a fragilidade e ignorância popular. Ninguém poderia ser mais responsável por isso do que o atual presidente da casa, o peçonhento Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que vem ameaçando abertamente seus opositores com autoritarismo, chantagem e tirania.
Beto Richa (PSDB), reeleito governador do Paraná nas eleições de 2014, não apresentou uma conduta tão diferente do observado entre os integrantes do Congresso Nacional. Em muitas de suas campanhas, Richa se empenhou em angariar o apoio massivo de entidades religiosas: “Farei um governo respeitando os valores cristãos, a ética e as pessoas. As igrejas terão um papel importante no resgate dos valores da família”, disse ele. Após alguns meses de camuflagem, muitos se deram conta de que a causa da greve dos professores, ocorrida Em Curitiba-PR no dia 29 de abril deste ano, nada tem a ver com “valores cristãos”, mas sim com interesses antiquados contidos na PL estadual 252/2015, que alterou o sistema previdenciário dos servidores públicos.
Questiono quantos professores religiosos que o elegeram foram às ruas de Curitiba, decepcionados com a perigosa fusão de fé e política que fizeram. Em troca, acabaram duplamente desmantelados pela repressão militar somada à indesejável aprovação da PL 252/2015, em um dos episódios mais humilhantes que o Brasil já teve. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também aqueceu o esqueleto de sua campanha com o apoio de milhares de religiosos e, inclusive, se coligando ao pouco alfabetizado Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus.
A religião, mais do que uma arma destrutiva para políticas teocráticas, serve também como um permanente disfarce que encobre o lobo em pele de cordeiro. Como quase sempre aconteceu ao longo da história, se as mentes esclarecidas se encolherem, cada vez mais os discursos públicos incentivarão os crentes a decidirem o destino da sociedade inteira.
Vi no: http://www.bulevoador.com.br/2015/05/quando-a-religiao-atrapalha-a-politica/

Ah! Se as direitas se educassem…


Ah! Se as direitas se educassem, seriam as esquerdas que sairiam às ruas reivindicando contra posturas do governo federal. Quiçá bateriam panelas depois de ouvirem discursos da presidenta - e não durante - que tentam explicar o inexplicável.

Ah! Se as direitas se educassem, não mais seriam analfabetos políticos. Deixaríamos de ouvir tolices sobre comunismo, socialismo e anarquismo. Se as direitas se educassem, atualizariam seus conceitos e conteúdos. Não reproduziriam falácias forjadas pelas elites industriais, há quase 100 anos, para desqualificar e desconstruir as primeiras organizações trabalhistas que surgiam no país.

Ah! Se as direitas se educassem, jamais ouviríamos o termo bolivarianismo para qualificar qualquer ideologia ou política aplicadas no Brasil. Não mais sentiríamos a dor aguda nos ouvidos - que reflete em uma aguilhoada no cérebro - cada vez que se referem a um governo, que não passa de um arremedo do modelo keynesiano, como comunista bolivariano. Confesso, isso dói demais.

Ah! Se as direitas se educassem, elogiariam o muito que há para se criticar no atual governo, como o ministério neoliberal - que seria surreal para um governo "comunista “bolivariano”- bem como o conservadorismo adotado em suas políticas econômicas, mas não criticariam programas que requerem parcos investimentos e trazem resultados extremamente relevantes como o Bolsa Família, ou as políticas afirmativas como as de cotas raciais, sociais e de gênero.

Ah! Se as direitas se educassem, aprovariam políticas recentes, adotadas pela presidenta, que trouxeram perdas aos trabalhadores, como a ampliação do prazo para seguro desemprego e o direito a pensões de viúvas jovens, e não reprovariam o vestido que ela usa ou o fato de não ser boa oradora. Se as direitas se educassem, não chamariam qualquer mulher de vaca, vadia ou vagabunda, por não simpatizarem ou concordarem com suas posturas políticas.

Ah! Se as direitas se educassem, passariam a construir seus próprios argumentos por intermédio de análise e reflexão e não mais reproduziriam ideias preconcebidas que lhes são introjetadas por mídias manipuladoras e desonestas. A propósito, teriam vergonha de reiterar ideias da Veja, Globo, Bandeirantes e páginas como Revoltados Online, OCC e muitas outras. Se as direitas se educassem passariam a pensar por si só.

Ah! Se as direitas se educassem… 

Bem, se as direitas se educassem, ao mesmo tempo se reduziriam, pois classes médias e pobres deixariam de ser direita. Sobrariam alguns poucos, representantes das elites como Delfim Neto, Semler, e outros que já são educados. São dos poucos que conhecem sobre o que falam e, surpreendentemente (?), pouco criticam o governo. Pois sabem que nada tem de esquerda.

Ah! Se as direitas se educassem, saberiam que todos - exceto eles próprios - deveriam sair juntos às ruas reivindicando uma reforma política ampla e profunda e que permitisse a transição para um modelo mais próximo da democracia participativa.

Quem sabe assim, parte das esquerdas despertassem de seus devaneios de construírem heróis míticos. Desta maneira, aceitariam que alguns de seus ídolos os decepcionaram e se envolveram em atos de corrupção que antes criticavam. Reconheceriam que na política não há inocentes.

Ah! Se as direitas se educassem…

Ciranda partidária em curso


"Outras fusões ocorrerão, além da do PSB com o PPS

Tereza Cruvinel, BlogTereza Cruvinel 

Com os 513 deputados distribuídos em 28 partidos, o funcionamento da Câmara tornou-se mais complicado do que nunca. Em busca de hegemonia e preparando-se para as mudanças que podem vir com a reforma política, o movimento de fusões está em curso. Ele pode ser benéfico, reduzindo o número de siglas com representação, mas pode também representar para o governo a necessidade de negociar com siglas mais fortes e mais exigentes.

A fusão PPS-PSB já foi aprovada e dará mais musculatura a uma sigla de oposição alternativa ao PSDB. O novo partido vai se chamar PSB e manterá o número 40. Na prática, uma incorporação da sigla de Roberto Freire pelo partido órfão de Eduardo Campos, que vem tendo dificuldades para se encontrar sem seu líder maior.

O movimento mais ousado, porém, ainda não começou. O DEM vai se fundir com o PTB. A nova sigla se chamará PTB e será presidida pela filha de Roberto Jefferson, deputada Cristiane Brasil, que preside os petebistas. O número será o 25, do atual DEM. Isso fortalecerá a sigla de oposição derivada do antigo PDS.

Mas, num segundo momento, haveria a fusão deste novo PTB com o PMDB, resultando num partido que teria 150 deputados. Esta sim seria a maior força partidária na Câmara desde a Constituinte, quando o PMDB, sozinho, elegeu 201 deputados. E se Dilma já enfrenta dificuldades com a sigla de Renan e Eduardo Cunha, mais trabalho teria para negociar com este “partidão”.

Em outra frente, prospera a fusão do PSD com o recriado PL, que pode fortalecer a sigla do ministro Gilberto Kassab. E o PROS também busca um casamento, agora que os irmãos Gomes estão praticamente excluídos do comando da sigla. E, por fim, Marina Silva segue batalhando pela Rede, que agregará deputados hoje no PV e no PSB. Miro Teixeira, do PROS, por exemplo, já trabalha para viabilizar a Rede e a ela se filiará.

Para que tudo isso aconteça, o Congresso terá que derrubar um veto parcial da presidente Dilma a um dispositivo legal que impede a filiação de deputados sem incorrer em punição por infidelidade a siglas decorrentes de fusões partidárias. Mas mesmo sem a derrubada do veto, os “criadores” de siglas acreditam que podem se basear em regulamentação do próprio TSE para prosseguir com a ciranda partidária."

Uma radiografia da manipulação

Luciano Martins Costa, Observatório da Imprensa

"Educadores que participaram, na terça-feira (29/4), do debate na sede da Ação Educativa, em São Paulo, questionam por que este observador considera que a mídia tradicional do Brasil apoia e potencializa a agenda conservadora que segue tramitando em velocidade anormal na Câmara dos Deputados (ver aqui).

De fato, não basta registrar que os parlamentares afinados com o ideário mais retrógrado na diversidade do Congresso aproveitam a crise política insuflada e sustentada pela imprensa para fazer o Brasil avançar rumo ao passado. É preciso mostrar como, na prática, a mídia faz esse trabalho sujo.

Nas edições de sexta-feira (1/5), os jornais destacam o fato de a presidente da República, que foi sitiada em Brasília desde sua eleição, em dezembro, ter optado por não se pronunciar na televisão por ocasião do Dia do Trabalho. A presidente se omite para evitar se expor a essa situação estimulada pela imprensa diariamente. No limite da governabilidade, a jovem democracia brasileira enfrenta seu maior desafio desde o fim da ditadura militar, e corre o risco de ver crescer uma onda de retrocesso institucional, à sombra desse protagonismo da mídia.

Há muitos aspectos a serem considerados nesta encruzilhada da vida nacional. Por exemplo, o fato de a aliança que governa o país contar entre seus aliados com a bancada do Partido Progressista, cujo nome é um acinte ao sentido real da sua representação política. No programa gratuito da sigla, quinta-feira (30/5) à noite, o que se ouviu sobre a proposta de redução da maioridade penal foi um despautério de bobagens, no estilo típico dos programas policialescos da televisão. O credo reacionário desses aliados do governo petista pode ser resumido na seguinte frase, dita em tal programa: “As leis garantem direitos demais”.

Com tais amigos, o governo federal realmente não precisa de oposição. Mas a situação é ainda pior na porção maior da base controlada pelo PMDB, que se dividiu em três facções, duas das quais, sob o comando do presidente do Senado, Renan Calheiros, e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, desdenham da liderança do articulador político do governo, o vice-presidente Michel Temer.

Dano colateral

A imprensa explora esses desentendimentos, dando amplo destaque a qualquer coisa que digam Calheiros e Cunha, desde que represente algum desgaste do Executivo. O jornalismo declaratório é colocado a serviço desse processo que desgasta não apenas a imagem do Executivo, mas principalmente desacredita o Parlamento e a própria política. Esse cenário estimula as vozes do obscurantismo, que ainda pedem a volta da ditadura militar.

O eixo das manipulações vai de alto a baixo, em todas as instâncias onde esteja no poder o partido que lidera a aliança governamental em Brasília: na sexta-feira, por exemplo, a Folha de S. Paulo oferece como manchete uma bobagem retirada do noticiário sobre um dos corriqueiros conflitos na região da capital paulista conhecida como Cracolândia. O ataque da polícia do Paraná contra servidores públicos, que deixou mais de 200 feridos, sumiu da primeira página, substituído pelo seguinte título: “Gestão Haddad falou com tráfico antes de agir na cracolândia”.

Embora um editorial da Folha, com o título “Os excessos de Richa”, critique a violência policial no Paraná, o jornal paulista cria um factoide em cima da prática rotineira de funcionários da prefeitura de São Paulo ao negociar o ingresso em um ambiente de alto risco como é a Cracolândia.

Ora, este observador já havia publicado, em pelo menos duas ocasiões, que reina naquela região um pacto silencioso entre agentes públicos, voluntários e representantes do crime organizado para manter sob controle a venda de crack aos dependentes (veraqui e aqui).

Observa-se que, toda vez que, em algum lugar do Brasil, um político da oposição apoiada pela imprensa se coloca em situação constrangedora, os jornais tratam de contrapor o fato a algum evento envolvendo políticos do Partido dos Trabalhadores ou seus aliados. Assim, o contexto negativo que envolve o governador tucano do Paraná é coberto por um factoide criado pela Folha para atingir o prefeito petista de São Paulo.

O que há por trás da manchete da Folha é o mesmo jogo pelo qual a mídia tradicional trata de demonizar um lado do espectro político, enquanto protege ou enaltece o outro lado. O fato de que essa manipulação estimula o avanço de projetos que podem jogaro Brasil de volta ao século 19 é considerado apenas um dano colateral nessa luta pelo poder."

quinta-feira, 30 de abril de 2015

E eles? Caso MC Melody ofusca 'erotização de meninos' no funk


Além de MC Melody, MC Pikachu (foto) junto a outros "meninos do funk" são alvo de inquérito do MP
"MC Melody, a funkeira de 8 anos que aparece em vídeos com roupas justas, cantando sobre "recalque" e dançando no chão de uma casa noturna paulista, alcançou o topo entre os assuntos mais buscados no Google na última quinta-feira.

 

Mas o mesmo não ocorreu com MC Brinquedo, MC Pedrinho e MC Pikachu - funkeiros-mirins com milhões de seguidores nas redes sociais, famosos pelas letras pornográficas que cantam por aí.

Como a BBC Brasil revelou nesta sexta-feira, a "erotização" destes cantores por familiares e produtores está sendo investigada pelo Ministério Público de São Paulo. Entretanto, mesmo com letras mais pesadas que as de Melody (que não usa palavrões, referências a drogas ou sexo explícito), os meninos do funk vêm sendo poupados de críticas.

Enquanto o verso mais polêmico de Melody diz "para todas as recalcadas, aí vai minharesposta, se é bonito ou se é feio, mas é foda ser gostosa”, o refrão mais conhecido de MC Brinquedo (13 anos) afirma: "Tu vai lamber, tu vai dar beijo, tu vai mamar com essa boquinha de aparelho".

MC Pedrinho, 12, é conhecido como desbocado: "Como é bom transar com a p*** profissional. Vem f**** no clima quente, no calor de 30 graus".
MC Pikachu, de 15 anos, vai além: "Estava na rua, fumando um baseado, chegou a novinha e pediu para dar um trago (...) Dá a b***** para mim, (dá) o c* e fuma".

Além da erotização infantil, a diferença no tratamento entre funkeiros e funkeiras mirins leva a uma discussão sobre gênero: a sexualização dos meninos é permitida e a das meninas não?

Machismo

Procurado, o pai de MC Pedrinho disse que não fala com a imprensa. A BBC Brasil também tentou contato por telefone com a KL Produtora, responsável pelas carreiras de MC Brinquedo e MC Pikachu, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

Para Claudia Bonfim, pesquisadora da Unicamp, especialista em educação sexual, a discussão reflete a "desigualdade de gênero histórica" e a "educação machista" presentes da sociedade brasileira.

"O padrão moral para meninos e meninas é diferente aqui no Brasil. Menininhos de 2 ou 3 anos de idade são estimulados a mostrar o pipi para familiares em sinal de masculinidade", diz. "Já às meninas pede-se discrição, sobriedade - elas têm que se sentar de pernas fechadas, por exemplo."

A questão também foi levantada por leitores nas redes sociais. Pelo perfil da BBC Brasil no Facebook, o comentário da leitora Zulmira Bracco alcançou 2.170 likes:

"Aproveitando o embalo vejam também o MC Pedrinho - Dom Dom Dom - 12 anos, mas por ser do sexo masculino a sexualização precoce dele passa despercebida, na lei do 'meu filho pode tudo, minha filha não pode nada'. Vamos entender que não podem e não devem porque são crianças e não pelo gênero sexual com o qual nasceram", escreveu.

Para a especialista da Unicamp, autora dos livros Educação Sexual e Formação de Professores: da educação sexual que temos à educação que queremos e Desnudando a Educação Sexual, "o tratamento desigual sobre a sexualização de meninos e meninas tem que ser superado".

"A cada cinco minutos uma mulher sofre violência no Brasil e isso é fruto da desigualdade de gêneros", ressalta Claudia Bonfim, que afirma que esta exposição pode render prejuízos e traumas como "vida sexual reprimida ou o contrário, quantitativa, muito genitalizada, em uma busca desesperada por prazer."

O comentário não indica, entretanto, que sexo deva ser um tabu entre as crianças.

"A sexualidade está presente desde sempre e não só pode como deve ser discutida junto aos pais de maneira delicada, não necessariamente só pela palavra, mas por gestos, toques, com cuidado", diz Bonfim.

Estigmatização

A popularidade dos funkeiros-mirins é atestada por sua audiência nas redes sociais: "Roça Roça", de MC Brinquedo, alcançou mais de 10,5 milhões de visualizações em menos de dois meses no YouTube.

Nas mesmas redes, após o caso MC Melody, o genero musical funk vem sendo alvo de ataques frequentes.

"Tem que acabar com o funk", disse um internauta, pelo Twitter. "O funk é um câncer que precisa ser estirpado do Brasil", afirmou outro, via Facebook.
A professora da Unicamp contemporiza. "A música sertaneja no Brasil tem letras e coreografias que também induzem à sexualização e as crianças estão reproduzindo sem críticas", afirma.

"No axé, idem. Às vezes não é a letra que está carregada de sexualidade, mas a coreografia sim", diz Bonfim. "Infelizmente sabemos que o funk sofre muito preconceito no Brasil, mas é importante lembrar que o problema não está só nele."

A perseguição ao funk é o argumento de MC Belinho, pai de MC Melody, que em vídeo publicado recentemente no Facebook disse ser alvo de ameaças de morte por conta da exposição da filha.

"Só estão criticando porque ela canta funk", disse."

Crime de Lesa Humanidade: a UE quer as riquezas de África, mas não quer as pessoas



O recente naufrágio em que mais de 900 migrantes africanos perderam a vida no estreito da Sicília é mais um trágico episódio de uma infindável sucessão de tragédias semelhantes. A UE e a dita “comunidade internacional” choraram as habituais lágrimas de crocodilo. Tentam ocultar a sua criminosa responsabilidade neste desesperado êxodo, que resulta directamente da rapina das riquezas africanas e da sistemática agressão imperialista.

Milhares de pessoas falecem todos os anos na sua tentativa de chegar à Europa. Pessoas fugindo da miséria a que o saque perpetrado pelo grande capital transnacional submete a África. Não vão à procura do “sonho europeu”, fogem do Pesadelo em que as transnacionais converteram a África; seguem o percurso que previamente seguiram as imensas riquezas extraídas dos seus países. Mas a UE quer as riquezas de África, mas não quer as pessoas. A Ditadura do Capital obriga as pessoas a empreender êxodos terríveis, em condições de perigo extremas.
 
Na madrugada de 19 de Abril 2015 um barco com mais de 900 pessoas migrantes afundou-se no estreito da Sicília: tentava levar centenas de pessoas da Líbia para Itália. A Procuradoria da Catânia indicou que se estima que poderiam ter falecido umas 950 pessoas; os procuradores dizem que ”ainda é impossível determinar com precisão o número de mortes”(1). Foram encontrados 24 cadáveres, e somente 28 sobreviventes. Carlotta Sami (ACNUR Itália), informou que o barco se afundou a uns 110 Km da costa. A Guarda costeira italiana tinha recebido um apelo de socorro durante a noite, avisando-a de que o barco se encontrava em perigo. Mas, segundo informou a guarda costeira, quando se iniciou a operação de resgate, o barco naufragou porque todos os que iam a bordo se colocaram do mesmo lado no desespero por sobreviver (2).
 
Um mar surpreendido tragou a vida de outras 900 pessoas. No mesmo mês de Abril de 2015 mais de 400 pessoas migrantes desapareceram e umas 150 sobreviveram, após naufragarem na sua viagem clandestina rumo a Itália, no dia 15. O Mediterrâneo converteu-se numa imensa tumba. No total umas 90 mil pessoas o cruzaram para a Europa entre 1 de Julho e 30 de Setembro de 2014, e pelo menos 2.200 perderam a vida. No trimestre anterior foram 75 mil pessoas e 800 mortes, segundo a ACNUR.
 
Estas tragedias representam um grande sofrimento para os familiares das vítimas; e por outro lado dão lugar a uma larga sucessão de malabarismos mediáticos para os políticos da UE, que vêm tentar tapar o sol com uma peneira. Querem tapar que o saque e as “guerras humanitárias” perpetradas pela UE e os EUA contra a África têm como consequência lógica o êxodo massivo. Vêm os políticos, os representantes das instituições internacionais, a ver qual é mais “caritativo”, qual mais “legalista”, qual mais ufano a propor soluções. E cada solução é menos solução que a anterior. Concentram as suas diatribes contra as supostas “mafias” de transporte de pessoas, quando é bem sabido que em muitas ocasiões o suposto “mafioso” não é outra coisa senão um pescador que já não pode sobreviver da pesca num mar saqueado pelo arrasto das grandes transnacionais, reconvertido em condutor de embarcações que tentam passar clandestinamente as fronteiras da Europa fortaleza.  Inclusivamente, e ainda que possa ser certo que muitos transportadores destas viagens clandestinas se aproveitam das pessoas em situação de êxodo, estes transportadores não podem ser tidos como os responsáveis por esta tragedia, por estes crimes de Lesa Humanidade. A menos que se queiram ocultar os verdadeiros responsáveis. Alguns já vêm até dizer que há que bombardear as embarcações nas costas de onde saem: o fascismo da União Europeia deixa cair completamente a máscara.
 
Entre os sobreviventes da tragedia de 19 de Abril, os media escolheram já os dois homens que lhes servem de bode expiatório: dois membros de la tripulação serão o alvo de todo o ódio; bodes expiatórios perfeitos para ocultar os verdadeiros responsáveis destes crimes contra a humanidade. São acusados de homicídio em massa, e os media do grande capital tentam responsabilizar as supostas “mafias do tráfego de pessoas” pela continuada tragédia do Mediterrâneo e do Atlântico.
 
Esta tragédia do falecimento atroz de centenas de pessoas provenientes da Líbia é também uma das consequências da invasão contra a Líbia, perpetrada pelos “aliados” e sua NATO em 2011.


A invasão da Líbia foi uma intervenção ao serviço do Grande Capital Transnacional que a NATO empreendeu com a ajuda de mercenários paramilitares infiltrados em Líbia a partir dos serviços secretos europeus e estado-unidenses. Esta invasão articulou-se com a total cumplicidade do aparelho mediático do capitalismo transnacional, que chamava ”rebeldes” aos paramilitares mercenários com a finalidade de justificar a invasão e o genocídio contra o povo líbio e o seu governo de então, de Muammar Al Kadhafi. Durante o governo de Kadhafi, a Líbia era o país com o mais alto nível de vida de toda a África; razão pela qual se fixaram na Líbia muitíssimos africanos de outras regiões de África. Estes africanos juntam-se hoje aos que tentam chegar à Europa fortaleza: a essa UE que saqueia as riquezas de África, mas que depois não quer as pessoas.
 
A Líbia foi alvo da cobiça capitalista por várias razões: tem no seu solo um petróleo dos mais superficiais do mundo e um potencial produtivo estimado em mais de 3 milhões de barris diários. Desde 2009 Kadhafi desenvolvia um plano para nacionalizar o petróleo líbio. O plano de nacionalização foi impedido por opositores no próprio seio do governo. Muitos destes opositores à nacionalização mascararam-se de “chefes rebeldes” ao serviço dos interesses das transnacionais.

Para além disso a Líbia possui uma imensa reserva hídrica subterrânea, estimada em 35.000 quilómetros cúbicos de água, que faz parte do Sistema Aquífero Núbio de Arenisca (NSAS), a maior reserva fóssil de água do mundo. Nos anos oitenta a Líbia iniciou um projecto de grande escala de aprovisionamento de água: o Grande Rio Artificial da Líbia, considerado um dos maiores projectos de engenharia, que distribuía água a partir dos aquíferos fósseis. Uma vez concluído, o sistema cobriria Líbia, Egipto, Sudão e Chade, e potenciaria assim a segurança alimentar de uma região afectada pela escassez de água para a agricultura. Isso evitaria que esses países recorressem aos fundos do FMI: algo que se opunha à aspiração por parte do Ocidente ao monopólio global dos recursos hídricos e alimentares.

Por outro lado a Líbia possuía 200 mil milhões de dólares de reservas internacionais que foram confiscadas pelos seus agressores. Foram estes os móbiles do crime contra a Líbia.
 
Após a agressão imperialista a Líbia ficou destruída, sem infra-estrutura aquífera nem viária, nem escolas, nem hospitais, uma vez que até estes foram bombardeados. Antes da invasão imperialista, as mulheres na Líbia viviam com muito mais liberdade do que em outros países da região; após a invasão, uma das primeiras medidas do governo de mercenários instalado pela NATO foi decretar a lei da Sharia, atrozmente cruel para com as mulheres, tudo isto sob os aplausos da UE e EUA. Outra das consequências da invasão da Líbia é o surgimento de grupos de terrorismo paramilitar em diferentes países da região: os mercenários empregados pelos serviços secretos europeus e estado-unidenses reciclam-se em outras operações do terror. Destas operações surge o Estado Islâmico. 
 
A Líbia foi torturada por aquilo que os media mentirosos tiveram o cinismo de chamar “bombardeamentos humanitários”. Toda a direita europeia e inclusivamente parte da dita esquerda europeia fez-se cúmplice desta aberrante operação de neocolonialismo visando apropriar-se dos imensos recursos petroleiros e aquíferos da Líbia. As transnacionais ampliaram as suas fortunas na base da tortura do povo Líbio.
 
O capitalismo é o responsável por estas tragedias, e concretamente os grandes capitalistas que lucram com o suor alheio e o saque do planeta: são eles os criminosos de Lesa Humanidade. Esses que os media nos apresentarão como “empresários de sucesso”.  85 multimilionários possuem uma riqueza igual à que 3.570 milhões de pessoas partilham, pessoas que sobrevivem exploradas em infernais barracões, tendo que vender os seus órgãos, tendo que trabalhar em fábricas que as sepultam vivas, tendo que prostituir-se desde a infância, ou tendo que empreender êxodos terríveis, cuja culminação não será outra senão a morte por afogamento, ou o afogamento em vida, tendo que trabalhar a troco de migalhas na Europa fortaleza, caso sobrevivam à viagem.
 
Hoje são milhares de homens jovens, mulheres e crianças, que o mar tragou. Um mar cujas ondas vão e vêm entre África e Europa, testemunhas silenciosas do genocídio capitalista, lambendo as praias dos países saqueados e também aquelas praias que são as portas do cinismo mais absoluto.

NOTAS:
(1)   http://eldia.es/agencias/8061022-INMIGRACI-N-MEDITERR-NEO-ITALIA-Prevision-Italia-busca-respuestas-naufragio-Cuantos-eran-que-hundieron
 
(2) http://www.telesurtv.net/news/Barco-con-700-inmigrantes-se-hunde-en-costas-de-Libia-20150419-0010.html
 
Fonte: www.elmuroinvisible.blogspot.com

Lá vem de novo o "novo"



PCB, PPS, PPSB; ARENA, PDS, PP; ARENA, PFL, DEM. Eis aí como funciona a dança das letras com o claro intuito de ludibriar o povo, apresentado o requentado como novo.

Chama a atenção que duas siglas fizeram isso para tentar desligar seu presente do passado golpista de vassalos políticos da ditadura militar/empresarial de 1964; após viverem a glória de ter ser o mais numeroso partido do ocidente e hoje experimentam a decadência rumo à extinção adiada circunstancialmente por não passarem de linha auxiliar de governos, quaisquer governos que os aceitem como serviçais.

Curiosa é a situação daquela sigla que teima em intitular-se de esquerda e até coloca sempre à frente do rótulo o adjetivo 'nova', uma artimanha que não se explica propositadamente na medida em que esse vagar ideológico permite desfiar os mais reacionários argumentos, usados aqui e alhures pela velha direitona, agora tomados como se fosse formulação vanguardista. Empulhação que não encontra similar em qualquer outra parte do planeta e só expõe a falta de caráter de quem comanda essa vigarice.

Dizem por aí que a fusão com o PSB trará efeitos benéficos, como o abandono da tese golpista do impeachment. Pode ser. No entanto, o histórico recente demonstra que essa promessa é igual a de um recém saído de clínica de recuperação de drogados, que jura nunca mais recorrer ao vício, mas à primeira oportunidade que tem, volta e ele põe tudo a perder.

É sabido por todo mundo, que o eterno presidente da sigla citada saiu do Nordeste como um retirante político fugido da "seca" de votos e hoje vive das migalhas da gigantesca máquina eleitoreira dos tucanos de São Paulo, fato que o coloca como bóia-fria dessa máquina. Então, caso seja absolutamente estratégico aos interesses dos que o sustentam, claro que haverá recaída e consequentemente a apologia do golpismo, tudo, porém, enfeitado como se fosse uma nova forma de enxergar a política. Credo!
http://nailharga.blogspot.com.br/2015/04/la-vem-de-novo-o-novo.html

Não é terceirização. É devastação


O risco de a velha e boa Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, virar pó é grande, se o Projeto de Lei 4330/2004 passar incólume pelo Senado e for à sanção presidencial. 

Mesmo se a presidenta Dilma Rousseff vetar integralmente o texto, as chances de o Congresso derrubar o seu veto são reais - basta ver a composição atual do Parlamento...

No artigo publicado a seguir, a advogada Rosane Monjardim explica, de maneira bem didática, os males da terceirização das relações trabalhistas aprovada pela Câmara dos Deputados. 

O título, "Quantas categorias profissionais sobreviverão a terceirização?", é provocador, mas é bem indicativo da desgraça iminente que paira sobre o trabalhador brasileiro.

Vamos à íntegra:



Quantas categorias profissionais sobreviverão a terceirização?

Rosane Monjardim

O projeto de lei que regulamenta e expande a terceirização no país (PL 4330/2004) não foi remetido ao Senado nesta segunda-feira (27), ao contrário do que era esperado. O texto final aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada ainda aguarda a finalização de procedimentos institucionais.

O famigerado Projeto de Lei 4330, na prática, acaba com os mais importante direitos contidos na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). É um golpe, uma reforma trabalhista travestida de regulamentação da terceirização, um massacre contra os trabalhadores e um artifício para aumentar os lucros das empresas. Saiba por quê.

Permite a extinção de categorias inteiras – O PL 4330 autoriza a terceirização indiscriminada, não apenas nas atividades-meio, mas também nas atividades-fim (aquelas inerentes ao objetivo principal de uma determinada empresa). Com isto, categorias inteiras podem ser extintas e substituídas por terceirizadas, que pagarão menores salários e menos direitos.

Fim da categoria bancária – Hoje, a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) considera ilegal a terceirização na atividade-fim do empregador, permitindo-a apenas nas atividades consideradas meio. No caso do sistema financeiro, as atividades-fim são a dos caixas, tesouraria, gerência, escriturários, entre outras. Serviços de segurança e limpeza, por exemplo, são consideradas atividades-meio. Se o PL 4330 for aprovado, a Súmula 331 deixará de valer, podendo bancos e financeiras demitir toda a categoria e substituir por empresas terceirizadas.

Empresa sem empregados – Ao permitir a contratação de terceirizadas nas atividades-fim, o PL 4330 permite a realização de um grande sonho dos patrões que é ser dono de uma empresa sem empregados.

Legaliza a fraude trabalhista – A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e o TST consideram a terceirização da atividade-fim uma fraude trabalhista. Isto porque a contratação da mão de obra não é feita de forma direta, mas através de uma outra empresa. Este artifício é ilegal, pois permite a contratação de trabalhadores com menores salários e menos direitos.

Arrocha salários e extingue direitos – O objetivo principal é cortar custos para lucrar mais. Os bancos, mesmo sendo ilegal, terceirizam atividades-fim de alguns setores. Nestes casos, os trabalhadores recebem 1/3 dos salários dos bancários, têm jornadas bem maiores e não usufruem dos direitos contidos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), como a PLR.

Responsabilidade solidária – O PL 4330 acaba com a responsabilidade solidária. Significa que se a terceirizada não arcar com as obrigações trabalhistas, a tomadora do serviço (no nosso caso, os bancos) passa a não ter qualquer responsabilidade pelo cumprimento destes compromissos.

Sem isonomia – O PL 4330 permite a isonomia apenas no direito de os terceirizados usarem os mesmos banheiros, refeitórios, ambulatórios e creches da empresa contratante. Mas não de salários e outros direitos.

Quarteirização – Mais incrível, permite que a terceirizada contrate uma outra terceirizada. Ou seja, a quarteirização. Ainda com menores salários e menos direitos.

Correspondentes bancários – Estabelece que as prestadoras de serviço trabalhem apenas para um setor determinado. Menos no caso dos correspondentes bancários, estimulando a ampliação do número de correspondentes bancários que podem ser lojas de roupas, padarias, farmácias.

Sigilo bancário – O projeto põe em risco o sigilo bancário, já que as empresas terceirizadas não vão garantir a segurança das informações sobre as contas e operações bancárias dos clientes.

Queda da qualidade – Com salários mais baixos, alta rotatividade, jornada extensa e pouco treinamento os empregados das terceirizadas em geral prestarão serviços de baixa qualidade. Aumentando, também, a ocorrência de erros os mais diversos.

Mais acidentes e adoecimentos – De cada dez acidentes de trabalho, oito envolvem funcionários de terceiras. As condições precárias de trabalho vitimam os trabalhadores e resultam em mais gastos previdenciários e com saúde, significando mais gastos para toda a sociedade.

Quantas categorias profissionais sobreviverão à terceirização?

Projeto polêmico na pauta da Casa desde 2004, o PL 4330/2004 teve a seu favor o lobby do empresariado encabeçado pela CNI e Fiesp e conta com o apoio da Força Sindical. Em lado oposto, contra o projeto, estão a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Conlutas e o Ministério Público do Trabalho, que é contra porque a instituição prevê precarização do emprego.

Para Fabíola Marques, advogada especializada em Direito Trabalhista – membro da Comissão de Estudos de Direito Trabalhista do IASP –, a terceirização já é um fato consumado e não existe mais a possibilidade de descartá-la do dia a dia das empresas com uma “canetada”. Contudo, ela aponta problemas no texto que irá para votação na Câmara.

“O projeto, quando autoriza a terceirização para qualquer tipo de atividade, comete um grande equívoco, porque foge do objetivo para o qual a terceirização foi criada, qual seja, permitir que empresas especializadas realizem esta sua competência para a contratante e permitam que a esta última ‘se preocupe’ com a sua finalidade principal". 

Ela também vê com preocupação a possibilidade de terceirização pelo Poder Público."Diante da precarização do serviço público, ausência de contratação por concurso público e inexistência de responsabilidade do governo pelo pagamento das verbas trabalhistas aos empregados contratados.”

Veja abaixo, em detalhes, o que muda caso a lei seja aprovada em definitivo:

1) Atividades que podem ser terceirizadas

Hoje: Podem ser terceirizados serviços de vigilância, limpeza e conservação e serviços especializados ligados a atividade-meio do tomador.

Como será após aprovação do PL 4330: Qualquer atividade pode ser terceirizada (atividades inerentes, acessórias ou complementares da empresa tomadora).

2) Responsabilidade das empresas

Hoje: A empresa tomadora dos serviços (contratante) tem responsabilidade, ou seja, poderá ser condenada judicialmente ao pagamento das verbas trabalhistas e previdenciárias depois de esgotadas todas as possibilidades de cobrança da empresa prestadora dos serviços.

Como será após aprovação do PL 4330: A empresa tomadora dos serviços deverá fiscalizar o correto pagamento das verbas salariais e previdenciárias ao empregado terceirizado. Havendo a prova da fiscalização sobre o pagamento feito pela empresa prestadora de serviços, a responsabilidade da tomadora é apenas secundária. Se não houver prova da fiscalização sobre a empresa prestadora, a contratante terá responsabilidade solidária, isto é o terceirizado pode cobrar as verbas trabalhistas e previdenciárias de qualquer uma das empresas.

3) Vínculo empregatício

Hoje: Se o empregado comprovar judicialmente que existe pessoalidade na prestação de serviços (ou seja, que ele não pode ser substituído por outro no exercício de suas atividades) ou subordinação (que recebe ordens diretas e até mesmo, punições) da empresa tomadora, a terceirização é considerada irregular e o vínculo empregatício se forma diretamente com a empresa tomadora.

Como será após aprovação do PL 4330: Não existe regulamentação neste sentido.

4) Representação sindical

Hoje: Os empregados terceirizados são representados pelo Sindicato da categoria preponderante da empresa prestadora de serviços. Mas, se a terceirização for considerada irregular, o empregado terceirizado terá os mesmos direitos dos demais empregados da empresa tomadora.

Como será após aprovação do PL 4330: Os empregados terceirizados serão representados pelo Sindicato da categoria da empresa prestadora de serviços. O sindicato poderá ser o mesmo da empresa tomadora se a atividade terceirizada pertencer à mesma categoria econômica.

5) Exigência de capital social mínimo

Hoje: Não é regulamentado.

Como será após aprovação do PL 4330: Exigência de capital social mínimo conforme a quantidade de empregados.

6) Imobilização do capital social

Hoje: Não é regulamentado.

Como será após aprovação do PL 4330: Negociação coletiva poderá exigir a imobilização do capital social em até 50% por cento.

7) Alteração de empresa prestadora de serviços

Hoje: Não é prevista a troca da empresa prestadora de serviços. Mas, na prática, a troca de empresas prestadoras tem sido considerada pela Justiça do Trabalho como indicativo de existência de fraude na contratação de terceirizados.

Como será após aprovação do PL 4330: Prevê a possibilidade de troca da empresa prestadora de serviços com a admissão dos empregados da antiga contratada e garantia dos salários e direitos do contrato anterior.

8) Fornecimento de refeição, transporte e serviço médico aos empregados terceirizados

Hoje: Não é regulamentado. Porém, o fornecimento de refeição, transporte e atendimento ambulatorial aos terceirizados pode ser considerado como indicativo de existência de fraude na contratação de terceirizados.

Como será após aprovação do PL 4330: Prevê o fornecimento de refeição, transporte e atendimento ambulatorial aos terceirizados.

9) Proibição de sócios da empresa prestadora de serviços

Hoje: Não é regulamentado.

Como será após aprovação do PL 4330: O sócio da empresa prestadora de serviços não poderá ser sócio, administrador ou ter mantido vínculo empregatício nos últimos dois anos com a empresa tomadora.

10) Recolhimento antecipado de tributos

Hoje: Não é regulamentado.

Como será após aprovação do PL 4330: A empresa tomadora deverá fazer o recolhimento antecipado dos tributos devidos pela empresa prestadora.

11) Quarteirização

Hoje: Não é regulamentado.

Como será após aprovação do PL 4330: A empresa prestadora dos serviços que subcontratar outra empresa para a execução do serviço será solidariamente responsável pelas obrigações trabalhistas assumidas pela empresa subcontratada.

12) Administração pública

Hoje: A terceirização irregular pela Administração pública não gera vínculo de emprego entre o trabalhador terceirizado e os órgãos da Administração Pública direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), indireta (autarquias ou empresas públicas) ou fundacional. Porém, a administração pública tem responsabilidade subsidiária pela contratação.

Fonte: Sindicato dos Bancários RJ e DF, Economia. Ig, Dra. Fabíola Marques, Último Segundo. Ig

A autora, Rosane Monjardim, é advogada, graduada em direito pela Universidade Estácio de Sá em 1980, pós-graduada em direito e processo do trabalho e previdenciário em 1985
http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2015/04/nao-e-terceirizacao-e-devastacao.html

quarta-feira, 29 de abril de 2015

E o sistema a todos observa impassível

A ideologia deve servir ao homem ou o homem à ideologia?

Antes de responder não se esqueça que a  árvore apodrece pela raiz.

Entenda  que vivemos sob o tacão do Império terrorista.

Seu poder é absoluto.

Produz Estados sátrapas e conduz a humanidade neste maravilhoso planeta no qual continuamos aprisionados.

Cativo do Sistema, o sátrapa-mor vive sob o signo da brutalidade.

As mentiras, distorções e as hostilidades são a abrangência de sua mediocridade.

Sempre com o apoio da mídia obscurantista que se multiplica como carrapato sobre animal indefeso.

É histórico: todo governo é produto de sua população.

 E o sistema a todos observa impassível. 

do: http://blogdobourdoukan.blogspot.com.br/2015/04/e-o-sistema-todos-observa-impassivel.html

Diminuir ou aumentar a idade penal?




Brasileiro só conta a parte que lhe interessa. É uma generalização. Certamente indevida. É bastante provável que todo mundo faça isso. Brasileiros, com certeza, fazem. Especialmente os conservadores. Gostam de dizer que o Brasil tem a maior carga de impostos do mundo. Sabem que não é verdade. Uma maneira de medir o peso dessa carga é dividir o bolo pago pela população do país. Per capita, o Brasil é trigésimo. Aí vem a segunda parte, sempre guardada só para o caso de um aperto: o retorno é baixo. Não se resolve cortando, mas cobrando. Brasileiro é contra regulação da mídia. Não conta que essa regulação existe nos Estados Unidos desde 1934. Brasileiro contesta as “esmolas” do bolsa-família. Não conta que mecanismos de ajuda social existem na maioria dos países europeus.
Brasileiros querem aumentar a idade penal para colocar menores de 18 anos em prisões de adultos. Uma reportagem de André Monteiro, na Folha de S. Paulo, mostra que nos Estados Unidos há uma tendência oposta: aumentar a idade penal de 16 ou 17 anos para 18. Cada Estado norte-americano regulamenta essa questão com autonomia. Diz o texto: “No Texas, segundo Estado mais populoso e um dos mais conservadores dos Estados Unidos, três projetos de lei em tramitação pretendem elevar de 17 para 18 anos a idade para alguém ser julgado pela Justiça comum”. O que está acontecendo? Perderam a noção do perigo? Querem passar a mão na cabeça de bandidos imberbes? Enlouqueceram?
André Monteiro diz mais: “Em Nova York, uma comissão convocada pelo governador recomendou ao Legislativo que a idade deveria subir dos atuais 16 para 18 anos”. Mais ainda: “A campanha ‘Raise the Age’ (algo como ‘Aumente a idade’) também ganhou destaque neste ano na Carolina do Norte e em Wisconsin”. Definitivamente esses americanos estão deixando de ser bons exemplos para os nossos conservadores. Melhor não contar tudo o que eles fazem. Deve ser essa a ideia. Balanço americano: “Atualmente, 9 dos 50 Estados americanos tratam réus menores de 18 anos como adultos. No resto do país, geralmente jovens infratores são encaminhados para o sistema de Justiça juvenil”. Deve diminuir nos próximos tempos. O Brasil, como sempre, quer pegar a contramão. Para isso, precisa esconder a mão dominante.
Em casos graves, a Justiça americana pode julgar menores como adultos. A idade penal de 17 anos vigora no Texas desde 1918. Pode ser aumentada agora para 18. Apenas 3% dos presos no Texas têm menos de 18 anos. No Brasil, procura-se superestimar o papel dos adolescentes na criminalidade. A mentalidade punitiva e vingativa quer se sobrepor à educativa e de recuperação. Monteira recolheu o depoimento da deputada estadual do Texas Ruth McLendon, 71 anos: “Pela minha experiência, uma coisa é clara: um jovem pode ser alto e forte como adulto, mas não há garantia de que ele tem maturidade para avaliar consequências e capacidade de tomar decisões do mesmo modo que adultos”. Reabilitar jovens economiza até US$ 2,3 milhões em custos futuros para a Justiça criminal. Que chato. Exemplos americanos eram essenciais para aumentar a idade penal no Brasil.
do: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=7141

O descompasso da direita brasileira

"Com esses movimentos anti-PT, digo, anticorrupção, novamente a direita parece não encontrar um uníssono. Saem todos juntos à rua e até dividem a cerveja long neck de oito reais e a selfie, mas os discursos são destoantes.

Delmar Bertuol, Pragmatismo Político

A direita brasileira só visa a uma coisa: o poder. É compreensível. Ao final do Governo Dilma, contar-se-á dezesseis anos de um governo esquerdista e seus conseguintes malefícios ao dito progresso – seja lá o que a direita entenda por isso: diminuição da miséria, aumento de pobres e negros nas faculdades e, portanto, em empregos melhores, aumento dos pobres, Deus do Céu, andando de avião, entre outros.

Ocorre, contudo, que os direitistas não se entendem. O coro está desafinado. Nas eleições, o PSDB, depois de anos criticando o Programa, afirmou que não só manteria como aumentaria o Bolsa Família. Foi além: garantiu que a paternidade do Programa, tantas vezes contestado, era do FHC.

Elogiou a política de cotas sociais e raciais. Não pôde, num contudo lamentado, requerer o pioneirismo dessas iniciativas, mas garantiu que, no eventual governo tucano, essas medidas positivas seriam mantidas. Claro que o PSDB prometeu, também, manter o Programa Minha Casa Minha Vida. Não me lembro de ter visto, mas é possível que o Aécio até tenha dito que faria um esforço para baixar ainda mais os juros da casa própria aos carentes.

Mas o PSDB esqueceu de combinar com os seus militantes (por militantes tucanos, leiam antipetistas de toda ordem) os discursos. Enquanto o Aécio se esforçava para convencer os eleitores de que os programas sociais seriam mantidos e aumentados em seu governo, os “militantes” tucanos enchiam as redes sociais de pedidos de votos no 45, para acabar com esse privilégio de cotas, com esse incentivo à vagabundagem que é o Bolsa Família e pelo fim da classe média pagar a conta do assistencialismo governamental.

Quem quer casa, que trabalhe para consegui-la. Se, nos programas televisivos, o Aécio já não convencia muita gente, seus cabos eleitorais voluntários lhe atrapalharam ainda mais.

Aécio também se esforçava em dizer que era de esquerda. Mostrava-se ofendido, inclusive, quando insinuavam o contrário. Novamente, não houve combinação quanto à ideologia a ser adotada num governo tucano. Eleitores do Aécio gritavam: chega de socialismo! Chega de comunismo! Chega, enfim, de esquerda. Ou, como é típico da direita: esquerda e direita não existem mais. Ou, num paradoxo também típico da direita, argumentavam as duas coisas. Uma após outra.

Agora, com esses movimentos anti-PT, digo, anticorrupção, novamente a direita parece não encontrar um uníssono. Saem todos juntos à rua e até dividem a cerveja long neck de oito reais e a selfie, mas os discursos são destoantes. É mais ou menos como ocorria na eleição: o que importa é tirar o PT do poder, o como não é importante.

Nas eleições, os antipetistas chegaram a achar que a Marina era a melhor opção. Mas seus discursos eram tão contraditórios que nem ela se convencia do que falava (mais ou menos como o Aécio convencer-se que é de esquerda). Voltaram, então, ao sorridente e jovial peessedebista. Agora, nas manifestações contra o PT, digo, contra a corrupção, os discursos coexistem e andam lado a lado, numa contradição que só nossa direita consegue fazer.

Manifestantes pedem a volta da ditadura alegando que isso é democraticamente legítimo. Outros, logo ali do lado, acusam o PT de tentar implantar uma ditadura bolivariana (não peça para o manifestante explicar o que é isso, pois ele não sabe). De início, o Senador Ronaldo Caiado, do PFL (cujos membros, hoje, querem ser chamados de democratas, mas apoiaram a Ditadura) defendeu o impítiman (não sei escrever impeachment) da Presidenta.

O Aécio Neves, de novo ele, sonho dos inconformados, mostrou-se, numa atitude que, de princípio, eu achei que fosse sensatez, agora acho que era cautela de quem desconhece o porvir, disse ser um absurdo o impítimam. Mas as manifestações foram crescendo e os pedidos de afastamento da Presidenta aumentando. O PSDB então, mudou o discurso. Encomendou um parecer jurídico que sustentasse o processo de impeachment (segundo o corretor ortográfico, desta vez acertei). E antes do parecer (que será, indubitavelmente, favorável ao impedimento) estar pronto, os tucanos já defendem o cessamento do mandato legitimamente conquistado.

Óquei. Sabemos todos que os inconformados com a derrota, digo, os manifestantes, querem a saída da Presidenta Dilma porque ela é do PT, digo, porque no governo dela houve corrupção. Mas como querem fazer isso?
Irão aceitar que o Michel Temer assuma, mesmo a maioria não sabendo quem ele é? Ou vão exigir, utilizando um parecer jurídico anômalo encomendado como embasamento, que o Aécio Neves assuma? Ou ainda, pelo bem de nossa democracia, vão seguir a ideia do golpe militar?

A direita brasileira deve primeiro se organizar antes de tentar tomar o poder à força (literalmente, talvez). Em se organizando, deve, de maneira coletiva, rotular-se como tal: somos de direita! Em se assumindo, virão que a população não os quer no poder.

Entenderam, ou precisam de um parecer encomendado para acreditarem?"