quinta-feira, 17 de março de 2016

Como se urde um golpe, versão 2.1

inquisicao


Por Nilson Lage, via Tijolaço

Na minha interpretação pessoal, com base no que sei e do que vi, o que se passa no Brasil é uma versão do golpe de estado de 1964 adaptada a novas circunstâncias.

O golpe é dado por um segmento de uma corporação, Corporações agem em conjunto embora contradições internas porque é de sua natureza não se fragmentar.

Em 1964, era uma fração do Exército acrescida de alguns comandos pagos em dinheiro – São Paulo, Pernambuco – após a desativação da provável resistência da Marinha por via da infiltração de agentes para uma ação subversiva de falsa bandeira. A articulação foi feita por um grupo de multinacionais americanas, acompanhadas por grupos locais, representados todos pelo Ipes, de Golbery do Couto e Silva, e por uma organização financiada pela CIA, o Ibad, de Ivan Hasslocker. A cobertura foi dada pela imprensa, parte mobilizada desde o primeiro momento na conspiração, parte cooptada por pressão econômica ,e parte levada a apoiar o movimento na sua etapa final (estes veículos –Correio da ManhãDiário de Notícias do Rio de Janeiro, além da TV Excelsior e da Última Hora, que não apoiaram o golpe – não sobreviveriam nos anos seguintes). O discurso ideológico contou com o coro da cúpula da Igreja Católica, de tradição integrista, assustada pela postura revolucionária que descobria nos documentos do Concílio Vaticano II e, em particular, na encíclica Mater et Magistra, de João XXIII.

O golpe atual está sendo dado por parte de outra corporação, a jurídica, em suas vertentes promotora (procuradoria) e julgadora, com apoio de forças policiais de idêntica formação e de segmentos de governos estaduais oposicionistas. Para a articulação, foram contratados agentes em várias organizações subversivas, coordenadas aparentemente pelo Instituto Millenium. A ação é exercida por remanescentes do governo liderado por um colaborador notório, Fernando Henrique Cardoso, com destaque para indicados por ele e seu grupo para cargos vitalícios em cortes jurídicas e para-jurídicas.

A imprensa, reduzida a um oligopólio obediente, desempenha o papel de desinformar e mobilizar. O discurso ideológico já não tem a mesma ressonância na liderança católica – a própria Igreja Católica perdeu importância política no processo histórico de ocupação cultural do país pelos Estados Unidos – mas numa série de igrejas comercias de implantação recente ocupa esse espaço. Os conspiradores contam com a paralisia das Forças Armadas, dadas suas contradições internas, a percepção de sua fragilidade diante do poderio militar externo associado ao golpe e a ação renitente de veteranos núcleos de direita, herdeiros daquele representado por Olímpio Mourão Filho, veterano militante integralista que comandava a guarnição de Juiz de Fora em 1964.

O objetivo, amplo e diversificado, das várias matrizes financeiras e ideológicas mobilizadas, compreende a entrega do petróleo e de riquezas minerais estratégicas ainda preservadas ao capital externo; a internacionalização da Amazônia mediante a autonomia de “nações” indígenas e reserva da região para exploração futura; incorporação e anulação da base industrial, redução e multinacionalização da base agrícola que, ambas, competem no mercado internacional; liquidação da estrutura de assistência social ampla do Estado e sua substituição pela caridade para os pobres,em benefício da exploração comercial; redução do movimento trabalhista a ação residual incorporada à nova esquerda radical, universalista e trotskista, de viés comportamental (Nota do Tijolaço: e, portanto, não trabalhista), cuja inviabilidade a torna inócua; e desmonte de qualquer frente latino-americana de resistência à ocupação imperial.

Corrupção, agora como então, é mero pretexto de uso propagandístico. É sistêmica e preservá-la uma condição para o controle da máquina política que dará forma e continuidade ao golpe.
http://blogdoitarcio.blogspot.com.br/2015/08/como-se-urde-um-golpe-versao-21.html

ÉTICA, JUSTIÇA E ÓDIO NÃO SÃO SINÔNIMOS

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Foto: da esquerda para a direita em sentido horário manifestação nazista da Alemanha pré-hitlerista, manifestação de 13 de março de 2016 na Paulista, saudação de grupo em Santa Catarina em 13 de março de 2016, e saudação da juventude nazista em homenagem a Hitler.

Tenho visto demasiado ódio para querer odiar
(Martin Luther King Jr.)

Ética é uma palavra de origem grega, e pode ser considerada como uma parte da filosofia que estuda os princípios morais que orientam a conduta humana. Na sua utilização usual, ética e moralidade são palavras que se confundem e tratadas como sinônimos. Ser ético significa ter o comportamento conduzido por determinados valores. É um atributo pessoal, individual, e não um propósito de julgamento. Exatamente por isso que Kant afirmava que a moral é autônoma, enquanto o direito é heterônomo. Ou seja, a ética, como sinônimo de moral, é uma forma de conduzir o seu próprio ser, e não um mecanismo para conformar os outros.
A justiça, por outro lado, também carrega elementos de natureza moral, muito embora a sua execução ultrapasse os limites interiores do indivíduo. Isto quer dizer que justiça pode ser considerada como uma construção coletiva, baseada em valores éticos e morais mediados por um consenso. Se tais valores foram construídos numa sociedade com diferença de poder entre os indivíduos, sem elementos de equiparação ou equidade, há uma tendência a injustiça, como observamos em regimes ditatoriais e escravagistas.
Ser justo, portanto, significa, entre outras coisas, mediar valores, respeitar diferenças e buscar alternativas construídas de forma coletiva. Todavia, em momento algum podemos confundir justiça com direito, muito embora o último deva ser orientado por conceitos de um ideal de justiça.
É importante destacar o papel da política como elemento de mediação da justiça, pois é o ser político voltado à construção de ideias e argumentos racionais que conforma as Leis e estuda modelos de outras sociedades que possam ser transpostos para a sua esfera vivenciada. Neste sentido, queremos nos afastar, e muito, de Carl Schimdt, jurista alemão que aderiu ao nazismo e via no direito uma atividade estritamente política, permitindo um linchamento de opiniões diferentes do modelo dominante por uma opinião pública pré-construída.
O ódio, por seu turno, é uma antítese integral dos outros dois conceitos. É, de forma sintética, um sentimento de profunda antipatia, desgosto, aversão, raiva, repulsa a alguém ou alguma coisa. É uma concepção de mundo que pode ser construída racionalmente, com o objetivo de manipular comportamentos, ou de forma inconsciente, baseada em medos e preconceitos. Aliás, o medo e o preconceito são os principais parceiros do ódio. Uma sociedade controlada pelo ódio normalmente elege inimigos e os fixa como alvos. Foi assim durante a inquisição frente aos “não católicos”, durante o nazismo frente aos judeus, ciganos, comunistas, homossexuais, deficientes físicos e ciganos, e durante as ditaduras militares latino-americanas contra “os comunistas”.
Um traço marcante das doutrinas marcadas pelo ódio é o maniqueísmo construído no senso comum de forma inconsciente. Não se busca justiça com o ideal de equidade, mas o “justiçamento”, o linchamento público e a destruição de imagens públicas sem o domínio de elementos probatórios materiais ou razoáveis. Trata-se de uma guerra de aniquilação contra os “outros” (os diferentes).
A alienação coletiva de grupos ou segmentos da sociedade, aqui tratada a alienação como perda de identidade entre os argumentos utilizados e os fatos ou as normas, também é uma forma de imposição de regime de ódio.
E foi exatamente por isso que observamos no dia 13 de março de 2016 na Avenida Paulista, Copacabana, Brasília e outros locais, especialmente quando são vistas pessoas carregando faixas que defendem a ditadura, fazendo apologia a símbolos nazistas e fascistas, ou quando temos a eleição de demagogos moralistas, dentre os quais Jair Bolsonaro e Sérgio Moro, sendo tratados como heróis.
O que observamos não foi apenas a condenação da diferença política (expressa no pensamento e nas ações do Partido dos Trabalhadores),mas da própria política, principal elemento de mediação democrática, e dos políticos. O alvo principal das críticas foi a democracia, num movimento com forte corte de classe e de cunho elitista.
Haviam oportunistas? Sim, muitos deles respondendo por processos de corrupção e sonegação fiscal, enquanto diziam lutar contra a corrupção, e isso inclui os grandes meios de comunicação com suspeita de lavagem de dinheiro em paraísos fiscais. Haviam conservadores e reacionários conscientes? Sim, já citei um deles no parágrafo anterior. O problema é que na turba verde-amarelista (e a alusão à Plínio Salgado não é mera coincidência) existiam milhares de pessoas professando um ódio explícito contra tudo aquilo que o Brasil construiu em pouco mais de 30 anos de democracia, e é neste ponto que mora o perigo!
Todas as acusações feitas pela mídia e alguns setores do conservadorismo contra o ex-presidente Lula, principal alvo das ações de ódio, e que inflaram a orda golpista, são desprovidas de antijuridicidade e, por óbvio, de tipicidade ou de culpabilidade. Simplificando: “tais crítica não têm um objeto ilegal, passível de punição, pois são meras ilações preconceituosas que atacam a emergência pública e econômica de alguém que vem das classes mais pobres”.
Por outro lado, mesmo que provas do crime de corrupção tenham batido definitivamente na “casa grande”, atingindo Aécio e FHC e vários articulistas do movimento de 13 de março de 2016, não é motivo para deixarmos de observar a construção de um “estado-policial sem comando”, no qual os delegados da polícia federal vociferam contra a hierarquia administrativa imposta pela Lei e pela Constituição, e onde um canal de televisão manipula uma conversa da Chefe de Estado gravada ilegalmente.
A corrupção deve ser punida, mas quando realmente existente no mundo concreto, e não a produzida na hiper-realidade midiática. Não é a Globo que dita as Leis, nem qualquer ente da grande mídia, mas o Congresso Nacional eleito democraticamente dentro de um processo legislativo constitucionalmente definido. Além disto, qualquer punição a eventuais responsáveis não pode ser feita ao custo das liberdades democráticas, transformando o judiciário brasileiro num “cadafalso de velho-oeste”. As liberdades democráticas são fundamentais, caso o contrário teremos um país onde a lei será apenas subterfúgio para aprisionar a diferença!
Autor: Sandro Ari Andrade de Miranda, advogado, mestre em ciências sociais.
https://sustentabilidadeedemocracia.wordpress.com/2016/03/17/etica-justica-e-odio-nao-sao-sinonimos/

quarta-feira, 16 de março de 2016

Chegou a hora de uma conversa séria

Se esse pessoal da oposição tivesse ao menos dois neurônios em funcionamento sentaria hoje mesmo com a presidenta Dilma para pôr um fim nessa escalada rumo à destruição do Estado de Direito brasileiro promovida pelos lava-jatos.

Nessa reunião para salvar o país de se tornar, em poucos meses, uma imensa repartição policial, onde os meganhas dão as ordens para prender e arrebentar qualquer um que não vista o seu figurino ou dê uma piscada fora de hora, deveriam comparecer também os integrantes do Ministério Público e do Judiciário que foram excluídos da orgia curitibana.

Se esse encontro não ocorrer será o fim de Dilma, Lula, Aécio, Alckmin, de toda essa geração de políticos, responsáveis por tudo de bom e de ruim que aconteceu no Brasil nas últimas décadas.

É que os lava-jatos usam a desculpa de combater a corrupção para um propósito muito diverso.

O que eles desejam mesmo, com toda a criminalização da política em geral, com toda a destruição que estão promovendo na economia, é tomar conta do país - e não como achava a oposição, dar a um tucano, de mão beijada, a chave do Palácio do Planalto.

O buraco, como se dizia antigamente, é mais embaixo.

Tem muita gente de fora de olho no Brasil, apostando no caos para tomar, na mão grande, as suas imensas riquezas.

Para tais pessoas pouco importa quem seja o presidente que ocupe o lugar dos trabalhistas, desde que ele seja um fantoche de seus interesses.

Como, na torrente incontrolável que jorra dos lava-jatos, a lama acabou pegando também de jeito tucanos e peemedebistas, o negócio é partir para o plano B, ou seja, colocar em cena, bem em frente da plateia, um novo salvador da pátria.

Que pode, muito bem, ser o próprio juiz Moro, o mais serelepe dos lava-jatos.

Ou até mesmo o tosco e desequilibrado deputado Jair Bolsonaro, herói de uma legião de sociopatas.

Nesse cenário aterrador, a mídia desempenha papel fundamental.

Afinal, cabe a ela concluir, com os subsídios e o desempenho teatral dos lava jatos, a lavagem cerebral que vem promovendo há mais de uma década, transformando indivíduos já ignorantes, de inteligência limítrofe, em boçais absolutos.

A bola que vai definir o placar do jogo não está mais com nenhuma das equipes. 

O árbitro interrompeu a partida para que os atletas se recuperem do tremendo esforço que fizeram até agora.

E vai apitar o bola ao chão: ele atira a pelota para o alto e dois jogadores, um de cada time, vão disputá-la assim que ela tocar o solo.

O melhor seria que o chute fosse para a lateral, bem longe do campo.

Assim, todo mundo poderia respirar, tomar uma água e conversar com o juizão para interromper a partida antes que não sobre ninguém vivo no gramado.
http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2016/03/chegou-hora-da-conversa-seria.html

Delcídio Amaral é um Judas ou uma Madelena arrependida?

Delcídio Amaral é um Judas ou uma Madelena arrependida?

Por Osvaldo Bertolino
Seja qual for a conclusão, a atitude do senador é um retrato histórico do combate político brasileiro entre forças progressistas e conservadoras.
As razões que levaram o senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) a fazer a delação premiada em termos tão comprometedores para meio mundo são ainda desconhecidas. A versão panfletária da Folha de S. Paulo é de que ele se diz “um profeta do caos”, rechaçando os rótulos de vilão e de bandido. No mundo da realidade, não é possível dar razão a ele: quem faz acordo com bandidos não passa de bandido. Delcídio se aliou à torpe revista Veja na ação combinada com a “Operação Lava Jato” do juiz Sérgio Moro para jogar jornalismo marrom no ventilador golpista, ligado 24 por dia.
O grampo do conluio mídia-Lava Jato no ministro Aloizio Mercadante, que repetiu o figurino usado no filho do delator Nestor Cerveró, produziu uma peça grotesca, que fez os golpistas correrem até a janela, colocar a cabeça para fora e agradecer aos céus, aos brados, por essa nova oportunidade de atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff. Essa troca de pele de Delcídio — na verdade ele sempre foi um tucano vestido de petista — reforça as bravatas, o discurso fácil, o denuncismo estéril da mídia.
A jogada é espalhar cascas de banana
A tática é óbvia: fazer o campo governista gastar mais energia preciosa em bate-bocas fúteis e tentar levá-lo para longas caminhadas por becos sem saída. Ao mesmo tempo, desviar o país daquilo que realmente importa: lutar para o seu desenvolvimento, sanar suas mazelas sociais, gerar mais prosperidade e qualidade de vida para todos. A direita tem em conta que os ventos do ciclo Lula-Dilma sopram em direção oposta ao seu rumo e luta para fugir da segunda divisão do campeonato político. Por isso, abandonou o jogo democrático e incita a torcida a invadir o campo institucional — papel sem dúvida bem desempenhado pela mídia.
No centro do alvo estão os êxitos desse ciclo que fazem a direita olhar para frente e ver um cenário bem diferente daquele deixado por ela em 2002. Ou seja: os golpistas têm a convicção de que, no jogo limpo da sucessão presidencial em 2018, apesar da mídia o projeto de país que vem de 2002 se apresentará com força. A fim de evitar esse confronto democrático, a jogada é espalhar cascas de banana pelo caminho e armar emboscadas para resolver já, pela via golpista, o que deveria ser resolvido no término do mandato da presidenta Dilma Rousseff.
A oposição tem consciência de que num debate aberto e num processo político dentro das regras democráticas a maioria da população vai recobrar a percepção de um Brasil bem diferente daquele país alquebrado, em vários sentidos, por uma ditadura militar e por governos neoliberais que geraram desencanto cívico, estagnação econômica, debate político primitivo, corrupção institucionalizada em todos os níveis e baixa auto-estima em ser brasileiro. Há um projeto em curso como seguramente não temos desde Juscelino Kubitscheck. Há uma civilização se construindo, como só acontece em lugares que passam tempo consistente respirando os ares do debate democrático, refletido, e de consideração pelos anseios populares.
Outro lado da fronteira democrática
Essa é uma grande coisa para a situação e uma péssima informação para a oposição. Por isso, a direita não deixa o jogo ser jogado. Ao invés de termos onze jogadores vigiados por um juiz apenas, rigoroso, imparcial, que conheça o seu lugar e só apite quando e onde se fizer necessário, temos onze juízes enlameados da cabeça aos pés vigiando o mesmo jogador. Além dos vigaristas que povoam a mídia, entraram em campo promotores, delegados, procuradores, juízes e até artistas especializados na arte da canelada e da luta-livre circense.
Sobre o motivo — seja ele qual for — de Delcídio Amaral ter aderido a essa tática de jogo, há duas considerações a serem feitas. A primeira é a natureza do processo político brasileiro. Não há dúvida de que o Partido dos Trabalhadores (PT) paga o preço de não ter se protegido contra gente desclassificada como esse senador, agora também delator. A segunda é que a direita tenta se limpar criando um manto de fealdade para cobrir o cenário político brasileiro e emergir como a salvadora da pátria.
É preciso considerar que a direita sempre caminhou pelo outro lado da fronteira democrática para golpear qualquer projeto de país de corte nacional, por meio do conluio e da negociata. Eles não podem simplesmente jogar o jogo porque o escopo ideológico que lhe corre nas veias já há muito está superado pela história. O que há do seu lado no espectro político são oligarquias e forças golpistas que compõem duas faces de uma mesma moeda nada razoável e sem nenhuma chance de gerar um Brasil melhor. A direita tenta fugir dos rótulos — como o de golpista — que, não por coincidência, lhe caem bem.
Desenvolvimentistas de verdade
Seu projeto tem que prever a existência de perdedores, de um exército de excluídos, como forma de garantir seus privilégios. No âmbito político, o que para a o povo é considerado corrupção para os conservadores são apenas hábitos seculares. Para a direita, os sistemas democráticos não podem funcionar a contento porque se funcionassem eles definhariam a maior indústria brasileira, que perpassa todos os níveis de sua atuação, e atinge inclusive, acredite, o seu e o meu dia a dia: a da corrupção, do esquema, do caixa dois. Os conservadores instauraram por aqui, há muitas gerações, o império da gambiarra.
Não convém, para eles, que a democracia seja alargada. Onde impera a democracia de massas, os líderes da administração pública só chegam a seus cargos pelo voto do cidadão. No Brasil da direita, quando essa regra prevalece são enviados para Brasília, por meio das urnas dominadas pelo poder econômico, traficantes de drogas, estelionatários, mandantes de assassinatos, lavadores de dinheiro. Verdadeiros Manchas Negras e Irmãos Metralha — e alguns Superpatetas — posam de vestais, protagonizando situações tragicômicas, excruciantes, de desesperador ridículo. Gente habituada ao tráfico de influência e à falta de transparência dos acordos fechados entre quatro paredes fala de “ética” como valor inegociável. Um escárnio!
Com atitudes como essa de Delcídio Amaral, no entanto, fica difícil enunciar a crítica a tudo isso. Afinal, aquilo que a esquerda sempre considerou maus hábitos passou a ser visto, pelo menos por uma parte da sociedade, como um feixe de tradições políticas de difícil remoção. Mas um governo preocupado em integrar os excluídos, planejando os investimentos de forma organizada e privilegiando as áreas básicas, tem moral para promover a ampliação da democracia e buscar a equalização de duas grandes necessidades brasileiras: sermos desenvolvimentistas de verdade, no âmbito da economia; e solidários, humanistas de verdade, no trato das questões sociais. É por aí que virá a vitória do povo nessa guerra suja deflagrada pela direita golpista.
http://outroladodanoticia.com.br/2016/03/16/osvaldo-bertolino-delcidio-amaral-e-um-judas-ou-uma-madelena-arrependida/