sábado, 14 de fevereiro de 2015

Geopolítica do petróleo: 8 razões pelas quais o preço do petróleo está voltando a subir

Via CartaMaior

Apesar da conspiração entre árabes e americanos para baratear o petróleo e pressionar economicamente a Rússia, Irã e Venezuela, os preços voltam a subir.


Nazanín Armanian
Horia Varlan / Flickr

Se ainda alguém não sabe, a Aramco – a empresa de petróleo da Arábia Saudita, e também a maior do mundo –, até bem pouco tempo, em 1977, se chamava Arabian American Oil Co., sendo de propriedade comum entre a família saudita e várias empresas da Califórnia e do Texas. Por isso, não se pode ficar surpreso se a dupla Washington-Riad tiver algo a ver com a queda brusca dos preços de 115 dólares o barril para 45 dólares entre junho e dezembro passados, levando em conta que o mercado de petróleo não é “livre”: ele é controlado por um cartel chamado OPEP e por grandes empresas petrolíferas ocidentais. E mais, o combustível gorduroso e malcheiroso, antes de tudo, é uma arma que nesse caso foi apontada contra a Rússia, o Irã e a Venezuela com a finalidade de conseguir mudanças em suas políticas via afundamento de suas economias, e ainda resgatar um falecido petrodólar – um dos pilares da hegemonia mundial dos EUA.

No entanto, a festa durou pouco e os promotores da “conspiração Aramco” se deram conta de que os prejuízos dessa queda de preços são maiores do que seus benefícios político-econômicos. Por isso, o preço de venda do petróleo para o mês de março teve uma notável melhora nos três mercados de Brent, dos EUA e da OPEN, oscilando por volta de 59 dólares o barril.

Aqui vão alguns motivos:
1. Os membros dos Brics, com exceção da Rússia, foram os principais agraciados pela compra de um petróleo barato.
a) China, o principal rival dos EUA e o segundo consumidor mundial de petróleo, bateu seu recorde de importações de petróleo, apesar de seu crescimento econômico ter sido o mais frouxo desde 1990 (mas registrou, no primeiro trimestre de 2014, um crescimento de 7,2%): começou a comprar 6,2 milhões de barris por dia, e acabou o mês de dezembro com 7,2 milhões de barris por dia, injetando-os em sua Reserva Estratégica de Petróleo (o armazenamento ocorre para afrontar as emergências, como a interrupção do abastecimento). Com isso, a China não só deixou os EUA nervosos, mas contribuiu para empurrar os preços para o alto, por dois outros fatores: tirar boa parte do excedente de petróleo que nadava no mercado e gerar incerteza sobre seu passo seguinte no mercado.
b) Beneficiou o Brasil, a principal potência rival dos EUA na América, e que agora está decidida a recuperar sua influência no seu “quintal”, e a África do Sul, o principal competidor de Washington na África. Os Brics decidiram abandonar o dólar em suas transações e criaram um banco com a finalidade de debilitar as instituições financeiras ocidentais.
2. Não conseguir mudar a postura de Moscou nos casos da Ucrânia, Crimeia e Síria. Pois se os setores belicistas ocidentais desferiram o primeiro ataque à Rússia, provocando um golpe de Estado na Ucrânia, levando à surpresa da integração da Crimeia à Federação Russa, eles pensaram que uma drástica queda nos preços do petróleo – triturando o rublo e a economia russa – fosse provocar a rendição do Kremlin. Estratégia ruim, já que o golpe à economia do país eslavo, assim como a dramática guerra da Ucrânia, deixou cerca de 6 mil mortos e milhões de desabrigados, e teve um efeito negativo sobre os países europeus aliados de Washington, que enfrentam uma ameaça de recessão: estão perdendo o mercado russo e também os investimentos, tanto dos magnatas russos como de seu Estado. Na Espanha, por exemplo, os milionários russos estavam comprando prédios inteiros herdados da era da especulação mobiliária. Além disso, é incompreensível que não previssem uma aproximação Moscou-Pequim (sem precedentes após a morte de Stalin) e Moscou-Teerã: os presidentes Vladimir Putin e Hassan Rouhani, que compartilham o sofrimento pelas sanções impostas pelos EUA e seus sócios, assim como pela “Conspiração Aramco”, tiveram quatro encontros em um ano, algo também sem precedentes na história dos dois vizinhos.
3. Quanto ao Irã, não conseguiram pressioná-lo para conseguir mais vantagem nas negociações nucleares em curso e subtrair suas forças na região porque:
a) Teerã não deixou de apoiar o governo de Bashar al-Assad (a Síria representa a profundidade estratégica do Irã enquanto ele está no poder), e inclusive já fala abertamente dos generais iranianos que trabalham em solo sírio;
b) nem aceitou o fechamento total de seu programa nuclear, e isso apesar de John Kerry ter lançado um ultimato a Teerã para assinar um acordo político global até o final de março – se não, não retomariam as negociações. O certo é que a administração Obama está muito consciente da luta pelo poder no seio da República Islâmica entre os setores militares – contrários a um acordo com os EUA – e o governo do presidente Rouhani, que tenta, por um lado, driblar as sanções que estão afogando a economia iraniana e, por outro, evitar um confronto bélico (tentou baixar a tensão depois que o míssil israelense matou um general iraniano na Síria, no último dia 20 de janeiro). Se Obama pretende impedir um Irã nuclear, um petróleo com preços no chão, aumentará a tensão social em um Irã monoprodutor e fortalecerá a posição dos céticos e dos setores que querem guerra (assim como EUA e Israel). As medidas de Rouhani diante da manobra da Aramco foram incentivar a exportação dos produtos não petrolíferos, investir no turismo, aumentar os impostos, manter os subsídios aos principais produtos de consumo e a ajuda às famílias desfavorecidas, além de uma política externa agressiva na região com um ramo de oliveira nas mãos – que inclui sobretudo os países árabes “inimigos” e membros da OPEP, como Kuwait ou Catar.

4. A perda de centenas de milhões de dólares por parte das grandes empresas petrolíferas ocidentais, como as que operam no Iraque, Líbia, Nigéria, entre outros.
5. O déficit orçamentário gerado pela queda do preço do petróleo criou dificuldades para os xeiques sauditas, em pelo menos estes três cenários:
a) No interior do país: seus orçamentos foram elaborados com base no barril de 72 dólares, e agora se enfrenta um aumento importante dos preços dos produtos básicos. Além disso, previu-se, desde a repressão da primavera de 2011, realizar uma série de projetos que melhorariam a vida dos cidadãos – como a construção de moradias, a criação de postos de trabalho, ou a chegada de água e luz a milhões de pessoas que vivem na pobreza absoluta – e que agora estão paralisados.
b) No Egito: a promessa feita em 2011 aos militares encabeçados pelo general Al-Sisi de receber 160 bilhões de dólares anuais acabam com a Irmandade Muçulmana do presidente Mohammed Mursi, preso após o golpe de Estado. O que acontecerá no Egito, seu grande aliado contra Irã, se não cumprir?

c) No Iraque e na Síria: dificuldade para pagar os honorários de milhares de jihadistas do Estado Islâmicos e grupos parecidos, cuja missão é acabar com os governos de Damasco e de Bagdá, ambos próximos a Teerã, e arrastar o Irã para uma guerra regional sectária. Desde 2011 até hoje, investiu bilhões de dólares nesses terroristas, com um êxito parcial: destruiu o Estado sírio, mas ainda não conseguiu levantar um novo e afim.
6. Nos EUA, dois fatos contribuíram para o aumento dos preços do barril:

a) Os cortes nos investimentos de capital por parte das multinacionais na extração do petróleo de xisto como resposta à queda dos preços. Pois cada barril lhes está custando entre 70 e 80 dólares (diante dos 15-20 dólares no Oriente Médio) e um petróleo por menos desse preço, obviamente, não é rentável. Com isso, nos EUA e no Canadá, cerca de 90 plataformas de exploração fecharam. BP perdeu bilhões de dólares em todo o mundo e planeja reduzir suas atividades de exploração à metade e os investimentos até 20%. A Chevron está em situação parecida.
b) A greve de cerca de 4 mil trabalhadores das empresas Royal Dutch Shell Oil e BP em nove refinarias em Ohio, Califórnia, Kentucky, Texas e Washington, iniciada em 1° de fevereiro. Exigem um convênio coletivo para o setor, a redução do número de trabalhadores não sindicalizados e melhorias nas condições de segurança e saúde, em uma greve que é a primeira dessa envergadura há várias décadas.

7. O aumento da tensão na Líbia e a perda de 800 mil barris em um incêndio.
8. O perigo de instabilidade social em países aliados aos EUA, como Iraque (incluindo seu Curdistão) ou Nigéria, pela queda dos petropreços.
O único e grande triunfo dos EUA e da Arábia Saudita nessa história até o momento foi transformar a OPEP em espectro do que foi entre 1960 e 1990, e não apenas porque sua cota de mercado caiu de 62% para os 30% de hoje, mas porque a Arábia, o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos fizeram uma frente contra pesos pesados da organização, tais como Irã, Iraque, Argélia, Venezuela e Equador.
Os preços do petróleo tocaram fundo. É perfeitamente lógico que o “Naft” (seu nome em persa, e do qual vêm palavras como “naftalina”) não apenas recupere seu preço – que hoje é mais barato do que uma garrafa de bom vinho –, mas também seu valor: é o resultado de milhões de anos do esforço “não renovável” da natureza.
No: http://gilsonsampaio.blogspot.com.br/2015/02/geopolitica-do-petroleo-8-razoes-pelas.html


Das origens do carnaval à paixão nacional




Postado por Juremir em 14 de fevereiro de 2015 - Uncategorized
Fui ver, faz alguns anos, o carnaval de Veneza e quase morri de tristeza. Vi pessoas nas esquinas geladas com lindas fantasias. Mas meu corpo exigia o carnaval brasileiro. Vi carnaval em Paris e quase morri de frio. A minha alma sucumbiu ao vento gelado e à saudade dos trópicos. Vi carnaval em Berlim e fiquei paralisado. Meu coração queria um carnaval negro e verde-amarelo. A culpa era do inverno. Ou da minha paixão pela nossa brasilidade. No começo, porém, como no futebol, os negros estavam excluídos das festas de fevereiro. As alas das baianas surgiram por apropriação da participação de mulheres negras, vestidas de branco, entoando seus cantos em procissões. Felizmente os negros tomaram o carnaval e o futebol dos brancos.
Nos primeiros tempos dos desfiles, o carnaval foi instrumentalizado por interesses cívicos estatais. Já no Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas, a Portela ganhou quase tudo fazendo o papel de porta-voz do patriotismo na avenida. O historiador do carnaval Haroldo Costa destaca o fato de que, nos primórdios, negros alforriados foram exibidos em carros alegóricos. Mangueira e Salgueiro foram as primeiras escolas de samba a abraçar realmente a cultura negra. Em 1960, o Salgueiro fez de Zumbi dos Palmares o seu herói libertador. O que seria das baterias – a própria essência de uma escola de samba – sem a influência da cultura afro-brasileira?
Joaquim Nabuco, talvez o mais importante intelectual da história brasileira, não cansava de exaltar a contribuição dos negros para a construção da riqueza material e imaterial brasileira. Fizeram tudo. Ainda não saldamos essa dívida de um passado vergonhoso. A escravidão foi abolida a meros 127 anos. Os africanos escravizados ergueram o Brasil. É terrível constatar que a maioria dos seus descendentes continua marginalizada, só no carnaval encontrando algum espaço para figurar como protagonista da sua brava história. Não sejamos, contudo, tão melancólicos. Pensamos na festa de momo.
O antropólogo Gilberto Freire fez um estudo sobra verdadeira estrela do carnaval: a bunda. Aceitemos essa palavra tão familiar com a familiaridade e a intimidade exigidas pelos festejos e pela informalidade da nossa língua. Sem moralismo. A bunda é a paixão nacional. O grande erudito concluiu com um gingado que, para Roberto da Matta, o destaque do carnaval, s rainha, é “sempre uma vedete de formas perfeitas”. Daí o questionamento antropológico do autor de “Casa Grande & Senzala”: “E sua bunda? É parte ou não dessa perfeição? Se, como recorda de música de Chico Buarque, o típico brasileiro carnavalesco espera ‘o carnaval chegar’ para ‘pegar em pernas de moças’, como não destacar-se seu ensejo maior de apalpar bundas de mulher?” Com o consentimento das escolhidas, interessadas ou desejadas. Freyre garante que a bunda brasileira é africana.
Ou é o mais belo produto da nossa mestiçagem. Pode ser até que alguém se ofenda com isso, mas eu vejo nisso mais uma contribuição extraordinária ao patrimônio brasileiro. Digo mais: não tem preço.
Postado por Juremir em 14 de fevereiro de 2015 - Uncategorized http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=6947

Tirar Dilma e Lula do jogo: o PSDB só pensa nisso





Para refletirmos durante o Carnaval: o que move o PSDB, qual é o seu projeto de país, além da obsessão em derrubar Dilma e tirar Lula do jogo?

A julgar pelas manifestações dos seus representantes no Congresso Nacional e a guerra de extermínio desfechada nos últimos dias por seus robôs na internet, nada mais interessa.

Para alcançar estes objetivos, vale tudo, até se aliar a bolsonaros e caiados, e entregar o comando das oposições a um "aliado" do governo, o todo-poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha.  

Ou alguém acredita que os tucanos estão realmente preocupados com os destinos da Petrobras, a vida da população e os rumos do país?

Outro dia perguntei no JRN ao deputado Carlos Sampaio, lider do PSDB na Câmara, quais eram os projetos do partido para 2015, além de pedir a criação de CPIs para investigar o governo. Sampaio deu uma resposta genérica e não consigo me lembrar de nenhum tema relevante.

Todas as iniciativas políticas, desde a reabertura dos trabalhos do Congresso há duas semanas, não partiram nem do governo nem da oposição, mas do suprapartidário Eduardo Cunha.

Por onde andam os caciques tucanos? Que fim levou Aécio Neves, o presidente do partido e candidato derrotado por pouco nas últimas eleições? Parece um vagalume, que vez ou outra acende em Brasília, solta uma nota ou faz um discurso, e some novamente. Alckmin, outro nome apontado como possível candidato em 2018, dedica-se atualmente apenas a achar água em São Paulo para evitar o racionamento. Serra só se movimenta nos bastidores. E FHC continua FHC.

O fato é que 2018 ainda está muito longe e o PSDB simplesmente não se conforma com a quarta derrota seguida para o PT. Desde o primeiro minuto após a reeleição de Dilma, o partido só pensa em encontrar atalhos para voltar ao poder, só pensa nisso.

Por isso, mesmo que não assumam esta bandeira abertamente agora, o impeachment tornou-se o caminho mais curto para a retomada do Palácio do Planalto, como fica claro nas convocações feitas pelas redes sociais para o protesto do "Fora Dilma" marcado para o dia 15 de março.     

O dilema tucano é que não bastará tirar Dilma. É preciso, antes, tirar Lula do jogo. É o que leva o PSDB a jogar todas as suas fichas no Judiciário e na mídia, a bordo da Operação Lava-Jato, como se tivessem descoberto um novo Plano Real.

A quem pensam que enganam? E o país que se dane.
no: http://www.contextolivre.com.br/2015/02/tirar-dilma-e-lula-do-jogo-o-psdb-so.html

Porque a regulação da mídia não é censura


Pela ordem: Aurélio Rios, Veridiana Alimonti, André Barbosa e Eugênio Bucci
"Mercados desenvolvidos regulam atuação na mídia. No Brasil é diferente, apontam especialistas 

Lilian Milena, GGN

O serviço de comunicação é compreendido nos Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido como um setor comercial que tem como característica se monopolizar naturalmente. Por isso, nesses países existem leis para a regulamentação econômica desse mercado, induzindo a competitividade, consequentemente, impedindo a concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucos grupos. 

No Brasil é diferente. Os 25 anos da promulgação da Constituição Federal não foram suficientes para que parlamentares criassem leis para regulamentar os artigos do Capítulo V, que versam sobre a comunicação social no país. A primeira consequência disso é a excessiva concentração de rádios, TVs, revistas e jornais impressos por alguns grupos. Organizações pelo direito à informação, dentro e fora do país, estimam que 70% das mídias estão nas mãos de menos de dez famílias, e muitas rádios e TVs locais são propriedades de políticos.
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O debate sobre o tema voltou à tona no discurso de posse do novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, no início deste ano. Na ocasião, ele declarou que levará adiante a promessa da presidente reeleita, Dilma Roussef, de debater a regulação econômica da mídia. O objetivo inicial de Berzoini é abrir o tema para a população colaborar com propostas, num processo que poderá ser semelhante àquele que culminou na criação do Marco Civil da Internet. Especialistas convidados para debater o assunto no programa Brasilianas.org (TV Brasil), acreditam, no entanto, que o trabalho do Ministério das Comunicações não será nada fácil, tendo em vista o momento político, e o uso de velhas distorções, relacionando a proposta de regulamentação econômica à censura dos meios de comunicação.
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O Brasil já teve leis de imprensa, antes de 1988, mas que nunca foram efetivamente respeitadas. O superintendente executivo de relacionamento da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e ex-representante da presidência no processo de instalação da TV digital no Brasil, André Barbosa, lembrou, por exemplo, que a legislação de 1962, feita antes do Golpe Militar, proibia que donos de TVs e rádios de usassem esses instrumentos para fazer ativismo religioso e partidário. A normativa abordava também a regionalização, ou seja, a necessidade dos programas transmitidos não deixarem de lado as diferenças culturais do Brasil.  
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O professor da Escola de Comunicação da USP, e especialista em crítica e conceito de ética jornalística, Eugênio Bucci, também convidado do programa, explicou que a regulação dos meios de comunicação significa, apenas, disciplinar um setor do mercado.
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“Não existe um mercado sem regulação, a não ser que estejamos falando de mercados paralelos, como de tráfico de droga, onde as coisas ocorrem por baixo do pano”, ponderou. Bucci completou que a ausência de regras “é um atraso no Brasil”, e não pode ser comparada à perda de liberdade.
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“Pelo contrário, a ausência de regras democráticas é que favorece a apropriação indevida do que é de todos por alguns poucos”, disse. O professor, que também é colunista da Revista Época, fez questão de lembrar que a FCC, agência reguladora dos meios de comunicação dos Estados Unidos, foi criada ainda na década de 1930, “impondo regras públicas que regulam o mercado privado”, e destacou que a bandeira de trazer para o setor de comunicações um disciplinamento democrático não pode ser visto como algo de esquerda ou de direita. “Ela é uma bandeira que expressa uma necessidade do estado democrático”.


Veridiana Alimonti, advogada do Intervozes, grupo que luta pela democratização dos meios de comunicação, ressaltou durante o programa a importância de compreender que a regulação da mídia também está ligada à concretização de direitos  fundamentais como cultura, educação, informação e liberdade de expressão.  
“É interessante avaliar que a vedação ao monopólio e ao oligopólio que consta na Constituição Federal, que trata da comunicação social, está justamente no artigo que garante a liberdade de expressão nos meios de comunicação social, numa compreensão que é a seguinte: para garantir a liberdade de expressão na comunicação social não pode haver monopólio ou oligopólio nos meios de comunicação”, pontuou.  
Igrejas e TVs
O professor Bucci, entretanto, disse não estigmatizar o controle dos meios de comunicação no país por poucas famílias, acreditando que não existem dados confiáveis a respeito da questão e, ainda, que “oligopolização” é uma tendência mundial. O que ele criticou foi a falta de uma definição numérica, na Constituição Federal, do que seria o monopólio ou o oligopólio no setor de comunicações. “Seria o domínio de 70% ou 60% da audiência?”, exemplificou. 
Essa questão, portanto, só poderá ser corrigida mediante a criação de uma lei ordinária, regulando o Capítulo V da Constituição. O ponto mais preocupante, na visão do professor, é o uso de canais de televisão e rádio por igrejas, independente de qualquer que sejam as denominações. 
“Aí temos um problema grave porque, na democracia, a atividade religiosa não sofre as restrições e as exigências legais que a atividade comercial sofre”. Partindo desse princípio, Bucci vê o risco dos meios de comunicação religiosos conseguirem transpor esse direito ao uso que fazem dos meios de comunicação de massa. 
Censura 
O procurador federal dos Direitos do Cidadão, Aurélio Rios, ressaltou durante o programa Brasilianas.org que a regulação econômica deve ser entendida como uma questão de democratização dos meios de comunicação. “Não é apenas retórica política, consta na Constituição”, continuou. Entretanto, o procurador disse não acreditar que o Congresso discuta com profundidade o tema, nos próximos anos, ou que seja capaz de regular com isenção. A esperança, para ele, é que, pelo menos, alguns pontos avancem. 
Aurélio Rios identificou que o grande problema é a distorção feita entre censura e regulação da mídia. “Esse é um ponto grave dentro da discussão, como se qualquer tipo de regulação de um setor importante, como é o da comunicação social, significasse o cerceamento da liberdade de expressão, ou a censura. Para nós, [isso] é uma confusão que, obviamente tirando à má intensão de um ou de outro, é absolutamente primária”, avaliou.


É importante destacar, sobre o tema, que a própria Constituição, no parágrafo 2, do Capítulo V, veda "toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística". A advogada do Intervozes, Veridiana Alimonti, reforçou esse ponto, destacando que nas propostas apresentadas de regulação econômica não existe nenhum ponto relacionado a censura de conteúdo. Entretanto, ela é a favor da criação de dispositivos legais que responsabilizem civilmente a veiculação e produção de notícias falsas. 
Um exemplo sobre isso foi o caso da Escola Base, em 1994, quando o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, donos de uma escola particular na cidade de São Paulo, foram acusados injustamente pela imprensa de abuso sexual contra alguns alunos. A acusação equivocada levou ao fechamento da escola. Pouco tempo depois o caso foi arquivado por falta de provas. Em 1995, os Shimada moveram uma ação por danos morais contra o Estado e a imprensa, que apelou para todas as manobras possíveis para postergar o pagamento de indenizações. Em 2007, Shimara faleceu de câncer. Em abril de 2014, aos 70 anos, Icushiro faleceu devido a um infarto.  
Eugênio Bucci ressaltou que a censura também pode ser exercida por grupos de mídia, quando negam, por exemplo, abordar algum tipo de informação importante à população. Por outro lado, esclareceu que esse mal é corrigido nos mercados competitivos, ou seja, quando os espaços para diversos meios de comunicação é equilibrado. 
“Ora, se uma rede de tv faz um noticiário enviesado, mas outra rede apresenta outro lado, o debate público compensa essas distorções”, completou. O professor lamentou que o assunto sobre a regulação da mídia seja pouco debatido pelos próprios meios de comunicação, sejam eles públicos ou privados. “Infelizmente é um assunto que se tornou uma espécie de tabu”, concluiu."

Dez sinais de câncer frequentemente ignorados


Mulher passa por exame (foto: Thinkstock)
Pesquisa aponta para sintomas que podem indicar desenvolvimento de células cancerígenas
"Uma pesquisa da organização Cancer Research UK listou dez sintomas de câncer que muitas vezes são ignorados pelos cidadãos britânicos. A ONG diz que isso pode atrasar possíveis diagnósticos da doença.

Da BBC

Veja abaixo os sintomas e a que tipo de câncer eles podem estar relacionados:
  • Tosse e rouquidão (câncer de pulmão)
  • Aparição de caroços pelo corpo (dependendo da região do corpo, pode indicar câncer)
  • Mudança na rotina intestinal (câncer no intestino)
  • Alteração no hábito de urinar (câncer na bexiga)
  • Perda de peso inexplicável (pode estar ligada a diversas variações da doença)
  • Dor inexplicável (pode indicar vários tipos de câncer)
  • Sangramento inexplicável (pode estar ligado a cânceres no intestino, na medula ou na vulva)
  • Ferida que não cicatriza (por estar ligada a diversas variações da doença)
  • Dificuldade de engolir (câncer no esôfago)
  • Mudança na aparência de uma verruga (câncer de pele)
De acordo com a Cancer Research UK, muitas pessoas tendem a achar que sintomas como esses são triviais e, por isso, não procuram seus médicos.

Outro fator que motivaria os britânicos a não procurar ajuda seria o receio de "desperdiçar" o tempo dos médicos com esse tipo de suspeitas.

Os pesquisadores da entidade entrevistaram 1.700 pessoas com mais de 50 anos de idade. Mais da metade (52%) afirmou ter sentido ao menos um dos sintomas nos três meses anteriores à pesquisa.

Em um estudo qualitativo mais aprofundado, a Cancer Research UK se concentrou no caso de 50 das pessoas que tiveram os sintomas. Foi constatado que 45% delas não procuraram ajuda médica após senti-los.

Uma das pacientes relatou não ter ido fazer exames após sentir dores abdominais. "Algumas vezes eu pensei que era grave... mas depois, quando a dor melhorou, você sabe, pareceu não valer a pena investigar", disse ela.

Um homem, que percebeu mudanças na rotina na hora de urinar, disse aos pesquisadores: "Você só tem que seguir em frente. Ir muito ao médico pode ser visto como um sinal de fraqueza e podem pensar que você não é forte o suficiente para lidar com seus problemas".

A pesquisadora Katrina Whitaker, ligada à University College London, afirmou: "Muitas das pessoas que entrevistamos tinham os sintomas que dão o alerta vermelho, mas elas pensavam que os sintomas eram triviais e por isso não precisavam de assistência médica, especialmente se não sentiam dor ou se ela era intermitente."

Células cancerígenas (Foto: Thinkstock)
Pacientes não procuram médicos temendo serem taxados de hipocondríacos, dizem especialistas

Segundo ela, outros disseram que não queriam criar caso ou desperdiçar recursos do sistema de saúde público. O autocontrole e o estoicismo dos britânicos contribuem para esse tipo de atitude, e a persistência dos sintomas fazem com que as pessoas passem a considerá-los normais, de acordo com a pesquisadora.

Ela disse ainda que muitos pacientes só procuraram médicos depois que tiveram contato com campanhas de conscientização ou receberam conselhos de amigos ou de familiares.

Segundo o médico Richard Roope, na dúvida, é sempre melhor procurar um médico. Ele disse que muitos desses sintomas não são causados pelo câncer - mas se forem, o rápido diagnóstico aumenta as chances do paciente no tratamento da doença.

Ele afirmou que atualmente cerca da metade dos pacientes diagnosticados conseguiriam sobreviver por mais de dez anos.

Alarme falso

Uma outra pesquisa, também financiada pela Cancer Research UK, constatou que um "alarme falso" pode desestimular os britânicos a continuarem investigando possíveis sintomas da doença.

Para essa pesquisa, a University College London analisou 19 estudos científicos pré-existentes.

A pesquisa constatou que cerca de 80% das pessoas que são submetidas a exames para checar a existência do câncer após a manifestação de sintomas descobrem que não sofrem da doença.

Esse grupo tenderia a ficar desestimulado a voltar a investigar eventuais novos sintomas. Entre as principais razões para isso, segundo a organização, estariam a falta de orientação recebida dos médicos durante os exames anteriores e o temor de ser visto como "hipocondríaco".

"Pacientes que vão a seus médicos com os sintomas obviamente ficam aliviados ao saber que não têm câncer. Mas como nosso levantamento mostra, é importante que eles não sintam uma falsa sensação de segurança e entendam que ainda devem procurar ajuda se perceberem sintomas novos ou recorrentes", afirmou Cristina Renzi, uma das pesquisadoras envolvidas no estudo."

Alckmin: a cada dia, um novo factoide e nenhuma ação


Jornal GGN 

"O governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou na quinta-feira (12/02) que voltará a jogar a água do rio Pinheiros, um dos mais poluídos do Estado, na represa Billings e no sistema Guarapiranga, para dar conta de abastecer a população. A iniciativa já foi barrada pelo Ministério Público no passado.

“Você limpa o rio (Pinheiros) e coloca a água na Billings. Uma outra parte desta água vai para a Guarapiranga, portanto, para abastecimento humano. Uma outra parte vai gerar energia elétrica em Cubatão [na usina de Henry Borden], que é muito eficiente porque a queda é de quase 700 metros de altitude, e o recurso da energia elétrica ajuda a viabilizar tudo isso. O [Jerson] Kelman [presidente da Sabesp] está retomando esse processo. Lá atrás houve questionamento do Ministério Público, mas podemos retomar este trabalho”, disse Alckmin, em entrevista à radio CBN.

Em 2011, o governo Alckmin teve de suspender a despoluição do rio Pinheiros pois a tecnologia empregada não barrava alguns poluentes considerados tóxicos. Além disso, a ideia em meio à crise do sistema Cantareira, vai na contramão de resolução assinada durante o governo Mário Covas (PSDB), de só reverter água do Pinheiros e do Tietê para o corpo da Billings em caso de alagamentos na Capital.


Na entrevista à CBN, Alckmin não deixou claro que tipo de tecnologia a Sabesp pretende empregar desta vez na despoluição do Pinheiros.

Especialistas como Antonio Carlos Zuffo, da Unicamp, acreditam que a Sabesp vai usar produtos quimícos que não darão conta de limpar completamente a água para consumo. Ele alerta que, se isso acontecer, a população terá condições de detectar pela cor do líquido e pelo cheiro."

Os carros que fazem parte da franquia “50 Tons de Cinza”


Audi R8 Spyder: o bólido pertence ao magnata Christian Grey. O milionários também presenteia Anastasia um, mas na cor branca
O Fusca, batizada de Wanda, foi um presente dado a Ana por seu padrasto Ray
Logo após se conhecerem, Grey dá um Audi A3 paraa Ana aposentar a Wanda
Saab 9-3 Convertible é mais um presente de Grey, desta vez pela formatura da jovem
Jason Taylor é o segurança particular de Grey e dirige um Audi Q7
Chevrolet Camaro terceira geração, carro de Jack Hyde, chefe de Ana na história
Volkswagen Multivan foi utilizado pelo casal em uma viagem à Aspen
O Mercedes-Benz CLK é o meio de transporte de Katherine Kavanagh, a melhor amiga de Ana
Chevrolet Tahoe é a escolha de Bob Adams, quarto marido da mãe da protagonista
O Ford Mustang, que merecia espaço de estrela, participa apenas de uma perseguição durante o enredo

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Richa, Alckmin e tantos outros que não são frutos do acaso


Beto Richa, Geraldo Alckmin, dois entre tantos péssimos homens públicos brasileiros, não são obra do acaso, não nasceram por geração espontânea.

Existe um ditado bem antigo que diz o seguinte: "Quem pariu Mateus que o embale."

Quando leio que professores paranaenses, entre outras categorias profissionais, estão indignados com o tratamento que recebem no governo do Estado, eu me pergunto: "Uai, mas como deixaram o homem se reeleger governador?"

Professores, supõe-se, não são idiotas completamente desinformados. Pelo menos não a maioria. Assim, poderiam ter feito mais, durante a campanha eleitoral, para impedir que a excrescência chamada Beto Richa se reelegesse.

Se fizeram algo, foi pouco.

Muito pouco.

Da mesma forma os paulistas, que parecem adorar um político que recebeu o apelido de "Picolé de Chuchu", tal a sua falta de personalidade, não têm do que reclamar sobre segurança, moradia, emprego, transportes, e, mais recentemente, do colapso do abastecimento de água.

Alckmin não é fruto do acaso - há duas décadas os cidadãos de São Paulo o aclamam como um notável governante e um excepcional líder.

Beto Richa e Geraldo Alckmin são dois bons exemplos do que está se transformando o Brasil, vítima de uma mídia partidarizada, que protege escandalosamente seus amigos e persegue implacavelmente seus inimigos; da falta de políticas públicas em quase todas as áreas; do assalto às instituições por gangues de meliantes; da irresponsabilidade de empresários movidos pela cobiça; de quintas-colunas dispostos a vender as riquezas nacionais por menos que os 30 dinheiros de Judas; de uma classe média inteiramente emburrecida; dos disparates homofóbicos e reacionários de fundamentalistas religiosos - só para citar alguns dos entraves que impedem o país de se modernizar.

A educação do Paraná - entre outros setores - faliu?

São Paulo é hoje um comboio que se arrasta miseravelmente pelos trilhos da modernidade? 

Que tal as pessoas começarem a ser um pouco menos estúpidas, preconceituosas e irresponsáveis?

Porque, apesar de tudo, a sociedade nada mais é do que a soma das individualidades.

http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2015/02/richa-alckmin-e-tantos-outros-nao-sao.html

Impeachment: fantasia política sem base jurídica


Desde a reeleição da Presidente Dilma Rousseff, em outubro de 2014, quando ela recebeu do povo brasileiro, por meio de votação livre e rigorosamente democrática, 54 milhões de votos para exercer um segundo mandato na Presidência da República, começaram a aparecer na imprensa declarações de dirigentes e militantes do PSDB, partido derrotado, sugerindo e ameaçando a adoção de medidas antidemocráticas visando tirá-la da Presidência e partir para uma aventura, sem qualquer consideração pelos interesses do Brasil e de seu povo. Dando sequência a essas manifestações dos perdedores inconformados, a imprensa vem divulgando nos últimos dias, com injustificável evidência, a informação de que, aproveitando as revelações sobre a prática de corrupção na Petrobras, envolvendo quantias muito elevadas, está sendo cogitada uma proposta de impeachment da Presidente Dilma. E foi dada publicidade a um parecer que fora encomendado ao prestigioso jurista Ives Gandra Martins, para apoiar a tese segundo a qual o fato de que ela era Presidente do Conselho de Administração da Petrobras quando, em 2006, foi decidida a compra da refinaria de petróleo de Pasadena, nos Estados Unidos, por preço exorbitante e favorecendo ilegalmente alguns altos funcionários da Petrobras que foram intermediários da compra, esse fato de 2006 daria o fundamento jurídico para o impeachment. Um dado expressivo é que os que fazem essa acusação admitem que ela não praticou qualquer ato de má-fé naquela oportunidade, apoiando conscientemente um mau negócio ou acobertando a ação corrupta dos funcionários que participaram da realização do negócio, mas dizem que foi culpada por omissão, não impedindo aquelas irregularidades. E aí estaria o fundamento para o pedido de destituição de Dilma Rousseff da Presidência da República.

Para que se compreenda o significado dessa ameaça à Presidente da República e para que mesmo os leigos em matéria jurídica possam entender e avaliar o significado de tal ameaça, inclusive recebendo esclarecimentos sobre a real possibilidade jurídica de sua utilização, é oportuna a divulgação de uma análise, ainda que sucinta, do enquadramento jurídico dessa questão, pois isso interessa a todo o povo brasileiro. Evidentemente, forçar a Presidente da República a deixar o cargo antes do prazo de vencimento do mandato recebido do povo é ato de extrema gravidade, que, mesmo quando praticado com rigorosa obediência aos preceitos constitucionais e legais, acarreta grave perturbação na vida do País. E se a deposição da Presidente ocorrer por um ato de força, mesmo que com aparente base jurídica, estará sendo dado um golpe de Estado, que poderá ser muito conveniente para um pequeno grupo de golpistas mas será extremamente danoso para todo o povo, significando a implantação de uma ditadura, com suas inevitáveis mazelas. 

O primeiro ponto que deve ser esclarecido é que nem na Constituição nem nas leis brasileiras aparece a palavra impeachment. Essa palavra, de origem inglesa, quando aplicada para determinar a retirada, com o caráter de punição, de um governante ou administrador público de seu  cargo, tem o significado de « destituição » ou « impedimento ». E é isto que se está pretendendo pedir agora. A possibilidade jurídica de pedir a destituição do Presidente da República está expressamente prevista na Constituição, no artigo 85, segundo o qual « são crimes de responsabilidade, cuja prática dará fundamento para afastá-lo do cargo, os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e especialmente contra :…V. a probidade na administração ». O que se tem aí é o enunciado genérico dos crimes de responsabilidade. Se o Presidente da República cometer algum desses crimes poderá ser destituído por decisão do Congresso Nacional, obedecidos os procedimentos que a própria Constituição estabelece.  E no parágrafo único desse mesmo artigo  dispõe-se, expressa e claramente : « Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento ». A lei especial aí referida, que trata especificamente dos crimes de responsabilidade, é a Lei Federal n° 1079, de 10 de Abril de 1950, que, segundo opinião unânime dos juristas, foi recepcionada pela Constituição de 1988.

Quanto à definição dos crimes, que lhe cabe por disposição constitucional, dispõe a Lei 1079, no artigo 1°, que «são crimes de responsabilidade os que esta lei especifica », fazendo em seguida, em vários incisos, a enumeração das espécies de crimes, dispondo o inciso V sobre os que atentam contra « a probidade na administração ». E quanto a estes, no artigo 9°, que completa os dados necessários para esta breve análise, estabelece a lei que « são crimes de responsabilidade contra a probidade na administração :…3. não tornar efetiva a responsabilidade « dos seus subordinados » (obviamente, subordinados do Presidente da República, que é o objeto exclusivo da lei). 

Sintetizando o que acaba de ser exposto, há dois requisitos fundamentais que devem ser observados para dar consistência jurídica a um pedido de destituição do Presidente da República por ter praticado um crime de responsabilidade, como prevê o artigo 85 da Constituição: o primeiro ponto é que a base fática indispensável para tornar viável um pedido dessa natureza é que se apontem, como fundamento, « atos do Presidente da República ». Isso está expresso na Constituição e seria evidentemente inconstitucional um processo de  impeachment que se fundamentasse em atos ou omissões ocorridos quando, anos atrás, Dilma Rousseff  ocupava um cargo na direção da Petrobras. Outro ponto é que por disposição expressa da Lei 1079, que define os crimes de responsabilidade, outra hipótese de configuração da prática de crime de responsabilidade é o fato de não tornar efetiva a responsabilidade de seus subordinados, ou seja, dos subordinados da Presidência da República. Como é público e notório, a Presidente Dilma Rousseff, tão logo informada das acusações de corrupção na Petrobras, determinou  que fossem adotadas providências rigorosas visando esclarecer os fatos e punir os eventuais culpados. Basta a consideração desses dois pontos para que se entenda minha respeitosa discordância do parecer do ilustre colega Ives Gandra Martins, acima referido.

Para finalizar, é importante que se saiba que desde a posse da Presidente Dilma Rousseff para exercer o primeiro mandato presidencial até agora já foram protocolados na Câmara dos Deputados, que é por onde deve começar o processo, doze pedidos de  impeachment. Em todos esses casos os pedidos foram examinados por uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados, como previsto em seu regimento, tendo sido proposto por ela e decidido pelo plenário o arquivamento de todos eles, por absoluta falta de fundamento legal. Se agora for apresentado um novo pedido, como tem sido ansiosamente sugerido por altos dirigentes do PSDB, e se esse pedido tiver a pretensão de se basear na fundamentação jurídica acima referida, certamente haverá mais um arquivamento, em obediência às disposições constitucionais e para preservação da ordem jurídica democrática no Brasil. Assim, pois, a ameaça de pedido de impeachment não deve ser levada a sério, não merecendo ser tratada como possibilidade real, mas sim como simples desabafo de maus perdedores tentando manter-se em evidência.

Dalmo de Abreu Dallari
No Esquerda Caviar, via http://www.contextolivre.com.br/2015/02/impeachment-fantasia-politica-sem-base.html

Um Congresso enterrado na Lava Jato não tem moral para derrubar Dilma


Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania

"Não é por bondade ou espírito democrático que peões da mídia antipetista vêm se opondo aos delírios golpistas de tucanos de pijama e/ou daquela turma que quer a volta do regime militar. Apesar do risco que o inconformismo da oposição em ficar mais quatro anos fora do poder gera à nossa ainda estreante democracia, analistas políticos sabem o que vem por aí.

E o que vem por aí não é pouco. Um passarinho do Planalto Central bateu para este blogueiro que, na melhor das hipóteses, pelo menos TRÊS senadores da oposição estão envolvidos até o pescoço nas delações premiadas. Isso no Senado. Agora imagine na Câmara, leitor, onde a tonitruante operação da PF fará o maior estrago.

Seria até engraçado que dezenas e dezenas de parlamentares indiciados por corrupção se dessem ao desfrute de discutir a deposição de uma presidente da República reeleita por 54 milhões de brasileiros – e contra a qual não pesa um mísero indício – enquanto estiverem respondendo a inquérito judicial amparado não em injunções políticas, mas em provas concretas.

O Congresso, antes de querer derrubar alguém de outro Poder, terá que discutir cassações de seus próprios membros.

Nas semanas que se avizinham, portanto, a Justiça irá divulgar os nomes de dezenas e dezenas de parlamentares cujas digitais foram encontradas pelas investigações da Operação Lava Jato. E a oposição sabe muito bem que não passará incólume.

Aliás, outro dado importante é o de que as investigações da Lava Jato já estão chegando a Estados e Municípios. Em breve, o Brasil descobrirá que governadores e prefeitos, ao contrário da presidente da República, deixaram digitais nos cofres das empreiteiras bandidas.

Quanto ao desabamento da popularidade de Dilma, é conjuntural. Decorre de um mês de janeiro no qual ela se expôs com (inevitáveis) medidas de austeridade e nomeações de ministros indicados pelos partidos conservadores da base aliada. Mas uma outra pesquisa do mesmo Datafolha mostra que há um caminho para Dilma se recuperar.

Em setembro do ano passado, o instituto de pesquisas da Folha de São Paulo  pesquisou a ideologia dos brasileiros e descobriu um dado surpreendente: o brasileiro é mais de direita em temas comportamentais como aborto, idade de responsabilização penal etc., mas é mais de esquerda em questões econômicas.

Abaixo, trechos daquela pesquisa.

“(…) Em meio ao debate eleitoral, a parcela de eleitores brasileiros afinados com temas defendidos pela direita (45%) supera atualmente à de eleitores mais afinados com as ideias ligadas à esquerda (35%). Esse resultado mostra uma mudança na opinião dos brasileiros em relação a temas relacionados a comportamentos, valores e economia, que resultam nessa segmentação

 (…) 

Ao tratar somente de temas comportamentais e ligados a valores, os segmentos da população com mais afinidades com a direita (55%, sendo 15% de direita, e 40%, de centro-direita) superam os mais ligados à esquerda (25%, sendo 3% afinados com a esquerda, e 21%, com a centro-esquerda). O centro puro, neste caso, abrange 21% do eleitorado. Em novembro de 2013, 49% estavam posicionados à direita (12% à direita, e 37%, à centro-direita), 29% nos segmentos à esquerda (4% na esquerda, e 25% na centro-esquerda), e 22% no centro.

Quando se consideram apenas aspectos econômicos, 30% mostram mais afinidades com temas ligados à direita (20% na centro-direita, e 10% na direita), e 43%, com temais ligados à esquerda (18% na esquerda, e 25%, na centro-esquerda). A fatia dos que se situam no centro abrange 27%. Em novembro de 2013, a parcela situada à esquerda era de 46% (21% à esquerda, e 25% na centro-esquerda), enquanto 26% estão mais afinados economicamente com a direita (8% com a direita, e 18% com a centro-direita). A fatia dos que se situam no centro para temas econômicos ficou estável, em 27% (…)”

Como se vê, de 2013 para cá o brasileiro foi mais para a direita. Em termos políticos, muito mais. Em termos econômicos, porém, bem menos. Em resumo: somos caretas no comportamento, mas queremos proteção do Estado. Daí o resultado do Datafolha de sábado passado, que expressou preocupação da sociedade com a possibilidade de Dilma adotar o programa econômico da oposição, já que a própria esquerda a acusou disso.

Esse dado sobre a incoerência ideológica do brasileiro e sobre seu “endireitamento”, aliás, exige uma reflexão não só de Dilma, não só do PT, mas da esquerda brasileira em geral, inclusive da oposição de esquerda. O discurso esquerdista está seduzindo cada vez menos este povo. Atribuir isso só a Dilma ou ao PT é suicídio político.

Entretanto, é através da economia que o governo Dilma poderá recuperar a popularidade. O que manteve o PT no poder por mais de uma década tem sido a maior presença do Estado na economia e na vida dos cidadãos. É o que o povo quer, em grande parte. Dilma, portanto, precisa mostrar que seu governo não mudará de rota.

Como se vê, a oposição pode até estar vencendo o jogo neste momento, mas esse jogo não terminou. Vai durar mais quatro anos. Dá para virar e, se bobear, dá até para vencer de goleada.'

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

De quem é a culpa pela impunidade do PSDB?


rodrigo-janotHoje mais um crime de corrupção terminou impunemente no Brasil. Foi arquivado por maioria, inquérito solicitado pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal para investigação da participação dos operadores políticos do PSDB e DEM no escândalo que ficou conhecido Metrolão, por arrecadar dinheiro de propina que seria posteriormente distribuído entre políticos das suas siglas.
Ecoou nos corredores do Supremo Tribunal Federal a frase imortalizada nas últimas eleições pela Presidenta Dilma, quando se referia a ausência de punição para políticos do PSDB notoriamente envolvidos em escândalos de corrupção: “Todos Soltos, Todos soltos”.
O caso imediatamente anterior já tinha tido “tratamento especial” do Supremo, que enviou para a primeira instância de Minas Gerais o caso conhecido como Mensalão Tucano”, que dormitava há oito anos no STF e que caminha para a prescrição sem que qualquer um dos acusados tenha seu julgamento iniciado.
Ministros do STF, com raras exceções, parecem não se importar com decisões tão dispares em casos envolvendo o PT e o PSDB e, com a angustia de parte da população, que não é representada pelos anseios dos veículos de comunicação e que não aceita pesos diferentes por parte do judiciário, pois remonta tempos de autoritarismo. Mas será que cabe apenas ao Supremo a cobrança pela impunidade aos tucanos?
O Mensalão Tucano e o Metrolão já somam duas derrotas de Rodrigo Janot, que ocupa a PGR e representou as denúncias no STF. Uma malvadeza do Supremo ou as denúncias apresentadas eram ineptas e fadadas ao fracasso? Fadadas ao fracasso por incompetência ou omissão dolosa?
As informações enviadas pela Suiça arquivadas incrivelmente em pasta errada pelo Procurador Rodrigo de Grandis e a colaboração do delator e ex-diretor da Siemens dada ao CADE, com detalhes sobre os agentes públicos que receberam propina não foram suficientes para o PGR peticionar um pedido de investigação consistente, que não fosse taxado de “sem elementos para seguimento”?
Se não tinha elementos suficientes para uma petição eficiente para continuidade das investigações não cabia montar uma força-tarefa de procuradores para ir à Suiça solicitar cooperação já que os suíços quase imploraram para colaborar? Podemos esperar do PGR recorrer da decisão ao pleno do Supremo ou ele se dá por vencido, já que não houve até agora simulacro de indignação por parte dele?
O Procurador Geral da República pode ser processado por prevaricação se deliberadamente deixar de agir contra crimes contra o patrimônio público, o que é muito difícil pois dependeria de ação do Conselho Nacional do Ministério Público, que é presidido pelo próprio PGR, e mesmo que existam conselheiros independentes, um espirito de corpo inviabiliza qualquer punição e dá a sensação de impunidade.
O Chefe do executivo pode também propor ao Senado Federal a demissão do Janot, mas essa hipótese é mais insólita ainda, pois geraria a grita que estaria se punindo o PGR não pela prevaricação, mas por estar denunciando pessoas ligadas ao governo.
Recentemente o ex-PGR Roberto Gurgel foi flagrado sentando em cima do processo que envolvia o contraventor Carlinho Cachoeira, o ex-catão Demóstenes Torres e o governador de Goiás, Marconi Perillo do PSDB.
Podemos incluir mais personagens nessa lamentável tramoia, os veículos de comunicação venalmente acumpliciados, que não cobram a impunidade e transformam a vida de quem escolhe alvos e acoberta crimes mais fácil.
Esse roteiro pode muito bem ser associado aos governos de exceção, onde o estado autoritário persegue implacavelmente adversários políticos e aliviam os crimes de seus aliados, mas incrivelmente no nosso país, é usado de tempos em tempos contra governos democraticamente eleitos e que tentam governar para o povo e não para elites.
nO: http://pontoecontraponto.com.br/2015/02/de-quem-e-a-culpa-pela-impunidade-do-psdb/