segunda-feira, 21 de novembro de 2016

ARTIGO DE CARLOS HEITOR CONY FAZ LEMBRAR OS DE MEIO SÉCULO ATRÁS. QUEM FOI REI, NUNCA PERDE A MAJESTADE!


Por Carlos Heitor Cony
O RIO AMANHECEU CHORANDO
Uma onda de insânia, um tsunami moral e financeiro fizeram o Rio de Janeiro dar um tiro no próprio pé. 

Depois do sucesso indiscutível da Olimpíada (sucesso efêmero, mesmo assim grandioso), a cidade, que continua sendo a capital cultural do Brasil, cantada por gregos e troianos como a mais maravilhosa do mundo em sua parte panorâmica, está amargando os piores momentos da sua história, o inverno de nosso descontentamento [alusão ao livro de John Steinbeck, um clássico da literatura mundial] que já se transformou num inferno de nossa vergonha.

Não se trata de balas perdidas, guerra de traficantes do Complexo do Alemão e violência generalizada. Desta vez, o furo é mais em cima. 

São autoridades eleitas pelo povo que se transformam em Al Caponessubdesenvolvidos, que sangram o dinheiro e a honra da cidade que já foi maravilhosa e hoje parece tenebrosa.

Entre os descalabros da semana que passou, o mais lamentável não foram as prisões de dois ex-governadores e outras autoridades estaduais.

O mais deplorável, e também o mais perigoso, foi a turma que invadiu a Câmara dos Deputados, em Brasília, clamando pela volta dos militares.

Até agora, pelo que se sabe, o Exército permanece em seu papel de grande mudo. Apesar do recente e truculento movimento de 1964 que se prolongou por 21 anos, o povo, em sua maioria de classe média, começa a pensar numa solução cruenta, que ponha fim à corrupção e à incompetência que tiveram no PT sua maior expressão.

Desta vez não podemos culpar o imperialismo e a gula de países interessados em nossas riquezas naturais. Infelizmente, os desmandos atuais fazem parte do DNA de um povo que amanheceu cantando e agora anoitece chorando. O mais deplorável é que não chegamos ainda ao fundo do poço.

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