terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Não é de hoje que a elite tem horror ao trabalho



Hoje, 28 de dezembro, completam-se 196 anos do nascimento de um grande brasileiro. Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, foi, com certeza, o mais dinâmico, polêmico, arrojado e pioneiro empresário brasileiro. Um homem que veio do nada – garoto enjeitado trabalhando num armazém – formou um grande império empresarial e ao nada voltou.

Há, com Mauá, uma história que narra seu biógrafo Jorge Caldeira, no livro “Mauá, o Empresário do Império”, que descreve com perfeição o desprezo que parte da elite brasileira tem pelo trabalho.

No lançamento da pedra fundamental da estrada de ferro Rio-Petrópolis, empreendida por Mauá, o Imperador Pedro II, presente ao evento, foi convidado marcar o início das obras, colocando com uma pá de prata, num carrinho de mão lavrado em jacarandá, um pouco de terra e carregando-a por alguns metros. A ousadia de Mauá chocou a todos, por contranger D. Pedro a realizar um trabalho braçal, coisa típica de escravos. Diz-se que o Imperador nunca perdoou Mauá por expô-lo dessa forma ao ridículo. Mauá, aliás, foi um abolicionista convicto.

Parece incrível que, quase dois séculos depois, uma parte de nossa elite tenha a mesma relação de desprezo com o trabalho, criticando o Governo Lula não por seus erros e desvios, mas por ser chefiado por um operário nordestino.

Fica como sugestão ao governo brasileiro que comece a organizar as comemorações do bicentenário do nascimento de Mauá, para ver se uma parte do empresariado brasileiro se espelha em suas ousadias e investe com a mesma fé que ele investiu no progresso brasileiro.

Fonte: Tijolaço de Brizola Neto

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