A inflação parece ter dado uma trégua, frustrando os pessimistas de plantão, a turma que aposta no quanto pior, melhor. O fato, porém, não exime a cidade de São Paulo de status de lugar caríssimo para se viver, assunto da crônica Gato por lebre, publicada no dia 7. O texto remetia a um levantamento do portal IG que ressaltava as enormes diferenças de preços entre produtos e serviços similares em várias regiões da capital....
Quem mora em São Paulo, porém, não sente essas diferenças de modo muito nítido, já que os preços mais baixos se encontram em bairros mais longes do Centro e os mais altos são cobrados nos locais que os paulistanos chamam de "nobres". O cidadão que mora num local qualquer já se acostumou com o que tem de pagar pelos serviços e produtos que compra, não faz a comparação com o que é cobrado em outros locais distantes.
O mesmo não ocorre quando a gente sai de São Paulo e vai passar uns dias em outra cidade. Nesse caso a comparação é imediata e fica facílimo perceber o quanto se é explorado em terras paulistanas.
Nada como uns exemplos para mostrar o quanto somos otários. Vamos pegar o caso de Serra Negra - novamente - para ver a desgraça que é consumir na capital:
1) O metro quadrado dos imóveis usados está na média de R$ 2 mil. E são imóveis ótimos, apartamentos de cômodos grandes, bens construídos, com menos de 15 anos de idade;
2) Os hotéis centrais, confortáveis, cobram cerca de R$ 200 pela diária de um casal, com café da manhã, almoço e jantar incluídos;
3) Dá para fazer uma excelente refeição a partir de R$ 12 (sobremesa incluída), que é o que cobra por pessoa o Oficina de Nutrição, bufê localizado à rua Sete de Setembro;
4) As roupas de malha, tricô ou couro saem pela metade do preço de São Paulo. E há peças para todo tipo de público, desde as mais simples até as mais sofisticadas. É quase impossível alguém sair da cidade sem achar algo de que goste;
5) Corte de cabelo masculino custa R$ 8;
6) Café de coador sai por R$ 1 nos bares da praça João Zelante;
7) Pão de manteiga na chapa também custa R$ 1 em várias padarias centrais.
Acho que chega. Já deve ter dado para perceber que o custo de vida em Serra Negra é bem mais baixo que em São Paulo. Sem contar que numa cidade como aquela ninguém precisa andar de carro o tempo todo. Dá para fazer um monte de coisas a pé, já que a região central concentra quase todo o comércio e os serviços.
Um ótimo exercício para os paulistanos seria ir, de vez em quando, para essas pequenas comunidades do interior do Estado para ver como a vida pode ser menos estressante e mais prazerosa.
Crônicas do Motta
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