Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho
"O pacto republicano e pluripartidário que estamos firmando hoje é capaz de transformar a realidade social que vivemos. É o Brasil fazendo a faxina que tem que fazer, a faxina contra a miséria".
O governador Geraldo Alckmin não deixou por menos:
"Ultrapassamos o período de disputas para unir esforços em prol daqueles que precisam. Isto, senhora presidenta, se deve em grande parte ao seu patriotismo".
Ao lado dos dois na mesa, reforçando o caráter simbólico do encontro, estava o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que recepcionou Dilma na chegada e entrou com ela no auditório, ambos bastante aplaudidos pela platéia suprapartidária.”
Há muito ausente de cerimônias deste tipo, FHC foi convidado por Alckmin. O ex-governador José Serra, que já escreveu artigo criticando o Brasil sem Miséria, também convidado, não apareceu. O ex-presidente Lula cumpria agenda em Minas Gerais.
Estavam presentes governadores do PMDB (Sérgio Cabral, do Rio); do PSDB (Antonio Anastasia, de Minas) e Renato Casagrande (do PSB, do Espírito Santo), além de cinco ministros, quase todo o secretariado estadual e as principais lideranças tucanas e petistas de São Paulo.
Em que outro momento da nossa história recente vimos algo parecido? Pois é, a vida nos guarda surpresas e, quando menos esperamos, também acontecem coisas boas.
Quem diria que o provinciano Alckmin e a durona Dilma, que dizem não gostar de política, seriam protagonistas de um pacto republicano que Fernando Henrique Cardoso e Lula, os grandes líderes de PSDB e PT, não conseguiram promover em seus 16 anos de governo?
Dilma e Alckmin conseguiram reunir sob o mesmo teto e no mesmo palco representantes do governo federal petista e do governo estadual tucano para cuidar do mesmo projeto: unir esforços no combate à miséria.
É o único jeito de um dia o país poder se livrar desta praga chamada PMDB, o "fiel da governabilidade", seja qual for o partido no poder, e dos PRs e outros pês da vida, mudar de rumo e correr o risco de dar certo.
O partidão peemedebista, que um dia já foi comandado pelo grande Ulysses Guimarães, na travessia da ditadura para a democracia, tornou-se o antro dos políticos mais fisiológicos do país. Sobrevive, com força, graças à guerra fraticida entre tucanos e petistas em São Paulo, que tanto tem prejudicado o restante do país.
Afinal, que importa para os brasileiros de outras regiões se o próximo prefeito de São Paulo a ser eleito em 2012 será do PT ou do PSDB? O Brasil não pode mais ficar a reboque desta eterna disputa feita de soberba e vaidade dos líderes dos principais partidos do maior Estado do país, que elegem os presidentes da República desde 1994.
O Brasil é maior do que isso. Dilma e Alckmin, políticos de uma nova geração, parecem já se ter dado conta disso. Quem não sacar esta mudança vai perder o bonde da história.
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