A meiguice, agora em três versões (a da ex-ministra como parte de recente entrevista da pré-candidata à revista IstoÉ).
Curiosa essa simetria.
Recentemente, o Marco Aurélio Mello escreveu em seu blog:
Muitos vão achar loucura, mas quem entrou em campo para “abafar” o fogo e diminuir a quentura em relação à sucessão presidencial foi o próprio presidente da República, ao lado de seu fiel comunicólogo Franklin Martins. Isso talvez explique os encontros reservados que a candidata Dilma Rousseff teve com o diretor de redação dA Folha de S. Paulo, Otávio Frias Filho, o Otavinho, e com Roberto Civita, presidente do Conselho Editoral da Abril e editor sênior do grupo, no mês passado. Há quem diga que os Marinho também já teriam acenado com a possibilidade de um encontro secreto com a candidata do governo, costura que teria sido feita pelo próprio presidente, na comemoração de 10 anos do jornal Valor Econômico. O que nos ajuda a entender, portanto, a guinada repentina ao centro dos jornais impressos e o abrandamento das agressões gratuítas que a candidata situacionista vinha sofrendo das “penas de aluguel”. Ao mesmo tempo, curiosamente, o candidato da oposição passou a ser visto amistosamente, ao lado de sua adversária. Os donos do poder decretaram que a transição, se houver, será lenta e gradual, sem rupturas. Amparada por uma espécie de anistia ampla, geral e irrestrita. Dilma está na dela, cumprindo o protocolo e ouvindo disciplinadamente os conselhos do padrinho, que acha que na base da boa conversa fatura mais essa. Ao mesmo tempo, para se manter no jogo, Serra veste o figurino de bom moço, do “paz e amor”. Tenta emplacar com os indecisos a idéia de que é uma consequência natural no processo democrático. Um esforço que incluiria, inclusive, o convite para governar com a oposição e a manutenção em postos-chave de nomes consagrados, entre eles: Celso Amorim (chanceler), Henrique Meirelles (Banco Central), José Sérgio Gabrielli (Petrobras) e Luciano Coutinho (BNDES), entre outros. Muitos incautos podem até mergulhar no mar ao ouvir este doce canto de sereia… Mas o fato é que os donos do poder (sempre pragmáticos) descobriram que a agenda neocon não cola mais. Ninguém quer Estado mínimo, verdísmo subjetivo e fanatismo religioso. E como o dinheiro não tem ideologia…
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Eu, Azenha, não estranharia se fosse gestado nos bastidores uma espécie de “acordo de cavalheiros” (afinal, como é que Paulo Lacerda, o ex-diretor da Polícia Federal, foi parar no exílio?).
Tenho comigo que Ciro Gomes percebeu, no processo de polarização eleitoral, que havia uma avenida aberta para ele passar.
Talvez o presidente Lula tenha tido a mesma percepção, razão pela qual o trator foi colocado na rua.
Lembrem-se que a história da política brasileira tem sido a história da “modernização conservadora”: mudanças lentas e graduais, que preservam a essência de um regime marcado pela concentração de renda, de terras e da mídia (o nexo entre esses interesses se dá no Congresso nacional). Diante disso, somos meigos. Sempre.
bY: Luiz Carlos Azenha
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