Marcos Coimbra: a força da TV na disputa eleitoral
Hoje é o 21º dia de veiculação da propaganda eleitoral na televisão e no rádio. É quase a metade do total de 45 dias, que termina na antevéspera da eleição. Já dá para avaliar seu impacto inicial e estimar que efeitos poderá ter de agora em diante.
Nas pesquisas feitas em âmbito nacional e nos estados, vê-se que estas eleições confirmam o padrão de audiência que conhecíamos de outras. O chamado “programa eleitoral”, veiculado no início da tarde e à noite, está tendo uma audiência cativa relativamente pequena. Os comerciais, espalhados na grade das emissoras ao longo do dia, atingem contingentes muito maiores do eleitorado.
Embora nossos legisladores tenham escolhido faixas de horário em que aumenta a chance de alcançar um grande número de eleitores, a previsibilidade dos programas faz com que sejam vistos por um segmento bem particular do eleitorado: as pessoas que se interessam por política. Não é pelo fato de ser veiculados na hora em que as pessoas estão, na maior parte dos casos, almoçando ou jantando que eles despertariam a curiosidade dos desinteressados.
Chama atenção a diferença de assiduidade na audiência dos programas dos candidatos a presidente, governador e senador. A proporção de pessoas que diz ver os programas às terças, quintas e sábados, quando os presidenciáveis estão no ar, é quase o dobro da que vê os programas das segundas, quartas e sextas. Nesses dias, por sua vez, o costume é olhar com mais atenção o começo do horário, quando se apresentam os candidatos a governador, que o final, na hora dos senadores.
Existem três tipos de espectador desses programas, com tamanhos que variam em função da eleição. Nas presidenciais, 20% dos entrevistados são espectadores “habituais”, pois dizem vê-los “sempre ou quase sempre”. Outros 30% são “eventuais”, pois só os assistem “de vez em quando” ou “raramente”. Os 50% restantes são “não-espectadores’: simplesmente não os veem.
Importa pouco, para os eventuais e os não-espectadores, se o aparelho de televisão permanece ligado ou se estão no ambiente onde alguém assiste aos programas. São pessoas que não dão noticia do que está sendo veiculado, a não ser de maneira fragmentária.
Mesmo nos estados onde a cadeira de governador é objeto de disputa acirrada, a proporção de espectadores habituais dos programas dos candidatos ao cargo é menor. Na maior parte deles, não chega aos 15%. Os eventuais são 30%, o que quer dizer que perto de 60% dos eleitores não vê os candidatos a governador.
Mesmo com todas as ressalvas e excluindo os não-espectadores, é grande o número de pessoas que, toda noite, se senta na frente da TV para ver os programas. Somando parte dos habituais e alguns entre os eventuais, é provável que não menos que um quarto do eleitorado veja cada um.
A maioria, no entanto, só é alcançada pelas inserções. Na eleição dos prefeitos, rapidamente, pois apenas eles as têm. Nas gerais, mais lentamente, pois todos os candidatos, a todos os cargos, têm direito a elas. A grade fica mais concorrida.
Nestes primeiros 20 dias de propaganda, não tivemos viradas espetaculares ou “disparadas”, seja no plano federal, seja nas eleições de governador ou senador. Mas muita gente cresceu e alguns caíram, prenunciando mudanças para as próximas semanas.
Dilma continuou sua ascensão, com pequeno aumento da velocidade de crescimento. Ela manteve a tendência de ganhar intenções de voto entre indecisos e subiu mais um pouco tomando eleitores de Serra. Era o que se imaginava que aconteceria quando Lula fosse à televisão. O que vai além do esperado é quanto Serra caiu. Mesmo no comitê petista se calculava que seu mínimo era superior a 25%. Hoje, não se sabe.
Por enquanto, nas eleições para governador, a grande mudança acontece em Minas Gerais. É o único estado em que uma candidatura que parecia favorita já perdeu esse posto. Hélio Costa, apesar do apoio de Lula e do PT, viu sua vantagem de mais de 20 pontos desaparecer e está empatado com Antonio Anastasia, que tem o apoio de Aécio.
Mas não é apenas em Minas que as eleições de governador (e senador) ainda podem reservar surpresas. Em alguns estados, nas últimas semanas, ainda vai correr muita água por baixo da ponte. Na batalha paulista, por exemplo, o cenário está longe de definido. Em relação ao Senado, nem se fala. Há mais de 20 vagas em disputa aberta.
*Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
*Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
viomundo
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