quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dilma não é Lula

Não vai passar muito tempo para que essas mesmas pessoas que hoje tanto se queixam do governo Lula se arrrependam de ter tratado a socos e pontapés o ex-metalúrgico e digam, com um ar de profunda resignação: "Ai que saudades do Lula!"
O maior erro da oposição não foi ter lançado um candidato fraco, sem carisma, sem programa de governo, desorientado. Nem ter apostado no ódio de classes para se contrapor ao sucesso da administração petista. O maior erro foi supor que Dilma Rousseff era um mero poste, uma tosca criação de Lula, um simples marionete que será manipulado 24 horas por dia pelo seu criador.
Esse pessoal vai quebrar a cara. Dilma não é Lula, e, em muitos aspectos, deverá fazer um governo superior ao dele. Dilma tem uma visão de mundo mais refinada que Lula, uma formação ideológica mais forte, e, parece, é muito mais inflexível em determinados aspectos éticos e morais.
Lula é produto do sindicalismo, aprendeu desde cedo a resolver os conflitos por meio da negociação, muitas vezes esticando a corda até o limite para ver as cartas do seu adversário e, por fim, fazer o lance final. Na maioria das vezes a estratégia deu certo.
Já Dilma tem outra formação, e sua passagem pelo governo Lula mostrou que sua paciência para negociar é bem menor. Isso não quer dizer que ela não tenha argúcia suficiente para se adequar às situações mais complicadas que possam ocorrer. Se não fosse desse jeito, dificilmente ela teria sido escolhida para ser a candidata governista.
Vai ser interessante ver como Dilma se comportará em relação às várias sugestões feitas nas centenas de conferências sociais desses últimos anos. No campo da comunicação, por exemplo...
Não será surpresa se, num ato de desespero, os patrões apelarem para que Lula intervenha em seu favor.
Dilma é jogo duro.
Crônicas do Motta

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