sábado, 11 de junho de 2011

Etanol volta a subir. Usinas estocam para ganhar mais

A imprensa, agora, só publica que o preço do etanol está caindo, etc, etc… a coisa não é bem assim.
Ninguém está prestando atenção ao fato de que, passado o pior da crise, e ainda no início de safra, as usinas agora estão enchendo seus tanques e, por isso, vendendo menos e impedindo a queda do combustível para o preço tradicional deste período, que deveria estar abaixo de  R$ 0,80 por litro.
Com isso, os preços no etanol voltaram a subir, e não foi “levemente”.....

De sexta-feira da semana passada para ontem, o preço do metro cúbico (mil litros) de etanol subiu 8,7%, segundo o indicador de preços do Cepea/USP em Paulínia.

Aliás, enchendo os tanques que a gente nem sabe se esvaziaram de todo no final da entressafra porque as vendas despencaram para níveis mínimos e, mesmo em maio, com a queda de preços, ficaram 60% abaixo das do mesmo mês, em 2010.
A ANP, claro, está deitada em berço esplêndido, e só daqui a 15 dias colocará em consulta pública a primeira resolução sobre regulação do mercado de etanol, para exercer o poder que a presidenta Dilma Rousseff  lhe deu, por Medida Provisória, no dia 29 de abril.
Ou seja, dois meses só para fazer a consulta pública.
Enquanto isso, as usinas – só as usinas, não os consumidores de combustível – enchem os tanques. Muitos deles, aliás, construídos com financiamentos do BNDES. Ou seja, o Estado financia os tanques, mas não pode verificar se eles estão sendo usados para especular.
O economista Julverme Tonin, coordenador de estudos agrários da Universidade Estadual de Maringá , em outubro passado, deu uma entrevista sobre esta manipulação dos preços, que parece ser uma assunto tabu na nossa grande mídia. Leia só este trecho:
O Diário – Qual a influência da entrada do etanol no mercado de futuros da bolsa?
Julyerme Tonin – Na bolsa não tinha contrato para você travar preço futuro de etanol hidratado. Esse ano, em maio, a BM&ampF lançou um contrato neste sentido. O que a bolsa faz agora é ajustar o preço a ser pago lá na frente. Estão vendo que lá, durante a entressafra, vai faltar o produto, que em meados de março do ano que vem vai ocorrer problemas de abastecimento.
Então, ela já seguram os estoques. Não quer dizer que os estoques estão baixos agora. Em janeiro e fevereiro, houve uma recomposição dos estoques, o problema é que estão agindo com cautela.
O Diário – A bolsa está ajudando o preço a ficar mais alto?
Julyerme Tonin – Não, ela está travando o preço futuro. Se o preço lá na frente está mais  adequado, você não precisa vender o produto hoje a um preço baixo.
O Diário – Para o consumidor, qual o reflexo disso?
Julyerme Tonin – Depende do caso. A bolsa vai atenuar essas oscilações de preço no mercado consumidor. É uma estratégia para garantir a rentabilidade futura, ela dilui o risco do preço. Só que agora, como o preço mais adiante será maior, o que as usinas estão fazendo é agir com cautela em colocar o produto no mercado. Já sabem que o preço no futuro imediato vai estar mais alto.Também contam com o recurso do governo. Então, não precisam desovar os estoques agora.
O Diário – Vocês também acompanham a diferença no preço praticado pelas usinas e pelos postos de combustíveis?
Julyerme Tonin – Essa relação é uma caixa-preta. Aqui na área de Conjuntura Econômica da UEM a gente queria levantar o que se chama de margem de comercialização. Seria pegar o preço final e o de cada etapa da cadeia, que seria produtor, atacado e varejo. Só que é muito difícil ter acesso a alguns dados do mercado. O setor é muito reservado sobre isso.
Pois é. Por isso a presidenta Dilma baixou a medida provisória -  com urgência, portanto -  colocando o etanol dentro do Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis, que passa a considerar de utilidade pública o produto e, portanto, sujeira sua produção, armazenagem e comercialização passíveis de controle público.
Controle que a ANP parece não estar fazendo nenhuma questão de exercer rapidamente.
tijolaço.com

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