terça-feira, 7 de junho de 2011

Direita, esquerda


Num Portugal mergulhado em profunda crise econômica, os eleitores que se dispuseram a votar - grande parte  da população ignorou o pleito - puseram no poder os conservadores do PSD, que devem radicalizar a receita do FMI na tentativa de evitar o colapso do país.
Já aqui ao lado, no Peru, cuja economia cresce a ritmo chinês, foi eleito o esquerdista Ollanta Humala, que terá como missão principal diminuir a desigualdade e a pobreza que marcam a história da nação.
Nos dois casos, a maioria dos eleitores usou o pragmatismo como argumento para seus votos.
O governo socialista português foi incapaz de ao menos atenuar a crise econômica global, a exemplo de outros países periféricos da Europa, como Grécia, Irlanda e Islândia. Por isso, foi punido nas urnas.
No Peru, Humala foi eleito com os votos dos miseráveis que formam a maior parcela do povo, desde sempre excluídos de qualquer processo de desenvolvimento econômico. A cosmopolita Lima, por exemplo, escolheu a conservadora Keiko Fujimori, herdeira do neoliberalismo desenfreado do pai Alberto.
O futuro, porém, deverá mostrar que nem o liberal Pedro Passos Coelho, nem o socialista Humala farão governos presos a doutrinas ideológicas inflexíveis.
O mundo mudou muito nesses últimos anos - e o Brasil contribuiu bastante para isso. E nesse novo espaço é impossível ver as coisas apenas em preto e branco. Felizmente, elas estão ganhando cores, algumas fortes, outras pálidas, mas nem por isso indefinidas.

Crônicas do Motta

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