terça-feira, 24 de maio de 2011

A Lua é úmida

Ao contrário do que se pensava, a Lua tem água, e em volume surpreendente. A notícia já começa a mudar os planos para a exploração espacial
Brasil 247

Ao pôr o pé na Lua, em 1969, o astronauta americano Neil Armstrong tornou-se o primeiro homem a pisar o solo de outro corpo celeste e, como tal, um herói da nossa raça. Mas sua missão envolvia uma tarefa bem mais prosaica: recolher rochas lunares e trazê-las para estudos. Os cientistas queriam saber não apenas detalhes da origem delas, mas também havia ali vestígios de água, uma substância crucial para a pesquisa e a exploração espacial. A resposta foi desanimadora: não havia nenhum sinal do líquido em nosso satélite.

Com o passar do tempo, porém, a certeza dos cientistas sobre a completa aridez da Lua foi dando lugar à dúvida. Suspeitava-se que zonas permanentemente livres da luz solar, como o interior de determinadas crateras, poderiam conter gelo. A água também poderia estar presente no interior de rochas. Em 2008, pesquisadores americanos que utilizaram o método de espectometria de massa de íons secundários (SIMS, na sigla em inglês) descobriram evidências de água em vidros vulcânicos lunares – rochas semelhantes a seixos depositadas na superfície da Lua após uma erupção vulcânica.

Para esclarecer a questão, os cientistas se mobilizaram. A Nasa, agência espacial americana, desenvolveu um radar colocado na sonda indiana Chandrayaan-1, enviada à Lua ainda em 2008, e pesquisadores concluíram em setembro do ano seguinte que os dados coletados pelo aparelho registraram a presença de pequenos filamentos de H2O (a fórmula química da água) em diversos pontos do solo lunar. Alguns dias depois, em 9 de outubro, um pequeno foguete da missão Lunar Crater Observation and Sensing Satellite (LCROSS), da própria Nasa, chocou-se contra a cratera Cabeus, de mais de 90 quilômetros de largura, localizada perto do polo sul do satélite. O calor intenso causado pela colisão fez com que grãos de gelo e outras substâncias congeladas por bilhões de anos evaporassem – um processo avaliado em seguida por uma nave maior, cujo destino também foi destroçar-se contra a Lua.

O resultado obtido pela LCROSS endossou os dados da Chandrayaan-1 e do SIMS: a Lua tem água, sim. As primeiras avaliações davam conta de um volume minúsculo, mas perceptível – algo como 90 litros de água. A fim de dar uma noção do volume de líquido estimado, o pesquisador Larry Taylor, da Universidade do Tennessee (EUA), que trabalhou com os dados da Chandrayaan-1, fez a seguinte comparação para a BBC: “Se você tiver um metro cúbico de solo lunar, poderá tirar um litro de água dele.”
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