Recebi mensagem de um leitor dizendo sentir desânimo em meus textos a despeito da euforia que tomou os defensores da continuidade do projeto de país em curso. Suspeitava de que meu aparente estado de espírito não tinha que ver com a política, pois o momento do lado de cá seria para sentimento oposto. Disse imaginar que meu problema fosse pessoal.
Enganou-se. Meu estado de espírito tem tudo que ver com a política. Só que não se deve ao desempenho da candidata que apóio ou por conta de suas possibilidades. Tem que ver com um sentimento que me possuiu depois da última jogada suja de Serra e da mídia.
Aquele boato repercutido pelo Esgoto da Veja e pelo misógino da Folha – e com chamada de primeira página no UOL – sobre a vida sexual de Dilma Rousseff me deixou enojado. Bem sei que no calor da disputa política a sensatez costuma ser a primeira vítima, mas não é possível uma perda de limites desse quilate.
Alguém falsificou toda uma história, inventou um advogado que não existia, expôs a foto de uma mulher negra – será que ela é brasileira ou que está viva? – para forjar uma calúnia que, além de tudo, ainda dissemina preconceito. Prejudica não só a Dilma, mas a todas as pessoas de orientação sexual minoritária, as vítimas preferenciais de preconceito depois dos negros.
Esse tipo de jogada é proposital. Só alguns poucos degenerados podem ter levado em conta uma acusação daquela, mas o objetivo de assacar calúnia tão revoltante não foi o de difamar a candidata petista e sim o de provocar este sentimento que me possuiu nas pessoas decentes que lutam contra a campanha infame de Serra e da mídia.
Os nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, valiam-se de tática similar para dominar as populações dos países que invadiam. Difamar, assacar calúnias revoltantes, humilhar o inimigo para abater-lhe o moral, para tirar das pessoas o ímpeto de reagir. É tudo muito bem calculado.
Estou em Curitiba a trabalho. Durante esta quarta-feira, terei um dia cheio. Aproveitarei para me afastar por um dia da política. Alguém irá liberar os comentários para mim. Preciso do dia de hoje para afastar este sentimento. Tenho que me livrar dele, pois ninguém pode descansar até que o Brasil fique a salvo desses… Enfim, dessa gente.
Mas não se deixe contaminar como me deixei. É isso o que Serra, Frias, Marinhos, Civita e Mesquitas querem. Por isso, prometo que na noite desta quarta informar-me-ei sobre os acontecimentos políticos do dia e retomarei o fôlego para enfrentar a campanha eleitoral mais suja, imoral e deturpada que vi em meus cinqüenta anos de vida.
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