segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O "novo" Brasil, se Serra ganhar


O casamento entre o candidato oposicionista José Serra e a ultradireita, que tem rendido cenas de horror explícitas na campanha eleitoral, é para valer, caso o ex-governador se eleja presidente. Com minoria no Congresso, ele terá de usar todos os expedientes possíveis para governar, e isso inclui ativar as forças fascistas, os fundamentalistas religiosos e os paramilitares que o apoiam efusivamente.
O sugestivo slogan usado em sua propaganda - "Serra é do bem" -, que divide o país entre os bons que votam nele e os maus que preferem a candidata governista, dá uma mostra, ainda que pálida, do que se pode esperar do tucano no poder.
Como todos sabem, o estilo Serra de governar não inclui entre seus ingredientes a negociação, ou a tolerância, ou a paciência, ou o debate de ideias. Ele prefere o estilo "porteira fechada", no qual dá a seus aliados o controle de determinadas áreas. Pouco interfere no modus operandi - simplesmente não quer problemas, desde que os objetivos sejam cumpridos. É um autocrata do velho estilo.
Por isso, todo esse rebotalho político que se juntou do seu lado certamente terá vez e voz em seu governo. Talvez não em setores-chaves, mas, vá lá, em bons cargos de segundo, terceiro escalão, onde poderão exercer com prazer vinganças, perseguições, dar vazão ao ódio que vêm acumulando ao longo desses anos todos.
Vai ser uma carnificina.
E enquanto essa longa noite de São Bartomoleu se encarregará de expurgar os "maus" da máquina administrativa, os homens de "bem" espalhados por aí e com todo o respaldo da nova autoridade, complementarão o profundo trabalho de depurar a sociedade brasileira dos indícios de modernidade, cidadania e progresso social e econômico que nela se incrustaram recentemente.
Com muitas orações, pancadas à vontade, doses elevadas de mentira, cerceamento absoluto do contraditório, finalmente o país voltará ao eixo, ao seu destino de colônia eterna.
Vamos todos, enfim, pobres tolos, saber onde é o nosso lugar.
Crônicas do Motta

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