sábado, 16 de outubro de 2010

De sonhos e pesadelos

Circulou muito o editorial do Brasil de Fato, que desemboca no diagnóstico: Dilma não é o governo dos nossos sonhos. Serra é o governo dos nossos pesadelos.


A esquerda, em todas suas variantes, tem que entender que uma continuidade do governo Lula significará o prolongamento das condições de luta atuais, em situação melhor, porque a direita terá sofrido uma grande derrota.

Uma eventual vitória do Serra será, inquestionavelmente, uma vitória da direita. E uma derrota para todos os setores da esquerda. Porque todos pagarão o preço disso.

Não por acaso todos os movimentos sociais – a começar pelo MST – têm clareza absoluta disso, até porque em um triunfo da direita, os movimentos populares e a esquerda no seu conjunto, sem poupar ninguém, serão as principais vitimas de uma direita fortalecida.

Em 2006 alguns setores diagnosticaram que seria igual um governo Lula ou um governo Alckmin. Podemos imaginar como estaria o Brasil se tivesse que ter enfrentado a crise com Alckmin presidente, pelo que é o México hoje. Não eram similares as alternativas.

Como não são hoje. Só pelo tom obscurantista, retrógrado, entreguista – veja-se as referências dos tucanos sobre o Pré-Sal, sobre a política externa – da campanha do Serra, dá para se saber o que nos aguardaria, caso os tucanos voltassem a governar. Não seria apenas a derrota de um setor da esquerda, de um setor do campo popular, mas de toda a esquerda e de todo o campo popular. O que apareceria como um fracasso do PT, não beneficiaria a nenhum outro setor da esquerda. Beneficiaria à direita e todos seríamos reprimidos por igual.

Neste momento ninguém de esquerda pode ficar alheio à disputa do segundo turno. Se no primeiro se apresentavam todas as alternativas na esquerda, agora se trata de votar contra a direita, contra o Serra. A esquerda se caracteriza não somente pelos projetos de transformação do mundo, mas também pelo combate, unificado à direita. Disso se trata neste segundo turno.
 Emir Sader 

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