domingo, 12 de setembro de 2010

Leandro Fortes dispara a bala de prata... no Serra



Ficamos meses ouvindo que a oposição e velha mídia estavam guardando uma bala de prata contra Dilma Rousseff, que seria capaz de anular o apoio do presidente Lula e fazer Serra vencer. Como vimos a bala de prata não passava de um traque sem poder de mudar os rumos eleitorais. Agora os atiradores viraram alvos.
Nada poderia ser mais irônico que o fato da personagem principal do assunto preferido de 11 entre 10 veículos da velha mídia, também ser uma das personagens do episódio narrado pelo Leandro Fortes da Revista Carta Capital, que por sinal foi muito mais grave, de violação de informações protegidas por sigilo de milhões de brasileiros. A reportagem foi reproduzida no Blog do Nassif, confira aqui.
Segundo a reportagem da Carta, A empresa Decidir.com que possuia sede em Miami e funcionou até 2002, além de servir para oferecer facilitações a investidores estrangeiros interessados em fazer negócios com o governo FHC, disponibilizou via internet um serviço que possibilitava o acesso a milhões de brasileiros que possuiam conta bancária em 2001. Essa violação foi possível através de negociações suspeitas com o governo FHC.
A Decidir.com tinha composição societária que incluia Verônica Allende Serra, filha de José Serra que na época era ministro do governo FHC, e a irmã do banqueiro Daniel Dantas, Verônica Dantas. Daniel Dantas é acusado de ter se beneficiado dos processos de privatização do governo FHC, e junto com a sua irmã e outros envolvidos, foi denunciado por crimes contra o sistema financeiro e condenado por tentativa de suborno de um delegado federal.
As ligações comerciais da empresária Verônica Serra com personagens acusados de terem se beneficiado com práticas nada republicanas de um governo que seu pai participava põe por terra a alegação que ela nada tem a ver com política. A ligação de uma empresa de que foi sócia com a quebra de sigilos de milhões de brasileiros contrastam com a pose de vítima que José Serra e a velha mídia tentam passar no noticiário.
A bala de prata esperada pela imprensa, que para os tucanos era hedge para o livro do Amaury, acabou ricocheteando em um passado nebuloso e tão difícil vir a tona pela blindagem indisfarçável da velha mídia, e voltando contra eles mesmos.
Até quando vão conseguir fingir que não percebem o burburinho causado pelas reportagens feitas por aqueles que ainda acreditam que jornalismo é informar o leitor/telespectador/ouvinte?
Ignorar as graves denúncias trazidas pelo Leandro Fortes para tentar blindar José Serra mais uma vez seria dar mais um grande passo para o suicídio profissional de jornalistas e veículos de comunicação. Nós vivemos ainda em uma ditadura da informação, onde determinados assuntos são tabus e determinadas denúncias são tratadas como perseguição ilegal.
A relação escamoteada da velha mídia com determinados personagens da política brasileira configuram crime eleitoral e o TSE só não vê porque não quer, mas poderiam configurar ainda para um procurador do ministério público mais rigoroso, como um crime de formação de quadrilha.

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