sábado, 18 de setembro de 2010

Onde estão os Generais?





Nos meios empresariais do marketing dos anos 80 havia uma historia interessante. Quando se colocou oSterilair no mercado para acabar com os ácaros houve um impasse do público consumidor: Ninguém sabia o que era ácaro. Em outras palavras, aquilo significava que a invenção iria encalhar já que ninguém  tinha a menor pista do para quê aquele produto revolucionário servia.

Então a Yashica, dententora dos direitos da maquininha resolveu "inventar" os ácaros. Ela pretendia com isso, mostrar para a pessoa comum que existia um bichinho muito pequeno que ela não via, mas que lhe causava todos os problemas de saúde que ela tinha em casa. Consciente da existência da ameaça interna e estabelecido o "pânico", eis que a empresa aparece com a solução.

Tudo isso significa que, não adianta você propor a cura, se ninguém souber da doença.

Essa não era uma estratégia nova. Já havia sido utilizada zilhões de vezes no planeta. Casos notórios se deram nos Estados Unidos, especialmente em sua política. O governo criou a ameaça comunista para depois, mostrar que tinha a cura. Como a máquina de propaganda estadunidense sempre foi poderosa e graciosamente absorvida pelos países ocidentais (mais ainda, os do Terceiro Mundo) ficamos todos tendo a certeza absoluta que os soviéticos eram maus e comiam criancinhas. Por causa disso, o pânico anti-comunista se instalou na metade de cá do planeta. Justamente a zona de abrangência da Casa Branca. O quintal dos Estados Unidos, como se costumava dizer.

Assim, era automático. Qualquer disparate que se fosse fazer e que o público talvez pudesse questionar, era defendido como reação anti-comunista. Nem precisava explicar. 

Neste blog quando se falou tantas vezes da ameaça à democracia que vivemos atualmente no Brasil, não estamos brincando. Os donos do poder que foram desalojados do posto desde 2003 são raivosos e estão fazendo de tudo para voltar. Obviamente, pouco se lixam para o cidadão comum. Pouco se lixam para as instituições democráticas e para o Estado de Direito. Querem apenas aquilo que um dia se apropriaram à força. Querem de volta estar no comando.

Assim sendo, vão inventando os ácaros. Eles são implantados cotidianamente na mídia que divulga os chamados "escândalos" de corrupção. Verdadeiros ou mentirosos, não importa. Apenas um lado será atacado. Não é difícil notar que de repente, nenhum jornal fala de absolutamente mais nada do que a questão primeiro, da quebra do sigilo, depois do tal lobby da Ministra. Vão modificando seus ácaros na medida em que eles vão perecendo. Como perceberam que a quebra de sigilo era um bumerange e voltaria acertando a cabeça de Serra (sua filha comandava uma empresa especializada em quebrar sigilos), largaram de lado e não se fala mais nisso. Resolveram então se apegar à questão do lobby da Ministra.

O lobby existe e todos os governos os toleram. Os do PSDB incluídos. Assim como o mensalão, que foi inventado na tucanolândia de Minas Gerais pelo vestal Eduardo Azeredo que agora posa de santo, apoiado pelo esquecimento seletivo da imprensa brasileira. É que a mídia só fala do mensalão do PT.

Fortalecido o novo ácaro (o do lobby), vamos à luta. Vamos dizer que temos a cura. Vamos dizer que a democracia está ameaçada e que nós podemos restaurar a ordem, a moral e os bons costumes.

Em outras palavras, vamos tirar o PT do poder. 

Foi assim em 64 quando houve o golpe militar. A imprensa (toda esta canalha que hoje é chamada de "grande mídia") apoiou o golpe e a instalação da ditadura que somente a eles iria prestar serviços. O Globo dos Marinho fez um editorial elogioso aos generais por salvar o país da "ameaça comunista". A Folha emprestava veículos para a ditadura transportar os que iam ser torturados, sem dar bandeira. O Estadão dava apoio moral nas notícias e manchetes. Era expediente comum dos jornais na época dizer que fulano de tal tinha sumido antes mesmo de ele sumir, o que aconteceria somente no dia seguinte. Ora, como é que os jornais sabiam que alguém iria desaparecer? Sabiam porque eram unha e carne com os ditadores.

E convém lembrar, a ditadura brasileira não era comunista. Ela foi feita pra nos "livrar" dos comunistas. Isso aliás, mostra outra coisa fantástica da propaganda reinante. Associaram o termo "comunista" (regime econômico contrário ao capitalismo) à "ditadura" (termo político contrário à democracia). Curiosamente, nenhuma das ditaduras da América do Sul era comunista. Eram todas sem exceção, apoiadas pelos Estados Unidos, o grande "democrata" do planeta. Assim sendo, ainda hoje na cabecinha da pessoa comum, comunismo é sinônimo de ditadura, sendo que a maioria das ditaduras do planeta tiveram o subsídio capitalista a lhes financiar (Américas e África).

Voltando à necessidade de tirar o PT do poder, verificamos os expedientes perigosos da imprensa nacional, capitaneados pela Veja e seus empregados e seguidos de pertíssimo pela Folha, Estadão e O Globo. Vão tentando criar um estado de pânico e incerteza, querendo dizer que os seus aliados é que poderiam colocar ordem na casa. Querem nos vender a idéia de que os demos, por exemplo (apoiadores  e executores da ditadura militar brasileira) seriam a salvação para "tudo o que está aí".

Eles, que são a mídia e são golpistas, estão pouco se lixando. Ou alguém é capaz de imaginar que Reinaldo Azevedo ficaria horrorizado se voltassemos ao anos de repressão? Ora, ele certamente tem a noção muito clara que não só não seria admoestado, como talvez, fosse chamado para ser o Goebels do Brasil.
anais politicos

Por causa da barbaridade da imprensa brasileira (à qual não por coincidência todos os blogs de esquerda direcionam seus ataques) é que vemos o comentário do leitor Luiz, do site da revista Isto É. Ele, certamente enojado com toda essa "cambada de corruptos" pede claramente a volta dos ditadores ao poder. "Onde estão os generais, os coronéis e os homens de bem deste país?", diz ele.

Luiz certamente pensa somente que de um lado da política há os escândalos. Talvez este ingênuo senhor não se dê conta que não sabe da missa um terço. Não se dê conta que está sendo grosseiramente manipulado para servir os desejos da camarilha que pretende retornar o mais cedo possível ao país para dar prosseguimento aos expedientes de fome, de submissão ao capital externo, de desemprego e deseducação.

Luiz hoje faz parte de uma minoria. Mas como é uma minoria crente, é uma minoria perigosa.  Os Luizes espalhados pelo Brasil acreditam verdadeiramente no que dizem porque desde criancinhas, foram criados ouvindo apenas um lado da história.

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