A campanha eleitoral já acabou na imprensa, soterrada pela temporada de escândalos. Somente os dois principais jornais de economia e negócios, Valor Econômico e Brasil Econômico, parecem considerar que os escândalos têm pouca relação com a vida real e apenas apresentam registros esporádicos das denúncias, sem deixar que o tema domine suas pautas.
Os diários de assuntos gerais considerados de circulação nacional, pelo contrário, esqueceram os debates sobre planos de governo e entulham suas páginas com os escândalos.
Na segunda-feira (13/9), o Brasil Econômico publicou uma reportagem mostrando como a campanha deste ano repete as disputas de 2002 e 2006, com um dos candidatos – no caso deste ano, uma candidata – disparando na frente dos demais e sendo bombardeado por acusações na imprensa.
Tanto em 2002 como em 2006, segundo lembra o jornal, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva vinha liderando as pesquisas de intenção de voto quando se intensificaram os escândalos, exatamente no mês de setembro, como acontece neste ano.
Nas eleições anteriores, a tática deu certo, e a disputa acabou indo para segundo turno. Neste ano, com a candidata governista ainda subindo nas pesquisas, e faltando menos de três semanas para a eleição, o barulho parece ainda maior.
Destino da lama
As manchetes migram do caso de violação de sigilos fiscais a um suposto tráfico de influência com extrema rapidez, sem oferecer aos leitores condições para reflexão e interpretação. A intenção não parece ser informar ou simplesmente fundamentar as denúncias, e muito menos lançar alguma luz sobre o funcionamento do governo.
As pautas parecem selecionadas conforme o potencial de fazer grudar um pouco da lama diretamente na candidata. Se as acusações podem ser comprovadas, a imprensa deve ir fundo, mesmo depois das eleições. Mas como os jornais e revistas não dão continuidade às investigações, muito certamente tudo isso acaba no dia 3 de outubro, como aconteceu nas eleições anteriores. E ficaremos sem saber que medidas teriam sido tomadas para garantir a segurança dos dados da Receita Federal ou se houve ou não favorecimentos em tais ou quais operações financeiras.
A lama atirada para cima vai cair nas instituições públicas.
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