Se quantidade não é sinônimo de qualidade, o excesso de cursos de direito no Brasil certamente é sintomático com relação a esta máxima. Não é minimamente razoável que o Brasil tenha mais cursos de direito que o resto do mundo somado. Esta situação precisa ser, no mínimo, problematiza e repensada.
Por Pierre Lucena
Um dos conselheiros do CNJ, Jefferson Kravchychyn, informou um dado que seria ridículo, caso não fosse uma tragédia anunciada para nosso país: o Brasil já tem mais faculdades de direito do que o resto do mundo somado.
Isto mesmo que você está lendo: não importa os 1,5 bilhão de chineses, muito menos os 1,0 bilhão de indianos, nem os americanos, japoneses, africanos, etc.. Não tem para ninguém, o Brasilzão tem 1240 cursos de direito e o resto do mundo somado tem 1100....
Estima-se que hoje sejam 4 milhões de formados em Direito, dos quais 800 mil conseguiram passar no Exame e estão regularizados na OAB. Mais ou menos 2% da população brasileira se formou em Direito.
Não é preciso ser um gênio para perceber que está tudo errado.
Para começar, este desequilíbrio foi causado em parte pelo setor público, que passou a impressão que a melhor coisa da vida é passar em um concurso da área jurídica. Na verdade até é uma das melhores coisas da vida, porque a relação matemática entre salário/quanitidade de trabalho beira o infinito, mas a falácia está em achar que tem espaço para todo mundo nessa boquinha.
O segundo fato a destacar é a facilidade de ganhar dinheiro em cima da insegurança jurídica do país. Isso resulta em enorme perda de produtividade em todos os setores. É uma tragédia econômica e social em um país onde só pobre vai preso, e disputas jurídicas se arrastam por décadas.
Para finalizar, é uma meia verdade que a culpa é das faculdades de direito. Essa é a ideia que o MEC tenta passar, mas existem muitas faculdades boas, porém que não são milagreiras. É impossível formar um bom advogado quando o aluno deveria estar no MOBRAL. Essa é uma verdade que poucos gostam de falar. As faculdades privadas são incentivadas pelo mercado e pelo Governo a abrirem novos cursos, e nada parece mudar isso.
E nesta pisadinha, será preciso criar um serviço jurídico de telemarketing e de motoadvogado para empregar os 4 milhões de advogados (ou bacharéis).
Aldeia Gaulesa
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