Em "O Retrato de Dorian Gray", célebre livro de Oscar Wilde, o protagonista é um jovem que vê atendido seu desejo de se manter sempre jovem e belo, enquanto seu retrato, pintado por um amigo, se transforma e mostra as mudanças físicas e morais do personagem.
Nesta campanha eleitoral, o candidato tucano José Serra lembra um pouco o Dorian Gray de Wilde, com a diferença que sua queda ética e moral não fica restrita à imagem retratada na tela: ela se expõe diariamente nas declarações cada vez mais infelizes do ex-governador, que se revelou um mestre na demagogia.
Serra já prometeu de tudo para todos desde o início de sua infeliz jornada como presidenciável. Desde a ampliação do Bolsa Família que antes criticava tão severamente, até o aumento do salário mínimo a níveis insuportáveis pelo caixa da União.
De todas as suas promessas, porém, a que fez na terça-feira para um grupo de evangélicos supera qualquer outro delírio que teve nesta estação. Em busca de votos de parte desse eleitorado, Serra prometeu vetar, se for aprovado, o projeto que criminaliza a homofobia.
É inacreditável que em pleno século XXI, numa democracia emergente de um dos países mais importantes do mundo, o candidato oposicionista ao mais alto cargo da República torne pública tal posição e se alinhe ao atraso medieval de fundamentalistas preconceituosos.
Como se não bastasse a sua posição contra o aborto, claramente manifestada para torná-lo simpático a esses religiosos, ele vem agora com essa...
Definitivamente, a degradação moral e ética desse nosso personagem já não é uma mera figura de linguagem.
O nosso Serra não precisa de um retrato que exponha o quanto feio e repulsivo ele se tornou.
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