quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Instinto assassino



Quando leio as notícias sobre a guerra na Líbia, patrocinada pelas potências ocidentais, com a ajuda de líderes tribais contrários ao clã de Kadafi - lá é assim que as coisas funcionam, o "país" é simplesmente uma reunião de tribos, muitas inimigas umas das outras - mais fico preocupado com o destino da raça humana...
Acho inacreditável que em pleno século 21, depois de realizar feitos extraordinários em diversas áreas, em seu próprio benefício, o homem não tenha evoluído para uma espécie que seja capaz de resolver as suas diferenças de outra maneira que não simplesmente matando os seus desafetos, que não resolva as diferenças de outro modo que não eliminando a contraparte.
No caso da Líbia a intenção das potências ocidentais apoiadas pelos "rebeldes" é clara: tomar posse do  abundante petróleo da região e, ao mesmo tempo, se livrar de um incômodo aliado, esse coronel Kadafi que um dia pretendeu ser um líder capaz de unir as tribos sob um comando único para dar a elas algum sentido de nação.
Seu erro foi ter, num segundo momento, se aproximado daqueles que hoje pedem a sua cabeça, ter sido ingênuo ao acreditar que poderia, com seus trajes esquisitos de beduíno, se igualar aos "civilizados" homens de terno e gravata com quem fechava grandes e lucrativos negócios.
Kadafi foi um tirano que cometeu barbaridades contra seu povo? Certamente.
O problema é que, para justificar a invasão da Líbia pelas potências ocidentais, os arquitetos desse plano deveriam incluir outros ditadores na mira de seus mísseis e bombas "inteligentes".
Só não fazem isso porque esses ditadores, tão cruéis quanto Kadafi, estão do seu lado, compram suas armas e outras porcarias do gênero, investem os petrodólares em seus bancos, compram mansões e outros imóveis, cedem áreas para bases militares, são, enfim, zelosos guardiões dos interesses das potência ocidentais.
Quando eu leio essas notícias sobre tiroteios, massacres, carnificinas, resoluções da ONU e que tais, fico com a certeza de que o homem é uma espécie que não deu certo, que pode estar dominando o mundo em que habita, mas que não conseguiu controlar algo básico, que é o próprio instinto assassino herdado de seus ancestrais.
Crônicas do Motta

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