por Ricardo Kotscho
De tanto combater as várias formas de autoritarismo, parece que a imprensa passou também a praticar algumas delas _ a começar pelo pensamento único, que obriga todo mundo a rezar pela mesma cartilha conservadora, partidária e preconceituosa de muitas empresas da chamada grande mídia nacional.A estrutura hierarquizada, a disciplina, os interesses e os dogmas das nossas grandes redações só podem ser comparados aos que vigoram nas Forças Armadas, que na época estavam do outro lado do front.
Pertenço à geração que combateu o Ato Institucional nº 5, também conhecido por AI-5, e hoje noto, com tristeza, em alguns manuais de redação e práticas profissionais, que tem muita gente ainda pensando e agindo como na época em que mandava quem podia e obedecia quem tinha juízo.
O pior é que a maioria dos profissionais aceita passivamente o prato feito do pensamento único, imposto de cima para baixo, sem discussão. Nem é preciso dizer o que pode e o que não pode ser feito em determinado veículo para conseguir e garantir o emprego. Está implícito.
É claro que me refiro ao espaço do noticiário e não à parte editorial, que é onde cada empresa pode e deve expor sua opinião.
Pois, no momento, temos dois tipos de autoritarismo: o das empresas, que querem editorializar o noticiário, de acordo com as suas preferências políticas e ideológicas, e a atitude arrogante de muitos jovens e velhos jornalistas, mais preocupados em dar e impor suas opiniões aos outros do que em contar o que está acontecendo.
O leitor fica sem saber até onde vai o noticiário e onde começa a opinião. Ainda bem que inventaram um negócio chamado internet para quebrar estes oligopólios dos donos da verdade e do saber.
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