sábado, 21 de maio de 2011

Ensaios para 2014: Haddad e o governo enfrentam o ultra-conservadorismo religioso e moralismo




Haddad é o alvo da vez, no fundo um novo concerto político, ultra-conservador
O novo-velho discurso do retrocesso: ser mais justo socialmente não basta, é preciso marchar com "Deus, a família e a propriedade"

Somente a ingenuidade leva a pensar que o combate se encerra após final do sufrágio eleitoral. As forças políticas se rearrumam e se agrupam em posições distintas......

O combate perdido da economia, tema que seduziu a maioria do eleitorado em 2010, leva agora os adversários do governo para outro campo de batalha: o ideário conservador, sobre determinados comportamentos da sociedade. A guerra se desenvolve, neste momento, na luta contra um kit anti-homofobia do MEC. Os (falso) moralistas de plantão, de dentro e de fora do governo, se assanham para arranhar a imagem do governo com setores da sociedade mais conservadores, como os religiosos, por exemplo.

A discussão não parte do princípio da qualidade do material didático a ser distribuído em escolas públicas, sua real efetividade para o que se propõe combater ou sobre qual tipo de corrente ideológica se sustenta, isso é muito complexo.

A discussão parte, rasteiramente, do preconceito e da intolerância, busca escandalosamente, aflorar na sociedade um sentimento violento de intransigência com as diferenças, agredir direitos de minorias, mobilizando igreja, meios de comunicação e políticos (inclusive da situação) a berrar contra o governo, taxando-o de indutor de imoralidades.  Isso é mais fácil fazer acontecer.

O governo é o alvo mediato: seu enfraquecimento o torna presa fácil para seus próprios aliados mais conservadores e prato cheio para a oposição atacar, com o apoio sempre fiel da imprensa conservadora.
O objetivo imediato é derrubar o ministro Fernando Haddad, implodir as políticas de incremento ao acesso a educação pública e, principalmente, destruir definitivamente o ENEM! Seus inimigos são poderosos.

O discurso que se testa, na verdade se prolonga o teste, desde o final do primeiro turno das eleições passadas, é que, se a economia continuar firme e forte, reduzindo desigualdades e oferecendo amplas oportunidades para as famílias e jovens brasileiros, a oposição só poderia prosperar no discurso moralista e dos bons costumes, como uma legião de “exemplares” bons moços comprometidos com as tradições, a família e o direito a propriedade: cristãos por excelência.

Se o enredo continuar este, em 2014 poderemos presenciar motes como este: “do que nos adianta sermos prósperos sem os valores cristãos a nos balizar?”.

Fernando Haddad e o kit anti-homofobia são apenas o ensaio do ódio daqueles que ainda continuam o combate político e que poderão, irresponsavelmente, fazer crescer ainda mais ondas violentas de intolerância em parcelas da sociedade, mobilizando outros grupos que estejam dispostos a superar, pela ignorância e falta de argumentos que seduzam a maioria do povo, o cenário de desenvolvimento econômico e social ora vigentes.

PSD: espaço formal de patrocínio do conservadorismo moral e de costumes na política?
Todos os boatos e inverdades lançados contra Dilma entre setembro e outubro do ano passado, ainda estão aí sendo explorados, diariamente, por tais grupos políticos, sociais e religiosos, buscando rotular este governo como mensageiros da construção de valores de uma sociedade "infiel aos valores cristãos" e tolerantes com a promiscuidade. Os “boatos” agora são editoriais diários, subscritos pelo conservadorismo radical da Igreja e, oportunamente, assimilado por políticos da situação e da oposição.

Se a economia vai bem e a população está satisfeita com o contexto social do país, baseado no discurso (falso) moralista que a batalha será travada pelos conservadores adversários, duramente, contra as políticas públicas inclusivas, de justiça social e, finalmente, contra a hegemonia política do governo eleito pela ampla maioria do povo.

Este agrupamento político já existe desde o final das eleições, estão em abrigados em diversos partidos, defendidos, implícita ou explicitamente por meios de comunicação e setores mais retrógrados da igreja católica e evangélicos.
A fundação do PSD e o movimento de políticos, tanto da oposição quanto do governo, rumando em sua direção parece concretizar o espaço formal onde tais idéias poderão ser melhor patrocinadas e consolidar uma plataforma viável para 2014. Serra parece ser o maior beneficiado, até este momento, de todo esta cena, assim como foi ajudado por toda baixaria de fundo religioso e de preconceitos na disputa contra Dilma. Na política pouca coisa é coincidência.

Logo, prevalecendo esta corrente radical conservadora (que precisa ser rapidamente repelida), ser um país de todos e sem miséria não será o suficiente para uma “sociedade cristã” plena, que preferirá um país de poucos e privilegiados, mas marchando com Deus, a família e a propriedade: o retrocesso à escuridão...
palavras diversas

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