Os tais atos públicos, pelos cartazes carregados pelos manifestantes e pelas palavras de ordem repetidas, parecem ter como alvo não os corruptos e sim o governo Dilma - e, portanto, devem ser vistos apenas como mais um movimento que tem como finalidade desestabilizar a administração petista.
Quem quer mesmo que a corrupção acabe no Brasil deve lutar com outras armas. Denunciar quem se vale dela para pedir ou receber "favores" da máquina burocrática, por exemplo, é uma das mais poderosas medidas que podem ser tomadas contra esse câncer que corrói as forças da nação.
Quem julga que o governo federal é omisso na questão está completamente desinformado. Quem clicar aqui vai se surpreender com a quantidade de informações disponíveis sobre o assunto.
O site da Controladoria-Geral da União é rico em detalhes do que o poder público federal vem fazendo para combater essa erva daninha. É tão cheio de minúcias que divulga, mensalmente, um relatório completo sobre as punições aplicadas contra os servidores públicos federais.
O último documento, relativo ao mês de setembro, pode ser lidoaqui. Por ele fica-se sabendo que desde 2003 até agora foram expulsos do quadro do funcionalismo público federal 3.402 servidores, o que representa 0,64% do total. As punições vêm em ritmo crescente: em 2003 foram 264; no ano passado, 521; este ano, até setembro, somam 433.
Alguém pode dizer que esse esforço é pouco em virtude da magnitude do problema. É pouco, sim, muito pouco, mas indica que o governo federal se preocupa com a questão, luta do jeito que pode para limpar a administração pública dos maus servidores, faz o possível para deixar as contas acessíveis para o cidadão comum e abre espaço para que qualquer um de nós o ajude em seu trabalho.
A questão fundamental é outra, muito mais séria do que a disposição dos governantes de extirpar esse tecido maligno das entranhas da corpo social.
É saber se os brasileiros querem, mesmo, se livrar da corrupção, punir exemplarmente os corruptos e os corruptores.
É saber se os brasileiros aceitam viver numa sociedade em que o "jeitinho" não consiga, sempre, ajeitar as coisas, driblar a demora, pacificar as partes, deixar tudo como sempre esteve - porque assim é melhor para todos.
A questão fundamental é saber se os brasileiros vão conseguir viver sem a corrupção.
Crônicas do Motta
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