terça-feira, 13 de setembro de 2011

PEQUENAS IGREJAS GRANDES NEGÓCIOS





As religiões e o shopping da fé"O ser é assediado pelo nada" (Jean Paul Sartre)
Perante a filosofia do cristianismo antigo, ou primitivo, mártir era uma pessoa que se dispunha a morrer defendendo sua fé religiosa, e por agir com coerência com relação à religião que professava. Passados mais de dois mil anos a palavra mártir foi se modificando e ganhando de acordo com os interesses e conveniências, morrer pela pátria, pela liberdade, independência ou pela autonomia de um país, por ideais, e guerras. Todas essas ramificações foram abrangidas pela palavra mártir...

Do ponto de vista cristão e dentro do contexto do Novo Testamento pode-se dizer que mártir é aquele que preferiu morrer a renunciar à sua fé, por defender a veracidade do que consiste "a Palavra de Deus" entregando a própria vida para este fim, para que a essência desta verdade fosse preservada. E assim, morreu Estevão, e foi considerado o primeiro mártir do cristianismo, portanto, o primeiro mártir da igreja católica.

Com essa singela introdução, este blogueiro, especialista em nada, só quer demostrar o quanto mudou o conceito religioso durante essa caminhada de dois mil anos. Isso não foi privilégio somente da igreja católica, mas de tantas denominações que vieram nessa mesma vertente. Tornando a prática religiosa hoje, um “fast-food” - onde fica à gosto do freguês, montar seu prato de acordo com seu tempo, dinheiro e convicções.

Em Mateus 21: 12 e 13, está escrito:“E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões.”
Os jornais de ontem, trouxeram duas notícias intrigantes, sendo a primeira, pela Folha de S. Paulo, que dizia: Padre Marcelo diz que ganhou “milhões e milhões” com livro - leia aqui – em contra-partida, o Estadão trás outra: MP denuncia Macedo por lavar dinheiro de fiéis - leia aqui.

Fico aqui, do alto de minha “leiguice” como diz o Mino, perguntando aos meus botões: Se para professar uma fé religiosa, tantos mártires morreram defendendo esse ideal, pode tudo isso haver se transformado no shopping center da fé? A troco de que, morreram, Estevão apedrejado, Daniel jogado na cova aos leões, e tantos e tantos que viveram num tempo, que era proibido ser cristão?

Padre Marcelo, alega (segundo a coluna Radar), que tirou R$ 25 milhões do próprio bolso, para construir o Santuário do Terço Bizantino que ocupa 6.000 m² de área construída e 25 mil de externa. Será o maior templo da Igreja Católica no Brasil, superando Aparecida do Norte. Só de vagas de estacionamento, haverá 5.000.

Porém deixando claro, que esse empenho todo, tem um preço, que é a massagem no ego, pois segundo ele próprio o projeto prevê uma cripta embaixo do altar, onde o padre pretende ser sepultado (com seus companheiros de diocese). Aqui se reafirma a filosofia de que, não existe almoço grátis.

Não vou fazer defesa, nem ataque de ninguém, mas o exemplo que vou citar à seguir, é tão somente para que tenhamos ideia de grandeza, nos valores citados. O MP, foi pra cima do ex-ministro Palocci, por conta de uma apartamento de R$ 6 milhões. O cara tinha empresa, prestava consultorias (se lícita ou ilícita), quem vai dizer é o MP, é só para ilustrar, o padre tira R$ 25 milhões do próprio bolso, e não precisa ser questionado por ninguém? Não estou aqui fazendo ilações, mas é um valor digno de uma auditoria, pois afinal, padre não tem renda, igreja não é tributada, a explicação de um milagre multiplicador seria razoável.

Edir Macedo, velho conhecido e mais três integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus, são acusado pelo MP Federal, de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro arrecadado dos fiéis, segundo a investigação, o grupo teria se utilizado dos serviços de uma casa de câmbio de São Paulo, para enviar recursos de maneira ilegal para os Estados Unidos, entre 1999 e 2005.

Estamos hoje, atravessando uma fase complicada de identificar os “verdadeiros profetas”.

Aquele cidadão que “se diz cristão” - precisa sair de sua letargia, e ler um pouco mais sobre a história do verdadeiro cristianismo, e parar com essa história de querer chegar ao céu pelo atalho, e conscientizar-se que muita gente boa morreu, professando uma fé, que hoje virou um grande balcão de negócios.

Na verdade em nome da “liberdade religiosa” - agora só faltam editar uma revista, cujo título seria: “Pequenas Igrejas, grandes negócios” - e o governo brinca com fogo, quando as confissões religiosas se utilizam da boa fé do povo, montando verdadeiros impérios (com isenção tributária), e com bancadas poderosíssimas no Congresso, colocando o em situação de reféns, daquilo que de fato, tornou-se um grande negócio.

A igreja católica, no afã e desespero em ver seu terreno perdido, aposta pesado no shopping da fé, e o Pe. Marcelo é só um, das centenas que hoje estão em encubadoras, em especial do Vale do Paraiba em SP, sendo formados para fazer frente aos neo pentecostais que nascem como capim tiririca por toda parte.

Finalizando, tenho um amigo, jornalista aposentado que já registrou o nome de uma igreja, afim de não perder a patente, que irá se chamar: “Igreja do Obstáculo Transversal” - adivinhem com quem ele pretende concorrer?

Blog do paulinho

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