quinta-feira, 30 de junho de 2011

Hacker mesmo é outra coisa

Pedro Doria, O Globo

“Mal entrou no cenário mundial, ganhando manchetes e derrubando sites, e a turma do LulzSec já está pedindo o chapéu. Nada como as primeiras prisões para enquadrar os meninos. Eles por certo chamaram a atenção para a fragilidade de um bom conjunto de sites corporativos. Mas, no fim, sobra pouco de suas ações. Coisa de meninos, mesmo, que querem aparecer. Se por vezes parece estar ali algum lustre político, é só ilusão. Hacker de verdade é muito diferente.

Ainda são muitos os programadores de boa cepa que se ressentem do uso que nós jornalistas fazemos da palavra "hacker". Na origem, o hacker não é bom ou mau. Ele é só excepcional, hábil como poucos na lida com o digital.

Os primeiros hackers eram acadêmicos, cientistas da computação. Não é só a habilidade que os distinguia. Seguiam também um credo que nasceu do método científico e da contracultura. A informação quer ser livre. Deve ser livre. Dividiam informação. Trocavam macetes. E, com uma certa arrogância, invadiam os computadores onde a informação que buscavam estava protegida. Consideravam que ninguém tinha o direito de proteger informação útil à comunidade de programadores. Mais que busca por fama ou fortuna, curiosidade os movia.

Aqueles que, ainda hoje, se identificam com aqueles hackers míticos dos anos 1970 e 80, preferem chamar a trupe do LulzSec de crackers. É um ideal romântico, mas a língua não lhes pertence e o termo já caiu no uso geral. Hacker é o sujeito muito hábil com computadores mas é, também, aquele que derruba ou invade sistemas - por diversão, crime ou ideologia política. Por seus feitos, o LulzSec não se destaca em nenhum dos grupos.

Em 1981, o grupo alemão Chaos Computer Club (CCC) invadiu o sistema eletrônico de um banco e fez uma transferência eletrônica de 134.000 marcos para sua conta bancária sem que ninguém percebesse. No dia seguinte, convocou a imprensa, devolveu o dinheiro publicamente e relatou como tudo foi feito. É assim que os profissionais apontam falhas de segurança e ainda se divertem.”
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