quinta-feira, 2 de junho de 2011

Brasil, um país doador

“Cruzamento inédito de dados mostra que o país já fornece mais do que recebe em ajuda internacional entre governos e agências multilaterais. Conforme se expande a cooperação brasileira, cresce também o seu poder econômico e político no mundo.

Amanda Rossi, Diplomatique Brasil

Em busca de um lugar de destaque no cenário global, o Brasil está se firmando como doador de recursos a países pobres. De acordo com cruzamento de dados inédito realizado pelo Le Monde Diplomatique Brasil, o governo já fornece mais ajuda internacional do que obtém de países e agências multilaterais, como a ONU. Entre 2005 e 2009, o Brasil recebeu US$ 1,48 bilhão. No mesmo período, doou US$ 1,88 bilhão – uma diferença de US$ 400 milhões em relação ao que recebeu.

Os valores ainda são pequenos, mas refletem o crescimento da economia brasileira e o desejo do país de ter mais influência nas decisões mundiais. “É bastante conhecido que o Brasil tem ambições de ter assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Todas essas apostas no sentido de apoiar mais são formas de mostrar que o país está à altura de ser visto como um líder mundial do ponto de vista político”, diz a pesquisadora Lídia Cabral, do centro de pesquisas britânico Overseas Development Institute.

Durante décadas, o Brasil foi basicamente receptor de ajuda internacional. Hoje tem um amplo programa de cooperação internacional com países em desenvolvimento e parou de receber alguns fundos como, por exemplo, o Banco Mundial e o FMI – agora é o Brasil que envia dinheiro para essas duas instituições.

Mas o Brasil ainda recebe muita ajuda de outros países e de agências multilaterais e ocupa atualmente um papel intermediário, em que tanto a vertente de receptor como a de doador são importantes. Esse papel é bem ilustrado pelo aumento significativo da cooperação trilateral, realizada em conjunto com um país do Hemisfério Norte com alguma outra nação do Sul. O Brasil entra com assistência técnica e seus parceiros, com dinheiro. É com recursos do Japão, por exemplo, que a Embrapa vai realizar um grande projeto para tornar produtiva a savana moçambicana, parecida com o Cerrado brasileiro.

O aumento da importância do país como fornecedor de recursos para fora “é uma evolução natural do Brasil. À medida que melhora a sua situação econômica e social interna por meio de políticas sociais mais efetivas, ele vai deixando de necessitar de ajuda externa. Por outro lado, passa a dispor de um excedente que pode ser usado em cooperação com outros países em desenvolvimento, que estão ainda em situação de maior carência”, afirma o embaixador Piragibe Tarragô, responsável pelas relações entre o Brasil e a África no governo Lula.”
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